Disclaimer: BLEACH e seus personagens pertencem a Tite Kubo.


Quero Ser Seu!

Por Amanda Catarina

02. Não consigo te resistir

Byakuya continuava encarando Yoruichi à espera da resposta.

Por algum tempo, a empresária ficou apenas a encará-lo, com um olhar fixo e absolutamente indecifrável. Mas, de repente, ela quebrou o contato visual, virando o rosto de lado, e exclamou:

– Não! Nem pensar! - e voltando a encará-lo, demonstrando agora indignação, ela ajuntou: – Que absurdo... Você tem o que, 18 anos? Devo ter idade pra ser sua mãe!

Byakuya suspirou abatido, ele devia ter imaginado que aqueles meros cinco anos de diferença eram de fato um problema para ela.

– Não mesmo, Shihouin-san! Eu sou só alguns anos mais novo que você. Quando muito você teria idade pra ser minha irmã. E sabia que fazemos aniversário no mesmo mês? Você no primeiro dia de Janeiro e eu no último!

Ela o encarava agora com espanto.

– Mas como você descobriu o dia do meu aniversário? Eu não deixo isso nas redes sociais!

– Acontece que eu sei muito sobre você, Shihouin-san...

– Hã? Então você é um stalker? Vem cá: Tinha mesmo um sequestrador ou desde o começo isso tudo foi uma armação sua?

Byakuya deu um sobressalto e depois segurou o queixo, raciocinando um instante. De fato, pela perspectiva dela, aquilo era bem plausível. Tratou então de se emendar.

– Não pense isso de mim, Shihouin-san! Não sou um stalker, nem nada do tipo. Eu apenas admiro muito a senhorita. E sobre o sequestrador, claro que é verdade! Tanto que ele foi encontrado e já está preso. Eu tenho como provar.

Ela cruzou os braços e deu um suspiro forte.

– Que seja então... Mas agora chega dessa conversa de sexo. Anda, me devolve meu passaporte, que eu preciso ir pra casa fazer minhas malas, porque amanhã vai ser um dia cheio. Digo também que minha oferta ainda está de pé, se você quiser pedir alguma coisa normal.

Byakuya demorou a dar resposta.

– Mas, Shihouin-san, não tem nada na vida que eu queira mais do que estar com você.

Os olhos cor de âmbar da empresária se dilataram e a boca ficou aberta numa exclamação muda. E Byakuya aproveitou aquele estarrecimento dela para continuar argumentando.

– Sei que a senhorita é adepta de um estilo de vida mais liberal, não é? Os fofoqueiros de plantão sempre dizem que a senhorita não liga para relacionamentos sérios, já que troca de parceiros como quem troca de sapatos...

– Mas que calúnia! - vociferou ela. – Eu não sou promiscua assim! Nem tempo pra esse tipo de coisa eu tenho! Eles inventam essas mentiras de mim porque atuo em um ramo predominantemente masculino. Só por eu ser mulher, quando me veem conversando com um homem, já deduzem que estou dormindo com o cara. É horrível, sabia?

– Mas que crueldade, Shihouin-san. Eu não sabia disso, não.

– Pois é! Não importa o país, ser machista é o normal das sociedades humanas.

A conversa começou a ir para rumos que Byakuya definitivamente não gostava. Ele nunca dera a mínima para polêmicas como machismo ou feminismo. Não era dado a desperdiçar neurônios tentando entender as complexidades sociais de sua época. A única coisa que importava para ele era o poder dos sentimentos. Porque o simples fato de ele ter se apaixonado mudou por completo os rumos de sua vida.

– Eu sinto muito, Shihouin-san. Mas quando a senhorita disse que não tem tempo para relacionamentos, não quis dizer isso de uma maneira definitiva, certo? Porque ninguém pode viver só para o trabalho.

– Ah, pois eu posso! E não quero saber de homem nenhum controlando a minha vida!

Ao ouvir aquilo o cérebro de Byakuya processou o dado meio rápido demais, levando-o a rebater de pronto:

– Por Deus, Shihouin-san! Não me diga que a senhorita prefere mulheres?!

– Que?! - ela exclamou alto.

Byakuya quis se estapear por ter sido tão direto num assunto que poderia ser um campo minado, mas o desespero que a possibilidade lhe trouxe foi tamanho que as palavras saíram sem que ele pudesse ponderá-las.

– Chega dessa conversa! Me devolve meu passaporte! Agora!

Era o fim, a falta de tato dele tinha acabado com o clima. Suspirou frustrado e se virou para ir pegar o passaporte sobre a cômoda.

– Mas é cada uma que me acontece... - reclamava a empresária.

Quando Byakuya voltou a se aproximar de Yoruichi, no momento em que ele estendeu o passaporte, e quando ela tentou puxar o item para si, os dedos deles se tocaram. E aquele contato ínfimo bastou para reacender o desejo do jovem empresário. Assim, ele decidiu não soltar o passaporte, mesmo quando ela fez força no sentido oposto.

– Solta logo... - mandou ela.

– Shihouin-san, você é tão linda...

A declaração repentina fez com que ela paralisasse no lugar, então ele continuou:

– Acho que deve ser a mulher mais linda desse mundo. Fiquei tão contente de finalmente poder trabalhar em um projeto com você. Foram dias e dias de estudos para que eu conseguisse me qualificar e alcançar a honra de estar na sua equipe.

Yoruichi pestanejou e as bochechas cor de chocolate ficaram visivelmente avermelhadas, fato esse que deixou Byakuya encantado.

– Kuchiki-san, sou grata pelos elogios, mas... - ela dizia, porém antes que concluísse o raciocínio, ele começou a limitar o espaço dela, encurralando-a contra a parede. – Kuchiki-san... Você perto demais...

– Claro que não, Shihouin-san. Deixa eu te mostrar o que é estar perto...

Byakuya soltou o passaporte para em seguida enlaçar a cintura dela e, num ímpeto, puxá-la para um beijo. Em poucos instantes, ele teve a certeza de estar vivendo um dos momentos mais sublimes de sua vida. Ele estava beijando Yoruichi Shihouin e aquilo não era um sonho! Suas bocas estavam mesmo unidas e, para seu deleite, sua musa não estava se opondo, pelo contrário, parecia estar correspondendo.

Quando ele afastou os lábios e abriu os olhos foi agraciado com a visão da bela empresária ainda com os olhos fechados e os lábios bastante úmidos. Ficou tremendamente excitado e avançou para um segundo beijo. Mas, dessa vez, ela escapou, virando o rosto de lado.

– Para com isso... - Yoruichi pediu sem encará-lo, mas a voz dela soou contida, aos ouvidos dele o tom fora mais manhoso do que exigente.

– Me desculpa, Shihouin-san, mas eu não consigo te resistir.

Byakuya avançou no pescoço dela, enchendo a região com vários beijos. Depois, ele a agarrou pelos quadris, unindo seus corpos.

– Para... - ela implorou no mesmo tom manhoso.

A resposta dele foi vir atrás de outro beijo. E, novamente, Yoruichi deixou-se beijar, e conforme Byakuya aprofundava o contato, sentia que ela ia amolecendo entre seus braços, e aquela foi a deixa dele.

Sem aviso, Byakuya pegou Yoruichi no colo e logo a estendia outra vez na cama, acomodando-se entre as pernas dela. Na sequência, a rapidez com que ele abriu os botões da camisa dela, libertou os seios volumosos da roupa íntima, e se livrou da calça social que ela vestia, foi digna do livro dos recordes. Com mais alguns instantes, ele arrancava de si a camiseta, mas o jeans daria trabalho demais, por isso só abriu o botão e o zíper.

– Kuchiki-san, você tem que parar... Não tem cabimento isso... - ela reclamava, mas ele a silenciou com outro beijo acalorado.

Antes de afastar os lábios e deixá-la recobrar o fôlego, Byakuya cuidou de segurar os braços dela, abertos e afastados dos lados da cabeça. E ficou extasiado com o gemido que ela deixou escapar quando as bocas se descolaram.

Foi nessa hora que ele ergueu um pouco o tronco e fixou o olhar no corpo abaixo de si. A visão quase o enlouqueceu de desejo. Claro que ele imaginava que ela tinha um corpo escultural, mas sua imaginação nunca dera conta de sequer arranhar a realidade. Com mãos ágeis e lábios vorazes, Byakuya desbravou cada pedacinho daquele corpo voluptuoso, ao mesmo tempo em que a elogiava, indo da depravação ao romantismo numa alternância aleatória.

A uma altura daquelas, Byakuya não seria néscio de pedir o devido consentimento, mas se Yoruichi desse qualquer indício de estar tomando aquilo por um estupro, ele pararia na mesma hora. Todavia, ao sentir as mãos delicadas dela deslizando deliciosamente por seus músculos e costas, e observando-a se contorcer e gemer com seus toques e beijos, Byakuya teve a certeza de estar proporcionando prazer a ela, muito prazer.

Foi assim que eles chegaram a um ponto do qual não havia mais volta. Entretanto, a consumação do ato foi mais dificultosa do que Byakuya esperava. E depois de vencida a etapa da penetração, ele achou que fosse surtar com os gemidos agudos dela ecoando pelo quarto quando a dança de seus corpos ficou mais intensa, mais frenética, mais descontrolada.

Um alarme soava ao longe na mente de Byakuya, tentando alertá-lo sobre certos riscos naquela ação imprudente, mas ele não teve condições de ser racional, não quando Yoruichi, inquestionavelmente excitada, cruzou as pernas maravilhosas nos quadris dele e o abraçou pelo pescoço. Nem que ele quisesse teria sido possível conter a reação que aquilo desencadeou. O gozo dele explodiu num jorro potente, e foi inteiro para dentro dela. De imediato, Byakuya só quis saber de curtir a zonzeira momentânea, deixando para se inquietar com as possíveis consequências daquela insensatez depois.

Yoruichi ofegava extenuada e Byakuya enfim saiu de cima dela. Ele ficou estendido ao lado dela, de barriga para cima, olhos fechados, exibindo um sorriso da mais pura satisfação.

Quando Byakuya voltou a abrir os olhos, percebeu que tinha apagado por algum tempo. Olhou para o lado e viu que Yoruichi estava agora com um lençol cobrindo o corpo inteiro, só a cabeça estava para fora do tecido. Havia certa graciosidade no jeito que ela estava encolhida, tanto que ele não conseguia desviar o olhar. Ele ainda a admirava, quando ela abriu os olhos e ao perceber o olhar dele em si, ela se virou bruscamente, ficando de costas para ele.

Byakuya se ergueu um pouco e então percebeu um resquício de sangue ao longo da extensão de seu membro. Estranhou aquilo. Voltou a olhar para Yoruichi, achando que a quietude dela era agora um tanto anormal.

Será que eu a machuquei?

A ideia o preocupou muito. Jamais se perdoaria se aquilo fosse verdade, mas então algo lhe ocorreu, tão louco que o fez quebrar o silêncio no quarto.

– Shihouin-san, a senhorita já tinha estado com outros homens antes de mim, certo?

– É claro que sim... - ela rebateu em tom neutro.

A falta de ênfase no tom, o nítido constrangimento dela, e principalmente aquele vestígio de sangue nele, denunciavam a mentira. A descoberta levou Byakuya a um novo estado de euforia. Ele fez com que ela se virasse a ele, ficando inclinado sobre ela.

– Mas, Shihouin-san, estou achando que você era virgem e que eu fui o seu primeiro homem.

– Cala essa boca!

Qualquer dúvida que Byakuya ainda tivesse ficou reduzida à pó quando ela não negou.

– Mas isso é fantástico. Eu também nunca tinha estado com uma mulher antes, Shihouin-san!

– Até parece! - ela rebateu em total incredulidade.

– É sério! Claro que estudei o assunto, assisti vídeos, depoimentos, li livros e mais livros a respeito... Eu não podia correr o risco de fazer algo errado. Mas juro pela minha honra que essa foi a minha primeira vez!

– Não acredito! Você é um Kuchiki. Sei muito bem como é a criação dos moleques no seu clã... - e numa voz mais baixa, emendou: – Não que no meu seja diferente...

– Você conhece as tradições do meu clã? Puxa, agora fiquei surpreso! - ele se endireitou e ficou sentado na cama, posicionando um travesseiro contra o baixo-ventre para esconder a nudez, apenas em respeito a ela, mas não se importou que um dos joelhos continuasse encostado no corpo dela. – Nisso a senhorita tem razão, no meu clã, os garotos são iniciados nos caminhos do sexo já na adolescência, mas comigo foi diferente.

– Sei...

– É sério! Comigo foi diferente porque perdi meus pais muito cedo e fui criado pelo meu avô. Ele não me obrigou a seguir esses costumes e me deixou livre para escolher me relacionar com uma pessoa de quem eu realmente gostasse. Outros caras do meu clã não tiveram essa escolha.

Yoruichi franziu a testa, mas não fez comentários.

– Shihouin-san, não acha que essa é mais uma prova de que nossos caminhos estavam destinados a se cruzarem?

– Kuchiki-san... Aonde está querendo chegar com essa conversa insana?

Ele sorriu meio sem graça, mas tomou fôlego, e disse:

– Estou dizendo que eu realmente gosto... - ele ia confessar seu amor, mas ela não deixou.

– Chega! Não quero ouvir mais nada! Minha dívida está paga, você conseguiu o que queria e agora vai fazer o favor de sair deste quarto para que eu possa me recompor e me vestir. E depois vai devolver meu passaporte e me deixar ir embora daqui!

O tom dela era agora muito sério e, uma vez que o frenesi da paixão dele tinha passado, ele soube que teria que atender as exigências dela.

– Claro, Shihouin-san! E me perdoe por dizer tantas coisas estranhas... Pode ficar à vontade. Tem tudo que a senhorita pode precisar no banheiro, mas, se precisar de mim, vou estar no quarto ao lado.

Depois de dizer isso, e não obter nada em resposta, Byakuya vestiu depressa o jeans e não demorou a deixar o quarto.


Yoruichi não sabia o que pensar. De uma hora para outra, a vida dela tinha virado de cabeça pra baixo. Gastou algum tempo deitada naquela cama enorme, tentando decidir o que fazer primeiro e então, ao olhar de lado, avistou o que parecia ser a alça de sua bolsa dentro de uma gaveta.

Sentou-se na cama, abriu a tal gaveta e de fato encontrou sua bolsa ali. Dentro da bolsa, ela encontrou o celular. O alívio foi tanto que ela até esqueceu de ficar brava com Byakuya. Percebeu então que o celular estava desligado e isso explicava porque Kisuke não tinha rastreado sua localização ainda. Mais que depressa, ela ligou o aparelho e retornou a última das mais de cinquenta chamadas não-atendidas dele.

– Alô, Kisuke-san?

"Yoruichi-san! Onde a senhorita está? Pelo amor de Deus, não me assusta desse jeito!"

– Desculpe, Kisuke-san! Aconteceu tanta coisa absurda que nem sei por onde começar a te contar. Mas, antes de qualquer coisa, vem me buscar, por favor. Deve ter voltado a receber minha localização, certo?

"Sim senhorita, estou recebendo, sim. E já estou a caminho!"

– Obrigada.

Cerca de trinta minutos depois, Yoruichi aparecia na sala do enorme apartamento, onde encontrou Byakuya devidamente vestido. Ele a encarava com uma expressão plácida e serena, o perfeito oposto de menos de uma hora atrás.

– Shihouin-san, a portaria acabou de avisar que um tal de Urahara Kisuke está te esperando lá embaixo.

– Sim, fui eu que o chamei.

O jovem a encarou com um ar confuso, mas ela não achou que devia explicações a ele.

– Kuchiki Byakuya... O senhor trate de esquecer o que aconteceu naquele quarto. Porque aquilo não vai acontecer se repetir nunca mais! Entendeu? - declarou enfática.

Em seguida, Yoruichi passou por ele, encaminhando-se à porta do apartamento. Porém, o rapaz alinhou as passadas com as dela, para em seguida encostar um cartão na fechadura eletrônica, liberando a passagem.

Yoruichi saiu sem dizer uma única palavra e sem nem olhar para ele.

Continua...


Notas do Capítulo:

E aí? Achavam que o pega dos dois já fosse rolar assim tão rápido? Imagino que não! Mas, não se enganem, daqui até o "felizes para sempre" teremos uma longa estrada (e algum drama também, é claro). E agora? Será que o Kisuke vai ficar no caminho do Byakuya? Me contem suas teorias nos comentários!

Agradeço de coração a todos que comentaram o primeiro capítulo, que favoritaram a fic ou deixaram votos. Muito obrigada! E quero deixar um agradecimento especialíssimo para a Mary11 pelos comentários maravilhosos tanto nessa fanfic como em "Vítimas do Dever". Então é isso aí, galera! Até a próxima!