Olá, pessoal! Hoje trago doooois novos capítulos para vocês, um tamanho OK e o próximo beeeem grandão! Hahahah Vai ter bastante coisa acontecendo!

Espero que quem ler se divirta muito e que seja uma leitura bastante agradável para vocês como foi agradável para mim escrever!

Uma ótima leitura para você!


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Capítulo 2

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O resto do dia Sakura passou em seus aposentos, Ino em seu encalço comentando alegremente sobre a cara de espanto que Temari fizera durante o anúncio. Sakura, entretanto, não conseguia nem mesmo compartilhar da animação da amiga, estava assustada com as mil possibilidades que passavam pela sua cabeça. Desde criança aceitou a ideia de que jamais governaria, e inclusive passara a gostar da ideia de gozar das vantagens da realeza sem ter as responsabilidades de um cargo tão elevado quanto o de um monarca. Ela nunca tivera nenhuma instrução para ser rainha, nem nunca se interessara em aprender. Como seria sua vida daqui para frente?

''Sakura, está me ouvindo?'' Ino chamou, ainda com um sorriso no rosto ''E eu fiquei olhando para o Príncipe Shikamaru, ele parecia não entender a alegria e ansiedade da sua irmã durante o começo do anúncio, ele, que de bobo não tem nada, já deveria saber que ela não estava na linha de sucessão do trono de Konoha'' ela jogou a cabeça para trás e juntou as mãos em uma palma, soltando uma risada ''você não conseguiu ver direito, mas a mudança de expressão no rosto dela ao longo do discurso foi incrível!''

Sakura virou-se para Ino e correu em sua direção, envolvendo-a em um abraço. A loira se alarmou com a reação inesperada e seu coração acelerou quando ouviu Sakura chorar baixinho.

''O que há de errado?''

Sakura estreitou seus braços em volta de Ino, abraçando-a com mais força.

''Estou com medo'' admitiu

Ino arregalou os olhos por um momento, então relaxou o corpo e começou a acariciar o cabelo da melhor amiga.

''Medo? A destemida princesa Sakura Haruno? Sakura, não deve ter medo. Diga-me o que está passando em sua cabeça, vamos resolver isso juntas''

Puxando a princesa pelo braço, Ino a fez sentar-se na cama e se sentou ao seu lado, segurando suas mãos. Com a ponta de um dedo levantou o queixo de Sakura para que não olhasse para o colo chorando.

Em meio a pequenos soluços, Sakura começou:

''Ino, eu? Eu não sei nada, eu não sou capaz de assumir um cargo desses... Eu não tenho o que é preciso para ser uma rainha''

A loira fez uma careta

''Garota ingênua! O que é preciso para ser uma rainha? Acha que alguém nasce pronto para isso? Acha que existe alguém ideal para esse cargo e que não cometeria nenhum erro? Que seria perfeito? Nem mesmo Temari, tão rigorosa com os protocolos reais, seria uma boa rainha!''

''Mas, Ino, eu não entendo nada de política, de história, eu errei, eu admito, nunca dei valor para nada e agora estou com mais responsabilidade sobre mim do que posso lidar… Temari deveria assumir esse cargo, não eu! Deve haver algo que eu possa fazer para passar para ela essa posição…''

Ino beliscou seu dorso da mão levemente e fez uma cara feia

''Não se atreva! Pare de duvidar de si mesma, Sakura! Quem pode culpar uma princesa que até poucos dias atrás possuía uma chance irrisória de se tornar rainha por levar uma vida mais despojada? Sua postura do passado não condisse com a de uma rainha, e nem precisava condizer; a de agora em diante, sim! Você não pode mudar o passado, você não sabe nada sobre como governar um país, é verdade, mas vai aprender a partir de hoje. Seu compromisso é com os dias que virão, não com os dias que passaram''

O choro de Sakura começou a ficar mais leve até que se resumiu a alguns fungares.

''A situação está feia, Sakura'' Ino disse, olhando-a seriamente ''nunca vi os conselheiros tão estressados e o povo tão receoso sobre os tempos que virão. Você vai precisar se esforçar como nunca para aprender tudo, muito será esperado de você e sua vida vai mudar e muito, mas isso não quer dizer que será ruim! Sei que você pensa em seu irmão e em seu pai e em como a coroa tirou muito deles, mas não precisa ser assim com você. Você pode ser uma rainha diferente, você agora é a pessoa que mais pode fazer a diferença! Se você desistir agora, todo o esforço de seu irmão, de seu pai e dos reis antes deles terá sido em vão. Não tenha medo agora, Sakura! Levante a cabeça, você vai se tornar a melhor rainha que esse povo já viu. E eu estarei aqui com você, você não estará sozinha nesta nova etapa!''

Os olhos de Sakura se encheram de lágrimas novamente, uma mistura de receio e alívio, gratidão e ansiedade. Ela abraçou Ino com força e agradeceu mentalmente por ter uma amiga como ela.

Sabia que não seria fácil dali para frente, e que muita coisa iria mudar. Mas, agora, sentia que conseguiria lidar com o que quer que surgisse. Ela era capaz, e ela tinha amigos que a apoiariam sempre.

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A primeira reunião com o conselho foi convocada mais rápido do que Sakura esperava. Quando ela entrou pelas grandes portas que davam para a sala de reuniões, o local pareceu ainda mais frio do que estava quando ela entrou a última vez. Ela se sentia desprotegida, não conhecia bem ninguém daquele lugar, que apesar de enorme estava praticamente vazio, presentes apenas ela e 8 homens. Ino se oferecera para acompanhá-la na reunião, mas foi impedida de entrar por soldados assim que se aproximaram da sala, que alegaram ser permitida somente a entrada dos conselheiros, do monarca e do herdeiro do trono.

Quando ela se aproximou, todos se levantaram de suas cadeiras e se curvaram. Sakura tentou curvar-se de novo para eles em reconhecimento, mas um dos homens levantou a mão, fazendo-a retesar:

''Não, minha senhora. À rainha, todos se curvam, mas a ninguém se curva a rainha'' disse com a voz serena

Sakura hesitou por um momento, então recuperou a postura e assentiu brevemente com a cabeça. O mesmo homem apontou para um trono, no outro canto da mesa redonda onde sentavam os conselheiros, indicando para que ela se sentasse nele.

Por um breve momento, ela sentiu que estava cometendo um erro se sentando naquele assento: ele sempre fora de seu pai, e estava destinado ao seu irmão. Não era seu lugar aquele.

''Gostaria de permanecer em pé'' disse após um momento.

Alguns homens balançaram a cabeça em negação, desaprovando sua atitude, mas o homem que lhe dirigira a palavra antes assentiu e lhe ofereceu um sorriso pequeno e acolhedor.

''Como Vossa Majestade preferir''

''Bom'' outro deles começou, mal tentando esconder sua insatisfação ''então, vamos começar''

Nenhum deles se sentou; assim como Sakura, todos permaneceram em pé durante toda a reunião, mesmo os senhores de idade um pouco mais avançada. Não demorou para que Sakura percebesse que, apesar de haver 8 homens no conselho, três eram os que mais se manifestavam, e cujas opiniões eram mais valorizadas: o primeiro era o senhor com expressão gentil que lhe oferecera um sorriso antes, Hiruzen Sarutobi; o segundo, um homem de expressão séria e ávido por silenciar qualquer opinião contrária às suas ideias antes que essa opinião ganhasse apoio dos outros, Homura Mitokado; o terceiro, que para Sakura era o mais assustador dos três, era Shimura Danzou, um homem misterioso, que permanecia a maior parte do tempo em silêncio, mas com quem praticamente todos concordavam quando emitia sua opinião.

Sakura se sentiu amedrontada na presença daqueles 8 homens, mesmo dos que pareciam menos influentes dentre eles; todos falavam de coisas que ela nunca ouvira falar e que temia nunca aprender a entender. Sendo sua primeira reunião, o conselho decidiu ater-se aos assuntos mais urgentes em pauta: abordaram o estado de comoção pública frente à perda do monarca e do príncipe herdeiro e como poderiam acalmar os ânimos do povo; a falta de pronunciamento dos rebeldes até o momento sobre o ataque, mas que claramente isso colocava um fim no acordo de paz tendo em vista a morte também do líder deles; a preocupação do povo quanto a futuros ataques surpresa dos rebeldes como ocorrera com a família real e sua perda de confiança na guarda para proteger o povo - visto que nem mesmo a realeza pode ser protegida; a fraqueza que essa súbita reorganização da monarquia conferia ao reino e a possibilidade de ataques vizinhos; a necessidade de enviar uma carta escrita pela mão da própria Sakura à família da duquesa que se casaria com Gaara.

''Todos sabem o que aconteceu, não sabem? É mesmo preciso que eu escreva essa carta? Não sei nem o que diria…''

Os homens do conselho unanimemente concordaram com a cabeça

''É de suma importância, majestade'' disse Sarutobi ''acidente ou não, um casamento estava previsto, e havia um acordo entre seu pai e o duque que já começou a ser cumprido pela parte do duque, mas que agora que não haverá casamento será descumprido pela parte do seu pai. Se não lidada de forma meticulosa, essa situação pode nos gerar sérios problemas''

''Do que está falando, senhor? Que acordo foi firmado?''

Dessa vez foi Mitokado quem se pronunciou:

''Um acordo de fornecimento de minérios, majestade. O Duque de Iwagakure possui terras fartas em minérios, materiais esses essenciais para muitas atividades do reino, incluindo criação de armamento militar. O acordo firmado foi de união das famílias pelo casamento de Sua Alteza Real, que Kami o tenha, e a neta do Duque, conferindo ao duque participação direta na família real e com isso perpetuação de seus títulos nobiliários, e ofertando ao reino suprimento recorrente de minérios para alavancarem a economia e servirem como material de manufatura de equipamentos militares, o que garantiria ao reino maior riqueza e segurança. Antes da firmação do acordo, o reino já sofria de carências na economia e os impostos estavam aumentados, por isso foi acordado que o suprimento de minérios seria iniciado antes mesmo do casamento, o que permitiu reestabelecimento do equilíbrio na economia e permitiu redução dos impostos, acalmando os ânimos do povo e trazendo mais prosperidade para o reino. Com o falecimento do príncipe herdeiro, o acordo agora será quebrado por nossa parte''

O cenho de Sakura se franziu e ela se irritou:

''Que culpa temos nós do acidente? Acham que queríamos que essa tragédia tivesse acontecido? Não quebramos o acordo, um completo desastre aconteceu, isso sim!''

Mitokado balançou a cabeça em negação

''Pouco importa para eles os motivos da quebra do acordo, Vossa Majestade. Para o duque, é claro, a morte de sua majestade e de sua alteza real é um terrível infortúnio, mas isso não muda o fato de que um acordo foi firmado e foi mantido pela parte dele, mas não pela nossa, independente do motivo''

Sakura ficou sem palavras, ela não podia acreditar em algo assim, parecia apenas absurdo.

''Portanto'' o conselheiro continuou ''achamos prudente que Vossa Majestade lhes envie uma carta escrita pela própria senhora explicando o infortúnio ocorrido e garantindo que os prejuízos que o Duque tenha tido com a quebra do acordo serão ressarcidos, e o convidando para um jantar no palácio para discutirmos pessoalmente a situação. Isso trará segurança a ele e evitaremos sentimentos negativos de sua parte''

Sakura assentiu com hesitação

''E quanto aos minérios? O senhor disse que precisamos deles''

Sarutobi foi o primeiro a concordar com a cabeça

''Certamente precisamos, e este não é o melhor momento para renascer uma crise econômica. Por favor, preocupe-se neste momento apenas com a formulação da carta, Vossa Majestade, decidiremos como manter o acordo com o Duque e a manutenção do suprimento de minérios de outra forma e após discutirmos nas próximas reuniões desta semana a melhor estratégia podemos levar as possibilidades para o Duque quando ele nos visitar para o jantar''

Sakura concordou. A reunião já perdurava por algumas poucas horas e ela já sentia como se tivessem passado o dia todo discutindo.

''Por hora, Majestade'' disse outro membro do conselho ''não podemos demonstrar fraqueza para o público. Uma declaração da senhora para o povo assegurando que o reino está seguro e que providências estão sendo tomadas para que as coisas permaneçam assim com certeza trará um pouco de paz aos corações temerosos dos súditos. Solicito que pense em um discurso claro para que ainda hoje pela tarde possa declamá-lo, tomarei providências para que o povo seja avisado''

Com exceção de Sarutobi, que franziu o cenho, os outros membros do conselho concordaram, e Sakura assentiu contra sua vontade. Nunca havia escrito um discurso antes, agora teria que escrever um para aquele mesmo dia? Não saberia por onde começar…

''Um último tópico que gostaria de abordar ainda nesta reunião, majestade,'' disse Sarutobi ''é em relação à cerimônia de coroação. Como a senhora bem sabe, esse é um evento de grande festividade e um marco importante no reinado de qualquer monarca. Passado o período de luto, é prudente que aguardemos ainda mais tempo até que o reino se reorganize antes de realizar a cerimônia''

''De quanto tempo está falando, senhor?''

''Um ano''

Sakura virou o rosto para o homem que havia falado: Danzou. Ele mantivera-se quieto e com os olhos fechados e os braços cruzados durante toda a reunião, como se meditasse.

''Tanto tempo é realmente necessário?'' indagou Sakura

Danzou assentiu uma vez apenas com a cabeça e prosseguiu: ''uma coroação é um evento sagrado, a senhora precisa estar pronta para receber essa honra. Na morte de um rei surge um novo monarca; mas é somente na coroação que surge um novo Rei''

Sakura não contestou. Talvez se alguém mais apropriado surgisse nesse meio tempo, essa pessoa poderia ascender ao trono no seu lugar e ela não precisaria ser coroada.

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Quando a reunião finalmente acabou, Sakura foi para seu quarto para começar a redigir a declaração que declamaria naquela tarde, a carta poderia esperar até de noite, quando pediria auxílio de sua mãe para escrevê-la - ela com certeza possuía bem mais experiência com esse tipo de coisa do que ela. Pegando uma folha de papel e uma pena, ela se pôs a pensar em como começar.

'' 'Meus queridos súditos'?'' disse para si mesma em voz alta '' 'Prezados'? Talvez a palavra 'súditos' seja ofensiva? 'Meu povo' quem sabe? Oras, isso soa ridículo, nunca me viram como sua rainha, não posso dizer isso…''

Uma batida na porta a tirou de seus pensamentos e ela rapidamente permitiu que quem batera entrasse. Era Ino. Após fechar a porta atrás de si ela se aproximou da escrivaninha onde Sakura escrevia:

''Sua guarda dobrou, viu? Há guardas na sua porta agora. Como foi a reunião?''

Sakura largou a pena que segurava e respirou fundo

''Assustadora'' admitiu simplesmente, levantando-se e indo para a janela. O tempo estava claro, o céu azul com poucas nuvens e a temperatura quente, uma leve brisa amenizando o calor e deixando o clima bastante agradável para uma atividade ao ar livre ''E já tenho dever de casa''

Ino sentou-se em uma cadeira e esperou que Sakura continuasse

''Tenho que redigir um discurso público e uma carta, não sei nem por onde começar, nunca fiz isso na vida'' Sakura disse, voltando para a frente da escrivaninha ''o discurso é ligeiramente mais urgente então estou tentando começar por ele, mas não sei nem como iniciar…''

Ino analisou a amiga por um tempo e então pegou sua mão.

''O povo não conhece você muito bem, eles não sabem o que esperar. Seja você mesma, diga que está se esforçando e que mesmo que as coisas não sejam mais iguais a antes que vocês estão trabalhando para fazer o que é melhor para todos. O povo vai gostar da sua sinceridade e de saber que, mesmo em um momento tão difícil, você está se esforçando por eles''

Sakura gostou do que Ino disse e subitamente se sentiu mais preparada para escrever. Ela reclinou-se um pouco sobre a mesa e se pôs a escrever, enquanto a loira permaneceu sentada em uma cadeira ao lado da escrivaninha lendo um livro, garantindo que estava ali para dar suporte sempre que ela precisasse.

Sakura nunca se sentiu tão grata na vida por ter alguém quanto se sentia agora por ter Ino.

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Quando o discurso finalmente estava pronto, Sakura vasculhou o palácio em busca de Sarutobi para mostrar o que escrevera e buscar orientação sobre possíveis melhorias.

''Não está bom?'' Sakura indagou quando Sarutobi finalmente terminou de ler o que ela havia escrito e suspirou.

''Não me entenda mal, majestade, a redação está ótima, a grafia correta, todas as frases com concordância perfeita. Mas não é um texto escrito por um monarca, é um texto escrito por um amigo. O povo não quer um amigo, o povo quer um regente, alguém que lhes ofereça segurança e prosperidade. Pouco lhes importa se estamos nos esforçando ou se estamos fazendo o que é melhor para todos, eles querem saber se podem realizar suas atividades com segurança, se os impostos vão aumentar, se haverá instabilidade política e como isso os afetará, se os suprimentos irão diminuir, entre outras coisas. Eu a ajudarei na nova redação. Por favor, vamos nos sentar'' disse, indicando uma cadeira e se curvando levemente.

Uma onda de desânimo se apossou de Sakura, e ela precisou se esforçar para não deixar isso visível quando ela e o conselheiro se sentaram lado a lado para discutir sobre o novo discurso.

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Quando o momento da declamação do discurso estava bem próximo, Sakura sentou-se na poltrona do salão principal e achou que fosse desmaiar, duas serventes rapidamente pegando dois leques para abaná-la quando sua pele se tornou ainda mais pálida do que o normal e a respiração mais ofegante.

''Ficará tudo bem, majestade'' uma voz conhecida disse vindo do outro lado do salão

''Ah, Senhor Namikaze, eu não vou conseguir!'' Sakura confessou, estendendo uma mão para ele como um pedido de socorro, os olhos suplicantes ''Por favor, mande um mensageiro em meu lugar''

''Temo que isso não seja mais possível, majestade, o povo já se reuniu e estão ansiosos para vê-la e ouvir o que tem a dizer. Nem mesmo o melhor mensageiro conseguiria amenizar a decepção coletiva dos súditos em não ver a senhora agora''

Sakura sentiu a visão começar a escurecer um momento e abaixou um pouco a cabeça respirando fundo para impedir que desmaiasse. Assim que conseguiu clarear a visão novamente, entretanto, a porta do salão se abriu e um guarda entrou:

''Eles estão prontos, Vossa Majestade'' disse com uma reverência.

Uma mão gentil pousando no ombro de Sakura a impediu de entrar em pânico.

''Estarei por perto, nada de ruim vai acontecer, está bem?'' disse a voz familiar

Sakura não precisou se virar para saber quem era, a voz tranquila do melhor amigo soou em seus ouvidos como um raio de Sol entrando no meio das nuvens de uma tempestade, oferecendo um vislumbre de esperança. Ela respirou bem fundo e lentamente se levantou da poltrona. Quando teve certeza de que não iria desmaiar, ela ergueu a cabeça tentando dizer a si mesma que estava confiante e se dirigiu à porta, sendo seguida por todos do palácio que acompanhariam o discurso.

Quando Sakura entrou no pátio onde estaria à vista de todos os súditos, ela notou com o canto dos olhos a diferença de postura deles: alguns deles ofereceram uma reverência respeitosas; alguns sacudiam pequenas bandeiras negras de luto e a olhavam com tristeza; outros lhe dirigiam olhares desconfiados e cochichavam entre si; já alguns a analisavam com curiosidade, imaginando o que esperar.

Sentados em cadeiras na parte de trás do palco onde ela subiria para tomar à frente e discursar estavam os conselheiros. Assim que a viram, eles se levantaram e fizeram uma respeitosa reverência, indicando o púlpito na frente do palco. O papel do discurso já se encontrava ali, esperando por ela. Hesitante, ela virou sutilmente a cabeça para trás buscando apoio, e o encontrou nos olhares encorajadores de Ino e Naruto, que estavam longe em distância, mas que pareciam muito próximos em sentimento.

Tomando toda a coragem que conseguia, ela se dirigiu à frente de todos na frente do púlpito e olhou para o povo abaixo dela: milhares de pessoas ansiosas por ouvir o que ela tinha a dizer. Respirando fundo, ela partiu os lábios e começou o discurso.

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A reação do povo, Sakura pensou enquanto voltava para o palácio, havia sido melhor do que ela esperava. Não houve aplausos ensurdecedores, mas tampouco houve vaias.

''Quem ousaria vaiar a rainha, Sakura?'' riu Ino ao seu lado quando Sakura comentou o que se passava em sua cabeça

Sakura deu de ombros, sorrindo em alívio, o coração ainda acelerado pela ansiedade que tomara conta de si durante o discurso

''Ter um papel para ler certamente ajudou muito, se eu tivesse que me concentrar na entonação e em pensar no que dizer eu certamente não iria conseguir'' comentou ''ler o discurso pronto tornou tudo mais tranquilo''

A loira concordou, aliviada também por todo o estresse ter passado e por ver Sakura mais relaxada.

''Foi um ótimo discurso, Vossa Majestade'' Mitokado disse ao se aproximar ''creio que toda informação relevante para os súditos foi passada com maestria, o discurso foi excelente''

Sakura sorriu e agradeceu.

''Uma monarca tão jovem e nova em sua função elaborando um discurso de tamanha excelência é algo a se exaltar'' completou, e Sakura notou que ele dirigiu um olhar sério para Sarutobi, que lhe retornou o olhar severo antes de entrar no palácio.

Sakura não soube o que responder, mas não precisou, o conselheiro fez uma leve reverência e, pedindo sua licença, deixou a presença das duas jovens.

Quando ele já estava longe o suficiente, Ino murmurou ao lado de Sakura

''Esse homem não me transmite boas sensações, Sakura. E não senti honestidade em seu elogio. Pelo contrário, pareceu-me carregar um certo grau de ironia''

''Bobagem'' Sakura retrucou ''os homens do conselho são um pouco estranhos, é só. Agora vamos, ainda tenho uma pendência para hoje e depois podemos comemorar meu primeiro dia como monarca tendo sido um tremendo sucesso!''

Ino afastou os pensamentos negativos em sua cabeça e concordou com a cabeça com um sorriso

''Nos encontraremos mais tarde então!''

Assim que Ino se despediu, Sakura se dirigiu às escadarias para ir ao quarto de sua mãe pedir ajuda com a carta. Ficou feliz ao pensar que poderiam passar um tempo juntas e estava animada para contar como seu primeiro discurso havia sido, ela com toda certeza se orgulharia muito dela!

O encontro, entretanto, aconteceu logo na entrada principal do palácio, onde a Rainha Mãe dava instruções para alguns servos e outros carregavam malas para dentro de uma carruagem. Os sobrinhos de Sakura brincavam perto dos cavalos e Temari conversava com um guarda em um tom sério. Minato também estava lá, ao lado da Rainha Mãe, tentando dizer-lhe algo que pela sua expressão parecia para Sakura um pedido, mas a senhora não lhe dava atenção.

''Temari, estava partindo sem se despedir?'' Sakura disse com leve decepção. Embora houvesse grandes problemas de convívio entre as duas, ela ainda era sua irmã, e Sakura não gostaria que ela partisse sem conversar com ela. As crianças correram em sua direção e se agarrarem em seu vestido em um abraço, recebendo de Sakura um beijo gostoso em cada bochecha.

''Para a carruagem, crianças'' Temari disse com a voz severa antes de se dirigir para Sakura ''É hora de voltar, Shikamaru já nos aguarda. Solicitei uma carruagem maior para poder transportar nós 4 e as bagagens, a devolverei o mais breve possível''

''Quatro?'' questionou Sakura. Temari apontou com a cabeça para a Rainha Mãe. Com um olhar cansado e um suspiro, a mãe se virou para Sakura.

''Irei ficar com Temari, minha filha. Não sei quando retornarei, estou levando todos os meus pertences pessoais para poder passar um bom tempo por lá. Não se preocupe, escreverei cartas para saber como está passando, certo?''

O queixo de Sakura caiu e ela balançou a cabeça algumas vezes.

''Não pode ir, mamãe! Preciso de você aqui!''

A Rainha Mãe apontou para Minato, que olhava para baixo com semblante de quem veemente discordava com a decisão de Mebuki.

''O senhor Namizake irá ajudá-la com tudo o que precisar, ele serviu seu pai por vários anos e está bem ambientado com todos os protocolos reais, estará em boas mãos. O conselho foi avisado de minha decisão também, eles irão ajudá-la em seus deveres reais'' disse com um ar tranquilizador, mas Sakura não se sentiu nem um pouco mais tranquila ''Quanto a mim, não desejo permanecer neste palácio, traz-me sentimentos ruins. Os ares frescos de Nara certamente me farão bem, e poderei passar mais tempo com meus netos. Você estará bem assistida aqui, Sakura''

Um sentimento de revolta e injustiça se apossou de Sakura ao ouvir aquelas palavras. Ela não conseguiu controlar o tom de sua voz quando proferiu irritada:

''A senhora precisa de um ar fresco?! Como pode me abandonar aqui com funções que nunca exerci, sem um membro da família para me orientar, me apoiar e me auxiliar? A senhora bem sabe que não tenho plenas capacidades de exercer este cargo e mesmo assim estou me esforçando, porque sei que é o melhor para o povo e para a nossa família, e enquanto isso a senhora vai embora para seu próprio bem e me deixar aqui?! Onde estão os princípios de dever da família real de que tanto falava?!''

Temari inconscientemente, por costume, deu um passo à frente pronta para dirigir um tapa à Sakura por sua insolência com a mãe, mas tão logo sua mão se levantou os guardas fizeram movimento para desembainhar as espadas, tomando a loira de surpresa. Os poucos guardas que a acompanhavam do reino de Nara colocaram suas mãos em suas espadas também, os dois grupos prontos para o ataque e para defender suas soberanas. Com cuidado, ela abaixou a mão, mas não conseguiu deixar de dirigir um olhar repleto de raiva para a irmã antes de entrar na carruagem e se sentar ao lado dos filhos.

A Rainha Mãe olhou para baixo por um momento e apenas murmurou um ''Sinto muito'' antes de entrar na carruagem atrás da filha mais velha. O cocheiro, incomodado com a situação toda, rapidamente terminou de fechar as portas e ajeitar a última mala e então deu a ordem para os cavalos, guiando-os para longe do palácio.

Sakura ficou olhando enquanto a carruagem se afastava, levando o que restava de sua família para longe. Ela sentiu um vazio e uma tristeza tão grandes dentro de si que não conseguiu se controlar, deixando seu corpo cair no chão e se pondo a chorar.

Com um sinal de mão, Minato fez com que os guardas dessem alguns passos para trás e se virassem de costas para os dois, dando um pouco de privacidade para a rainha.

''Majestade… vamos para dentro, pedirei que lhe tragam um chá para acalmá-la'' disse com a voz serena, agachando-se ao lado de Sakura e lhe oferecendo a mão para ajudá-la a se levantar ''Naruto foi logo após o discurso buscar Kushina para vir vê-la, tenho certeza de que uma boa e agradável conversa renovará seus ânimos''

Ainda fungando, Sakura assentiu levemente com a cabeça e aceitou a mão que Minato lhe oferecera, levantando-se e ajeitando a saia do vestido antes de entrar no palácio.

Por mais que tentasse, não conseguia afastar o sentimento de solidão e de abandono que tomara conta de si. Ela dera seu melhor naquele dia, mas duvidava que conseguiria manter-se firme em suas funções por muito mais tempo. Especialmente quando se sentia perdida e sozinha nessa função.

A visita de Kushina e o tempo que conseguiu passar com ela, Naruto e Ino naquela noite trouxe um pouco de alegria para o coração preocupado de Sakura. Conversaram sobre os velhos tempos, Naruto fez brincadeiras bobas arrancando risadas de todos e Ino relembrou várias histórias engraçadas que já ocorreram no palácio desde quando ela e Sakura eram pequenas. A cozinheira chefe do castelo, ávida por ver feliz a jovem Sakura que conhecia desde pequena e vira crescer, ordenou aos cozinheiros que caprichassem na ceia e, especialmente, na sobremesa. A noite agradável revigorou um pouco as energias de Sakura, e quando os convidados finalmente foram para seus aposentos descansar Minato veio ao encontro de Sakura e se ofereceu para ajudá-la com a carta para o Duque de Iwagakure. Após algumas poucas horas trabalhando em sua redação, a carta estava pronta. Sakura agradeceu imensamente Minato pela sua ajuda e disse que pediria para que Sarutobi a avaliasse também antes de enviá-la, dizendo que ele fizera um ótimo serviço ajudando-a a redigir o discurso daquela tarde.

''A senhora quem escreveu o discurso?'' Minato perguntou com o cenho franzido

''Ah, bem, o conselho me disse para escrever o discurso, mas como não estava confiante do que escrevi levei para o senhor Sarutobi avaliar antes de eu declamá-lo. Ele reprovou o discurso e me ajudou a escrever um novo'' Sakura esclareceu

Minato a encarou por alguns segundos e murmurou um ''Entendo'', então concordou com a cabeça e dirigiu-lhe um sorriso breve, incentivando-a a solicitar, sim, aprovação de Sarutobi antes de enviar a carta. Após escoltá-la até seus aposentos, ele se despediu e desapareceu no final do corredor.

Já em seu quarto, Sakura guardou a carta dentro de uma gaveta. Estava tarde e ela não queria chamar uma assistente para ajudá-la a se preparar para a cama, então tirou seu próprio vestido com um pouco de dificuldade e vestiu a longa camisola para dormir. Deitada na cama, ela olhou as estrelas da janela do seu quarto. Apesar da imensa variedade de emoções que a assolaram, ela sentia que o seu dever naquele dia estava cumprido. Mesmo com o que restava de sua família longe, Sakura sentiu que a família que realmente sempre fora mais próxima dela ainda estava presente: Naruto, Ino, Kushina, e até mesmo Minato, que a conhecia desde pequena, apesar de sempre estar engajado em serviços com seu pai e nunca ter passado muito tempo com ela.

Fechando os olhos com o coração mais aquecido do que quando começara o dia, Sakura adormeceu com um sorriso no rosto e com um sentimento de que daria conta de todos os desafios à frente ardendo em seu ser.

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Obrigada pela leitura! E agradeço aos meus maiores apoiadores: Caio e Mike

O próximo capítulo sai logo mais, corre que nele vai acontecer muuuita coisa (até eu me impressionei com o tamanho que ele ficou kkkk)

Um grande beijo!

Com carinho,

Blackfan Diamond