Antes de tudo, fica aqui o meu imenso agradecimento às minhas amigas fanfiqueiras que sempre leem, ajudam e incentivam com qualquer coisa que eu resolva escrever - amo vocês -, e a Bella (/GetawayTT no twitter) também pelo incentivo, mas principalmente por ter a ideia do prompt que usei pra essa fic - com algumas alteraçõezinhas pequenas - e por divulgá-lo.
Muito obrigada! Espero que vocês quatro, mais do que ninguém, gostem da fic!
Agora aos avisos de sempre:
01. Os personagens dessa fanfic pertencem a J. K. Rowling;
02. Nada aqui foi baseado em fatos reais ou na vida de alguém;
03. Não tenho previsão de postagem dos capítulos, mas posso dizer que tenho uma boa parte da história planejada e vou fazer o meu melhor pra manter atualizações constantes;
04. Apesar de eu ter tido consultoria fanfiqueira com uma tatuadora, NÃO usem essa obra de ficção como base para nada relacionado a tatuagens ou saúde. Se forem se tatuar procurem um profissional, não usem drogas antes ou durante a sessão, sejam maiores de idade, etc.
05. Espero que gostem, e reviews são sempre bem-vindas :)
Capítulo 1
A dor de cabeça não era a pior parte, mas Marlene ainda não sabia disso.
Primeiro ela sentiu a luz forte em seu rosto. Com um grunhido abafado, virou para o outro lado mas de nada adiantou. O sol que entrava pela janela aberta ainda esquentava seu rosto. Quando desistiu e finalmente abriu os olhos ainda cansados, piscando devagar, Marlene se deparou com alguém ao seu lado.
Essa também não era a pior parte. Claro que não era, já havia acordado ao lado de algumas pessoas em seus anos de solteira. Mas como nos últimos estava namorando, acabou estranhando a situação. Se odiou um pouco por isso, e respirou fundo antes de se esticar, ainda deitada. Sentia o corpo mole de cansaço e preguiça. Com certeza teria uma ressaca horrorosa, percebeu, sentindo a onda de dor de cabeça voltar enquanto se sentava no colchão sem muito cuidado. O cara ao seu lado ainda dormia, de barriga pra baixo, com um lado do rosto afundado no travesseiro e o outro levemente escondido pelos seus cabelos escuros meio longos.
Marlene franziu as sobrancelhas enquanto começava a se lembrar da noite anterior, algumas cenas de repente claras demais em sua memória, apesar de completamente bagunçadas. A maioria se passava ali naquele quarto, e ela precisou resistir muito à vontade que teve de acordar o rapaz para que repetissem algumas delas.
Finalmente com uma decisão sensata, a loira se levantou mais rápido do que devia, perdendo o equilíbrio por um segundo antes de se apoiar na parede. Por sorte não precisou procurar muito: suas roupas estavam caídas no chão, aos pés da cama. Foi uma longa noite. Ela lembrava que tinha começado num bar, com algumas cervejas e eventualmente doses de tequila.
Se vestiu o mais rápido que pôde, e finalmente foi procurar sua bolsa. Enquanto dava a volta no quarto, querendo ou não, percebeu alguns detalhes que passaram despercebidos na noite anterior, como os vários desenhos colados à parede num grande quadro de cortiça, uma extensa coleção de CDs numa prateleira, e um baixo ao lado da mesa vazia onde os dois também tinham feito algumas coisas - lembrou dessa parte sem esforço algum. Se abaixou afastando os cabelos loiros do rosto e procurou em meio às coisas que os dois tinham derrubado no chão, espalhadas aos pés da mesa. Quando finalmente achou a pequena bolsa preta quase embaixo da cama, bateu a cabeça no tampo da mesa.
"Merda," quase rosnou o xingamento, apertando o lugar da pancada e levantou com cuidado para não fazer mais barulho. Sua meta era sair dali despercebida. Não tinha o menor interesse de pular de um relacionamento para outro, ou a paciência para descobrir se o sujeito na cama tinha, ou para lidar com as possibilidades.
Então de qualquer forma seria bem menos trabalhoso deixar essa noite no passado. Sem conversas, sem contatos trocados, e sem tentações para o futuro.
Assim que se levantou e começou a olhar ao redor, dessa vez procurando por seus saltos, o desconhecido mudou de posição, se virando e parando com o rosto em sua direção. Parecia ter escolhido o momento para isso, e Marlene rolou os olhos, mas não pôde evitar de perder alguns segundos no olhar que direcionou ao rapaz.
Os cabelos pretos (longos o suficiente para ser taxado de rebelde, mas curtos o suficiente para ainda ser o sonho de qualquer sogra) tinham escondido sobrancelhas grossas da mesma cor, olhos um pouco fundos, uma barba por fazer e… basicamente, devia ser ilegal ser assim sem esforço algum. Como se não bastasse, não eram só suas feições que eram admiráveis, o físico era igualmente de tirar o fôlego. Também não teve como não perceber as muitas tatuagens que ele tinha espalhadas pelo corpo. Com um suspiro, amaldiçoou e agradeceu mentalmente ao lençol atravessado que o cobria da cintura pra baixo.
E com muita força de vontade, catou seus sapatos ao longo do corredor e saiu do apartamento, fechando a porta com cuidado atrás de si.
Sirius se virou mais uma vez na cama. Agora a claridade do dia já tinha tomado quase todo o quarto e ele sabia que seria impossível voltar a dormir. O rapaz se espreguiçou na direção do outro lado da cama, mas não esperava encontrá-la vazia.
Ok, talvez esperasse por isso. Só realmente, dessa vez em específico, tinha um pingo de esperança de que fosse diferente.
Há muito tempo não tinha uma noite tão boa como aquela. Ao mesmo tempo parecia que tinha durado dias, de tão longa, e segundos, por ainda parecer insuficiente. Se dependesse dele, se repetiria quantas vezes fosse possível. Então era compreensível o tamanho de sua frustração quando encontrou a cama vazia, matando e enterrando suas esperanças.
O rapaz soltou um suspiro e se sentou, olhando ao redor antes de se espreguiçar outra vez. A porta do banheiro estava entreaberta e as roupas que tinham atirado ao chão já não estavam mais lá, o que significava que ela tinha mesmo ido embora.
Numa última esperança, se esticou até a mesa do seu lado da cama, mas esta também estava vazia, as coisas estavam no chão. Alcançou o celular, mas não tinha nenhuma mensagem.
É, não tinham trocado telefones.
Sirius amaldiçoou seu sono pesado, levantou e foi direto até o banheiro. Não era um dos seus domingos, então não teria que abrir o estúdio, o que era bom. Seria péssimo trabalhar com aquela ressaca.
Aproveitou para tomar um banho frio, lavar os cabelos e tentar afastar as memórias cruéis da noite passada.
Ao entrar no chuveiro e ligar a água, o moreno sentiu um leve ardor no ombro, que piorou com o xampu que escorreu por seu braço. Conhecia muito bem aquela sensação: era a mesma de todas as outras tatuagens que tinha feito ao longo dos oito anos desde que aprendeu a tatuar.
"Puta merda" Xingou, jogando água para tirar a espuma de cima e finalmente ver a mais nova em seu ombro.
Em uma letra cursiva meio troncha e com muitos pontos estourados, um nome e um telefone estavam marcados em sua pele.
