State of Grace
One-Shot Beward
Dentre todas as provações que Padre Edward pensou que pudesse passar durante sua vida sacerdotal, se apaixonar por uma paroquiana nunca passou pela sua mente.
E, provavelmente, ele nunca mais seria o mesmo após se tornar o fiel adorador daqueles olhos castanhos.
And I never saw you coming
And I'll never be the same
State of Grace – Taylor Swift
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CAPÍTULO ÚNICO – STATE OF GRACE
Edward POV
Um ano antes
- Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.
- Graças a Deus.
Prestei minha reverência ao altar a minha frente e depois a imagem de Cristo ressuscitado atrás de mim. Continuei parado enquanto os meus auxiliares do altar e da liturgia saiam, até que eu os acompanhasse. Ao sair fui acenando levemente para a assembleia.
Ao entrar na sacristia entoei o "Bendigamos ao Senhor", esperei que os auxiliares respondessem e andei até minha salinha onde tirava minhas vestes sacerdotais para que a Sra. Swan pudesse lavar para mim.
Porém ao entrar na sala, eu não vi Renée Swan e sim uma moça de costas, mexendo no meu guarda-roupa que havia ali para guardar minhas vestes, aparentava ser bem mais jovem.
- Olá, está perdida? – perguntei.
Porém, quem se perdeu, a partir daquele dia, fui eu.
- Me desculpe, Padre Edward – sorriu timidamente – sou Isabella Swan filha da Sra. Swan. Ela pediu que eu viesse buscar suas vestes, pois não está se sentindo bem.
- O que ela tem? – perguntei enquanto comecei a tirar minha estola, seguida da minha túnica e as dobrava para entregar a morena.
- Deve ser uma gripe.
- Diga que a colocarei em minhas orações hoje a noite – sorri ternamente, tentando passar algum conforto.
- Obrigada, Padre – disse enquanto pegava minhas roupas e colocava dentro de sua bolsa.
Ela era Isabella Swan – ou Bella como preferia ser chamada – filha de Renée e Charlie Swan, um casal de paroquianos que eram Ministros da Eucaristia, a jovem havia voltado da pequena cidade onde morava com sua avó, segundo eles por escolha dela, e agora estava em Seattle para começar a estudar Literatura em uma universidade aqui.
Tinha 21 anos, era baixinha e linda como o anjo mais amado de Deus. Seus olhos eram do mais puro chocolate derretido, seus lábios carnudos e agora ela mordia levemente enquanto seu rosto em formato de coração corava copiosamente. Seus cabelos eram longos, chegavam próximos do seu quadril. Seu corpo era curvilíneo, como se fosse feito sob medida pra mim.
Ao me dar conta dos meus pensamentos nada puros, limpei minha garganta e ela entendeu que eu estava impaciente por ela ainda estar parada ali na sacristia.
- Se me dê licença – deu um passo a frente e corou violentamente ao ter que passar em um pequeno espaço entre meu corpo e a parede. Sorri torto ao ver que ela passou pela porta tropeçando.
E esse foi apenas o primeiro de muitos encontros.
Bella fazia parte da equipe de música da sua pequena paróquia em Forks e demonstrou extrema vontade em participar da equipe daqui de Seattle. Sendo assim, começou a frequentar mais a igreja durante a semana, quando não estava em aula, para os ensaios até que pudesse assumir dias fixos nas missas.
Renée sentia-se muito orgulhosa da participação da filha na igreja e confiava muito em mim para que pudesse ser seu diretor espiritual e auxiliá-la no seu caminho dentro da minha paróquia.
Mas mal sabíamos que essa direção espiritual tomaria outros rumos em nossas vidas.
Comecei a frequentar a casa dos Swan's para que pudesse realizar estudos bíblicos com Bella, seja com seus pais em casa ou com a menina sozinha em casa.
Ela o tempo todo era cordial, tímida, era boa ouvinte, porém quando começávamos a conversar sobre a faculdade, se acabava de falar e eu podia ver seu amor ali. Bella não via outra coisa em sua vida além da literatura. Seus lindos olhos castanhos brilhavam de uma maneira, que eu poderia ficar ali eternamente adorando e me tornando o fiel mais dedicado daquelas orbes perfeitas.
Até que em determinado ponto comecei a perceber o rumo que aquilo estava tomando.
Seis meses após a chegada de Bella, decidimos fazer um show de talentos na paróquia, afim de que pudéssemos levantar algum dinheiro para uma pequena reforma de emergência que iriamos precisar fazer na parte elétrica.
Então a ideia era conseguir o máximo de inscritos, cobrando uma taxa simbólica, e fazer uma grande quermesse para que a arrecadação do dinheiro saísse dali.
Levou cerca de um mês para que pudéssemos organizar tudo, dentre alugar a estrutura para o som e o palco e arrecadação dos alimentos para que fossem utilizados na nossa quermesse. Bella ficou à frente de tudo, dividindo seu tempo entre as provas e trabalhos semestrais da faculdade e a igreja.
Quando chegou o grande dia, Isabella fez suspense a todos, dizendo que não sabia se iria se apresentar, pois era muito tímida para isso, mas mal sabia ela que o fofoqueiro do Seth Clearwater, meu seminarista, havia contado que ela tinha duas músicas preparadas que havia ensaiado com alguns dos jovens da igreja.
Assim que terminamos os preparativos, eu corri até a casa paroquial para me banhar e colocar uma roupa limpa, afinal, precisava ser o anfitrião da festa da minha paróquia.
Ao verificar minhas roupas, lembrei-me da camisa que Bella havia me dado como um presente de aniversário adiantado (que era no próximo mês) e um agradecimento pela recepção que eu havia feito para ela ao chegar na paróquia, ela alegou que havia visto a camisa em uma loja e pensou em mim, e não pode deixar de comprar.
Ela era de um tom verde claro, porém estranhamente combinava com a cor dos meus olhos, entendi aquilo como obra do acaso e a vesti, colocando em seguida minha clérgima* e a ajeitando em meu pescoço, vesti uma calça preta em com um cinto e nos pés sapatos sociais pretos. Tentei sem sucesso arrumar meu cabelo, mas desisti, o que eu tinha de controlado, meu cabelo tinha de descontrolado.
*Clérgima é o colarinho branco que os padres usam.
Ao terminar, realizei uma oração pessoal e pedi para que Maria passasse à frente durante todo o evento e fui até a quadra paroquial onde iria acontecer a quermesse e o show de talentos.
As pessoas responsáveis pelas barracas já estavam lá a postos e começaram a me cumprimentar assim que eu cheguei. Conversamos e alinhamos algumas coisas enquanto esperávamos a comunidade chegar para aproveitar nosso pequeno evento.
Algum tempo depois
Quando foi chegando próximo a hora do show de talentos, minha mãe, Esme, veio até mim preocupada dizendo que Bella não havia chegado e ela estava responsável pela ordem das apresentações do show de talentos.
Liguei em seu celular e ela não atendia, alguns jovens também não conseguiam contato com ela.
Até que ela chegou.
E, naquele momento, eu perdi tudo.
Isabella estava vestindo uma espécie de vestido que era levemente colado ao corpo, mas nada exagerado ou obsceno, era sem mangas e era numa cor que as mulheres chamam de nude. Usava um cinto fino na sua cintura, que demarcava levemente suas curvas e usava uma sapatilha da mesma cor do vestido.
Seu cabelo estava solto, lindo e vibrante como sempre e ela usava uma maquiagem tão leve que parecia que era natural. Ela andava em minha direção esbaforida, com seu violão pendurado nas costas.
- Padre! Dona Esme! Desculpe o atraso, havia me esquecido que precisava enviar um trabalho até hoje à noite para minha professora. Precisei fazer correndo – antes que pudéssemos falar algo continuou – Já estou com as folhas e vou fazer a checagem de quem veio e quem não veio. Mil perdões! – e da mesma maneira que chegou, saiu.
- Essa menina é uma doçura – minha mãe disse enquanto ria ternamente – Se você não fosse padre, daria tudo para ela ser minha nora – e saiu me deixando perdido em pensamentos.
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O show de talentos, bem...
Não estava tão bom quanto imaginei.
Haviam cerca de 12 inscritos e estávamos na penúltima apresentação. Algumas foram boas, mas a maioria tinha sido muito ruim.
Internamente eu entendia que maioria das pessoas haviam se inscrito para ajudar e não por ter algum talento de fato, mas mesmo assim, orei para que essas pessoas tivessem um pouquinho de semancol.
Ao final, quando achei que tudo estava perdido, Sam Uley anunciou que Bella iria se apresentar, sorri largamente ao vê-la subir no palco visivelmente tímida, seguida de Ben Chenney, que estava na bateria, sua namorada Angela Weber que estava no teclado e ela com seu violão.
- Hm, boa noite! – falou um tanto quanto baixo, ao perceber falou mais alto – Boa noite! E-eu sou Bella Swan, aquela é Angela Weber no teclado e Ben Chenney na bateria. Hoje vamos cantar duas músicas que são autorais.
Ao falar, toda a plateia começou a comentar entre si e eu me senti extremamente curioso, Bella começou a olhar e percebi que ela estava mais nervosa que antes.
Seu olhar começou a percorrer a multidão, como se ela procurasse alguém, imaginei que seus pais, até que seu olhar parou em mim e eu a senti relaxar consideravelmente. Sorri torto e dei uma piscadinha e, de longe, percebi que ela corou violentamente.
- A primeira música se chama "Jump then fall" e é uma composição de Ang e Mike, eu ajudei só com a melodia e um toque ali ou aqui. Ela fala sobre um casal prontos para enfrentar a paixão que sentem um pelo outro. Então... vamos lá.
Começaram a tocar e me senti aliviado por saber que Bella cantava e tocava extraordinariamente bem, e que seus amigos também eram excelente músicos.
Então, Bella começou a cantar.
Jump then fall (Taylor's Version)
Tradução
Eu gosto da forma que você soa de manhã
Quando nós estamos no telefone e sem um aviso
Eu percebo que sua risada é o melhor som que já escutei
Eu gosto do jeito que eu não consigo manter meu foco
Eu te vi conversar, você não notou
Eu ouço as palavras, mas tudo que eu consigo pensar é: Nós deveríamos ficar juntos
Toda vez que você sorri, eu sorrio
E toda vez que você brilha, eu brilharei por você
Percebi que todos ali na plateia estavam gostando do pequeno grupo, Bella cantava com um sorriso tímido no rosto enquanto Angela e Ben cantavam a letra olhando um para o outro, principalmente ao cantar as duas últimas frases e o refrão.
Whoa, eu estou te sentindo, amor
Não tenha medo de pular e depois cair
Pular e depois cair em mim
Amor, eu nunca vou te deixar
Diga que você quer ficar comigo também
Porque eu ficarei apesar de tudo
Então pule e depois caia
Eu olhava admirado para Bella, ela conseguia se transformar ao cantar. Não se parecia nada com aquela menina tímida e acanhada. Era como se o palco e a música a libertasse.
Bem, eu gosto do jeito como seu cabelo cai sobre rosto
Você tem as chaves para mim, eu amo cada sarda em seu rosto
Oh, eu nunca estive tão envolvida, querido
Eu gosto da forma que você é tudo o que eu sempre quis
Eu tenho tempo pra pensar em tudo
E tudo o que eu posso dizer é: chegue mais perto
Então respire fundo, e pule, e depois caia em mim
A outra parte da música, Bella cantava olhando algumas vezes em minha direção, e parecia que quando percebia que eu a estava olhando, desviava o olhar e corava lentamente.
Continuaram cantando até que acabaram a música, e, obviamente, a plateia foi a loucura, deixando uma Bella totalmente desconcertada.
Após acabar a salva de palmas, ela começou a falar sobre a segunda música.
- Bem, a segunda música é uma composição minha, Ang me ajudou um pouco e Ben cuidou de todo o instrumental e essa música chama-se Untouchable, e ela fala sobre, é... – engoliu seco – umamorimpossível.
Bella disse as últimas palavras tão rápidas que mal pude entender, quando dei por mim a melodia calma havia começado e as luzes tinham sido diminuídas, ficando um foco apenas em Bella e vários piscas-piscas que eu não havia dado conta foram acesos no palco e acima de nós.
Untouchable (Taylor's Version)
Tradução
Intocável como um distante céu de diamantes
Eu estou alcançando e eu não posso te dizer porquê
Eu estou presa a você
Eu estou presa a você
Ela cantava a primeira parte de olhos fechados, olhei em volta e todos olhavam admirados para a menina no palco. Engoli seco e decidi ouvir o restante da música.
Intocável, queimando mais brilhante que o Sol
E quando você está perto eu sinto como se estivesse me desfazendo
No meio da noite, quando estou nesse sonho
É como um milhão de estrelinhas soletrando o teu nome
Você tem que vir, vamos
Diga que nós vamos ficar juntos
Vamos, vamos
Gostinho do céu
Ao cantar o refrão, Bella olhava para a plateia e eu pude ver seus lindos olhos lacrimejarem, ouvi algumas pessoas fungarem ao meu lado e percebi que a minha menina estava tocando o coração daquelas pessoas. E, de certa maneira, o meu também.
Está meio cheio e eu não vou esperar aqui o dia todo
Eu sei que você está dizendo que você vai estar aqui de qualquer maneira
Mas você é intocável queimando mais brilhante que o Sol
E quando você está por perto eu sinto como se estivesse me desfazendo
A última parte que ela havia cantado, foi olhando diretamente pra mim, engoli seco pela milésima vez entendendo o sentido daquela música.
Bella havia feito para mim.
Ela estava apaixonada por mim.
Bella POV
Bella burra, Bella burra.
Eu repetia enquanto continuava cantando a música, morrendo de vergonha por, indiretamente, estar proclamando minha paixão platônica por aquele homem impossível diante de toda a igreja.
Edward tinha um olhar indecifrável, mas eu continuava ali cantando a música, alternando olhares entre ele e a plateia.
Ele estava tão lindo vestindo aquela camisa que eu havia dado para ele. Havia caído tão bem no seu corpo perfeito.
Lembrei-me que comprei, pois ao olhar me lembrou a cor dos seus olhos, embora fosse em um tom mais claro. Imaginei ele a usando enquanto celebrava uma missa, ou visitava algum doente. Seria como se um pedaço de mim o pudesse acompanhar.
Meus pensamentos me assustaram com a intensidade, e por um momento fiquei com medo de mim e do meu sentimento por ele.
E eu não podia mais guardar aquele sentimento somente para mim.
Era ridículo e tão clichê uma garota como eu me apaixonar por um padre.
Na verdade, se tratando de mim, era a única possibilidade.
Nunca fui uma garota muito normal (sim, isso também é clichê), sempre tive interesses muito antiquados, então quando comecei a frequentar a igreja da cidade dos meus avós, descobri as respostas que tanto procurava.
Sonhava com uma vida que a igreja poderia proporcionar, de doação, caridade e... amor. Cogitei a possibilidade de entrar em um convento, mas eu vi que não era para mim.
Eu queria um casamento, ter meu marido, meus filhos, uma casa com um quintal grande para as crianças brincarem com nossos cachorros. Queria ser professora, gostaria de lecionar para os pequenos, depois voltar para o meu lar e ter uma vida de dona de casa.
Algumas das minhas amigas diziam que eu era errada, que eu era uma vitima da sociedade patriarcal, mas eu não enxergava assim. Eu queria ter a minha liberdade enquanto mulher, poder escolher o que eu queria, e, bem... Era essa vida que eu queria.
Então quando me vi apaixonada por Edward, eu ri desgostosa. Nunca havia me apaixonado por homem algum, eu havia beijado alguns garotos, mas quando eu não queria passar para a "segunda base" era chutada.
Eu sonhava em perder minha virgindade com o homem que eu amasse e, de preferencia, depois do casamento. Isso era errado? Era errado querer uma vida dessas?
No meio da noite, acordando deste sonho
Eu quero sentir você por perto, ficando próximo a mim
Você tem que vir, vamos
Diga que nós vamos ficar juntos
Vamos, vamos
Gostinho do céu
A música foi se encaminhando para o final e Edward ainda estava ali, de braços cruzados, me olhando fixamente. Então eu esqueci de todos ali em volta e cantei os últimos versos olhando para ele, envolvida naquela atmosfera que propositalmente criei para esse momento.
Eu me sentia assim, eu me desmanchava quando ele estava perto, me sentia queimar inteira, uma coisa que nunca senti com outra pessoa. Nem mesmo pelo meu pôster que tinha do Jake Peralta no meu quarto.
Sentia que ele era os pontos de luz na minha vida que era tão vazia e tão escura. Ele dava um pouco mais de sentido. Embora fosse tão intocável e tão impossível.
No meio da noite, quando estou nesse sonho
É como um milhão de estrelinhas soletrando o teu nome
Você tem que vir, vamos
Oh, vamos, vamos
Vamos, vamos
Oh, oh, oh, oh
É como um milhão de pequenas estrelas soletrando o teu nome
Soletrando o teu nome, oh
Ao terminar de cantar, todos bateram palmas e começaram a pedir mais músicas. Apenas agradecemos e saímos do palco antes que eu pudesse cantar todas as outras músicas que havia escrito sobre o quão incrível e o quão impossível ele era para mim.
Edward POV
Quando Bella saiu do palco, eu me dirigi para o lado contrário andando em direção a minha casa paroquial. Assim que entrei fui diretamente até o banheiro.
Liguei a torneira da pia e molhei meu rosto, tentando assimilar tudo o que havia acontecido naqueles últimos minutos.
Ao olhar meu reflexo no espelho, não reconheci o homem que via. Ele tinha as bochechas coradas, os olhos verdes lembravam duas esmeraldas de tanto que brilhavam, seu coração batia no peito parecendo chamar uma certa garota de olhos castanhos e boca perfeita.
Grunhi enquanto me lembrava dos nossos encontros. Como não pude perceber antes?
Bella não fazia nada de diferente do que qualquer outro fiel ativo na igreja. Nunca houve qualquer outra tentativa ou demonstração de qualquer sentimento, como tantas outras faziam questão de mostrar. Tentei buscar na minha mente algum sinal.
Continuei olhando para o reflexo quando vi a camisa que eu usava.
Era a camisa que ela havia me dado como um presente de aniversário adiantado.
Comecei sentir meu corpo pegar fogo, como se a camisa estivesse absurdamente quente. Tirei o colarinho que usava jogando no chão e comecei a desabotoar a camisa, mas num ato de desespero acabei forçando e fazendo alguns botões voarem pelo banheiro. Assim que tirei, joguei a camisa do outro lado do cômodo e percebi que estava ofegante.
Antes que pudesse começar a entrar numa espécie de surto. Minha mãe abriu a porta do banheiro esbaforida, ao me ver do jeito que estava (sem camisa, ofegante e estranho) ficou um tanto quanto desesperada,
- Edward? O que aconteceu?
- Eu... não sei? – falei em tom de dúvida.
Ela se aproximou e colocou a mão na minha testa.
- Você está quente. Quer que eu chame seu pai para te examinar?
Fiz um sinal que não com a cabeça e tentei focar em minha respiração. Esme ficou ali comigo em silêncio, esperando o que quer que estivesse errado comigo melhorar.
- Filho – se aproximou de mim lentamente e colocou uma mão no meu ombro desnudo – Não sei o que aconteceu, mas acho que você não está em condições de voltar para o evento – assenti – Tome um banho e deixe o restante comigo.
Minha mãe segurou meu rosto em suas mãos e abaixou minha cabeça para me dar um beijo na testa e sussurrou baixinho.
- Que Deus acalme seus pensamentos e seu coração.
Assim que saiu do banheiro, tirei toda a minha roupa e entrei no chuveiro frio, tentando voltar ao normal e colocar meus pensamentos no lugar.
Me sentia muito culpado por ter deixado, em algum momento, transparecer algum outro tipo de sentimento por Bella. Comecei a repassar em minha mente se nos nossos encontros em sua casa, na igreja, se deixei algo subentendido.
No meu ponto de vista, eu nunca dei a entender nada. Eu sabia que a achava muito bonita, ela tinha olhos extremamente expressivos, uma boca que eu nunca tinha visto antes. Mas achar uma mulher bonita não era pecado algum.
Ou será que era e Deus estava me castigando por isso?
Desliguei o chuveiro e peguei minha toalha me secando em seguida, vesti meu pijama que ficava pendurado atrás da porta do banheiro e fui até meu quarto.
Assim que entrei, dei cara com o pequeno altar que eu tinha ali, onde realizava minhas orações, olhei para a imagem de Jesus Misericordioso e senti nojo de mim.
Sempre tentei ao máximo ser o mais próximo do que Jesus pedia para que fossemos e sua história foi o que me inspirou a ser Padre quando eu era criança.
Obviamente tive minhas épocas rebeldes, onde pude vivenciar o que qualquer jovem gostaria de vivenciar. Tive uma ou duas namoradas, onde experimentei do sexo e outras coisas, mas não via sentido em uma vida daquela, quando a vida que eu queria era a de santidade.
Durante minha caminhada até se tornar padre, também tive minhas provações, várias moças, das igrejas que passei enquanto era seminarista e padre recém ordenado, que demonstravam interesse, mas sempre conseguia deixar claro a minha falta de interesse, sendo cordial e tentando não ferir os sentimentos.
Mas o que havia acontecido agora com Bella? Onde eu havia falhado?
Deitei em minha cama e peguei meu rosário, fiz o sinal da cruz e comecei minha oração, pedindo que Deus e Nossa Senhora pudessem me mostrar a melhor solução para isso e que tirassem esse sentimento do coração de Bella.
Alguns dias depois
A semana havia se passado rapidamente e a sexta-feira terminava com a última missa do dia.
Bella não havia aparecido aquela semana na igreja, seja para os ensaios ou os compromissos que havia com a paróquia. Além de ter dispensado o estudo bíblico que tínhamos toda semana. Mandou um recado através de sua mãe, dizendo que estava muito ocupada com a faculdade.
Embora eu não tivesse dado a entender que havia entendido o que aquela música que Bella havia cantado dizia sobre seus sentimentos, me sentia responsável por esse sumiço repentino dela.
Me peguei diversas vezes segurando a chave do meu carro e pensando em desculpas esfarrapadas para ir até a sua casa, somente para saber como ela estava, mas quando me dava conta, pegava meu rosário e rezava até me sentir extremamente cansado.
Então por conta dessa minha obsessão pela paroquiana, decidi tirar uma semana de folga das minhas obrigações da paróquia. Nós, padres, tínhamos uma semana para tirar próximo ao nosso aniversário. E como o meu seria na próxima semana, pedi autorização ao meu bispo, Aro Volturi, que prontamente autorizou.
Decidi ir visitar meu amigo ex-irmão de batina, Jasper Whitlock. Ele morava em Los Angeles com sua esposa Alice Brandon-Whitlock e ele era meu melhor amigo desde o seminário.
Sim, seminário.
Jasper e eu entramos juntos com 18 anos e nos tornamos amigos na primeira oportunidade que tivemos. Fomos ordenados diácono e em seguida padre juntos e servíamos em paróquias próximas o que facilitou nosso contato.
Porém, Jasper no seu quinto ano de sacerdócio se apaixonou por Alice, filha de um dos paroquianos mais antigos da igreja. Lembro que na época ela era a única certeza dele e ele dela. Meu amigo não hesitou em pedir dispensa da sua batina para ficar com sua amada. Hoje em dia são casados e estão à espera da sua primeira filha, Charlotte.
Então assim que o domingo chegou, deixei meu pai, Carlisle, que era diácono, responsável por realizar as celebrações durante a semana que eu estivesse fora e peguei o primeiro voo disponível para Los Angeles.
