Capítulo 1 – O quarto do meio
Era uma noite bastante atípica. Estavam quase todos reunidos na Ordem da Fênix, no Largo Grimmauld, nº 12. A casa ancestral da família Black, localizada no Borough of Islington, Londres, em um bairro trouxa, é protegida por um feitiço Fidelius, totalmente invisível para os moradores do bairro.
A Srª Molly virou-se para Severo Snape e disse:
- O Senhor não vai se arriscar a sair com esse temporal!
Severo respondeu:
- Não se preocupe, eu aparato aqui e apareço dentro do castelo, para ser mais exato, no meu quarto.
Agora foi a vez de Arthur complementar o que a esposa disse:
- A Molly tem razão, Severo! É bem provável que Voldemort esteja rondando o castelo e pode ser perigoso aparatar com tanta magia negra no ar... Veja este temporal, não pode ser só chuva...
Severo respondeu:
- Eu só não quero dar trabalho...
- Trabalho nenhum!
Disse a Srª Molly, e prosseguiu:
- Aquele quarto do meio, apontando para o corredor, está desocupado, o Senhor pode dormir lá esta noite. Não é tão confortável quanto o seu, mas está bem limpinho... Hoje eu fiz todos os elfos trabalharem, a casa estava muito suja... Fazia tempo que não precisávamos mais nos reunir...
Severo então disse:
- Está bem! Então, se me dão licença, eu vou dormir. Tive que acordar muito cedo hoje e amanhã cedo o Prof. Alvo Dumbledore prometeu que virá para a reunião.
– Tenha uma boa noite, Severo!
Exclamaram juntos o Sr e Srª Weasley.
– Obrigado e igualmente!
Respondeu Severo, se retirando. Ficaram além do casal Weasley, o Lupin e Tonks, e os gêmeos. Harry, Rony e Gina estavam no quarto de cima, provavelmente jogando alguma coisa, enquanto aguardavam Hermione.
Hermione tinha ido ver seus pais que estavam hospedados ali perto, num hotel de trouxas próximo ao Caldeirão Furado. Molly quebrou o silêncio que se encontravam.
– Arthur, estou preocupada com a Hermione, se ela não chegar até às vinte e duas horas, teremos que ir procurá-la... O temporal está cada vez mais forte...
- Tenha paciência, Molly! Ela combinou às dez horas da noite, ou nos avisaria se houvesse um imprevisto. Vamos esperar! Procurou tranquilizar o marido.
Às dez horas em ponto, Hermione chegou com os cabelos todo despenteado por causa da ventania e com a capa molhada.
– Que bom que chegaste, Hermione!
A Srª Molly correu para recebe-la.
- Já estávamos preocupados!
Hermione a abraçou e disse:
- Muito obrigado por me deixarem ir ver os meus pais. O congresso de odontologia só termina sexta-feira, mas como amanhã temos que voltar a Hogwarts... Foi muito bom vê-los.
A Srª Molly lembrou-a:
– Hermione, já está ficando tarde, quer comer alguma coisa?
- Não Srª Molly, eu jantei com meus pais, obrigada!
Então a mulher recomendou:
- Suba Hermione, a Gina te espera lá no quarto. Acho melhor vocês dormirem cedo.
– Sim, Srª Molly! Boa noite a todos!
Olhando para os demais ali em volta, na cozinha, e se retirou. Subiu os degraus que levavam aos quartos de cima. Logo em seguida os gêmeos e o Sr. Lupin se retiraram. Arthur foi o último, conferiu os feitiços de proteção, apagou a luz da cozinha e foi dormir.
Gina e Hermione conversaram um pouco, ela estava muito ansiosa para falar com a amiga.
– Ok, Gina! Sem problemas... Então eu vou dormir no quarto do meio, é ali em baixo?
- Você é uma grande amiga! Muito obrigada!
Respondeu Gina, dando um abraço e um beijo na face de Hermione.
- Boa noite e boa sorte!
Disse Hermione, pegando sua mochila com os seus pertences que precisava para passar a noite.
– Boa noite, Hermione! Amanhã eu lhe conto tudo como foi...
Com o auxílio da luz da varinha, Hermione desceu as escadas com muito cuidado para não acordar ninguém. Abriu a porta do quarto do meio. Estava muito escuro, exceto que, de vez em quando, os raios e os relâmpagos iluminavam o quarto, através de uma grande vidraça que estava com as cortinas semifechadas. Hermione deixou a sua varinha acessa em cima do espelho grande, fixo na parede. Retirou a sua camisola de dentro da mochila e começou a se despir. Mal sabia ela que o quarto já estava ocupado. Severo que estava dormindo com a coberta até a cabeça, acordou sobressaltado com o barulho da porta. Espiou por entre as cobertas e percebeu logo que estava em apuros. Ele se encontrava só de camiseta e cueca, pois não pretendia dormir ali. E pensar que foi só levar o recado do diretor... Tinha pendurado suas vestes numa cadeira próxima a vidraça, não poderia pegá-las sem que ela o visse. Com aqueles poucos trajes, sentia-se confortável para uma boa noite de sono. E, agora com a presença da sua aluna ali no mesmo quarto que ele, sentia-se envergonhado de estar quase nu e de vê-la só de calcinha. Logo em seguida foi dominado por um desejo enorme e irresistível. Não conseguia raciocinar direito, seus batimentos cardíacos aceleraram, quando seus olhos fixaram nos seios perfeitos refletidos pelo espelho. Hermione estava de costas para a cama, em frente ao espelho, procurando desembaraçar seus cabelos com uma escova. Severo mal respirava para não chamar atenção de sua aluna, ou talvez pela belíssima visão que tinha quando a claridade dos relâmpagos e raios invadiam a vidraça e refletia o belo corpo da moça no espelho. Quando terminou de pentear seus longos cabelos cacheados, Hermione vestiu a sua camisola cor de rosa, de mangas longas. Apagou a luz da varinha e foi se deitar na cama. Quando ela foi puxar as cobertas para si, percebeu que tinha alguém ou alguma coisa ali, muito próximo, na cama de casal. A sua reação foi tão imediata quanto à de Severo. Ao começar a gritar por "socorro", Severo rapidamente a fez calar, colocando a sua mão na frente da boca dela, para impedir o grito.
– Calma Srtª Granger! Não grite... Sou eu, o Prof. Snape!
Hermione estava muito assustada, não sabia o que fazer ou dizer. Severo retirou a sua mão para verificar a reação dela. Hermione agora bastante indignada disse:
- Agora que eu vou gritar mesmo! Saia já daqui ou eu grito!
Severo não tinha muita escolha e então por um impulso puxou-a para si e beijou-a na boca. Hermione no início procurou se debater para afastá-lo, mas o beijo dele era delicioso e jamais imaginou que seu professor beijasse tão bem! Aquele beijo que se iniciou doce, terno, tornava-se cada vez mais intenso, e ela não resistiu. Foi se entregando àquele beijo. Fazia praticamente um ano que quase haviam se beijado numa detenção. Ela lembrava perfeitamente como era gostoso tê-lo tão perto de si, sentindo aquele hálito morno e refrescante da sua boca, imaginando o quanto macio seriam seus lábios. E aquele perfume amadeirado que a entorpecia. Agora não tinha mais um elfo para aparatar e os afastar de vez, no final daquela detenção. Não estavam mais na sala de aula da masmorra. Estavam no quarto que fora de Sirius Black. Era real, ele estava ali beijando-a deliciosamente enquanto a sua mão grande e forte segurava-a pela cintura. Ondas de prazer percorriam ambos os corpos. A mão de Severo desceu da cintura para os quadris dela, que provocou um breve gemido. Severo imediatamente se afastou e com um sorriso sarcástico no rosto disse:
- Agora você pode gritar. Faça o escândalo que quiser. Só quero lhe avisar uma coisa: Eu cheguei neste quarto primeiro. A Srª Molly que insistiu para que eu dormisse aqui. Ela me disse que o quarto do meio estaria desocupado; e se eu não estou ficando um velho gagá, este é o quarto do meio... Portanto, "minha doce aluna", faz o favor de se retirar, com ou sem escândalo! A escolha é sua...
Hermione percebeu logo que de mocinha estava sendo a vilã da história, pensou no favor que estava fazendo para a amiga e procurou negociar:
- Prof. Snape, por favor, deixe-me ficar. A cama é grande... Eu prometo que não vou lhe importunar!
Com um sorriso malicioso Severo respondeu com a voz rouca:
- Você já está me importunando... Aliás, você ainda não me disse o que veio fazer aqui...Me agarrar? Me estuprar? Me deixar maluco? Ou me colocar em grande confusão?
Severo agora parecia estar se divertindo com a situação.
