Nota da autora: Um one-shot para alegrar o coração de quem gosta desse casal :) Se puderem, leiam ouvindo "Longing"/ "Bōjō (faixa 23) da OST 1 de InuYasha. Vocês devem reconhecer que a Árvore Sagrada vai ser importante para o relacionamento entre SessRin na fase atual de HnY, mas pensei em escrever algo anterior a isso. Também devem lembrar como foi importante para Kagome quando ela ainda não entendia os sentimentos em relação a InuKik.
Espero que gostem e que possam comentar :) Podem me deixar inspirada para as próximas histórias.
Quando fala o coração
One-shot
Rin terminava de fazer a segunda coroa de flores daquela tarde ensolarada enquanto lembrava-se dos detalhes que a levaram a estar ali perto da Árvore Sagrada, encostada no tronco e à sombra, e não dentro de casa ajudando Kaede ou qualquer outra pessoa que precisasse dela no momento.
Há alguns meses, alguns homens começaram a aparecer no vilarejo para levar presentes para ela, tão bonitos quanto os que Sesshoumaru-sama levava em cada visita que fazia. Queriam conversar com ela. Fazer-lhe propostas. Levá-la para longe dali. Dar-lhe uma vida digna, como se a que ela levasse ali no vilarejo não fosse uma.
A gota d'água foi quando um daimyou e uma grande comitiva apareceram com sacos de arroz, roupas, vasos, incensos e um espelho, um mundo de luxo para ela. Exigiram conversar com Rin. Ele falou que a queria como esposa. Ela recusou e ele ficou irritado. Desde então, ela se recusa a recebê-los e ele se nega a deixar de visitá-la.
Naquela tarde, quando voltava para casa, ela se deparou com o grupo à porta da casa. Kaede-sama a viu e, apenas com os olhos, mandou-a ficar longe. Ela subiu furtivamente as escadas até a floresta que levava à Árvore Sagrada e ao antigo poço Come-Ossos. Ficou desde então colhendo flores aqui e ali e fazendo as coroas para dar de presente a Sesshoumaru-sama e a Jaken quando aparecessem novamente no vilarejo. Talvez desse tempo para fazer mais algumas para os filhos de Houshi-sama e Sango-sama. Talvez ela...
Deu um suspiro cansado. Ela não deveria estar ali, evitando ir para a própria casa.
Quando os homens começaram a aparecer, ela não entendia o motivo. Quando Kaede-sama explicou o que aquilo significava, ela pensou imediatamente em uma pessoa.
–Será que Sesshoumaru-sama vai gostar dessa aqui? – ela murmurou ao olhar uma coroa. Estava ligeiramente torta.
Kaede explicou que, ao aceitar o pedido de um daqueles homens, seja muito rico ou pobre, ela iria embora do vilarejo e deixaria de ver Sesshoumaru-sama e os outros amigos.
"Você vai ter que deixar de ver Sesshoumaru-sama".
Levantou-se com outro suspiro para pegar mais flores. A época delas estava acabando. Logo ficaria mais frio e as flores começariam a murchar e as árvores com as folhas amarelas.
Fez um buquê com flor de ameixeira – serviria para ser um presente com uma daquelas coroas.
–Ai, que fome... – ela murmurou ao voltar para perto da Árvore Sagrada. Ela queria tanto poder voltar para casa e ter uma boa refeição.
Por que ela teria que ficar sem ver Sesshoumaru-sama se decidisse seguir a vida com algum daqueles homens?
–Eu não vou deixar de ver Sesshoumaru-sama. – ela murmurou decidida enquanto arrumava o buquê, tirando as pétalas mais machucadas e deixando apenas as que estavam em bom estado. Estava também irritada. Quem aqueles homens eram para decidir quem ela veria? Sesshoumaru-sama nunca fez isso com ela.
Uma brisa passou por ela e levou uma coroa, a mais bonita de todas, para longe, além de espalhar por todos os cantos o ramalhete. Ela rapidamente se ergueu para apanhar a coroa antes que fosse para outra direção e tivesse que fazer outra.
Ao retornar para a sombra produzida pela copa da árvore com coroa em mãos, ela sentiu novamente uma brisa passar e esvoaçar o longo cabelo negro.
Tirou as madeixas que atrapalhavam a visão e se viu diante novamente da Árvore Sagrada.
–Ah, sim... – ela deu um sorriso ao relembrar uma cena da infância.
Aproximou-se e tocou o tronco.
Tinha sido em uma árvore parecida com aquela que ela conheceu Sesshoumaru-sama.
"Você vai ter que deixar de ver Sesshoumaru-sama".
–Eu não quero deixar de ver Sesshoumaru-sama. – ela murmurou para a árvore, como se conversasse com ela.
O vento novamente passou e ela sentiu as primeiras lágrimas escorrerem pelo rosto.
–Eu não quero ficar sem ver Sesshoumaru-sama.
Finalmente ela havia entendido o significado daquela palavra usada pela yamanba, mãe do hanyo Jinenji.
O vento agitou mais uma vez os cabelos negros e trouxe algo mais para ela.
–Rin.
A garota prendeu a respiração ao reconhecer a voz do daiyoukai Sesshoumaru. Ao virar o rosto para o lado, encontrou-o a poucos metros dela. Os olhos e o semblante estavam serenos, mais do que o habitual.
–O que aconteceu?
Levou um tempo para ela entender que ele se referia às lágrimas. Mas ela estava tão feliz com a presença dele ali que...
Sesshoumaru viu Rin balançar a cabeça e dar um sorriso.
–Não aconteceu nada. Está tudo bem. – ela respondeu, estendendo a coroa de flores para ele – Rin-chan fez um presente para Sesshoumaru-sama.
O youkai levou alguns segundos para aceitar a oferta, a mão com listras e garras contrastando com a delicadeza do enfeite.
-Rin estava lembrando do dia que encontrou Sesshoumaru-sama na floresta. – ela olhou para a Árvore Sagrada – Havia uma árvore parecida, né?
O youkai apenas virou o rosto na mesma direção que ela.
–Havia uma, mas não era sagrada.
O vento novamente mudou de direção. Os dois já não mais tinham os olhos voltados para a árvore, mas sim um para o outro.
–Quem são os homens na casa da sacerdotisa?
–Oh... eles... – ela baixou o rosto, uma leve irritação manchando o rosto dela – Eles querem falar com Rin-chan e trazem presentes. Eu não quero falar com eles.
Silêncio se fez entre os dois.
–Vamos. – ele começou a andar na direção do vilarejo – Eu vou tirá-los de lá.
–Certo. – ela começou a segui-lo, como sempre fez. Agora que ela sabia o que sentia, estava decidida, mais do que nunca, a estar sempre com ele.
Até que, minutos depois de caminhada, ela se lembrou de um detalhe...
–Como vai tirá-los de lá, Sesshoumaru-sama?
O lorde das Terras do Oeste levou alguns segundos para dar uma resposta no tom habitualmente calmo.
–Com Bakusaiga.
A voz de Rin, exclamando "êêêê?!", foi ouvida pelos quatro cantos do vilarejo.
FIM.
