Primeira Parte - Resistência
Dentro da sacristia, Snape dobrava com esmero a estola roxa que minutos antes esteve sobre a sua batina, que ele igualmente removeu e guardou com cuidado. Agora, trajado todo em negro – negro este que só era quebrado pelo colarinho branco -, sentia-se mais confortável em sua calça e camisa sociais.
O toque pausado de quatro batidas à porta revelou quem o esperava do lado de fora. Pediu que entrasse e assistiu o rosto bondoso de Neville aparecer.
— A bênção, padre.
— Que Deus o abençoe, garoto. — Convidou-o para se sentarem à mesa redonda que havia no centro da sala.
— Então, não conseguimos terminar a nossa conversa naquele dia...
— Como ela está? — Perguntou com preocupação.
— Bem, na medida do possível.
No orfanato, Neville foi criado com outras muitas crianças, mas Luna era de quem sempre fora mais próximo. Tão próximos que se denominavam irmãos, e os filhos da jovem chamavam o rapaz de tio.
Contudo, Luna não fizera um bom casamento. Seu marido sofria de um grave problema de alcoolismo. Assim, eram muitas as vezes que o celular de Neville tocava com um pedido desesperado de Luna para que a ajudasse a resgatar o marido desmaiado em um bar imundo ou de um banco de praça.
— Ele ainda permanece irredutível sobre a reabilitação?
— Sim... — suspirou. — Insiste em dizer que não é doente, que ele apenas passa um pouco do ponto. Eu tenho muito medo, padre. Pela Luna e pelas crianças. O álcool deixa as pessoas agressivas, e...
— Ela jamais ficará desamparada, filho. — Snape pôs a mão sobre o ombro de Neville. — Ela tem você, e a igreja sempre estará aqui para acolhê-la.
— Obrigado — murmurou. Balançando a cabeça, decidiu afastar aqueles pensamentos, revivendo o assunto perdido há dias com o outro homem. — O senhor se lembra da minha proposta, não é? O que acha?
Neville havia se formado há alguns anos em Biologia e dava aulas em pelo menos três escolas na cidade. Além disso, tendo sido criado com presença frequente na igreja, ele havia aprendido a tocar vários instrumentos e a música era uma grande paixão sua. Por isso, Neville também dava aulas de música na igreja para um grupo de crianças e adolescentes.
Agora, ele surgira com a ideia de fundar, também, um grupo de leitura. O pensamento se fez quando começou a notar que muitos de seus alunos apresentavam dificuldades de interpretação. Conversou com uma amiga brasileira que estava na Inglaterra estudando Literatura Inglesa e agora era estagiária em uma das escolas em que ele lecionava, e ela não pensou duas vezes antes de topar a proposta.
— Acho a ideia verdadeiramente incrível, Neville. — Snape concordou. — Sabe que eu possuo grande paixão por literatura.
— Sim, eu sei — sorriu.
— Precisamos acertar algumas coisas, é claro, como os tipos de livros que serão oferecidos, aliás, estamos numa igreja. E também onde iremos arranjar esses livros e...
— Senhor — Neville o interrompeu com delicadeza —, uma grande amiga aceitou participar do projeto, talvez até liderá-lo. Fique tranquilo, ela tem tudo sob controle.
. . .
Você ainda estava extasiada com o projeto proposto por Neville.
Estava morando na Inglaterra há seis meses, desde que suas aulas da pós-graduação se iniciaram. Ainda era loucura pensar que conseguira a bolsa para estudar na Universidade de Kingston. A mudança não tinha sido fácil, é claro. Economizou meses de salário do seu antigo emprego e o juntou com a vaquinha feita pela família e amigos; era o suficiente para se manter por alguns meses na república. Felizmente, logo conseguiu um estágio em uma escola em Mitcham e conseguia viver sem maiores preocupações.
A ideia do grupo de leitura a fascinava por quatro motivos. O primeiro, e mais óbvio, era poder trabalhar com literatura de maneira educativa, o segundo era poder levar arte a pessoas que não tinham acesso, seja material ou financeiro. O terceiro era poder instruir jovens, sua faixa etária favorita para trabalhar. Já o quarto era pura curiosidade em se ver envolvida em um projeto que pertencia a uma igreja.
Tinha pais religiosos, assim como outros parentes, e se recordava de ir à igreja quando era muito nova. Porém, uma vez crescida, entendeu que não acreditava exatamente naquelas coisas e acabou por se afastar da religião – embora sempre recorresse às orações quando se via sem saída.
O primeiro questionamento feito por você era se essas leituras do grupo se resumiriam a textos da Bíblia. Se sim, você já seria peça descartada naquele projeto, já que nunca havia lido o Livro Sagrado. Neville explicou que não. Assim como as aulas de música que ele lecionava, o conteúdo baseava-se em artes cotidianas, embora as composições precisassem ser analisadas – afinal, o grupo pertencia à igreja, assim como o seu grupo de leitura.
Naquela tarde, seus braços carregavam caixas e caixas de livros doados por colegas da faculdade, alunos e professores da escola que estagiava e por moradores do bairro. Neville estava a ajudando a guardar as caixas na sala onde também servia para as aulas de música. Os instrumentos haviam sido afastados, outros, guardados. As cadeiras estavam dispostas em um círculo no centro do recinto, e você observou o cômodo com ares de satisfação.
— As crianças já devem estar chegando — ele comentou. — Preciso ir agora. Seja bem-vinda e boa sorte.
— Obrigada, Neville.
Ele estava certo. Os jovens não tardaram a chegar. Houve uma breve apresentação e todos pareciam genuinamente interessados. Você decidiu separá-los em três grupos devido suas idades: um grupo com as crianças de 7 à 10 anos, outro com os jovenzinhos até 14 e mais um com os adolescentes de até 18 anos.
A proposta foi de que cada um receberia um livro diferente, já que não havia livros repetidos o bastante para que cada grupo ficasse com uma mesma leitura. A cada encontro, a turma falaria um pouco sobre o enredo da história, suas personagens, características que puderam notar, como uma referência a outro livro ou até mesmo uma passagem histórica. Ao final dessas leituras, eles deveriam fazer um trabalho em conjunto de Neville, trabalhando em poesias e canções.
Quando o primeiro encontro chegou ao fim e as crianças saíram aos poucos, você se virou para as caixas e mais caixas espalhadas. Tinha deixado com que eles escolhessem as próprias leituras, o que resultou em uma pequena bagunça. Na sua mão direita havia um exemplar de O Pequeno Príncipe enquanto na esquerda segurava A Cabana, e os guardou novamente nas caixas corretas para seus respectivos gêneros literários quando sua visão periférica notou outra presença na sala.
O padre – sabia que era um por causa do colarinho branco em contraste com as vestes negras – era muito alto, não saberia dizer por que aquilo havia sido a primeira coisa que notou. Seus cabelos pretos desciam até os ombros, emoldurando um rosto austero de nariz adunco e olhos inacreditavelmente escuros.
Você engoliu em seco.
— O senhor deve ser o Padre Snape — disse se aproximando enquanto se apresentava.
— Sim. É um prazer, senhorita — ele lhe estendeu a mão. Houve um toque estranho entre seus dedos. — Eles — apontou para o corredor por onde outrora as crianças saíram — pareciam bem animados.
— Sim, de fato! — Sorriu. — Fiquei até mesmo surpresa, porque sei que muitos jovens têm uma certa... aversão à leitura. Vejo muito disso na escola.
— Fico feliz com isso — você pensou que não se acostumaria com a voz dele. Era... esplêndida. — Obrigado por ter aceitado participar do projeto.
— Eu que agradeço pela oportunidade, senhor.
— Bem, preciso ir agora. A missa irá começar em alguns minutos. Você vai ficar?
Você demorou um pouco para responder. Havia uma pontada de embaraço por em nenhum momento ter cogitado a ideia de assistir à missa, afinal, não era religiosa. Contudo, o real motivo para a demora de sua resposta foi por estar muito concentrada na imagem do homem à sua frente. Condenou-se por estar se sentindo atraída.
— Bem... — balbuciou.
— Deixe me adivinhar — ofereceu-lhe um meio sorriso. — Não é religiosa, não é?
— Não... — balançou a cabeça. — Mas vou ficar, sim.
— Não há problema algum, tudo bem? Não precisar assistir à missa se não quiser.
— Eu vou ficar, padre. Obrigada pelo convite.
. . .
Depois, você se arrependeu por não ter declinado o pedido e ido embora, pois estava sendo uma tremenda tortura assistir àquilo.
Não porque era monótono ou por não saber cantar nenhum dos louvores; na verdade, estava muito mais ocupada em outra coisa para sequer notar isso. Seus olhos simplesmente não conseguiam abandonar o Padre Snape. A batina branca parecia destoar, mas ele era uma figura fascinante. A voz dele – meu Deus, a voz dele! – ressoava alta pelo microfone, e a cada palavra você sentia sua pele se arrepiar.
Você era uma pessoa de alta libido, reconhecia isso. Não precisava muito para se ver atraída por alguém, muitas vezes bastava apenas um olhar. A atração física era muito comum e recorrente na sua vida. A aparência e jeitos de uma pessoa eram o suficiente para desejá-la, mas, agora, aquilo era inapropriado. E você não conseguia controlar.
Enquanto isso, Snape se sentia aéreo, por mais que continuasse a gerir a missa de maneira impecável. Ele era um homem como qualquer outro, apesar da batina. Durante sua vida, cruzou com mulheres que precisou admitir para si mesmo que as achava belíssimas, e atualmente, com essa nova era da internet, nem sempre conseguia fugir de um conteúdo apelativo que pipocava na tela do seu celular – que ele mal usava, sendo sincero.
A questão era que Padre Snape não era cego, e estava muito ciente de que a mulher que agora liderava o grupo de leitura era irrevogavelmente linda. E a alegria que brilhou nos olhos dela enquanto falava sobre as crianças do grupo também havia o encantado, assim como seus cabelos, seu perfume e seu sotaque. Ele poderia conviver naturalmente com isso, da mesma maneira como ignorou a breve atração que sentiu por várias mulheres antes, mas era muito difícil ignorá-la quando aquela mulher estava sentada em um dos bancos da igreja, durante a missa, com os olhos presos e brilhantes sobre ele.
. . .
Foi um mês muito longo tanto para Snape quanto para você. As trocas entre vocês não tinham sido muitas, mas sempre que possível o padre surgia na sala vazia após a reunião para convidá-la para a missa. Uma noite em particular, ele a convidou para jantar na igreja, junto a Neville e a madre Minerva.
Era uma noite de ventos frios, a sopa parecia deliciosa e o vinho harmonizava perfeitamente com todo o cenário. Muitos minutos depois, a panela já estava quase vazia e a garrafa de vinho já havia sido consumida mais da metade. Buscando enturmá-la naquele trio que já se conhecia há tantos anos, Neville puxou um assunto sobre sua área, e em questão de instantes todos os quatro estavam debatendo seus gostos e autores favoritos.
— Eu tenho que ficar com Machado — você respondeu com a voz arrastada pelo álcool.
— Fico com Catulo — o Padre Snape a surpreendeu.
— Catulo?! — Sua voz soou mais alta do que pretendia, e viu-se se debruçando sobre a mesa na direção dele. — Difícil acreditar.
— Por quê? — Ele arqueou a sobrancelha. — Os versos dele são muito bonitos.
— Alguns... Outros são muito provocativos.
— "Dá-me mil beijos, e depois mais cem..." — ele recitou para ser interrompido por você.
— "...depois mais outros mil, depois mais cem, depois mais mil ainda, e ainda mais cem". — Concluiu. — Esse poema é lindo, mas é uma escolha óbvia. Catulo era um rufião, versava sobre sexo e não poupava palavrões para criticar os outros.
— Quem é Catulo? — Neville se viu completamente perdido.
— Foi um grande poeta latino, garoto — o padre sanou sua dúvida. — Por que não recita outro dele? — Ele voltou para você.
— Não, eu nutro muito respeito por vocês. Principalmente por você, madre. — Brincou.
— Oh, querida — Minerva riu. — Então realmente prefiro que fique calada.
Todos gargalharam, a algazarra de suas risadas quebrando o som da ventania. Você respirou fundo, ofegante; escondeu seu rosto quente sob a taça de vinho quando a levou aos lábios mais uma vez. Pensou ter visto o olhar do padre sobre si. Antes que pudesse confirmar, apenas o viu olhar para a própria taça e umedecer os lábios finos.
Você, então, abandonou sua taça sobre a mesa. Chega de vinho por hoje, pensou.
. . .
Quase um mês havia se passado desde a noite do jantar. Tudo parecia estagnado, exceto o desejo latente e crescente entre você e Snape. Houve um momento em que o próprio parou de vê-la após as reuniões do grupo de leitura, e você também evitava ficar para as missas. Não achava adequado "assistir" à cerimônia quando sua mente apenas pensava em diversas maneiras diferentes de arrancar a batina do corpo de Snape, ou em quais cantos da igreja vocês poderiam se encontrar furtivamente.
O ponto de virada ocorreu num fim de tarde de sexta-feira.
Você estava na sala vazia mais uma vez, e sabia que ele não viria, assim como aconteceu nas semanas que se antecederam. Enquanto arrumava algumas coisas em sua bolsa, acabou por encontrar um pedaço de papel solto. Suas bochechas coraram. Eram versos breves que você mesma havia escrito semana atrás, procurando aliviar uma volúpia que suas próprias mãos pareciam não mais serem o suficiente para sanar. Escondeu o papel dentro de um dos livros que levaria para casa.
O grupo de jovens começou a chegar novamente, desta vez para a aula de Neville. Não tinha percebido quanto tempo ficara ali, esperando que o padre viesse. As crianças, contudo, não deixaram que fosse embora.
— Fica, por favor — uma das meninas pediu. — Vai ser legal.
Você pensou em declinar. Ficar cada vez mais naquela igreja estava sendo uma tortura, mas a expectativa no olhar daquela turma e o sorriso bondoso de Neville a fizeram acatar ao pedido.
Em um determinado momento, um pandeiro meia lua foi entregue às suas mãos e tentou acompanhar o som feito por eles. Quando a música acabou, todos iniciaram uma salva de palmas para si mesmos e para os outros.
— Ei — Neville disse —, por que não toca um pouco? — Apontou para o instrumento nas suas mãos. — Samba, não é?
— Ah! — Você riu. — Nosso pandeiro é diferente. Ele... — tentou achar as palavras certas — é fechado, sabe?
E tão logo Joseph, um dos adolescentes, estava mexendo em algumas caixas guardadas ao fundo da sala e encontrou um pandeiro apropriado, que foi entregue a você. Não fugiria tão fácil deles.
Você não era nenhuma instrumentista, mas sempre ficava encarregada pelo pandeiro nas rodas de samba organizadas pela família nos churrascos de domingo. Sua mão bateu contra a pele sintética do instrumento, e aquele som que parecia levar algo insano pelas suas veias surgiu. Antes que percebesse, alguns alunos com um ouvido musical mais aguçado a acompanhavam com outros instrumentos, e foi de maneira espontânea que seus pés começaram a se mexer enquanto sambava.
Tão inebriada pela música e pela saudade de casa, você não percebeu a presença de Snape encostado contra o batente da porta. O som desconhecido do ritmo o despertou curiosidade, que o levou a caminhar até a sala que já não visitava há tanto tempo. Mas jamais imaginou encontrá-la ali após aquele horário, principalmente nunca pensou em vê-la dançar daquela forma.
Os passos eram muitos simples; um mover de frente para trás dos pés. Porém, eram realizados com tanto molejo que parecia ser quase inumano que qualquer pessoa pudesse se mexer daquela... forma. Os quadris dela quebravam no ritmo exato do samba, a felicidade estampada em seu rosto era contagiante, e ele se viu sorrindo também.
Contudo, o sorriso em seu rosto não durou muito. Em um movimento preciso e ritmado, você girou, o que fez a saia que usava levantar o suficiente para que boa parte de suas coxas ficassem à mostra. Ele jamais havia visto tanta pele sua daquela forma. Quase instantaneamente, todos os pensamentos e sonhos que vinha tendo com você vieram com violência à mente dele. O colarinho branco pareceu muito apertado ao redor do pescoço, e ele sentiu uma contração inadequada na sua região sul. Saiu dali o mais rápido que podia, mas não rápido o bastante para que você não notasse a expressão muito séria no rosto dele.
Você agradeceu, com pressa, a todos pela diversão e pegou seus pertences com rapidez. Seus pés a fizeram correr até a imagem alta que andava muitos metros à sua frente.
— Snape! — Chamou. — Padre Snape!
Ele obrigou-se a parar para olhá-la nos olhos. Você manteve uma distância segura entre seus corpos e o confrontou com certa agressividade.
— Peço desculpas, senhor, por qualquer inadequação sob o teto da igreja.
— Do que está falando? — Ele estranhou seu modo defensivo.
— Pela sua expressão — já não parecia tão certa do que falava —, imaginei que estava irritado com a cena na aula de música.
— Por que eu estaria? É música como qualquer outra, assim como a dança. — Ele suspirou. — Eu não sou um padre extremo, tudo bem? Não vi o menor problema na cena que presenciei.
— Então por que parecia tão estranho?
— Eu só não estou me sentindo muito bem — não mentiu. Era impossível se sentir bem após presenciar os seus movimentos sem poder tê-la. — Uma dor de cabeça terrível.
— Tenho um analgésico aqui — mexeu na bolsa para alcançar a cartela de comprimidos. Isso fez com que se atrapalhasse com os outros itens que tinha em mãos, e o livro quase caiu do seu colo. — Aqui. Só tem uns dois comprimidos, então pode ficar com a cartela.
— Obrigado.
Você deu as costas para fugir daquele local. Sentia-se tão inebriada, surpresa, desejosa e confusa que não percebeu o que estava deixando para trás. Muito mais do que o padre cheio de tentação, estava deixando o papel que não percebeu ter caído quando o livro quase fugiu da sua mão.
Horas mais tarde, o Padre Snape se encontraria sentado na ponta de sua cama com a mão fechada em torno do seu pau, os olhos fechados não apenas pelo prazer, mas para se privar de visualizar a imagem de Nossa Senhora que jazia sobre sua cômoda ou de ver qualquer outro item que o remetesse ao sacerdócio. Ao seu lado sobre o colchão, estava o papel encontrado por ele mais cedo, impregnado pela caligrafia e desejos da mulher:
"Eu quero que você me foda.
Transe comigo,
Faça amor comigo,
Trepe comigo no sentido mais cru,
Sujo e divino da palavra.
Quero senti-lo tão fundo em mim,
Em meu ser,
Que irei confundi-lo com a presença do Espírito Santo.
Quero que descubra sensações inéditas comigo,
Quero que me permita rastejar tal qual
A serpente por debaixo de sua batina.
Quero mostrá-lo o Paraíso na Terra, ou no meu corpo.
Como seria ser sua?
Toda sua..."
