Um longo dia de filmagens havia se passado. Entre problemas técnicos e erros de gravações, incluindo bebidas manchando as roupas dos artistas, a finalização do comercial fora adiado para o dia seguinte. Koi acreditava que todos os acidentes aconteceram por conta de seu azar, ao passo que Rui mantinha o mesmo temperamento calmo a vista disso.
O local semi-iluminado pela lua trouxe um ar desalegre. Talvez, se as coisas tivessem ocorrido bem, poderia ser dito o oposto. Contudo, ambos os garotos mantinham uma postura diferente das decepções passadas, levando em conta que fariam seu melhor para concluírem seu trabalho com êxito no dia seguinte. Mas, quando o de cabelo rosa tentou abrir a porta da saída, percebeu que estavam presos ali.
Girou por impulso mais três vezes a maçaneta antes de desistir, direcionando-se ao rapaz atrás dele.
"Estamos presos."
"… Mesmo?"
"Sim. Ah! Cara, como puderam se esquecer de nós?"
"Vão voltar logo."
"Eles? Eu acho. Mas, mesmo assim, isso não faz sentido. Vou ligar pra eles", disse, apalpando os bolsos da calça. "Ah, não. Rui, está com seu celular aí?"
"Nós os entregamos ao Tsukishiro antes das filmagens", o mais baixo respondeu, sereno como sempre.
Antes que Koi pudesse dizer mais alguma coisa, o som de algo metálico colidindo com o chão quebrou o silêncio do lugar. Os dois paralisaram ao ouvir aquilo. Rui parecia ter ficado mais "surpreso" que assustado, mas não se poderia dizer o mesmo pela expressão no rosto de Koi. Eles ficaram alertas, olhando de um lado para o outro.
"Ouviu isso?", Perguntou Koi.
"Ouvi."
"O que acha que foi?", Não obtendo uma resposta de Rui, deu um passo a frente, tentando prestar o máximo de atenção. "Tem alguém aí…?" Houve apenas silêncio. "Rui, liga a luz, por favor."
"Ok."
Com as luzes acesas, os dois olharam para todos os lados. A ideia de que poderia ter sido só o vento passou pela cabeça de Koi, aliviando-o um pouco. Porém, o som de uma porta rangendo o colocou em alerta novamente.
"De novo…!"
"Este lugar pode estar assombrado."
"Por que você supõe isso?"
"Parece uma ideia interessante."
"Sério? Você não está, tipo, nem um pouco preocupado?"
O rapaz de cabelo escuro balançou a cabeça em negação, sorrindo um pouco. Rui gostava de mistério, então estava empolgado com tal suposição de sua parte. Koi suspirou, olhando novamente para a outra sala, onde eles acreditavam ter vindo o ruído.
"Vamos investigar, vai ver alguém ficou e quer pregar uma peça na gente", disse, caminhando na frente enquanto o segundo concordava ao segui-lo.
Após uma breve vistoria no andar onde estavam, pé por pé subiram as escadas, tentando fazer o máximo de silêncio possível, até que chegaram ao terceiro andar do prédio. Rui parou e olhou a sua volta enquanto Koi continuou caminhando, um pouco sem rumo, o mesmo não sabia exatamente o que fazer, ele não possuía um plano. O rosado apenas pensou que verificaria o lugar, apenas por precaução, mas que não encontraria algo de fato nele.
"Não tem nada aqui, finalmente", ele concluiu, aproximando-se do colega e amigo.
"O que é isso?"
"Um Tanzaku…? O que isso faz aqui?"
Quando koi aproximou a mão do bilhete, um vento forte soprou e ouviu-se novamente uma porta ranger. A porta de um dos escritórios se abriu, colidindo fortemente com a parede. O Tanzaku, por fim, havia voado com o vento. Em um gesto brusco, Koi agarrou o braço de Rui e correu em direção à saída do prédio, no térreo. Entretanto, antes que pudesse tocar na maçaneta da porta de saída, alguém do outro lado girou as chaves e a abriu, revelando-se.
"O que vocês estão fazendo aqui?"
"Tsukishiro!", exclamou Koi.
"Ficamos presos", Rui esclareceu.
O nome dos dois foram chamados do lado de fora: Shun, Iku e Kakeru correram para onde eles estavam.
"Vocês estão bem?", perguntou o loiro.
"Nós estávamos preocupados! Estão cientes do susto que deram na gente?", gritou Iku.
"Imagina o susto que NÓS levamos! Fomos esquecidos aqui dentro."
"Sim. Pensamos que poderia haver um fantasma aqui", Rui disse, indiferente.
"Ah~ Então vocês encontraram meu amiguinho das trevas?", Shun perguntou com um tom divertido na fala.
"Que conversa é essa?", indagou Koi.
"Vamos embora. Não temos permissão para continuar aqui", concluiu Tsukishiro.
Assim se encerrou a noite. Todos exaustos das desventuras do dia. No dormitório, preparavam-se para seu merecido descanso. Mas a pergunta que não quer calar é: haveria mesmo um fantasma no set de filmagens?
