Oi, pessoal! Cá estou novamente preenchendo esse período em branco SasuSaku com minhas visões do que pode ter ocorrido nesse Shonen que a gente tanto ama *_*
Bom, preciso dizer que nessa oneshot há referências de duas outras oneshots minhas, "Laços" e "Proteção", o link estará em meu perfil para quem não leu, ler de novo, e quem já leu, releia de novo *_*
Acho que quem acompanha minhas histórias já deve ter percebido que eu estou interligando todas elas, e já até tenho uma cronologia montada para novos leitores.
Cronologia de todas as minhas oneshot SasuSaku Headcanon: drive. google file/d/1nX6urLGxQmPPsjdJhK8mLDjJYVUc1cJZ/view?usp=sharing
Aproveito também pra agradecer a Bia por ter betado essa oneshot, miga que é miga lê em primeira mão! haha
Boa leitura!
Despedida
O cheiro forte de gardênias banhava todo o ambiente, deixando-o intoxicado com o aroma doce e enjoativo — mas aquilo não o incomodava, muito pelo contrário, ele amava.
Sendo um homem que sempre preferiu o ácido ao doce, ser banhado por tais aromas lhe era perigosamente viciante.
Não era de seu feitio devanear tanto por sabores e aromas, muito menos observar tanto as enormes nuvens acima de sua cabeça, mas seus últimos dias andavam tão miseráveis que ele aproveitava cada detalhe minúsculo ao seu redor…
…pois ele não sabia quanto tempo levaria para voltar a sentir tudo aquilo novamente.
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"Acha que encontrará algo no País do Ferro? Rodeamos todo aquele território da última vez".
"Eu sei, mas sinto que há algo que deixamos passar", ele lhe respondeu de imediato.
"Tipo o quê?", Sakura tombou a cabeça de lado, olhando para ele através do reflexo do espelho de sua penteadeira, e ao perceber que ele não lhe responderia, virou o rosto para olhá-lo com mais atenção.
Sasuke, antes de pé em frente à porta, agora se encontrava sentado na enorme cama de casal, a cabeça baixa e olhando fixamente para o chão.
"Sasuke-kun?", Sakura o chamou, mas sem sucesso.
Aproximando-se com delicadeza do marido, ela tocou sua única mão que descansava em cima de seu joelho direito, entrelaçando seus dedos no processo.
"Não sei o que está pensando, mas eu sei o que lhe preocupa. Sabe que não está sozinho, sabe—".
"Naruto é necessário na vila, como Hokage", apesar de sua retruca, Sakura sentiu que Sasuke parecia perdido em seus próprios pensamentos.
"Naruto não será nomeado tão breve, Kakashi-sensei já deixou claro que ele irá esperar por mais uns 5 anos", Sakura respondeu com a expressão aflita, completamente agoniada em não conseguir decifrar o rosto impassível de Sasuke.
O silêncio a assustava. Sasuke poderia ser uma criatura enigmática para alguns, mas não para ela. Até mesmo em silêncio ele lhe era um livro aberto, ela entendia-o até mesmo com um breve olhar. Mas fora um pequeno detalhe que a deixou com um frio enorme da barriga.
Sasuke desviar seu olhar do dela.
Sasuke nunca desviava seu olhar do dela.
Algo estalou na cabeça de Sakura, e aquilo a deixou atordoada.
Sakura deu o máximo de si para dizer suas próximas palavras com firmeza e sem cambalear, pois ela sabia o significado delas.
Elas a machucariam, e ela não sabia até onde poderia aguentar.
Involuntariamente, ela se distanciou de Sasuke, suas mãos antes entrelaçadas, agora longe uma da outra.
"Você… iria embora mesmo assim, não iria?", sua voz soou tão calma que até mesmo Sasuke arrepiou-se com a entonação.
Um sentimento estranho começou a surgir em suas entranhas, e apesar de ser um sentimento já conhecido para ela, não era comum sentir aquilo para com Sasuke.
"Você precisa entender—", Sasuke encheu os pulmões de ar antes de responder, mas fora cortado por Sakura - sua voz fria e completamente decepcionada.
"Por que achei que dessa vez seria diferente…", Sakura levantou-se da cama e deu passos rápidos até a porta do quarto, mas quando colocou a mão na maçaneta, desistiu. Sasuke levantou o rosto para poder enxergar a esposa com a mão parada firmemente na maçaneta, o rosto ereto — parecia estar com o olhar fixo na porta.
Adiar aquela conversa nunca fora uma boa ideia. Sasuke pensava diariamente desde que retornaram para Konoha: "É hoje", mas o "hoje" nunca chegava. De repente os dias se tornaram semanas, e as semanas se tornaram meses. Quando deu por si, ele estava completamente acostumado a nova rotina, em família, e quase não pensava sobre o mundo fora dos portões da Vila da Folha: um mundo que ainda possuía ódio enraizado, um mundo onde muitos queriam vingança contra Sasuke Uchiha, um mundo onde qualquer um usaria sua família para chegar até ele.
"Você está usando as pistas que achamos sobre Kaguya como desculpa para partir…", Sakura sussurrou, e Sasuke só pôde ouvir suas palavras por conta do silêncio esplendor da madrugada, "Você nunca pretendeu voltar definitivamente para Konoha", não era uma pergunta, mas uma afirmação.
"Não", ele confirmou. Sua resposta era sincera, porém ele não fazia ideia de onde exatamente Sakura queria chegar.
Sasuke nunca pensou em Konoha como um lar, pois o conceito de lar para ele era onde sua esposa e filha se encontravam. Sasuke não se importava em retornar para sua aldeia natal se Sakura também não se importasse. Ambos estavam felizes vivendo a poucos quilômetros de Koamgakure (vila no País do Relâmpago). Sakura podia praticar sua medicina no local, Sarada estava segura em um pequeno vilarejo não ninja — onde ninguém sabia quem era Sakura e Sasuke Uchiha— e ele podia continuar suas investigações por toda a extensão do território e voltar para casa em pouquíssimos dias.
Aquilo era perfeito, e até mesmo ele chegou a acreditar que eles poderiam viver daquela maneira.
Escondidos.
Inexistentes.
Apagados.
Desconhecidos.
Porém, por um erro brutal, Sasuke deixara um inimigo vivo no País da Água.
E esse inimigo o seguiu sem que o mesmo percebesse.
Sasuke nunca antes sentira tanto pavor, medo e desespero como sentiu na madrugada de seu retorno. O dia que a cabana onde ele e a família fora incendiada.
Por um erro amador, ele quase perdera sua família…
…outra vez.
O inferno se tornara um paraíso no momento em que ele aceitara o amor de Sakura, que por tanto tempo renegara.
Sasuke tinha certeza absoluta que sua sanidade seria completamente perdida se vivesse no inferno novamente, agora em um mundo onde Sakura e Sarada não existissem. Sem sua luz e esperança, ele não teria motivos para continuar na terra.
Ele não poderia perdê-las. Não poderia permitir aquilo.
"Em algum momento… pensou em Sarada?", Sakura o retirou de seus devaneios, sua voz ficando cada vez mais irreconhecível.
"Eu sempre penso", sua resposta fora óbvia, pelo menos para ele. O desespero de não ver o rosto de Sakura o consumiu completamente, e ele não conseguia mais ignorar o fato de não poder decifrar a intenção de suas palavras, "Você pode se virar para mim?".
A risada de escárnio de Sakura arrepiou sua espinha, o deixando a beira do precipício. Porém, ela fez como ele havia lhe pedido, e o que ele viu em seu rosto não era o que ele esperava: seu rosto estava duro, seus olhos esmeraldas não brilhavam como de costume - estavam frios e sem vida. Ele sentia que uma espécie de muro invisível estava sendo criado entre eles, e aquela sensação doía profundamente em algum lugar de seu peito.
Sasuke esperava ver raiva…
…mas ver o que estava vendo…
…era pior – era sufocante.
"Se pretendia sumir da vida dela, nem deveria ter ficado", ela disse com o maxilar trancado, e ele não sabia decifrar se era choro que ela segurava ou se tentava não gritar, "Essa culpa que você carrega, nunca vai passar. Esse senso de justiça em pensar que é o único que pode fazer alguma coisa, também nunca vai passar. Você não deve nada aos Kage — nada. O que acha que deve oferecer a esse mundo, nunca deveria ser maior do que estar presente na vida de sua filha".
Um gosto ruim subiu a sua boca ao ouvir aquelas palavras ácidas, sem filtro, vindo de uma pessoa que ele novamente machucara.
Ele sabia que seria injusto sentir raiva, sabia que a culpa por Sakura pensar tão longe e fora de contexto era inteiramente dele.
Ele nunca se abrira sobre suas reais intenções quando retornaram para Konoha na madrugada do incêndio. Ele postergara. E agora, ele não podia sentir raiva por ver Sakura novamente duvidando de suas intenções...
…de seus sentimentos.
Ele os omitira por meses.
Então, que culpa ela tinha em duvidar?
A culpa era dele.
Inteiramente dele.
"Sakura", ele esperou por tanto tempo que não sabia se passara segundos ou minutos após ouvir suas palavras cortantes. Ele não queria devolver a raiva que ela sentia, por mais que fosse exatamente aquilo que o banhasse — mas era raiva dele, não dela. Temendo que ela confundisse a raiva, preferiu segurar-se até ter a certeza de que não iria retornar um sentimento que era reservado para ele.
"Esse mundo pouco me importa — e pouco me importo de ser um bastardo egoísta", Sasuke proferiu as palavras lentamente, com sua única mão em seu queixo, olhando fixamente nos olhos esmeralda totalmente sem brilho, "Minha razão nessas investigações não é por causa nobre, muito menos para reparar danos que fiz no passado. Meus objetivos são pura e completamente egoístas. Sim, talvez no início eu tenha querido reparar meus danos ao mundo — sim, talvez eu já tenha querido ser alguém que pudesse investigar pelo submundo nesse sistema shinobi corrupto como forma de compensar os meus erros. Mas esse objetivo mudou no momento em que aceitei que não poderia mais ignorar o que eu sentia por você", o quarto permaneceu em silêncio quando Sasuke pausou; ele agradeceu profundamente por Sakura permanecer no mesmo lugar, para que ele pudesse continuar, "Você não merecia alguém como eu, então eu precisava… ser melhor. Sendo você quem eu queria ao meu lado, eu precisava mudar. Mesmo que eu não te merecesse, mesmo eu nunca tendo te merecido… eu fui egoísta, e a quis. E no momento em que você aceitou estar ao meu lado… meu objetivo moldou-se a você… eu queria proteger esse mundo… para você". Sakura perdeu completamente a compostura naquele momento, e aquilo fora a deixa para Sasuke levantar-se da cama e dar passos lentos em sua direção.
"Pare aí", ela tentou murmurar, tentando impedir as malditas lágrimas de caírem, "Não…", mas sua súplica fora ignorada, e seu corpo a sabotou. Ela inclinou-se completamente ao corpo forte e seguro de Sasuke, deixando-se ser envolvida por seu único braço — sua única mão segurando firmemente seus cabelos róseos pela nuca. E não muito tempo depois, ela sentiu seu hálito quente em seu ouvido.
"Pense o que quiser de mim, mas jamais pense que você e Sarada são menos importantes do que qualquer coisa e qualquer um para mim", ele então aproveitou-se de sua guarda baixa para beijar sua bochecha, e subindo delicadamente os lábios por seu rosto — tocando seus olhos, seu nariz, e em seguida, sua testa, "Eu sou egoísta, e minha decisão de compartilhar o que descobrimos aos Kage, é para garantir um futuro a Sarada. Minhas decisões são puramente pensando em vocês duas". Mas ele não tinha certeza se ela ouvira o que ele acabara de dizer, pois seus soluços eram sufocantes, e ele já estava emocionalmente exausto com todos os acontecimentos daquela tarde.
"Droga, Sakura", ele lamentou, deixando com que suas lágrimas também caíssem — abraçando-a ainda mais forte, e escondendo seu rosto em seus cabelos. Eles ficaram por um longo tempo daquela maneira, abraçados, compartilhando a dor que ambos sentiam.
A saudade era algo que se podia aprender a lidar, mas a instabilidade e as incertezas, não – não era fácil.
Sasuke sentiu Sakura o empurrar delicadamente de seu corpo, seus olhos estavam inchados, e ela trocava rapidamente o olhar entre seus olhos e alguma coisa fixa atrás dele. Aquilo estava deixando-o maluco.
"Sakura".
"…"
"Por favor…"
"O quê?", ela perguntara, após minutos de silêncio. Ela não sabia o que lhe dizer. Não sabia como reconfortá-lo — e também reconfortá-la.
"Diga alguma coisa", sua voz em súplica.
"…"
"Eu não posso fazer isso… sem seu apoio", ele finalmente dissera o que tanto o afligia.
Ela não conseguiu dizer nada, tendo, como única reação, abraçá-lo, e ele, de prontidão, a envolvera com seu único braço novamente. Após minutos sem dizerem uma única palavra, Sakura finalmente quebrara o silêncio:
"Você não deve nada a ninguém, Sasuke-kun", ela conseguira dizer em meio a voz embargada. Era uma dor dilaceradora - ela mal conseguia respirar.
"Não posso perder vocês", ele dissera em meio ao seu cabelo, "Você e Sarada… são o que eu tenho de mais precioso… E estarão seguras longe de mim", aquela última frase a fez se desencostar de seu ombro, e seus olhos encararem diretamente aqueles olhos onyx e lilás.
"Quanto tempo?"
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.
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"Eu não sei", fora sua resposta naquela noite.
E ele não sabia quem mais se machucava por causa daquela resposta.
Se ele, se Sakura…
…ou se Sarada.
O que ele usava para se reconfortar de sua dor, era pensar que Sakura e Sarada estariam juntas e seguras em Konoha. Ele fizera Naruto e Kakashi prometerem que ele poderia confiar a segurança de sua família no perímetro do País do Fogo, e em troca, ele faria toda a vontade dos Kage em relação a investigação de Kaguya Ootsutski.
Ele não poderia arriscar a vida de ambas novamente — pelo desejo egoísta de querer estar presente na vida de sua família.
A realidade dele era dolorosa.
Tudo o que ele mais queria era estar ao lado de sua esposa, era ver sua filha crescer.
Mas ele não podia.
Ele era um imã perigosíssimo a sua família.
Ele não podia arriscar que inimigos descobrissem sobre a existência de sua única filha, pelo menos, não até que a mesma pudesse se proteger.
"Papa", um som doce e delicado interrompeu de seus pensamentos tristes e melancólicos. O som vinha através do longo corredor principal, e somente aquela voz lhe dava força de levantar-se do gramado de seu quintal e ir até seu encontro, "Papa!", sentindo a ansiedade da filha, Sasuke apertou o passo até as escadas, e ao notar Sarada pendurada nas grades que a impedia de descer a escadaria, logo notou suas bochechas molhadas e seu rosto vermelho.
"Sarada, o que foi?", ele perguntou ao mesmo tempo em que pegava a pequena em seus braços e a aninhava em seu peito. Ele esperou que ela se acalmasse, apertando-a cada vez mais forte em seu peito, e beijando seu cabelo para transmitir-lhe segurança ao mesmo tempo em que murmurava palavras como "Papa está aqui","Está tudo bem".
"Hm—moslo", ele ouviu a pequena murmurar algo em seu peito, mas seu vocabulário ainda deficiente e sua voz embargada não facilitava para que ele a entendesse.
"Você precisa parar de chorar para que eu entenda o que você quer, Sarada", ele disse de maneira gentil — beijando ambos os olhos marejados da filha. Era algo que ele não percebia, mas uma vez Sakura pontuou divertida enquanto eles zelavam pelo sono da filha: Sasuke usava mais suas palavras na presença de Sarada. Ele era extremamente comunicativo na frente da filha, e ele jamais teria percebido aquilo se não fosse Sakura.
Sasuke mudara bastante quando Sakura entrou de vez em sua vida, mas a vinda de Sarada havia causado uma mudança ainda maior.
"Oti—é", Sarada se remexeu, e então, levantou a cabeça para olhar para os olhos do pai. Apontando o dedo com seu bracinho, Sasuke entendeu o que ela queria.
Aproximando-se do quarto da filha, ele deu uma boa olhada por todo o cômodo. O quarto de Sarada era um típico quarto de princesinha. O cômodo era recheado de bichinhos de pelúcia, e o papel de parede era lotado de nuvens e arco-íris, deixando o cômodo completamente convidativo e seguro para uma criança. Próximo da cama montessoriana de Sarada, ele notou a sombra que seu enorme coelho de pelúcia fazia por conta dos fracos raios solares de sua enorme janela, e, provavelmente, aquilo a assustara.
Sasuke chutou o coelho levemente para que ele não fizesse mais sombra, e apontou a parede para Sarada, para que ela visse que a sombra que a assustara desaparecesse. Ele se segurou para não amassá-la quando ela fez um bico fofo ao observar tudo. O coelho, a cama, e a parede, como se tudo não passasse de mágica.
"Sumiu!", ela reagiu energicamente, levantando as mãozinhas pra cima, num gesto de "Cadê? Sumiu mesmo?". Sasuke não se segurou naquela vez, assim como ele nunca se segurava na presença de sua filha e esposa.
Ele simplesmente gargalhou.
Gargalhou com a inocência simples de Sarada, e quão linda sua filha era até fazendo gestos comuns. Quando sua reação acalmou-se, ele viu Sarada o olhando de soslaio, e com os bracinhos cruzados, um gesto que o fazia lembrar de si mesmo.
Era claro que ela não gostava nem um pouco quando riam dela, mas o que ele poderia fazer?
Ele só queria curtir sua filha ao máximo.
Sasuke ouviu o barulho típico da fechadura da porta, e mesmo que não ouvisse, ele já sentira o chakra de Sakura há metros de distância.
Levantando-se do sofá com delicadeza, para não acordar a filha adormecida ao seu lado, ele foi de encontro a esposa no corredor.
"Tadaima".
"Okaeri", ele respondeu, pegando sua bolsa e colocando no porta-trecos em frente a soleira da porta, "Como estão as coisas?".
"Como eu disse que seriam. Não precisavam de mim, todos ali foram muito bem treinados. Não tinha tantos feridos, e isso é bom. Não sei porque insistiu para que eu fosse", ela murmurou com seu beicinho.
"Kakashi pediu para que você atendesse pessoalmente a Equipe de Rastreio da Areia", ele respondeu como se aquilo fosse óbvio.
"E desde quando você dá ouvidos ao Kakashi-sensei?", ela disse com a voz provocativa, mas ainda sim, um pouco irritada por ter ido com seu convencimento.
"Porque só você poderia colher informações sobre o Ataque a Fronteira. Por mais que o Kazekage tenha deixado claro para seus ninjas confiarem em mim, eles não me diriam nada, mas a você, eles diriam".
"Está me usando como sua fonte de informação?", aquela pergunta o fizera sorrir, e nem mesmo Sakura pôde segurar um sorriso de volta, "Shanaroo".
Aproximando-se dele, Sakura abraçou-o, deitando a cabeça em seu peito e sentindo seu aroma amadeirado e um leve cheiro de leite azedo misturado. Confortável com sua rotina, ela suspirou para sentir ainda mais aquele cheiro tão comum, mas a tristeza ao lembrar-se de que aquela vez seria a última, fez com que seus pensamentos a levassem para um lugar que ela não queria chegar.
"Eu não queria deixar vocês hoje, há um motivo por eu ter pedido uma folga", ela murmurou em seu peito.
"Você só ficou fora por 4 horas", Sasuke resolveu ignorar sua indicação, "Sarada acordou minutos após você sair, eu dei sua janta, e ela vomitou em mim, foi isso que você perdeu". Sakura remexeu o nariz em desgosto — um ato completamente brincalhão.
"Isso explica o seu cheiro".
"Se está reclamando, por que ainda está agarrada a mim?", ele a desafiou, arqueando uma sobrancelha.
Dando um soco de brincadeira em seu peito, Sakura desviou-se do marido e foi ao encontro da filha ainda adormecida no sofá. Aproximando-se de Sarada como se fosse acordá-la, Sasuke imediatamente aproximou-se e segurou sua mão. Olhando-o completamente confusa, Sasuke negou com a cabeça, e somente com o olhar, pediu para que ela não acordasse Sarada.
Ainda segurando sua mão, Sasuke perdurou seu olhar no rosto adormecido da filha.
"…Sasuke-kun", Sakura não sabia exatamente o que ele pretendia com aquilo.
Desaproximando de Sarada, e próxima do rosto de Sasuke, ela então desprendeu sua mão da dele, e acolheu seu rosto com ambas suas mãos.
"Por quê?… Você vai sair daqui a algumas horas—".
"Não quero me despedir", ele disse com a voz firme, mas seus olhos diziam outra coisa.
"E amanhã? E quando ela me perguntar onde você está? O que eu devo responder?", ela parecia aflita.
"Sei que não é justo com você… Me perdoe por isso", e pelo tom de sua voz, ele não diria nada além daquilo, fazendo-a suspirar, derrotada.
Não sabendo mais o que dizer, Sasuke a abraçou, e assim ficaram por um bom tempo…
…até ele quebrar o silêncio.
"Quero me lembrar do dia de hoje como apenas mais um dia comum. Quero me lembrar dela sorrindo… Se eu me despedir…", ele não conseguiu finalizar a frase, sua voz também não permitia mais. Para sua sorte, Sakura o entendia como ninguém.
Uma leve batida de porta sobressaltou os dois, mas não o suficiente para que acordasse Sarada de seu sono. Ambos estavam tão absortos em seus pensamentos que não notaram o chakra familiar se aproximar da porta.
Sasuke permaneceu em seu lugar, enquanto Sakura aproximou-se da porta, e quando a abriu, revelou sua amiga, Ino Yamanaka.
"Ei, testuda", apesar do cumprimento, a voz de Ino era desanimada.
"Obrigada por isso", Sakura a agradeceu profundamente.
Vendo o clima completamente pesado na sala, Ino entrou na casa, cumprimento rapidamente Sasuke com o maneio de cabeça, e foi direto na pequena Uchiha adormecida no sofá.
"Vou levá-la para a cama, e ficarei com ela, não se preocupem", pegando Sarada delicadamente no colo, ela notou o olhar de Sasuke vidrado na filha, e mesmo respeitando a decisão de Sakura de apoiar a do marido, ela não conseguiu se segurar em dizer o que pensava:
"Tem certeza de que é isso que quer? Perder isso?", ela falou baixinho para que Sarada não acordasse, "Não quero me intrometer em uma decisão que Sakura apoia, e como melhor amiga dela, eu jamais deixaria de apoiá-la... Mas não significa que eu não ache isso um erro".
"Ino", Sakura tentou impedi-la de falar algo a mais, mas para sua surpresa, fora Sasuke que levantou sua única mão levemente para ela, a pedindo que deixasse Ino falar — seu rosto não desviou-se do olhar de Ino uma única vez.
"Minha intenção não é persuadi-lo, pois eu também compreendo o motivo e a importância de sua decisão, mesmo que ainda ache isso um erro. E de verdade, isso fez com que eu o admirasse apesar de tudo o que você já fez… Mas só quero te fazer uma pergunta: O que você vai fazer se Sarada nunca mais quiser vê-lo?", aquela pergunta pegou Sakura de surpresa, pois Ino nunca verbalizara aquilo com ela.
Na verdade, a surpresa maior era de que a própria Sakura nunca pensara nessa possibilidade. Ela sabia que Sasuke não tinha previsão de voltar, mas nunca passou por sua cabeça que o tempo para ela não seria o mesmo para Sarada.
Podiam se passar 10 anos, e o tempo para ela continuaria o mesmo, mas não para Sarada. Sarada tinha somente 3 anos. Sarada iria crescer, aprender a jogar kunai e shuriken, entraria na Academia Ninja, se machucaria numa missão Genin, pararia de amar tomates e passar a gostar de morangos. Sua cor favorita poderia deixar de ser o dourado para ser vermelho. Sarada iria passar por mudanças e se desenvolveria todos os dias.
Sasuke não viveria essas mudanças.
Ele perderia a infância de Sarada.
E Sarada por sua vez…
…se esqueceria da presença de seu pai com o passar do tempo.
Mas tudo bem, pois ela jamais deixaria com que a filha se esquecesse do pai amoroso, carinhoso e dedicado à família. Ela poderia mostrar fotos da família, poderia mostrar o quão felizes eram juntos, e sempre deixar claro o quanto o pai as amava e voltaria para casa logo que ele pudesse.
Mas ela não tinha mais recordações em fotos.
Todas as recordações foram perdidas meses atrás no incêndio na casa deles em Koamgakure (vila no País do Relâmpago).
Ela não tinha nada para Sarada além de palavras e um sentimento.
Aquilo a machucou como uma kunai fincada em seu coração.
Seria ela capaz de repassar a Sarada todo o amor do pai para com ela?
"Eu respeitaria sua decisão", a resposta de Sasuke a fez retornar ao mundo real, deixando-a ainda mais despedaçada.
Ino olhou profundamente nos olhos de Sasuke, como se buscasse por algum lampejo de indecisão, mas ao notar que ele fora sincero com sua resposta, suspirou pesadamente, como se aquilo também a incomodasse. Indo em direção as escadas, ela virou-se lentamente para olhá-lo uma última vez.
"Espero que tenha forças para encarar sua decisão quando chegar o momento", e subiu as escadas, deixando o casal Uchiha sozinho na sala de estar.
Perdidos em seus próprios pensamentos.
"Tem certeza de que pegou tudo?", Sakura perguntou-lhe novamente, não se importando se estava o irritando ou não com a insistência da mesma pergunta.
"Não tenho muito o que levar, você sabe", ele respondeu, mas ao contrário do que ela pensava, ele não estava irritado, na verdade, parecia satisfeito em ela repetir tantas vezes a mesma pergunta, aquilo prolongava o momento.
"Então—".
"Vou escrever", ele a cortou, antes que ela fizesse outra pergunta que o fizesse se esquecer de tudo o que ele planejou lhe dizer, "Não com a mesma frequência de antes, mas vou; e poderá me contatar através de Naruto, é mais seguro para vocês assim".
"Sarada…", ela queria entender.
"Melhor que Sarada não saiba", ele disse com a voz triste, "É melhor… para ela… Não acha?", ele a olhou nos olhos querendo seu apoio àquela decisão.
Sakura não poderia negar de que o compreendia, mesmo que a machucasse esconder de sua filha informações de seu próprio pai.
"Será mais fácil se ela—".
"Te esquecer?", ela completou, entendendo sua linha de raciocínio.
"Seria menos doloroso", ele argumentou.
"Ela não vai te esquecer, Anata, e eu não vou permitir isso também. Você vai voltar".
"Mas não posso garantir quando, Sakura", ele parecia à beira do desespero.
"Mas vai", ela disse decidida, "Não sei quando, mas sei que vai. O mundo não será assim para sempre, Sasuke-kun. Vai chegar um momento em que você não terá mais o que fazer, e irá retornar. Quando você fizer tudo o que estiver ao seu alcance, você vai voltar. Mesmo longe, nunca se esqueça de que sua família o está esperando".
Aquilo parecia tê-lo acalmado um pouco, mas seu coração ainda palpitava com o primeiro passo.
Ele não queria dar o primeiro passo, pois quando desse, não fazia a mínima ideia de quando as veria novamente.
Mas para sua surpresa, foi Sakura a dar o primeiro passo.
Ele sentiu o momento em que seus lábios encontraram seu lar.
O momento em que seus lábios se tocaram para um beijo delicado e ao mesmo tempo arquejando por mais.
Sasuke jogou sua mochila transversal no chão e a abraçou com seu único braço, entregando-se completamente naquele beijo.
Nenhum dos dois se importava em estarem na entrada da Vila da Folha, nem mesmo com o fato que provavelmente algum Ninja da Fronteira os assistia de algum ponto cego no escuro da madrugada. Nada daquilo importava para eles naquele momento - olhares curiosos, fofocas, nem mesmo saberem que estavam demonstrando afeto em público.
Nenhum dos dois sabia quando poderiam sentir o amor um do outro novamente àquela maneira. Tudo que eles sabiam era que eles sempre estariam nos pensamentos um dos outro.
Alguém precisava tomar o próximo passo, e se Sakura foi a primeira a tomar, ele teria que ser o próximo a seguir. Com muito esforço, ele afrouxou seu abraço, e antes de distanciar-se, beijou sua testa pela última fez — onde o selo do Byakugou se encontrava — e olhando em seus olhos mais uma vez — onyx e esmeralda encarando-se — ele sentiu a mão dela apertar firmemente a sua, como se para assegurá-lo que ficaria tudo bem, que ele poderia ir.
De repente, suas mãos não estavam mais juntas, e Sasuke deu as costas antes que fosse tarde demais — antes que ele desistisse de sua decisão e ficasse.
Ele não sabia dizer se Sakura ficou observando-o seguir em frente, mas ele torcia para que a distância fosse o suficiente para que ela não notasse…
…não notasse seus ombros caídos, e sua cabeça baixa.
Pela primeira vez desde o nascimento de sua filha, lágrimas caíam por suas bochechas. Lágrimas que ele segurara por tanto tempo desde que decidiu deixar seus maiores bens sob proteção de Konoha.
Mas mesmo com a dor da partida, do distanciamento, havia algo que ele carregaria consigo, algo uma vez dito por Sakura.
O amor construído por ambos era arrebatador e genuíno...
…E distância nenhuma destruiria aquilo…
…Não enquanto seus sentimentos estivessem conectados.
Notas finais
Espero que as referências de Naruto Gaiden também tenham sido pegas *_*
Alias, se vocês ficaram em dúvida quando ao meu headcanon, em Naruto Gaiden, ao meu ver, o Naruto ainda não era Hokage, mas sim o braço direito do Kakashi, e por isso estava naquela reunião onde o Sasuke e a Sakura estão juntos, e o Sasuke fala para todos os Kage sobre o que ele já havia descoberto sobre os traços de Kaguya Ootsutsuki. Faz sentido na minha cabeça, ainda mais com o OVA "O dia que naruto se tornou Hokage" e ali, Sarada e Boruto aparentavam ter seus 7/8 anos. Nós sabemos que o Tio Kishimoto cagou pra cronologia, mas a gente que é fã arruma na nossa cabeça haha Ah e nessa época da reunião, para mim, a Sarada tinha por volta dos 3 anos, idade que faz sentido na minha cabeça ter sido a época que o Sasuke deixou a aldeia (e eu dou essa visão em Laços e Proteção).
"Nossa, Ma, mas o Kishimoto tinha que por o Sasuke longe da família por anos nesse Gaiden? Esse homê só sofre!", ai gente, eu to tentando consertar esse negócio com as fanfics, mas eu mega concordo com vocês O coitado só sofreu, e quando tem uma família, o Kishimoto vai lá e poe ele como peça essencial para investigar os Ootsutsuki kkkkkk ai o coitado perde o Rinnegan com kunai no zóio... SENHOR, eu só quero Sasuke e Sakura envelhecendo juntinhos, NO MÍNIMO!
Agradeço com antecedência por todo o carinho, e juro que terá mais headcanon nesse período em branco! Tem muita coisa que eu ainda quero escrever
Até! :*
