Sasuke não pensava muito na prima Nagi. Até que ela foi a única família que havia restado.


Sasuke não entendia a prima. Todos estavam mortos, o clã inteiro, a família toda. Todos estavam mortos e ela estava agindo como se isso não importasse, como se a vida seguisse normalmente. Sasuke não entendia como ela podia se recusar a passar cada minuto de cada dia treinando para matar Itachi. Sasuke o queria morto, porém Nagi só… pretendia que ele não existia.

Ela sempre foi um pouco estranha. Quieta e introspectiva. Sasuke não a conhecia muito bem, mas agora que ela tinha tudo que lhe havia restado, eles deveriam estar unidos com um único propósito e eles não estavam. Enquanto ele treinava todos os dias, e não deixava o complexo exceto para ir a escola, ela passava todo o tempo que podia fora de casa. Ela treinava nos campos de prática da academia ao invés de usar os do clã, comia em barracas de comida, casa de colegas ou restaurantes, ao invés de vir para casa comer, dormia na casa de colegas quando conseguia arranjar convites. Ela pediu que ele a acompanhasse algumas vezes, mas ele se recusou. Amigos eram somente outra fraqueza para Itachi explorar, uma distração dos treinos e uma intrusão em sua dor. Sasuke não precisava de amigos e sim de vingança.

Entretanto, Nagi tinha amigos. O que era estranho porque ele não se lembrava dela ter muitos antes do massacre. Agora ela passava todos os momentos possíveis com eles e Sasuke não entendia como ela conseguia ser tão aberta e vulnerável. Ela tinha amigos e disse para ele que não se importava com vingança, porque não traria ninguém de volta e não ia consertar o buraco em seu coração onde sua família costumava estar.

Não foi somente o massacre que afetou-a. Ele não estava certo o quão ruim eram seus ferimentos físicos, mas ele sabia que eram ruins já que Itachi a havia deixado para morrer. E Itachi era da Anbu e ele sabia quando os ferimentos deveriam ser fatais. Ela havia perdido um olho e isso não era uma pequena para um Uchiha. E não eram somente os danos físicos. Seus olhos, ou no caso olho, haviam mudado e envelhecido mil anos da noite para o dia, inocência substituída com uma compreensão amarga que Sasuke conhecia bem.

Mas apesar do parentesco, ele não a entendia. Não entendia porque quando ela havia acordado, ela se recusava a responder por Uchiha Nagi e disse que o nome dela agora era Chrome. Sasuke não entendia como ela podia descartar o nome que a sua família havia dado a ela, uma das últimas sólidas conexões que ela tinha com eles. Ele não tinha entendido quando ela tentou explicar que ela não era a mesma pessoa mais. Que ela havia visto demais para ser a mesma pessoa e que o nome da garota inocente que nunca havia visto a morte de perto não parecia certo.

A pior coisa é que ela não estava errado. Ela não era a mesma Uchiha Nagi tanto quando ele era o mesmo Uchiha Sasuke. Nagi era uma garota quieta, de natureza doce, uma prima imemorável, sem um interesse particular em violência. Um parente que ele mal pensava no dia a dia. Agora ela estava agarrada em um tridente ridiculamente grande que ela havia retirado do armazém da família e se recusava a ir em qualquer lugar sem ele. A pior parte é que ela não era ruim em usá-lo, nas poucas ocasiões que ele fez com que ela ficasse no complexo tempo suficiente para um treino. Agora ela tinha uma gama de amigos, um novo interesse em genjutsu e um novo nome que não era apropriado. Ele pensava nela todo o dia, sobre sua segurança e felicidade. Uma preocupação que não era bem vinda e que não podia ser descartada completamente. Ela era a única família que lhe restava e ele não conseguia entendê-la nenhum pouco. Ele não conseguia pensar nela como Chrome ao invés de Nagi e não conseguia se livrar daquele tênue link que ainda os unia

Ele especialmente não entendia a escolha dela em amigos. Ele não entendia porque ela precisava deles e porque precisavam ser aqueles em específico. Havia Sawada Tsunayoshi que era… fofo, pequeno e adorável de um jeito que nenhum ninja de respeito deveria ser. Sasuke não entendia porque ela se sentia tão atraída por ele. Talvez fosse algo de meninas, já que elas gostam de coisas fofas, certo? Mas depois de uma breve observação ele havia concluído que não podia ser isso. Toda a classe da academia parecia se centrar ao redor de Sawada, sejam garotos e garotas. Por alguma razão inexplicável, Sawada era o garoto mais popular da classe. Era bizarro.

Entretanto, Sawada ele conseguia conviver. Ele e os seus amigos doidos, por mais estranhos que eles fossem. Eles pareciam inofensivos. Havia problemas maiores nas escolhas de amizade de sua prima. Especificamente Rokudo Mukuro, que dava calafrios na espinha de Sasuke. Havia algo naquele garoto que o lembrava, um pouco demais, de Itachi. Talvez porque ele fosse um expert em genjutsu. Ele e Nagi estavam quase sempre juntos e Sasuke achava isso muito desconfortável. Mukuro era um ano mais novo que ele e não era mais hábil que o resto da sua classe, mas algo na mente de Sasuke fazia com que ele registrasse Mukuro como ameaça. Sasuke não tinha ideia porque Nagi queria ser amiga dele.

Talvez evitar sua prima não era o método mais saudável de lidar com os motivos pelos quais ela lhe confundia, mas ela estava sendo uma distração da determinação de matar Itachi. Ela era toda a família que tinha lhe restado e algumas vezes ele pensava que se ele deixasse ela chegar perto, ela poderia esquecer a importância do que ele tinha que fazer. Ia ser muito fácil começar a se importar e se importar era uma fraqueza que ele não podia se dar ao luxo de ter. Não quando ela não tinha força suficiente para se juntar a ele na sua vingança.


Obrigada pelos follows!