Capítulo II
Depois da festa, todos foram embora deixando uma grande bagunça na sala principal e na copa.
Ravena resolveu ir para o seu quarto um pouco antes da festa acabar, a brincadeira dos seis minutos no paraíso só acabou quando todos os nomes que participaram foram chamados para dentro do armário.
Eu ajudei Cyborg a limpar toda a bagunça antes de ir descansar, Robin não nos ajudou, ele acabou se recolhendo em seu quarto logo depois de ter saído do armário com Abelha.
Mutano nos ajudou no início, mas acabou caindo no sono, deitado no sofá até a manhã seguinte.
Acordei ainda cansada da noite anterior, resolvi tomar um banho antes de ir até o terraço tomar sol da manhã, aquele era supostamente o melhor horário para recarregar meus poderes, já que muito dificilmente havia crimes na cidade tão cedo assim.
Quando me senti recuperada e mais disposta, desci para a cozinha, estava com fome, ia tomar meu café da manhã e dar comida ao Silkie que sempre ia atrás de mim após acordar.
A cada dia que se passa em que estou na terra, mais costumes daqui eu acabo pegando, um deles é tomar um bom café com cereal, ovos e leite ao invés do meu café da manhã tamariano que estive acostumada a tomar.
Meus ingredientes para comidas do meu planeta natal não são tão fáceis de achar por aqui, então acabei me apegando ao comodismo da facilidade de comer comida terráquea.
Mutano já me deu broncas por estar comendo derivados de animais, e já mencionou diversas vezes que seguir uma dieta vegetariana seria tão boa quanto comer os deliciosos hambúrgueres do Cyborg quando vamos ao parque.
Eu tentei por dois dias, comer apenas o que Mutano me indicava, mas não resisti em trocar o tofu assado por um filé de carne que Ravena havia acabado de tirar da chapa.
Meu relacionamento com meus amigos, no geral, estava cada vez mais íntimo e feliz, o contrário do meu receio de perder o contato com eles como na vez em que viajei na linha do tempo e os encontrei todos tão distantes daqui.
Cyborg passava bastante tempo aprimorando as melhores tecnologias que ele tinha contato, como o T car, a nave, nossa torre ou até mesmo as configurações de seu próprio sistema em seu corpo. Ele também estava conhecendo uma garota, que eu só a vi uma vez, mas ela parecia ser muito alegre e educada, o nome dela era Sara, portanto Cyb não tinha tanta coragem de chamar ela para sair, como o esperado. Eu e Mutano já até tentamos falar com ela, para que os dois se vissem mais uma vez, mas não foi um plano
que deu certo, já que ele acabou descobrindo o que nós dois estávamos arquitetando para arrumar um encontro.
Mutano passa menos tempo jogando e mais tempo treinando, para aumentar seu progresso em nossas batalhas e até mesmo ficar mais forte corporalmente.
Já faz um tempo que ele e Ravena se aproximaram como amigos, eles passam mais tempo juntos, e às vezes a Ravena até ri de suas piadas.
Eu passei a chamar a Ravena de Rae, desde que passamos a ficar mais tempo juntas, meditando, vendo filmes ou até mesmo tirando um dia de garotas para ir ao shopping. Ela passou a ser mais aberta comigo, sobre suas opiniões e sentimentos e tem me ajudado muito a entender gírias e expressões humanas que ainda não entendo perfeitamente.
Ela e Robin conversam muito, principalmente quando ele está naqueles momentos em que ele se tranca no quarto para fazer suas pesquisas infundadas que normalmente não levam ele à nada, a não ser a exaustão depois de dias acordado.
Robin e eu tínhamos nosso relacionamento separado dos nossos deveres como heróis, ele sempre tentava separar uma coisa da outra quando estávamos na rua combatendo algum crime, mas às vezes ele acabava sendo mais protetor e cuidadoso comigo, mesmo que eu possa me cuidar sozinha.
Isso vale para mim também, acabei sendo mais afetuosa com ele, e a mídia -infelizmente- acabou notando que estávamos tendo um relacionamento.
Robin era um bom líder, bom amigo, mas às vezes não era um bom namorado.
Nos aproximamos muito desde que ele se permitiu gostar de mim abertamente para que nossos amigos vissem isso.
Passamos vários dias juntos, fazendo coisas na cozinha ou treinando novas técnicas que ele gostava de me mostrar para uma eventual luta.
Tinha dias que ele só ficava mais próximo de mim, sem termos que fazer nada além de beijos e beijos que -felizmente- demoravam de acabar.
Robin me mostrou coisas novas, como esquiar ou até mesmo banhos de piscina nos dias mais quentes em Jump city. Ele também me chamou para dormir no quarto dele meses após nosso beijo em Tokio, e foi pra mim uma das noites mais confortáveis que eu já tive.
Ele foi carinhoso, atencioso e gentil comigo, por muitos e muitos dias. Em uma daquelas noites em que estávamos mais próximos, acabamos levando os beijos mais a sério e fomos em frente em nosso desejo de estar juntos.
Foi tão bom quanto eu imaginava, foi quente, prazeroso e amoroso.
Ele falou que me amava dois dias antes daquilo acontecer, e depois da primeira vez, nós não parávamos de repetir os "eu te amo" e nem nossas noites mais amorosas que havíamos começado.
Porém faz alguns meses que as coisas começaram a desandar, tínhamos um novo alvo na cidade, chamado Destroyer, que era tão maquiavélico como Slade, só que desta vez não tínhamos noção com o que estávamos lidando ou qual seria seu próximo passo.
Ultimamente ele havia levado êxito em seus planos de bombardear pontos aleatórios da cidade, vendo em um ângulo não tão ruim, pelo menos conseguimos tirar todas as pessoas dos locais que sofreram bombardeios antes que elas fossem vítimas e se machucassem.
Robin tem ficado muito solitário procurando pistas e formas de deter Destroyer antes que ele atacasse.
No início eu entendi que ele ia fazer o seu melhor para conseguir afastar o mal da nossa cidade, mas aos poucos isso foi se tornando cada vez mais difícil de se ignorar.
Seu comportamento comigo havia se afastado muito do Dick carinhoso e atencioso que eu gostava, ele passou a ser grosseiro e arrogante comigo, eu tentava tirar ele do quarto, mas às vezes ele nem se quer olhava para mim, me dizia coisas do tipo "Estelar, não me atrapalhe" ou "Eu preciso terminar isso, saia por favor", no fim eu acabava deixo-o sozinho e me sentia triste no meu quarto.
Quando tentei fazer ele mudar de idéia de como estava me tratando, acabamos em uma discussão -nada feliz- em que de alguma forma ele conseguiu me culpar por seu comportamento grosseiro.
Robin se afastou de mim, mais e mais, não havia mais suas mãos em minhas costas, ou beijos na bochecha, só restava "bom dia" e "titãs atacar!" nos dias mais agitados.
Eu escrevi e escrevi sobre meus sentimentos, sobre como era ruim estar tão próximo, mas tão distante dele, era uma angústia os dias que mal nos falávamos, e resquícios de felicidade quando parecia que tudo tinha voltado ao normal.
O que mais me intrigava, era como ele fazia parecer que estávamos tão bem na frente dos nossos amigos, como ontem na festa, ele me apresentando como namorada, mas na verdade só tínhamos o mínimo de convivência e conversas.
Eu tinha saudades da nossa intimidade, dos beijos molhados e de quando ficávamos grudados na cama após nossa aventura de amor -ou que pelo menos era amor- mas hoje, só nos restou isso, e eu estou tentando lidar com isso da melhor forma que eu poderia lidar.
Ouço o barulho da porta da sala principal sendo aberta, era ele entrando e me olhando antes de colocar a máscara no lugar.
-Bom dia, Estelar.
-Bom dia, Dick - respondi encarando ele enquanto acabava de mastigar o cereal - Dormiu até mais tarde hoje, nossos amigos também não apareceram até agora.
- Estão todos cansados, mas vou deixar eles dormirem até às 9 horas, depois disso irei acorda-los para o treinamento semanal - ele pegou um copo e depositou leite, antes de pegar uma fatia de pão e passar geleia nele.
- Tudo bem, quando for o horário eu te ajudo a acordar nossos amigos - respondi limpando as mãos, uma com a outra para tirar os farelos, mas Dick permaneceu em silêncio.
Ele não olhou para mim enquanto comia, não falou nenhuma palavra, até se levantar e ir até o computador.
- Está tudo bem com você? - perguntei a ele, para quebrar o silêncio.
- Está, só não tenho o que conversar- Ele me respondeu olhando para o monitor em sua frente.
- Poderíamos conversar sobre ontem, a brincadeira... Você sumiu depois de ter saído do armário - sentei ao lado dele no outro computador.
- Eu acho que exagerei na bebida ontem...- silêncio por um momento antes dele voltar seus olhos mascarados para mim - Algo estranho aconteceu ontem?- ele disse num tom desconfiado.
- Acredito que não, não que eu tenha visto- essa pergunta me pegou de surpresa, não entendi o que seria algo "estranho"
- Tudo bem então- ele virou novamente para o monitor e voltou a apertar as teclas de seu teclado até que eu pude perceber que nossa conversa havia acabado.
Levantei e fui até o vidro que me separava da cidade, tudo estava calmo e estranhamente sombrio. Suspirei e voltei ao sofá, peguei meu livro e voltei a ler.
Parecia uma eternidade até o relógio marcar nove da manhã.
Após às 9, tivemos treinamento, que consistia em sempre nos pegar de surpresa em novos tipos de ataques e defesas que deveríamos ter em cada teste.
Tivemos um dia longo, resolvemos crimes pequenos que aconteceram na cidade, nada grande atacou nos últimos dias.
Passei o fim de tarde voando entre as nuvens, até que eu pudesse assistir o pôr do sol, que hoje foi lindo, nuvens rosas e um céu azul marinho que tomava conta aos poucos após o sol ir embora.
O restante da semana foi mais do mesmo, conversas com a Ravena, piadas com Mutano, ajudando o Cyborg na manutenção de seu carro e por fim, alguns almoços ao lado de Robin.
Após aquele encontro dos Titãs na torre, as coisas estavam ainda mais frias entre nós, eu cultivava o carinho que ainda tinha por ele, mas não me impressionava mais a forma dele de agir, éramos mais amigos do que um casal.
Fui comprar meu milkshake preferido no shopping, resolvi dar uma volta sozinha para espairecer. O shopping não estava cheio, mas tinha muitas pessoas que me paravam para dizer "oi" ou pedir uma foto comigo, aquilo me ajudou a esquecer um pouco o que me afligia, crianças sorriam para mim, foi o bastante para que eu sorrisse de volta
Com o milkshake na mão, fui dar uma última volta antes de voltar para a torre.
- Onde você estava? - Robin me parou quando entrei no corredor que levava aos quartos.
- Fui dar um passeio no shopping - respondi, terminando meu milkshake.
- Deveria ter me chamado para ir com você - ele me olhou sério antes dos cantos de sua boca se levantarem em um sorriso.
- Desculpe... Achei que você estivesse muito ocupado para sair em algo não importante - confessei e sorri de volta.
- Tudo bem, acho que devemos conversar. Aquilo me pegou desprevenida, mas concordei seguindo para o meu quarto.
- Sobre o que você gostaria de conversar? - perguntei antes de girar ao olhar para ele entrando também no meu quarto.
Silkie estava cochilando na minha cama, no canto esquerdo.
- Eu sei que eu estive muito ausente, e que não fui a melhor das companhias ultimamente... Mas queria saber se você está bem, se está tudo bem entre a gente - Robin se aproximou de mim, o que fez minha mão que segurava o copo tremer um pouco.
- Está tudo bem sim, Robin - Respondi me sentando na cama - As coisas não aparentam estar tão boas, mas está tudo bem... Só não sei exatamente como me sinto sobre tudo que vem acontecido nos últimos meses - puxei minhas pernas para que elas ficassem à frente do meu peito e assim pudesse apoiar meu queixo em meus joelhos - Você é meu amigo... Meu namorado - suspirei - Mas não sei o que estou sentindo, sinto um vazio muito grande sem você, eu me acostumei em ter sua companhia para tudo o que eu fazia, gostava de passar o dia e a noite com você... Mas agora... Só sinto que o pouco que restou de nós, não é exatamente o suficiente para levarmos a diante.
Robin sentou ao meu lado na cama e colocou uma mão em meu joelho.
- Olha, eu sei como é isso - ele baixou sua cabeça olhando para o chão - Eu me sinto confuso sobre nós, eu não sinto que estamos na mesma página, não sei onde foi parar aquela sensação tão boa que eu tinha toda as vezes que eu te via - ele voltou a olhar para mim - Mas ao mesmo tempo não estou disposto a te deixar ou terminar nosso namoro, eu não quero que acabe, eu quero que volte a dar certo - ele fez carinho no meu joelho com um dedo - Eu amo você, Estelar, e não posso desistir do que nos resta sem antes tentar - ele puxou meu queixo para que eu olhasse em seus olhos.
- Robin... Você me machucou muito, não quero continuar me sentindo assim - segurei sua mão que ainda estava em meu queixo - Eu só poderia tentar novamente, se você me prometesse tentar não me magoar dessa forma de novo.
- Eu prometo - ele falou prontamente - Eu vou tentar, vamos fingir que estamos começando de novo, e assim eu vou dar o meu melhor para te reconquistar - ele sorriu e se aproximou.
- Então podemos tentar - eu sorri antes de me aproximar de seu rosto para um beijo.
Sua outra mão pairou em minha cintura, enquanto ainda segurava meu queixo me puxando para mais perto. Me acomodei em sua boca, abrindo aos poucos, antes que sua língua estivesse conectada com a minha.
Nossas mãos deslizaram para cima e para baixo, até que estivéssemos suspirando fortemente enquanto nossas línguas lutavam pelo território em nossas bocas.
Houve uma batida na porta do meu quarto, antes do nosso beijo desmanchar para olhar para fora. - Pessoal, temos visita - Mutano disse segurando uma de suas orelhas antes de sair da porta de volta a sala.
Levantamos e o seguimos até a sala principal, as portas se abriram e ele estava lá novamente.
Olá!
Resolvi mexer nesse aplicativo do fanfiction até que eu conseguisse postar esse capítulo, portanto se você leu isso, é porque de alguma forma eu consegui resolver esse problema de atualizar pelo celular.
Mudei um pouco o tom da história nesse capítulo, quis preencher algumas coisas para que não ficasse vago e mudar um pouco a perspectiva para seguir uma fic melhor.
Pode ter erros ortográficos, mesmo que eu tenha dado uma olhada antes.
Será que esse relacionamento vai dar certo?
Quem será que chegou na torre?
Só saberemos no próximo capítulo!
Giulia.
