Opa, olá!

Muitas coisas acontecendo no mundo lá fora, mas eu não poderia deixar o aniversário da SubarashiiAshita passar em branco. É um textinho simples, mas espero que você goste!
O título é por causa da música I Want You to Want Me da banda Cheap Trick ( /BJs_L7yq5qE) ─ pelo simples motivo de sei lá, eu gosto da música e acho que combina com o Jane e_ê

No mais, é isso. Boa leitura!~


Patrick Jane era um aventureiro nato, ainda que fosse preguiçoso o suficiente para manter-se preso a uma rotina não tão aventureira - apenas para não ter que lidar com a torrente de críticas que o acompanhavam aonde quer que o loiro fosse. Ainda assim, foi com certa surpresa que se viu preso a uma rede de luxúria, estando preso e amarrado a pensamentos libidinosos com alguém que sequer o olhava da mesma forma.

Não havia como negar; qualquer um que conhecesse o jovem saberia que Teresa Lisbon o tinha em suas mãos, como um fantoche que poderia usar e descartar conforte sua vontade. A morena gentil de olhar encantador ganhou o coração arredio e rebelde daquele que por muitos era visto como um trapaceiro, nada além de um vigarista sem escrúpulos ou respeito por ninguém. Ele próprio havia acreditado por muito tempo que era, de fato, alguém que não deveria ser apreciado por ninguém - porém algo havia mudado dentro dele e seu corpo clamava unicamente por ela.

Deixando de lado suas vontades, fazia tudo que estava ao seu alcance para fazê-la sorrir aquele sorriso capaz de tornar o dia centenas de vezes melhor. Não havia problemas ou angústias que resistissem aos encantos da dona dos orbes cor de esmeralda — logo, como poderia ele resistir aos encantos dela?

Desde que se cruzaram pela primeira vez, seu rosto angelical nunca saiu de sua mente. Foi há exatos dois anos que se esbarraram no corredor quando, após uma discussão acalorada — como o próprio definiu —, foi seguido por um grupo que estava pronto para briga. Ele — que era bom de papo, porém péssimo no combate corpo a corpo —, viu-se obrigado a fugir o mais depressa possível. Distraída ouvindo música nos fones de ouvido, a pobre Lisbon não percebeu o grupo vindo em sua direção — e o choque com o loiro encrenqueiro foi inevitável. Foi uma tremenda confusão: o inspetor, um jovem franzino, tentava manter a ordem, enquanto o diretor Minelli vinha ao longe. Furioso, levou os jovens para a diretoria — entretanto a mente de Patrick estava fixa, hipnotizada pela visão da jovem desconhecida.

Decidido a descobrir quem era ela, uma rápida conversa com colegas de corredor revelou de quem se tratava: Teresa Lisbon, a nova menina prodígio do colégio. "O anjo tem nome", pensou consigo mesmo, incapaz de controlar a vontade de pronunciar aquele nome em voz alta. Tentando ganhar sua atenção, passou a frequentar os treinos de futebol do time de Teresa, ainda que não fosse fã do esporte. Se a morena ia à biblioteca, então lá ele estaria, ainda que fosse para admira-la de longe.

Todavia, mais rápido do que imaginava, estava inserido no peculiar grupo de amigos da jovem Teresa. Estar com Wayne, Grace e Kimball tornou-se parte de sua rotina mais rápido do que pôde perceber. A convivência com o grupo fazia com que sua admiração por Lisbon crescesse a cada dia. Tão sincera, tão gentil — e, ainda assim, com tanta responsabilidade nas costas, tanto sofrimento para lidar. A morena era como uma rocha cercada por uma muralha, crendo que ninguém jamais transpassaria os limites e enxergaria o fundo de sua alma — porém, como poderia ele não enxergar qualquer detalhe que pertencesse a sua pessoa?

Outras pessoas poderiam acreditar naqueles sorrisos e palavras gentis sem questionar — entretanto, Patrick não era assim, não mesmo. Quantas vezes havia ela ido ao pátio, sozinha, para chorar? Quantas vezes não havia se afastado dos amigos para, novamente sozinha, deixar que as angústias saíssem livremente em forma de lágrimas? Teresa era a mulher mais forte que conhecia e partia seu coração vê-la acreditar que deveria passar pelo caminho tortuoso da tristeza sozinha. Outras pessoas poderiam não perceber, porém o loiro conhecia bem a ela e as suas lágrimas — derramadas ou não.

O que estivesse ao seu alcance para agradá-la, ele fazia. Se ela reclamava de seu cabelo bagunçado, então o loiro dava um jeito de penteá-lo no dia seguinte. Se o problema fossem suas roupas, ele prontamente escolhia sua melhor calça, às vezes até comprava camisas novas, para usar na próxima vez que saíssem para dividir uma pizza. Não importava qual fosse o pedido, atenderia a todos eles — do mais simples ao mais complexo de todos.

Ainda assim, não poderia fingir por muito mais tempo o quanto estava magoado. Podia ser um rapaz irritante — pelos céus, ele sabia que era —, porém ele amava Teresa. Aparentemente, todos já haviam notado isso — menos a própria. Entre piadas e comentários pelos corredores da escola, via sua esperança explodir em mil pedaços a cada recusa da morena. Ora, não havia ela percebido seus sentimentos? Afinal, ainda que nunca tivesse sido direto, seu carinho, companheirismo, amizade e afeto estavam lá — assim como sempre estiveram.

Foi com certa surpresa que, decidido a colocar tudo em pratos limpos, saiu de casa naquele sábado. Era um começo de noite agradável, com céu limpo e uma lua cheia enorme acima dele. Colocando sua melhor roupa e penteando o cabelo do jeito que ela gostava, dirigiu-se à casa daquela que não saía de seus pensamentos. Sabendo que o pai dela não era nada amistoso com possíveis pretendentes da filha, o jovem deu a volta na casa. Para sua sorte, a janela do quarto da menina estava aberta e, pegando um papel dobrado em seu bolso, amarrou-o em uma pedra. A pedra foi prontamente jogada janela adentro e logo em seguida pôde-se ouvir uma série de xingamentos vindos da morena.

Ansiosamente, o loiro esperou. Surpreendida, Teresa encontrou a singela mensagem escrita em uma caligrafia bem conhecida por ela: "Caminhar?". Indo até o batente, viu a figura de Patrick Jane de pé em seu jardim. Fez um sinal pedindo silêncio e, após cerca de dez minutos, estavam caminhando lado a lado pela rua. Ficaram em silêncio aproveitando a companhia um do outro durante algum tempo. Parando abruptamente, virou-se para a jovem e começou a falar — antes que ela o fizesse e, assim, minasse sua coragem em declarar-se para ela.

Havia alguma forma fácil de fazer isso? Não, não havia. Quantas vezes tinha visto a morena envolta em braços que não eram seus? Quantas vezes havia ela sofrido por ver meninas que não eram ela sendo beijadas por ele? Porém, não havia escapatória, era agora ou nunca.

E então ele falou.

Falou do quanto ela iluminava sua vida com a intensidade do sol de verão que queimava a sua pele.

Disse o quanto era ela quem trazia paz e serenidade para sua mente tão conturbada — Lisbon era exatamente como a lua acima deles: imponente e serena, capaz de trazer luz a mais escura das noites.

Contou das diversas vezes em que a viu chorar e do quanto partia seu coração que ela acreditasse estar sozinha no mundo. Mesmo quando não podia estar por perto parar oferecer seu ombro, ele sempre olhava por ela.

Por um momento, Teresa encarou-o incrédula — confusão e descrença estampados em seu rosto. Diminuindo a pouca distância entre eles, Patrick inclinou seu rosto levemente de encontro ao dela — para então começar um beijo terno, quase casto.

— Eu preciso que você entenda que eu te amo. — Disse olhando-a nos olhos e sem tirar a não direita do rosto de sua amada. — E eu preciso saber se você também me ama. Porque eu amo você e preciso de você, você também sente isso? Ou eu entendi tudo errado?

As palavras saíam apressadas, quase que incompreensíveis. Nunca em sua não tão longa vida imaginaria que a pessoa capaz de o deixar sem palavras seria Teresa Lisbon. Convencido de que havia, de fato, entendido tudo errado, deixou um suspiro pesado escapar de seus lábios enquanto sua mão deslizava pelo rosto da morena.

Sem aviso, foi a vez da jovem de olhos esverdeados quebrar a distância entre os dois unindo seus lábios — dessa vez com um beijo mais intenso do que o anterior. Afundando os dedos nos cachos dourados desfeitos de Patrick, Teresa experimentava como era sentir o gosto dele em sua boca — uma mistura agradável de erva doce, camomila e hortelã.

— Achei que você nunca iria falar. — Ofegante, deixou as palavras escaparem por seus lábios levemente inchados pelo contato enquanto um sorriso divertido se formava em seu rosto.

Pegando-a pela cintura, deu um abraço apertado em Teresa, antes de beija-la uma vez mais. Decididos a fazer o caminho mais longo até a casa dos Lisbon, o agora jovem casal caminhava sem pressa pelas ruas tranquilas da vizinhança.