Nota da autora: Inicialmente, isto aqui seria um one-shot. Mas resolvi dividir em algumas partes e ver a reação de vocês :)

A ideia foi baseada nos episódios 84 (quando Kagome fica doente e Inuyasha vai pra era moderna cuidar dela) e 96 (quando Jaken fica doente). Eu meio que pensei num momento SessRin de quando Rin ficasse doente e Sesshoumaru fizesse o possível para que ela melhorasse.

Comentem, por favor :)


Flor de Calêndula

Parte I

O senhor das Terras do Oeste, o grande youkai Sesshoumaru, olhava para os céus extremamente azul e com poucas nuvens daquela manhã. Era um dia perfeito de primavera. Não estava muito frio e nem muito quente para os padrões humanos. Havia muitos pássaros aqui e ali cantando. Flores estavam espalhadas por todas as partes.

Sim, para os padrões humanos, era um dia perfeito para fazer passeios.

E era por isso que estava ali perto da Árvore Sagrada, ponto de encontro entre ele e Rin. Havia combinado de visitá-la para que os dois passassem o dia juntos.

Ao lembrar-se dela, um pequeno sorriso passou pelo rosto quase sempre inexpressivo, coisa que se permitia fazer quando ninguém estava por perto.

Fechou os olhos por alguns segundos para imaginar Rin se divertindo entre as flores, fazendo coroas, colhendo frutas, pegando peixes para fazer um pequeno almoço para ela e Jaken...

Falando no pequeno sapo, sentiu o cheiro repugnante dele e franziu o cenho. Era apenas o dele. Rin geralmente tinha uma fragrância mais potente que se sobressaía ao do youkai verde e de outros humanos, mas naquele instante...

Abriu os olhos. Era mesmo apenas de Jaken. Rin não estava com ele.

–Sesshoumaru-sama? – o servo tentou timidamente.

O lorde apenas o olhou de soslaio.

–Rin pede desculpas por hoje, mas ela não poderá fazer-lhe companhia.

Sesshoumaru virou-se completamente para ele e viu-o curvado, uma expressão estranha no rosto. Até mesmo a voz dele estava diferente – mais séria para a ocasião.

– "Não poderá"? – ele repetiu – Por qual motivo?

–Ela está muito doente, Sesshoumaru-sama. – o sapo parecia realmente preocupado – Muita febre e dores no corpo. A sacerdotisa a proibiu de fazer passeios porque o corpo precisa descansar. Disse também que Rin não come nada desde ontem porque não sente fome.

Um humano sem fome. Para Sesshoumaru, aquilo era uma novidade.

Até onde sabia, Rin era extremamente saudável. Talvez fosse a primeira vez que ele presenciava tão situação.

Sem dizer nenhuma palavra, como usual, ele se afastou voando em direção à casa de Kaede. Jaken só teve tempo de saltar e se agarrar ao mokomoko para não ser deixado para trás.


Na cabana, onde morava a garota, havia um cenário incomum: um poderoso e imponente inu youkai estava na frente de uma velha sacerdotisa. O servo do youkai também estava ali, optando por ser silencioso para não atrapalhar aquela conversa.

Quem não os conhecesse, saberia que aquela sacerdotisa tinha o dever se exterminar aqueles dois seres, principalmente se ela fosse mais jovem.

Mas ela era tutora da garota órfã que antigamente viajava como companhia daquele youkai. Há anos Rin vivia na casa dela e Kaede tinha uma relação razoável com Sesshoumaru, conversando quando necessário, mantendo o respeito e a cordialidade um pelo outro. Uma das coisas que ele respeitava, por exemplo, era o espaço pessoal da sacerdotisa – nunca havia entrado na cabana, limitando-se apenas a ficar do lado de fora, perto do rio, ou no teto.

O youkai só estava ali naquele momento por causa exclusivamente de Rin.

A garota estava no futon, rosto vermelho por causa da febre, olhos semicerrados, com suor escorrendo pelo rosto. No momento que Sesshoumaru e Jaken entraram, Kaede estava colocando um pano úmido na testa para tentar baixar a temperatura.

–Desculpe, Sesshoumaru-sama... – a voz de Rin, sempre cheia de emoção e alegria, ecoou fraca aos ouvidos do inu youkai – Não vou poder fazer companhia hoje...

Começou a tossir e bebeu um gole de alguma coisa oferecida por Kaede.

–Durma um pouco. – ela pediu, delicadamente deslizando a mão pelos cabelos de Rin.

A sacerdotisa, sentada em seiza ao lado da garota deitada no futon, pegou o copo e franziu o cenho – ou o que era possível de ver no rosto envelhecido por conta da idade.

–Está acabando. – ela murmurou, mas que soou perfeitamente audível para Sesshoumaru.

–O que está acabando? – ele quis saber.

Por um momento, ela pareceu hesitar. Não estava ainda acostumada a manter longos diálogos com Sesshoumaru. Na maioria das vezes ele aparecia no vilarejo apenas por causa de Rin e não trocava uma única palavra com ela.

Mas ela resolveu arriscar:

–O remédio dela. – ela deu um suspiro cansado. Depois começou a arrumar os potes e copos perto da chaleira de cerâmica – Inuyasha não apareceu aqui hoje. Eu ia pedir pra ele buscar algumas coisas pra mim pra fazer mais ou ela vai demorar a ficar boa.

–Quais coisas? – ele quis saber.

A velha sacerdotisa olhou com um certo interesse para o youkai.

–Você vai buscar? Geralmente é Inuyasha quem faz isso. Ele e Kagome conhecem as plantas e animais da região.

–É claro que Sesshoumaru-sama pode fazer isso também! Aquele hanyou não conhece tudo! – Jaken esbravejou e só parou quando percebeu que falou alto e Rin se remexeu no futon, cobrindo o rosto como se não quisesse ouvir o que se passava ali.

Jaken sentiu um chute por trás da cabeça. Sabia muito bem quem era o responsável e o motivo pelo tratamento, então resolveu não reclamar.

–Se ele faz isso, naturalmente que eu posso fazer também. – ele falou tão tranquilo quanto possível.

–Bem, bem... – ela olhou para um canto da cabana onde havia uma enorme cômoda de madeira com vasos de cerâmica em cima – Preciso de um pouco de fígado de javali, de carpa, de uma galinha, algumas folhas de plantas de sol, pimenta, raiz de cura tudo e flores de calêndula.

Enquanto Sesshoumaru permanecia inexpressivo, Jaken disfarçou o nojo. Como Rin iria comer ou tomar algo com fígados desses animais? Será que eles tinham certeza de que aquilo funcionava e não estavam tentando envenená-la?

–Calêndula? – foi a pergunta de Sesshoumaru – Nesta região?

–Sim. – Kaede tinha uma expressão igualmente séria – Nem o próprio Jinenji-san tem calêndulas na propriedade dele. Geralmente Inuyasha vai procurar nas montanhas.

Sesshoumaru deu as costas para a sacerdotisa e saiu da cabana.

–Ah... e-espere, Sesshoumaru-sama! – o servo se apressou para segui-lo.

–Jaken. – Kaede o parou.

O pequeno youkai voltou a atenção para ela.

–É muito importante que vocês tragam isso antes do anoitecer. Rin não pode ficar sem tomar esse remédio hoje à noite. A febre tende a piorar nesse horário.

Com uma expressão determinada no rosto, ele confirmou com a cabeça. Rin não iria ficar sem aquele medicamento. Lembrava-se como se tivesse sido ontem quando ela, ainda uma criança, se preocupou em procurar a Planta de Mil Anos para salvá-lo do veneno daqueles insetos do Naraku.

Depois lembrou-se que Sesshoumaru tinha ido embora e saiu correndo da cabana.

Fim da parte I