Re:Zero?
É melhor não experimentar...
Só pode ser brincadeira.
Enquanto a garota de cabelos prateados para na entrada do beco, arregalo os olhos enquanto minha mente tenta processar o que exatamente eu estava vendo.
Isso... Isso não faz sentido.
Eu respiro fundo, minhas duas mãos agarrando a lateral da minha cabeça quando a sinto latejar com a onda de pensamentos que invadem minha mente.
É por isso que eu estava achando isso tudo familiar. A cidade, o vendedor e os ladrões.
Eu estou no maldito universo de Re:Zero.
"Você está bem?"
Meus olhos pousam na figura feminina, me fazendo lembrar que a garota ainda estava ali.
Com um suspiro cansado, eu respondo.
"Sim, apenas senti uma dor de cabeça." Corrigindo minha postura, eu dou meu foco completamente para a garota meio-elfo em minha frente. "Você... Precisa de alguma coisa?"
Não sou idiota. Sei exatamente o que ela quer. Não faz nem um dia que maratonei os primeiros 8 episódios do anime.
A preocupação da garota pareceu sumir quando ela endureceu sua expressão, seus olhos fixos em mim enquanto ela começa.
"Sim. Eu preciso que devolva o item que você me roubou." Seus olhos são acusadores enquanto ela simplesmente aguarda minha resposta.
Eu pisco uma, duas, três vezes.
"Uh? Eu?" Para enfatizar minha confusão, aponto um dedo para mim enquanto pergunto. A garota mal se move enquanto continua a me encarar. "Desculpe, mas eu não roubei nenhum item seu, inclusive, acabei de me salvar de ser roubado."
Por um momento, ela não faz nada, mas logo se inclina para frente enquanto coloca uma mão em seu queixo. Ela parece me analisar por um segundo, antes de uma voz fina soar no beco.
"Ele não parece estar mentindo, Lia."
Um pequeno gato cinza flutua ao seu redor, antes de pairar ao lado de seu ombro. Fico um pouco surpreso com isso.
Ver ao vivo é bem diferente do que ver no anime.
Eu sinto o entusiasmo de presenciar algo assim encher meu peito, antes da realidade me acertar em cheio novamente.
Por que diabos estou feliz? Estou em um anime onde nem mesmo a sanidade do protagonista é perdoada! E afinal, onde está o Subaru em meio a tudo isso?!
"Fique quieto, Puck!" A garota falou, finalmente começando a se aproximar de mim.
Por um momento, fiquei tentado a dar um passo para trás quando ela se aproximou o suficiente de mim para me encarar diretamente nos olhos, apesar de eu ser consideravelmente mais alto que ela.
"Você sabe quem roubou meu brasão, não é?"
Apesar dela fazer essa pergunta, meus olhos pousaram no pequeno gato flutuante ao seu lado, que observava com um pequeno sorriso no rosto.
Mesmo se eu não tivesse conhecimento prévio, apenas considerando o que o Puck falou, saberia que ele é capaz de identificar se estou mentindo ou não. Mesmo que eu dissesse que eu não sei de nada. o gato poderia alertá-la, e isso poderia causar uma situação difícil para mim.
Eu penso um pouco, meus olhos voltando para a garota que continua a me encarar.
Independente disso, não é como se eu estivesse na mesma situação que o Subaru.
Não devo nada a ela.
Prestes a responder, eu rapidamente fecho minha boca, lembranças dos eventos no anime vindo à tona.
Eu mordo meus lábios, a indecisão me impedindo de responder a garota. Ela parece perceber minha expressão, considerando seu rosto que suavizou ligeiramente.
Merda. Se o Subaru não apareceu, então isso pode significar que este é um dos ciclos em que ele correu direto para a casa da Felt... Não, não faz sentido. Ele enfrentou os três bandidos em todos os ciclos, pelo que me lembro.
Então há outra possibilidade, e é a que eu prefiro não acreditar...
Subaru nunca veio para esse mundo, e quem tomou seu lugar...
Foi eu.
Isso... Isso até faz sentido, considerando que estou passando por tudo que ele passou no primeiro ciclo.
Se isso tudo for verdade, Emilia provavelmente irá encontrar a casa da Felt e...
Será morta.
Durma... Junto de minha filha.
A cena em questão me faz estremecer.
Com um suspiro, meus olhos pousam na garota, e eu finalmente decido minha resposta.
"Bem, eu vi uma garotinha loira pular por cima dos telhados. Não posso dizer que realmente a conheço." Eu aponto para a direção em que a garota pulou, e Emilia apenas segue com os olhos a direção em questão.
"Eu vejo..." Ela murmura enquanto dá alguns passos para trás. "Bom, obrigada pela informação."
Ela se vira, pronta para partir.
"Aliás, você deveria ter cuidado. Aqueles bandidos podem ter fugido facilmente, mas nem sempre você terá essa sorte."
Ela começa a caminhar para fora do beco, e eu não seguro a pequena risada com seu conselho. Verdade seja dita, se eu fizesse isso em meu mundo, provavelmente estaria recebendo um tiro.
"Peço desculpas. Ela acabou te acusando assim. Com o roubo do seu brasão, ela acabou ficando um pouco irritada, então seu julgamento foi levemente afetado por isso." Eu percebo Puck flutuando ao meu lado, e me viro para a pequena figura.
"Uh... Tudo bem..." Eu pisco algumas vezes com o espírito, meu olhar voltando para a garota que continua a se afastar.
Essa garota... Minha opinião sobre ela não é muito diferente da de Subaru. Mesmo com pressa para achar seu brasão, que é algo que pode decidir o destino de um reino inteiro, ela ainda tem tempo para sentir preocupação por uma pessoa aleatória e perder seu tempo lhe dando um conselho. Claro, a ação não é muito significativa, mas ainda assim... Em meu mundo, a empatia com os outros está quase em extinção, apesar do esforço das pessoas dizerem que ainda existe muita bondade. Além disso, se eu estivesse em apuros, ela com certeza me ajudaria, e daria uma desculpa de que foi por puro egoísmo, como fez com Subaru.
emMas você me deu a informação de que você não sabe de nada, você me respondeu em troca de eu ter tratado você./em
Eu sorrio.
Que tipo de policial eu seria se ignorasse uma garota potencialmente em perigo mortal? Além disso, ela teve um item roubado. É meu dever ajudá-la a encontrar!
Meu sorriso se torna tenso em meus lábios.
Talvez eu esteja apenas usando isso de justificativa... Mas... Eu estive todo esses anos me preparando para isso...
Para colocar minha vida em risco por pessoas que nem mesmo conheço...
Eu fecho os olhos com força, a imagem da Elsa brincando com uma das tripas de Subaru me fazendo institivamente agarrar meu estômago.
Mas... Mas se eu tiver que enfrentar alguém como ela, não terei chance alguma. Como Subaru, sou apenas uma pessoa normal. Ela fará comigo o que ela fez com ele, ou... Ou até pior!
Eu cerro meu punho, meus olhos abrindo e se encontrando com o pequeno rosto felino de Puck em minha frente.
"Parecia que você estava tendo um ataque ou algo assim." Ele fala e flutua para trás.
"Oh, não. Eu estava pensando em algumas... Coisas." Eu passo a mão na nuca e olho para a entrada do beco quando Emilia estava virando para começar a caminhar pela rua movimentada.
Não... Eu não sou o Subaru. Eu posso lidar com isso. Eu posso...
Enfrentar aquela mulher!
Eu dou um passo e outro e outro.
Se eu tomei o lugar do Subaru, deve haver um significado. Se eu precisar passar pelas coisas que ele passou para retornar ao meu mundo, que assim seja!
Com determinação estampada em meu rosto, não demoro para sair do beco e me encontrar com Emilia, que não estava longe.
"Hey!" Eu a chamo, fazendo a garota parar e se virar lentamente.
"O que foi? Você precisa de algo?" Ela pergunta, tédio em sua voz e rosto, mas eu posso perceber a pequena faísca de esperança se acender no fundo de seus olhos.
Apenas não me pergunte como posso perceber isso.
"Alguém te roubou, não foi? Eu gostaria de ajudar!" Eu falo com um entusiasmo que inicialmente não foi planejado.
Ela parece confusa com minha proposta, e apenas olha para mim por alguns segundos.
"Por que?"
Eu pisco algumas vezes.
Ela foi mais direta do que achei que seria.
Não posso fazer nada além de responder sinceramente.
"Desde jovem tenho treinado para me tornar um policial! Não faria sentido continuar com isso se eu não ajudasse aqueles que precisam!"
Ela continua a me encarar com os olhos levemente cerrados.
"Policial?"
Eu percebo meu erro e rapidamente tento concertar o que falei.
"B-Bem, policiais do lugar que eu venho são equivalente aos cavaleiros!" Eu respondo rapidamente. A garota suaviza seu olhar antes de falar.
"Não posso fazer nada para te agradecer."
"Eu não preciso disso. Apenas ajudar já basta." Eu digo e espero pacientemente sua decisão.
Não demorou para Puck de repente pousar em seu ombro.
"Não sinto malícia alguma vindo dele. Acho que você deveria aceitar sua oferta." O felino fala antes de olhar para mim, me fazendo estremecer. "Aliás, ele pode ser um ótimo escudo."
Eu ignoro completamente o fato de eu simplesmente ser equiparado a um escudo de carne.
"Eu estou sendo séria quando digo que não posso te agradecer de qualquer forma." Ela diz e eu concordo.
Com Emilia aceitando minha proposta de ajuda, logo começamos a caminhar pelas ruas movimentadas da cidade, a procura de seu brasão.
Obviamente, devido ao meu conhecimento prévio, eu sei onde Felt e o brasão estão, mas eu preciso de uma justificativa plausível para revelar isso.
Depois de cerca de 2 horas cansativas a procura do brasão, perguntando por aí e entrando em diversos estabelecimentos, eu e Emilia nos encontramos no topo de uma construção com vista para toda a cidade. Eu me maravilho com a paisagem e a sensação do vento suave contra minha pele.
Esse mundo tem suas qualidades, posso dizer.
De canto, posso perceber uma figura feminina de cabelos prateados me encarando com curiosidade, o que chama minha atenção para ela. Ao me ver olhando de volta, ela desvia o olhar. Eu logo percebo nossa falta de apresentação e solto um suspiro de alívio.
Por sorte não a chamei pelo nome em nenhum momento.
"Então, não sabemos nada um sobre o outro. Que tal nos apresentarmos corretamente?" Eu proponho antes de me virar para o gato flutuante e a garota. "Eu começo."
"Meu nome é Micael Levit. Sou um viajante e aspirante a policial, então meu conhecimento sobre esse país é bem escasso." Eu sorrio quando termino de me apresentar.
Puck flutua em minha frente, um pequeno sorriso em seu rosto felino.
"Eu sou Puck, é um prazer conhecê-lo!" Ele agarra minha mão com suas pequenas patas e balança como um cumprimento.
"Oh, você tem o pelo macio." Eu comento enquanto sinto o espírito em minha mão.
Emilia apenas observa sem demonstrar muita expressão.
Eu percebo isso e olho para a garota.
"Bem, parece que é sua vez. Qual seu nome?"
"Meu nome?"
Eu aceno. O silêncio paira no ar enquanto a garota apenas observa o horizonte por alguns segundos.
"Eu me chamo..."
A brisa parece aumentar quando ela olha para mim.
"Satella."
Eu encaro a garota, a tensão no ar tão nítida que tenho certeza que pode ser cortada por uma faca.
Então ela ainda não confia em mim o suficiente para revelar seu nome. Bom, eu não esperava um resultado diferente. Mesmo Subaru, que parecia alguém incrivelmente inofensivo, não recebeu o nome da garota no primeiro ciclo.
Aliás, eu nem tenho certeza se tenho o retorno através da morte, já que aparentemente tomei o lugar de Subaru.
Por um momento, minha mente pondera sobre a possibilidade.
Com certeza não quero fazer um teste.
Não demoramos para voltar a procurar o objeto roubado. Enquanto caminhamos, eu observo os arredores. Nas ruas, havia tanto semi-humanos quanto humanos, o que causava uma diversidade imensa de pessoas. Não consigo não achar intrigante. Nunca achei que conseguiria ver semi-humanos na vida real em qualquer momento da minha vida.
Que pessoa normal acharia?
Quando Emilia de repente para, ela aponta para uma direção e eu rapidamente sigo seu dedo.
"Você também tem impressão de que aquela garota está perdida?"
Ela pergunta, e eu logo percebo a criança andando de um lado para o outro, com um olhar assustado no rosto. Voltando meu olhar para a meio-elfa, percebo sua preocupação com a pequena.
"Sim, ela provavelmente precisa de ajuda." Eu digo, e começo a me aproximar da pequena criança assustada.
Eu não perco tempo em esperar Emilia. Eu sei que ela ajudará a garota de uma forma ou de outra. Além disso, já tenho uma justificativa para ir até a casa do velho Rom, então depois de ajudar a pequena, irei levá-la direto para lá.
Quando me aproximo o suficiente da garotinha, ela parece notar minha presença, esperança em seus olhos antes de notar que eu não era quem ela esperava. Para tentar manter a calma da criança e não assustá-la, eu lentamente me agacho e fico em sua altura.
"Hey, pequenina, você está perdida, não está?" Eu pergunto e observo as lágrimas da criança voltarem a escorrer por seus olhos. Nesse momento, Emilia já está atrás de mim e prestes a fazer alguma coisa para tentar acalmar a garota, mas eu a impeço rapidamente.
Não posso fazer truques como o Subaru, então terei que improvisar.
Eu rapidamente puxo meu celular do bolso e ligo a tela, mostrando para a garotinha, que se anima ao ver o que tenho em mãos.
Bom, pelo que parece, ter um papel de parede de aquário animado me ajudou uma única vez na vida.
"Está vendo? São peixinhos, não é divertido?" Ela abre um sorriso enquanto acena em concordância. "Você quer brincar com eles?"
Seus olhos se iluminam quando ela acena rapidamente. Com uma risada leve, eu entrego o celular para ela. Inicialmente ela acha o objeto estranho de se segurar, mas logo pega o jeito. Os peixes fogem com o seu toque, e isso parece divertir a pequena.
Com a garota confiando em nós dois, caminhamos juntos dela enquanto procuramos seus pais.
Isso não demorou muito quando a pequena de repente correu para os braços de sua mãe.
Tive um pouco de dificuldade para recuperar meu celular, mas depois de prometer trazer um igual para a criança, ela acabou me entregando de volta.
Observando a mãe e a pequenina se afastarem, minha expressão antes feliz, se torna sombria.
"Satella." A garota estremece com a menção do nome, mas percebe que é referido a ela. "Eu acho que sei onde está o seu item roubado."
Isso parece pegar a garota de surpresa quando ela me encara.
"O que? Como?"
Espero que isso funcione.
"Eu estava pensando. A pessoa que te roubou, era obviamente uma ladra, e não parecia ser uma nobre. Eu sei disso por que eu vi a forma com que ela se vestia. Existe algum lugar para pessoas que precisam roubar para sobreviver por aqui?" Eu perguntei, já sabendo a resposta, mas eu preciso que a ideia clique na mente da Emilia.
A meio-elfa parece pensar por um tempo antes de arregalar os olhos com realização.
"As favelas!"
Bingo.
Demoramos para chegar a favela, mas por sorte, fazemos antes do por do sol, o que significa que Elsa pode não ter chegado para a negociação ainda.
"Esse lugar... É horrível." Eu digo enquanto observo o estado das casas e a reação das pessoas por nossa presença.
Isso é ainda pior que no meu mundo.
Eu penso quando vejo algumas crianças deitadas em meio a sujeira.
Emilia apenas caminha, parecendo acostumada com a existência desse lugar.
"A garota que roubou você estava melhor vestida que qualquer um aqui. Vamos procurar uma casa maior ou mais bem cuidada." Eu digo, recebendo um aceno de concordância da garota enquanto caminhamos.
Agora que estou mais próximo da luta contra Elsa, posso pensar um pouco sobre meu plano. Sei que aparentemente sou mais forte aqui do que em meu mundo por algum motivo, mas o sucesso desse plano vai depender se eu consigo usar magia ou não. Se eu não puder, terei que ter muita sorte, pois um plano B contra aquela mulher com certeza não vai funcionar.
Um único corte e...
Eu agarro minha barriga, e tento impedir que aquelas imagens invadam minha mente.
"Levit, você está bem?" Eu escuto a voz da Emilia atrás de mim. Eu penso um pouco sobre o que responder.
"Ah, sim. Apenas uma sensação ruim." Eu digo. Isso parece calar a garota, pois não recebo mais nenhuma pergunta.
Não demoramos muito para encontrar uma grande casa, diferente das outras que passamos anteriormente. Eu não preciso perguntar para saber que é exatamente essa.
"Acho que é aqui." Eu digo.
Emilia parece um pouco confusa sobre como eu sei disso, mas eu apenas aceno com a mão para impedi-la de falar.
"Estou escutando algo." Eu sussurro quando algo me chama a atenção.
Com meu coração acelerado, eu encosto a orelha na porta, vozes no outro lado não sendo mais que sussurros, mas ainda possíveis de escutar.
"Oh, parece que você é um deles..."
Um baque alto ecoou do outro lado, o que me fez arregalar os olhos.
Está acontecendo. Elsa já está aqui, e está atacando Felt e o Rom.
Sinto meu corpo estremecer, hesitando em abrir a porta que separa eu e uma batalha de vida ou morte.
Merda, merda. Pare de tremer, droga!
Eu fecho os olhos com todas as forças, minha orelha ainda encostada na porta quando o som de algo quebrando ecoa.
"Levit, o que está acontecendo?" Eu olho para trás, e Emilia parece preocupada com o que quer que estivesse acontecendo.
Meus olhos se fixam na garota de cabelos prateados, minha mente vagando sobre tudo o que pode acontecer com ela, e os dois que estão enfrentando aquela mulher dentro desta casa.
Eu... Eu não posso recuar agora. Eu não posso...
Eu não vou recuar.
Cerrando os dentes com tanta força que tenho certeza que posso quebrá-los a qualquer momento, eu me viro para a porta.
Se acha que vou correr com o rabo entre as pernas, então pode ir esquecendo, vadia!
Eu chuto a porta com toda minha força, a mesma explodindo em pedacinhos quando alguns voam para longe. Surpreso com minha própria força, eu mal percebo um homem gigante com um porrete e uma mulher de preto e roxo me observando do interior do estabelecimento. Ambos parecem estar em meio a uma batalha, mas devido a interrupção repentina, pararam apenas ver do que se tratava.
Com um sorriso tenso, eu entro no bar, as duas figuras me olhando atentamente tentando entender quem eu era.
"Parece que eu cheguei no momento de exato para encontrar uma reconhecida assassina por aqui." Eu digo, meus olhos pousando sobre a mulher que abria um pequeno sorriso com minhas palavras.
Essa mulher... Ela é realmente bonita... Mas algo nessa beleza é estranho... É errado. Uma pessoa não deveria ser tão bonita assim!
"Minha nossa. Parece que tenho um admirador do meu trabalho." A mulher sorri quando salta a tempo de esquivar de um poderoso ataque do porrete do gigante.
"Não estou aqui para admirar seu trabalho. Essa senhorita precisa de ajuda já que seu brasão foi roubado." Eu aponto para a Emilia atrás de mim, que parece pronta para atacar a mulher a qualquer momento. "Prender você será apenas mais uma boa ação do dia para mim."
Mesmo dizendo isso, tenho certeza que o Puck pode sentir o medo irradiando de mim agora.
Os olhos da mulher brilham enquanto ela me observa com curiosidade divertida.
"Você está com medo. Eu posso sentir seu cheiro."
Eu sou pego de surpresa por isso, mal percebendo uma faca voando em direção da minha cabeça. Felizmente sou capaz de mover minha cabeça o suficiente para que a lâmina passe ao meu lado e acerte a parede.
"Você esquivou da minha lâmina. Que maravilhoso..."
Ela puxa uma lâmina de coloração roxa e gira em seus dedos.
"Estou louca para ver como seu interior se parece!"
A adrenalina percorrendo meu corpo, eu viro o suficiente apenas para olhar Emilia de canto.
"Peço que não interfira a não ser que eu precise. Isso vale para você também, Puck!" Eu digo, retirando um olhar de preocupação da garota e um de surpresa do espírito felino.
Por que estou fazendo isso? Por que ninguém aqui pode vencer essa mulher. O tempo do Puck logo acabará, e a assassina nem estará cansada depois de lutar contra o espírito.
Por isso eu tenho um plano para atrair alguém mais forte para essa batalha.
Voltando minha atenção para a mulher, eu digo para Felt, que estava agachada do outro lado da sala.
'Garotinha, jogue essa sua espada para mim!" Eu exijo.
"O que? Por que eu dev-" Ela para quando parece perceber a situação em que está. Não demora para ela resmungar enquanto puxa sua espada e joga em minha direção.
No ar, eu facilmente a pego.
"Parece que teremos uma luta justa, não é mesmo?" Eu digo enquanto me posiciono.
A mulher lambe os lábios quando abaixa o corpo levemente.
Por que estou tão confiante? Talvez seja a adrenalina, mas estou com muita vontade de testar minha força agora. Eu sempre gostei de lutar. Boxe, Muay Thai, Jiujitsu, sempre foram tão interessantes para mim. Além disso, aprender todo tipo de combate me ajudou em muitas ocasiões.
Mas por que estou trazendo isso a tona? Essa não é uma luta esportiva.
É vida ou morte, e eu realmente não quero morrer.
Com um leve sorriso em meu lábios, eu foco toda minha atenção na assassina em minha frente. O velho Rom parece não entender o que está acontecendo, a mulher que estava tentando cortar sua garganta momentos antes, agora estava focando sua atenção em um garoto aleatório. Mas mesmo sem entender nada, ele não parecia que iria interferir, então não tenho que me preocupar com seu braço sendo decepado.
"Você parece sabe quem eu sou, certo?" Elsa sorriu enquanto agarrava sua lâmina com força. "Então eu dispensarei apresentações!"
Como um flash, a mulher desapareceu, e por um momento, eu pude sentir sua respiração na minha orelha. Esse momento foi o bastante para que eu pudesse levantar a espada em minhas mãos e bloquear um corte que com certeza teria cortado minha cabeça. Não desejando dar outra chance de ataque, eu avanço meu corpo contra a mulher que estava prestes a pousar no chão. Agarrando o cabo com toda a força, eu corto a mulher em um ataque rápido e poderoso.
O golpe realmente pareceu causar dano quando a mulher segundos depois de receber o corte, se impulsionou para longe e um corte profundo pôde ser visto em seu ombro.
"Minha nossa... Você realmente me feriu... Faz algum tempo que sofro um ferimento assim." Ela sorriu, malícia e luxúria emanando de todo seu ser enquanto ela me encara com olhos brilhantes. "Você é realmente interessante!"
Eu quase sou pego por uma lâmina que voa em direção do meu peito, mas consigo esquivar por pouco, um corte superficial marcando minha camisa e pele.
Merda, se ela levar isso a sério, estarei perdido. Preciso de uma brecha o mais rápido possível.
Estreitando os olhos, eu impulsiono meu corpo em direção da mulher, e me assusto quando alcanço uma velocidade que quase me faz perder o controle. Felizmente, sou capaz de retomar, e próximo o suficiente da assassina, começo a desferir uma sequência de cortes com minha espada.
Eu não sou bom com uma espada, mas sei o suficiente para não atacar e deixar brechas para estocadas ou cortes. Os golpes precisam ser rápidos e fortes, mas não podem negligenciar a defesa.
E com minha força e velocidade totalmente novos, sou capaz de fazer isso sem deixar que ela tenha uma chance de contra-ataque!
Eu aumento a velocidade dos meus golpes, a mulher parecendo ter dificuldades para acompanhar quando eu finalmente consigo desferir alguns pequenos cortes em seu corpo.
"Isso..." Eu escuto sua voz cheia de luxúria enquanto ela continua a bloquear meus ataques. "Me mostre..."
Eu arregalo os olhos quando a mulher esquiva de um dos meus ataques verticais, fazendo com que a força puxasse meu corpo para baixo e deixasse minha defesa totalmente aberta.
"Seu interior!"
Uma lâmina avança em direção das minhas costas, e eu sinto o pânico se instalar em meu sistema.
"LEVIT!"
A voz da Emilia soa ao longe enquanto eu tento desesperadamente pensar em uma forma de sair daquela situação.
Merda, merda! Eu preciso que isso funcione! Eu preciso que isso funcione urgentemente!
Cerrando os dentes, eu abro a boca quando a lâmina está a meio caminho de me cortar ao meio.
POR FAVOR, FUNCIONE!
"SHAMMAC!"
Uma névoa negra explode do meu corpo, surpreendendo Elsa o bastante para que ela perca a concentração e eu possa escapar de seu corte. Rolando para o lado, eu rapidamente levanto e aproveito a confusão da assassina.
"TOMA ESSA, SUA PUTA!"
Eu grito quando avanço minha espada em sua direção em um corte horizontal, o som de carne rasgando momentos depois quando eu empurro meu corpo para trás com as pernas.
Eu... Eu consegui! Merda, chupa essa!
Eu sorrio e me posiciono novamente, a névoa ao redor impedindo meus sentidos de encontrarem os outros.
Eu espero que tenha sido névoa o bastante para chamar a atenção do Reinhard ao longe. Ainda não deve estar escuro, então significa que a névoa ainda é visível.
"Que maravilhoso..." Uma voz que eu conheço muito bem soa ao meu lado, meus olhos se arregalando quando eu lentamente me viro, apenas para me encontrar com um pé que me envia voando para longe quando a névoa se dissipa. "Eu não esperava por isso. Foi algo que realmente me surpreendeu."
Eu bato as costas na parede e caio no chão.
"Merda, se essa desgraçada sobreviveu a um ataque do Reinhard, eu deveria ter previsto que ela estaria bem com isso." Eu sussurro.
Preferindo amaldiçoar minhas ações depois, eu lentamente levanto e olho para a mulher de pé a alguns metros de mim. Um corte profundo marcava do seu seio até seu abdômen, e isso me confirmou que meu plano não foi completamente falho.
"Há muito tempo que não tenho uma luta tão divertida, mas temo em dizer que infelizmente teremos que terminar por aqui." Ela dá novamente um de seus sorrisos maliciosos e cheios de luxúria.
"Do que diabos você está falando? Estamos apenas com-" Eu engasgo quando sinto a força nas minhas pernas se esvaírem, meu corpo caindo para baixo quando meus joelhos colidem com o chão.
O que?
Uma dor intensa vem do lado direito do meu abdômen, e com os olhos trêmulos, eu olho para baixo.
Vermelho mancha minha camisa, e eu instantaneamente agarro o local quando sangue começar a jorrar como se alguém abrisse uma torneira na lateral da minha barriga.
"Eu acertei você quando você se esquivou. Me especializei nisso, afinal."
Eu não me preocupo em olhar para a mulher enquanto deito no chão e tento desesperadamente me impedir de sangrar até morrer.
É assim... Eu vou morrer assim? Anos treinando para morrer dessa forma? Em um mundo onde nem mesmo é o meu?
"LEVIT!" Uma voz familiar soa ao fundo, mas estou ocupado demais com a dor para conseguir distinguir de quem se trata.
Eu não quero morrer dessa forma...
Eu preciso voltar para o meu mundo...
Eu preciso voltar para minha família, para meus amigos...
Dor é a única coisa que consigo sentir enquanto engasgo com meu próprio sangue.
Eu preciso voltar...
Um estrondo ecoa ao fundo, e mesmo com a dor, consigo reunir forças o suficiente para mover apenas meus olhos, uma pequena figura vermelha embaçada entrando em meu campo de visão.
Para ela.
