Nota da autora: Desculpem pela demora na atualização. Estou com um problema no trabalho e acho que vão resolver tudo esta semana. Daí volto para as histórias normalmente. Fiz até um pequeno calendário de atualização de fics na minha agenda :) hahahah. Realmente não quero deixar mais nada pendente por aqui.
Agradeço os comentários enviados na primeira parte – fiquei bem impressionada com todos eles! Estou aqui pensando se realmente vou suprir as expectativas com a falta de um episódio com o Sesshoumaru cuidando da Rin-chan. Obrigada, pessoal: Lan-Lan, Ayame Tarimoto, Debs-chan, isabelle36, kahdi, Haruna Uchiha, cyrilalbar36 e Kuchiki Rin-sama!
A próxima parte será a última... Comentem se gostarem (e se não gostarem, podem também falar, hahahah).
Flor de calêndula
Parte II
Kaede olhava preocupada o tempo passar pela janela, a mente preocupada com a garota deitada no futon, a testa coberta com um pano umedecido para baixar a febre.
Rin dormia cansada e profundamente, mas o corpo reagia para combater a forte gripe que tinha. Estava suada e às vezes murmurava algumas coisas sem sentido, provavelmente relacionada a sonhos aleatórios. A velha sacerdotisa esperava que não fosse nada como os pesadelos que a garota costumava ter nos primeiros dias sob tutela dela. Coisas horríveis como lobos, bandidos de estrada, sangue – traumas de infância – eram imagens comuns e ela levou meses para superar.
Cobriu-a com o luxuoso lençol rosado com brocados em fio de prata, outro presente extravagante dado por Sesshoumaru, como quase tudo o que ela possuía.
–Está tudo bem... – ela murmurou ao encharcar o pano branco com água, torcer o excesso e colocá-lo na testa da garota.
A pergunta que se fazia era: será que Sesshoumaru conseguiria a tempo o material para o remédio de Rin?
Longe do vilarejo da miko Kaede, Jaken corria com o máximo de forças possíveis para fugir de um javali enlouquecido.
–AAAAAAAHHHH!
O animal tentou abocanhá-lo várias vezes durante a ação. Cada vez que Jaken desacelerava por cansaço, a boca cheia de baba e presas afiadas chegava perto de mordê-lo, e ele precisava voltar a correr, tomando cuidado para não deixar o chapeuzinho ou o Bastão de Duas Cabeças para trás.
Em um momento, o youkai verdinho acelerou e só parou quando percebeu que não estava mais sendo perseguido.
Jaken olhou por cima do ombro e viu Sesshoumaru parado atrás dele, de frente para o javali, encarando-o serenamente.
O animal recuou uma patada.
O lorde estreitou de leve os olhos.
O javali recuou mais uma vez.
O daiyoukai encarava um javali com todo desprezo que aquele ser merecia. Ele era superior. Ele estava ali porque precisava ter uma parte dele. O animal conseguia sentir isso. Sentia o que eram os últimos momentos dele.
Com um único movimento da mão, Sesshoumaru tirou a vida dele.
–Se... Sesshoumaru-sama! – Jaken correu até o senhor e o viu erguer o animal todo com uma única mão para analisá-lo – Excelente como sempre, meu senhor.
Sesshoumaru jogou o corpo por cima do ombro e começou a andar em direção a um riacho. Ainda estavam longe, mas era perfeitamente possível sentir o cheiro da água corrente dali.
Era a hora de pescar algumas carpas.
–Vamos, Jaken. – ele avisou.
Não demorou muito para Sesshoumaru e Jaken se virem diante de um rio que levava provavelmente a algo maior a quilômetros dali.
Diante do cenário, Jaken foi acometido por lembranças de quando Rin ainda era uma criança e havia acabado de se unir às viagens do grupo: um dia de sossego, Rin o ensinando a pescar com as mãos, ela molhando as pernas e o kosode, cuja barra estava amarrada num nó acima do joelho para não molhá-lo, vibrando de contentamento por Jaken ter conseguido pegar o primeiro peixe apenas com as mãos num feito sensacional.
O daiyoukai deu um passo na direção da água, mas parou com Jaken se jogando na frente dele, braços abertos para impedir o avanço. Ele queria fazer aquilo.
–Deixe essa parte comigo, Sesshoumaru-sama. Rin me ensinou a pegá-los.
O pequeno youkai deixou o Bastão de Duas Cabeças no chão e foi determinado até a água. Testou a correnteza com um pé. Testou com o outro. Finalmente entrou na água, sentindo o olhar atento de Sesshoumaru em cima dele.
–Jaken. – o outro youkai falou numa voz severa.
–Um momento! – ele se apressou. Era óbvio que a chamada era para avisar que o tempo corria e eles precisavam voltar o quanto antes para o vilarejo.
Um peixe correu entre as pernas dele, mas escapou quando tentou agarrá-lo. Outro também passou e, assim como o anterior, conseguiu escapar das mãos dele.
–Jaken. – Sesshoumaru avisou de novo.
–S-Sim! – ele gaguejou.
Lembrou-se das lições de Rin. Ela sabia como fazer aquilo desde criança como uma expert. Contou que o pai havia ensinado e que depois ela mesma teve que usar das habilidades para roubar peixe para poder se alimentar quando ainda era sozinha.
Mas agora ela não estava sozinha. Ela tinha Sesshoumaru e Jaken-sama. Ela nunca mais ficaria sozinha.
Claro que também tinha Kaede, Inuyasha, Kagome, as gêmeas daquele monge e da exterminadora, Kohaku, Ah-Un...
Finalmente, depois de mais uma tentativa, conseguiu segurar a carpa entre as pequenas mãos, erguendo o animal como se fosse um troféu.
–Eu consegui! Eu consegui!
Segundos depois, ele percebeu que estava sendo levado pela forte correnteza, tendo apenas segundos de tempo para gritar o nome de Sesshoumaru antes da voz sumir.
–Oi... o que aconteceu com você, homenzinho? – Kaede perguntou a um Jaken cheio de hematomas, a boca mal aparecendo no meio da cara inchada.
Estavam os três – ela, Jaken e Sesshoumaru – do lado de fora do casebre, perto do rio. Os peixes ainda se moviam, um e outro saltando como se ainda pudesse voltar para a água.
–Nada! – até a voz de Jaken saiu machucada ao responder curta e rispidamente. Havia levado uma surra depois de ter sido resgatado e mal conseguia andar ou falar.
Kaede deu de ombros e virou o rosto para outra direção – para os três javalis e a enorme corda lotada de carpas caçadas por Sesshoumaru depois de salvar Jaken da correnteza. Havia pelo menos uns quinze peixes ali.
–Vocês trouxeram tudo isso pra alimentar o vilarejo?
–Você não avisou a quantidade necessária para o remédio. – o daiyoukai explicou calmamente, sem se alterar.
Kaede balançou a cabeça.
–Bem, pelo menos é o suficiente. Agora vocês precisam buscar as ervas e...
Sesshoumaru já havia dado as costas antes mesmo de ela terminar a frase.
A velha sacerdotisa, no entanto, conseguiu fazê-lo parar com o tom de aviso na voz.
–Sesshoumaru.
O youkai apenas a olhou por cima do ombro.
–Lembre-se que precisa voltar antes do fim do dia. Vou adiantar as coisas por aqui.
Sesshoumaru olhou para os céus e, segundos depois, já estava flutuando em alguma direção sem dar explicações a ninguém.
–E-Espere por mim, Sesshoumaru-sama! – Jaken correu e conseguiu agarrar o mokomoko depois de dar um salto.
Kaede observou as duas figuras desaparecem depois de alguns minutos, as mãos fechadas às costas como todo idoso costumava fazer. Olhou novamente o estoque de javalis e peixes trazido pelos dois. Aquilo era suficiente para fazer uma festa.
–Bem, bem...
A miko retornou para dentro da cabana, calmamente sentando-se em seiza perto do futon onde descansava Rin para, mais uma vez, limpar a testa dela.
Ao tirar o pano já quase seco, sentiu a garota se remexer e murmurar alguma coisa parecida com o nome de Sesshoumaru. Pelo menos parecia que estava tendo um sonho tranquilo, não um delírio provocado pela febre.
–Ele está bem preocupado com você. – ela sussurrou como se a jovem estivesse acordada, torcendo o pano para tirar o excesso de água – Desse jeito, é capaz de ele trazer toda a plantação de Jinenji-san.
Ajeitou novamente o pano na testa de Rin e levantou-se, indo até um cômodo para tirar uma faca de cortar comida.
–Bem, vamos logo adiantar algumas coisas...
Fim da parte II
