Disclaimer: Resident Evil não me pertence, ele é da Capcom e de todos os seus idealizadores.

Romance | What If

Vocês já se perguntaram como Claire e Leon se conheceriam sem toda aquela lambança de T-Virus, Raccoon destruída e puzzles? Eu sim. Vamos encarar uma Raccoon sem zumbis e Umbrella?

Classificação T apenas por segurança

All Meant to Be

"– Podemos nos encontrar de propósito se você quiser – não sabia muito bem de onde tirou coragem para essa proposta. Talvez fosse a segurança e garantia de riso fácil que aqueles olhos passavam, ou quem sabe uma rápida ausência de lucidez. Mas três vezes tinha que ter um porquê, seria idiota se não a convidasse."

..

Leon estava estressado. Não o tipo estressado que saía chutando o que visse pela frente, mas sim cansado. Agora era exatamente uma e quinze da madrugada e o som alto zumbindo no seu ouvido, as coloridas luzes néon somados ao cheiro forte de bebida misturada com nicotina o estavam enlouquecendo. Sempre foi uma pessoa pacata, chata muitas vezes. No auge dos seus vinte e um anos noite boa era aquela que acabava saindo do cinema com os amigos ou em uma pizzaria.

E por que Leon estava em um lugar tão diferente do seu habitat natural? Era porque estes tais amigos decidiram tirá-lo da fossa pelo fim de um relacionamento e também comemorar seu novo emprego como policial da cidade de Raccoon indo na festa de um amigo de um conhecido. Não queria parecer mal agradecido nem nada parecido, mas não parava de procurar a oportunidade perfeita para cair fora. Deveria se apresentar no Departamento de Polícia de Raccoon na tarde do dia 29 de setembro, o problema é que hoje já era dia 29 e não mais 28 como quando chegaram na festa.

Seu primeiro plano era bem assertivo, viajaria na noite do dia 28 para 29, chegaria em seu novo apartamento na cidade, arrumaria algumas coisas, descansaria algumas horas e seguiria até o departamento de polícia. Mas sua sorte nunca foi das melhores e nem deveria ter se impressionado no que estava metido.

Enquanto se apertava em meio a multidão para avisar ao menos um dos amigos que estava indo embora, trombou com uma loira extremamente bêbada que derramou cerveja na sua camisa branca.

Que ótimo.

– Ei cara, olha por onde anda – a garota reclamou tropeçando não só nos próprios pés como enrolando a língua. Antes de sair lançou uma piscadela para ele.

Resolveu ignorar. Não tiraria nada de útil ao discutir com uma bêbada no meio do som alto. Bebida era o de menos que as pessoas derrubavam umas nas outras ali. Continuou indo em direção ao amigo e buscando muita calma avisou seus planos.

– Josh! Já deu, estou indo.

– O que? – o amigo gritou em resposta. Estava sentado em um sofá ridiculamente roxo com uma garota de cada lado virando shots.

– Estou indo embora!

– Ah. É a loira?

– O que? – Leon perguntou sem entender de quem ele falava.

– A loirinha que você estava conversando antes de chegar aqui. Gata. Vai nessa!

Até poderia tentar explicar que não tinha nada com a loira que derrubou cerveja nele, mas preferiu deixar para Josh acreditar no que quisesse se isso não o fizesse tentar impedí-lo de ir embora. Talvez se saísse agora quando chegasse em Raccoon ainda tivesse tempo para descansar.

Rumou para o caminho contrário em direção a saída, se apertar entre a multidão e ter partes íntimas suas apertadas não era nada legal. Quando atingiu o hall e viu a pequena escada que dava acesso a rua sentiu sua sorte mudar. Pisou no primeiro degrau da descida para a liberdade quando ouviu duas vozes femininas.

– Você precisa colocar isso para fora, Catie. Vai ver como vai aliviar – a primeira voz falou.

– Me deixa, Red. Eu estou ótima e sei exatamente o que estou fazendo – a segunda voz tentou responder. Leon reconheceu imediatamente a voz embolada da loira que melou sua roupa de cerveja.

– Vai me agradecer por isso amanhã depois que a ressaca passar – a primeira garota tentou aconselhar.

Leon então desceu os degraus animado, se veria livre do som alto, do néon e de bêbados chatos em poucos segundos quando viu as garotas escoradas na mureta da escada. Ao lado da loira havia uma jovem de cabelos castanhos e vestido apertado, não conseguia ver direito o rosto.

– Red eu sei o que estou fazendo!

Não, os bêbados nunca sabem o que estão fazendo. A garota tentou se soltar do apoio da amiga e subir os degraus ao mesmo tempo. Leon só teve tempo de sentir um arrepio na nuca antes da catastrofe.

Catie, a bêbada desgovernada, mal conseguiu subir dois degraus antes de parar, pôr as mãos na barriga e abaixar a cabeça colocando toda a bebida que consumiu durante a noite nos sapatos de Leon. O som repugnante se repetiu dando a premissa da segunda onda de vômito e lá se ia a barra das suas calcas junto com os sapatos.

– Meu Deus, Catie, que bagunça – a outra exclamou enquanto corria segurar os cabelos da amiga.

A Lei de Murphy deveria se chamar Lei de Leon, não porque ele a criou, mas porque seu azar era a força motriz daquela lei.

– Que meleca. Pronto, pronto, Catie. Vamos para casa, você precisa de um banho frio, comer algo leve e dormir – a jovem de cabelos castanhos continuou ajudando a outra a se manter em pé. Agora a loira fungava chorosa.

Já ele não estava nem um pouco contente. Estava sujo, fedendo e muito, muito mais estressado do que dez minutos atrás. Pensava até em falar alto, em reclamar. Esperava ouvir um pedido de desculpas e foi neste momento que a garota levantou o rosto o encarando. Não a bêbada, a amiga paciente que fazia seu papel. Olhos azuis tão limpos quanto um típico céu de verão o encarou. Eram olhos bonitos, tinha bondade e sagacidade neles. Tinham o efeito de uma pedra hipnótica.

"Tão bonita", pensou Leon.

Neste breve momento de encantamento a jovem colocou as mãos na frente da boca segurando o que pareceu um soluço, a bêbada foi obrigada a encontrar o próprio equilíbrio e ele já estava se preparando para receber outra rodada de sujeira quando percebeu que ela não vomitaria, ao invés disso estava rindo. A estranha estava rindo do seu azar sem ao menos se desculpar. A loira se juntou a ela e agora as duas riam juntas.

Leon sentiu a bochecha esquentar. Que papel ridículo o que estava fazendo durante toda a noite.

– Com licença – pediu se desviando das duas e indo na direção do seu Jeep.

– Não. Espera, eu...

Mas Leon não esperaria. Era humilhação demais até para um cara como ele. Ainda podia ouvir a gargalhada das duas quando se sentou atrás do volante, bateu a porta e acelerou.

Aquela tinha sido a primeira vez que a viu.

Na segunda vez que encontrou a bonita garota de olhos de céu e riso frouxo tinha sido quase uma semana depois daquela festa. Estava a paisana voltando para Raccoon no final da tarde, na vazia estrada havia uma garota empurrando uma moto no acostamento. Não conhecia de motos, mas aquela era uma das grandes.

A garota se vestia de forma descolada. Um short rosa sobrepondo um spandex preto, botas cano alto e um casaco sem mangas também cor de rosa com a imagem de uma mulher alada, segurando uma bomba, e os dizeres "Made in Heaven". Ela tinha bom gosto musical.

Quando viu a jovem em dificuldade desacelerou o carro e parou ao lado. Seu movimento chamou a atenção dela que também parou. Marvin, um superior e novo colega no trabalho, havia dito que Leon parecia ter a estranha pré-disposição de salvar pessoas indefesas.

Foi mesmo só quando desceu que percebeu quem era a tal garota misteriosa.

– Olá, está precisando de ajuda?

Esperou não ter transparecido a supresa quando se deu conta de quem era. Agora, sem música alta, amiga bêbada e com o auxílio da luz solar notou que era mais bonita do que se lembrava. Parecia o tipo de garota legal que saia com os caras legais que conheceu na faculdade. Por sorte ela pareceu não se lembrar dele e aos poucos a jovem que aparentava cansaço o observou dos pés a cabeça.

– Sou uma donzela, estou indefesa, mas eu saio dessa. Tenha um bom dia.

Foi apenas isso o que ela falou antes de voltar a empurrar sua moto. Leon foi atrás.

– Ei, espera. Você está com algum problema? – talvez sol forte demais na cabeça, completou mentalmente.

– Nope.

– Não parece – na verdade começava aparecer que ele é quem tinha um. – Não entendi o que você falou, mas posso ajudar. Sou policial.

Para enfatizar o que falava mostrou o distintivo. A garota então parou e pareceu relaxar.

– Sério que você ainda não assistiu Hércules? – sua expressão confusa foi bastante clara para ela. – A animação da Disney lançada ano passado? Na parte onde o Hércules vai salvar a Mégara do centauro? Não também? Você é estranho.

Essa era nova, agora ele que era estranho. Por sorte estava de bom humor e a peculiaridade dela era um tanto adorável para derrubá-lo.

– Moça você está empurrando uma moto, sou um policial e estou perguntando se precisa de ajuda.

– Ah. E eu te respondi que saio dessa. Desculpa se pareci grossa, é que desde que assisti Hércules quis falar aquilo. Mas está tudo sob controle, tem um posto de gasolina alguns quilômetros a frente e vou parar lá. Obrigada pela ajuda.

Não querendo prolongar o assunto apenas acenou com a cabeça e voltou para o carro. Não que ele realmente fosse voltar para a cidade antes de saber que ela ficaria bem. Então parou o Jeep na lateral da loja de conveniência do posto de gasolina até que a garota chegasse só partindo quando viu que o problema fora resolvido.

Qual era mesmo a probabilidade de encontrar a mesma pessoa duas vezes seguidas em tão pouco tempo?

No dia seguinte Leon estava quase no fim do seu expediente, não tiveram muitos problemas. Por ser uma cidade em rápido desenvolvimento Raccoon vinha se preocupando cada vez mais com o bem estar da população, mas como hoje haviam dias onde o maior problema, além do tédio, eram os bêbados causando arruaça.

Estava voltando da sala de evidências após deixar provas apreendidas de um dos casos de Marvin, porque sim novatos fazia de tudo um pouco, quando passou pelo corredor da sala dos S.T.A.R.S., a equipe especial de Raccoon. Com a porta aberta foi capaz de ouvir as vozes altas por todo o caminho. Chris Redfield tinha acabado de contar uma piada péssima, Barry Burton gargalhava alto e estrondoso assim como a própria imagem sugeria que seria e Jill Valentine reclamava do senso de humor dos colegas.

Eles faziam parte da equipe principal da cidade e sempre pegavam as melhores ocorrências. Esperava algum dia também chegar lá.

– Não sei como Claire te aguentou todo esse tempo, Chris. Você é quase uma criança quando quer.

– Claire tem sorte de me ter como irmão, Jill, e tem mais sorte ainda que sou paciente. Ainda não acredito que ela está aqui. Deveria estar estudante, mas faz o que dá na telha.

Certo. Claire era a irmãzinha mais nova de Chris, ele vivia falando de como sua irmã era inteligente e que se orgulhava dela. No entanto Leon nunca a vira, talvez vivesse em ourta cidade com algum parente.

Quando passou na frente da sala ouviu um assobio e alguém lhe chamando.

– Ei, novato! – era Albert Wesker, o capitão da equipe Alfa dos S.T.A.R.S. – Você pode deixar estes papéis na recepção?

Não tinha como e nem porque se recusar a levar os tais papéis então após responder afirmativamente pegou a pasta e levou consigo. Ao chegar na recepção encontrou Marvin e Rita Phillips conversando.

– Pensei que tinha se perdido por aí – Marvin zombou.

– O capitão Wesker pediu para deixar estes papéis aqui – entregou a pasta para Troy, o agente que ficava atrás do balcão.

– Claro que pediu – Rita sorriu. – Fica tranquilo novato, daqui algum tempo aparece outro novato e você não vai precisar mais fazer tudo para todos.

– Eu não me importo – respondeu dando de ombros.

Foi nesse meio tempo que ouviu o som de botas se chocarem contra o piso de mármore da R.P.D. acompanhado de uma voz já conhecida.

– O que eu preciso fazer para ser atendida aqui?

Leon se virou e deu de cara com a garota misteriosa. A tal de "Red" como a amiga a chamara. A garota que cuida de amigas bêbadas em festas e empurra motos na estrada.

– Claire? – Troy respondeu, um sorriso tonto se abrindo. – Não sabia que estava na cidade, Chris não falou nada.

– Olá, Troy. Meio que foi uma surpresa até para ele.

Então tudo fez sentido. "Red" era de Redfield. Aquela era Claire Redfield, a irmãzinha de Chris. Não que "inha" a definisse, o problema era que o irmão sempre dava a entender que tinha uma irmã de no máximo doze anos.

– Oh, é você de novo! – Claire apontou para ele. A garota era definitivamente quente. Agora estava usando jean escuro, camiseta preta e jaqueta de couro rosa fazendo jus a sua imagem de motoqueira.

– Vocês se conhecem? – Marvin arqueou uma das sobrancelhas sorrindo malicioso.

– Já nos vimos antes – respondeu despreocupado com o que seus colegas pensariam. Se explicando ou não teria os colegas em seus ouvidos com piadas pelo resto do mês.

– Qual a probabilidade de nos encontrarmos três vezes em uma única semana? – a garota questionou, mãos na cintura e cabeça tombada para o lado. Então se lembrava dele na festa.

– Sei lá, talvez a mesma de uma garota derrubar cerveja em você e minutos depois vomitar nos seus sapatos. Duas vezes.

– É, aquilo foi péssimo – ela corou. – Em defesa de Catie ela só bebeu demais naquela noite porque queria chegar no cara mais gato da festa, o fim foi apenas consequência.

Todos no hall pareceram parar para prestar atenção na conversa do novato. Então ouviram a voz de Chris também chegando na entrada.

– Claire! Você chegou.

– Hey Chris! Jill, Barry – saudou a jovem.

– Mudança de planos, vamos todos para a casa do Barry hoje. A senhora Burton vai fazer a especialidade dela – Chris avisou se aproximando.

– Costeleta assada e cerveja – Barry abraçou Claire.

Leon prestava atenção na interação ainda em silêncio e não deixou de reparar no olhar atravessado que Chris lançou para Troy. Tínhamos alí um complexo de irmã.

– Então vamos? – o irmão chamou indo em direção a saída.

– Claro. Podem ir na frente que já estou indo – Claire então andou até o grupo da recepção assim que os outros saíram e lhe estendeu sua mão. – Claire Redfield. Desculpa rir aquele dia.

– Leon Kennedy. Sem problema, deve ter sido engraçado.

– Ah se foi. Você era o tal cara gato que Catie queria se aproximar, então estava rindo dela e não de você. Acho que ela deixou uma impressão e tanto – Claire confessou. – Sabe, Leon, estamos sempre nos trombando, temos que parar de nos encontrar desse jeito.

– Podemos nos encontrar de propósito se você quiser – não sabia muito bem de onde tirou coragem para essa proposta. Talvez fosse a segurança e garantia de riso fácil que aqueles olhos passavam, ou quem sabe uma rápida ausência de lucidez da sua parte. Mas três vezes tinha que ter um porquê, seria idiota se não a convidasse.

– Eu gosto disso. Amanha?

– Amanhã está ótimo, saio daqui às dez da noite.

– Sai às nove – Marvin o interrompeu. – O irmão dela sai das dez e vocês não vão querer sair no mesmo horário que ele. Gratificação pelos papéis, novato. Mantenha sempre o bom trabalho.

No dia seguinte eles saíram para o primeiro encontro oficial. Foi algo seguro e desacelerado no café da cidade. Leon descobriu que ela estava na faculdade, adorava Queen e que sua Harley Davidson era sua maior paixão.

No segundo encontro foram ao cinema, assistiram um filme de ação e rolou o primeiro beijo. Ele estava encantado com a forma como Claire era divertida e sem nenhuma afetação.

No terceiro encontro as coisas tomaram um rumo mais sério. Chris estava sabendo do seu envolvimento de já quase um mês com sua irmã e sabia das suas escapadas da faculdade para visitar o novato. Talvez fosse por isso que estivesse carregando mais papéis do que o normal. Na maioria das vezes preferia dar uma volta inteira na R.P.D. do que passar na frente da sala dos S.T.A.R.T.S.

Dessa vez eles foram comer fora em um restaurante. Música baixa, roupa formal e vinho. Ele descobriu que o batom vermelho ficava bonito nos lábios dela, mas péssimo nos seus, o que também não impediu a rodada de amassos quentes no banco do seu Jeep. Quando sugeriu levá-la até o apartamento do irmão ou ao de Jill Valentine e ela recusou para ficar no dele Leon ficou ansioso com o fim da noite.

Terminaram então enrolados na sua cama, exaustas e felizes. Claire era exatamente tudo o que imaginava e muito mais. Sua segurança era tão bonita de se observar quanto sua expressão serena ao dormir. Como sua música favorita Leon descobriu que ela fora feita no céu.

E no final, assim como das três primeiras vezes que se trombaram, Claire e Leon estavam destinados a ser.

Made in heaven, made in heaven

It was all meant to be, yeah

Made in heaven, made in heaven

..

Hey folks, voltei.

Eu sei que falei sobre uma sasusaku, porém fui obrigada a ficar trancada de quarentena em um quarto por culpa da covid e como passar esse tempo a não ser escrevendo algo novo? Achei bem justo tirar a infecção de Raccoon já que não posso tirar a nossa.

Para mim Cleon é O casal, só a Capcom que não vê isso. Eles, assim como na minha história, vão se encontrar de forma aleatória pela terceira vez (Hello Infinite Darkness, estou esperando por justiça) e ninguém faz nada a respeito. Então enquanto eles não se movimentam eu faço minha parte de fã.

O que vocês acharam? Sugestões? É o tipo de casal que vocês acompanhariam mais histórias?

See ya!

* Curiosidade: Este foi o primeiro casal que eu me apaixonei na infância. Tinha apenas 4 anos.