NOTAS DO AUTOR:

~*Yo, Minna!

Como vão? Gostaram do primeiro capítulo?

Segue o segundo capítulo com um bom drama!

Boa leitura!*~

[…]

CAPÍTULO 2 - ABNEGAÇÃO

[…]

Nakitaku nakute houtte atta mune no sasakure ni…

Aquele fragmento do meu coração que arremessei para longe está me perseguindo agora…

[…]

O estado em que Sakura ficou depois de Itachi deixá-la era deplorável.

Ele não usou nada contra si além de palavras e ainda assim mal conseguia manter-se em pé. A falta de ar fazia sua cabeça latejar e sua vista embaçar. O peito, agitado, subia e descia com rapidez numa respiração curta que tentava a todo custo regularizar enquanto mantinha-se concentrada em recuperar suas funções motoras para sair dali. O local em que estava não era perigoso, mas sua mente distorcia os fatos, fazendo parecer que estava em uma floresta sombria e perigosa, como a Floresta da Morte em que permaneceu durante o exame de seleção Chūnin, ChūninSenbatsu Shiken.

"Mova-se!", ordenou a si mesma, mas só o que conseguiu foi arrastar o pé direito para frente. Suas pernas estavam tão pesadas e seu controle tão comprometido que a tarefa de dar alguns passos parecia impossível. O medo estava no controle e ela estava perdida.

Há muito tempo não ficava naquele estado. Quando foi a última vez? Oh, sim, há três meses, quando Sasuke a encarou depois que o Time Kakashi o encontrou em um dos esconderijos do Orochimaru. Ela viu a morte nos olhos negros como a escuridão presente no coração de seu portador, mas não só a morte dela, a morte de todos que ela amava, porque só o que havia era a vingança latente do vingador.

— Tola! — gritou para si mesma, fechando os olhos para derramar as lágrimas que se recusava a reconhecer — Mova-se!

Então uma lembrança veio à tona sem seu consentimento.

Ela estava na floresta da morte, Sasuke estava com ela e Orochimaru, disfarçado de um competidor qualquer, os atacou. O Genjutsu os pegou de surpresa e logo Sasuke e ela estavam paralisados.

De algum modo saíram vivos, Sasuke a resgatou depois de despertar e o modo como ele despertou, que foi contado por ele posteriormente depois de perguntar, a fez se mover e repetir o ato naquele momento, porque, ironicamente, mesmo estando distante, ele ainda a ensinava a sobreviver.

Pouco a pouco ela moveu a mão que empunhava a Kunai na direção de sua coxa e num movimento sôfrego fincou-a contra sua carne. Reprimiu o grito na garganta e por mais que Itachi não tivesse a prendido num Genjutsu, o efeito foi o mesmo. Rapidamente voltou ao controle da sua mente e do seu corpo, dispersando o domínio do medo através da dor.

Minutos depois ela andava às pressas pelos corredores do hospital. Antes de lidar com o acontecimento anterior, tinha que se preocupar em curar o paciente que estava à sua espera. Ela era a única esperança de ele sobreviver e não se daria ao luxo de minimizar a importância de fazê-lo.

Com dificuldade, ainda que tenha sido assertiva, cerca de 5 horas depois finalizou a cirurgia com sucesso, dando ao Ninja a chance de um recomeço. Precisará de um longo período de recuperação, mas no fim ficará como se nunca tivesse passado pelo que passou; um "porém" aceitável levando em conta o resultado.

Desgastada, jogou-se na poltrona assim que fechou a porta de sua sala, depois de se higienizar e trocar suas vestes. Os olhos ainda estavam abertos quando sua mente vagou para o encontro que teve com o Akatsuki. As palavras dele ecoaram, confundindo seu discernimento se era apenas uma lembrança ou se ele repetia aquelas palavras naquele momento. Estava enlouquecendo.

Ouviu o bater da porta e depois de autorizar a entrada de quem quer que fosse, ela abriu, revelando um rosto familiar que esboçava um sorriso genuíno e generoso.

Seu pobre coração acelerou em resposta e a surpresa varreu aquelas preocupações como se não fosse nada. Fazia três meses que não o via, pois ele havia saído em missão, mas a saudade do conforto que ele proporcionava à ela somente com sua presença fazia parecer que esteve ausente por uma década.

— Sakura-chan. — Naruto entrou na sala e fechou a porta. Ao virar-se para encará-la sua expressão alegre fechou-se, demonstrando desagrado. — Você está péssima! Há quantos dias não sai daqui?

A Médica-Nin sofreu uma mudança brusca de humor desacreditando que mesmo sendo a primeira vez que se viam ele a repreendeu como todos faziam ultimamente. Bufou e endireitou-se na poltrona, guardando reclamações que sabia que Naruto não levaria em conta. Era inútil convencê-lo de qualquer opinião contrária a dele, afinal ele era o Ninja número 1, hiperativo e cabeça-oca da Vila.

— O que quer? — perguntou, desviando o olhar para o livro em cima de sua mesa que precisava terminar de ler e assimilar as técnicas medicinais antes de…

Novamente o que Itachi disse tomou seus pensamentos.

Por que a escolheu? Para onde pretende levá-la? Quando? Com qual pretensão?

Despertou de seus devaneios com um aperto leve em seu braço e baixou o olhar para a mão que o segurava. Lentamente encarou a face daquele que não viu se aproximar e se abaixar à sua frente.

— Não me ouviu, não é? — Naruto perguntou e em seguida meneou a cabeça negativamente com a expressão tão séria que assustava. Ele nunca ficava sério daquele jeito e nem a repreendia como fazia naquele momento: — Ino tem razão. Você precisa de um descanso.

O cenho rosado franziu e ela respirou fundo para demonstrar seu aborrecimento.

— Ino exagera e só estou nessas condições porque acabei de finalizar uma cirurgia de 5 horas. É natural que eu esteja cansada assim. — justificou e sutilmente soltou-se da mão dele, levantando-se e afastando-se, observando-o se levantar também. — O que quer aqui, Naruto?

— Acabei de chegar da missão e vim direto porque todos estão dizendo que faz dias que ninguém te vê fora do hospital.

— "Todos" quem? Ino não é "todos".

— A vovó também não te viu por esses dias e Kakashi-Sensei também não. É sério, Sakura-chan, estou preocupado.

Sakura o encarou por um tempo e com o que Itachi lhe disse repetindo-se na cabeça como um disco riscado virou-se, dando as costas à Naruto. Pegou sua mochila e a encheu com itens que precisava para resolver as pendências que tinha no hospital; livros, receituários, prontuários para dar baixa ou serem estudados e repassados para as devidas áreas e pergaminhos em branco para deixar instruções de procedimentos que somente ela sabia executar.

— O que está fazendo? — ele perguntou quando ela se manteve por todo aquele tempo em silêncio.

— Estou me preparando para ir embora. Não é isso que quer que eu faça?

Novamente ele fez uma expressão de repreensão e se aproximou hesitante, buscando pela mão dela, que segurou e afagou gentilmente.

— Quero que você se cuide. O que está acontecendo com você, Sakura-chan? Você não está mais agindo como você mesma desde aquela vez… — as últimas palavras preocupadas não passaram de um murmúrio porque era difícil até mesmo para Naruto tocar naquela ferida que, para ambos, ainda sangrava.

Observou Sakura engolir a seco e forçar um sorriso, colocando a alça da mochila sobre um ombro. Ele também não estava lidando bem com o último encontro que teve com Sasuke, mas ainda tentava imaginar como ela estava, já que sempre soube dos sentimentos que ela nutria pelo Uchiha.

— Isso soou estranho, mas, de qualquer forma, estou apenas cansada. As coisas estão difíceis aqui no hospital devido à frequência de missões com rankings altos que vêm sendo necessário nos últimos meses e isso me impede de descansar apropriadamente.

— É somente isso? — a voz dele tornou-se grave e Naruto se aproximou, pela primeira vez tomando liberdades que em outras circunstâncias não tomaria.

Corajosamente ele levou uma mão à lateral do rosto dela, acariciando-a com o polegar. Os olhos azuis tão límpidos e intensos fitavam-na aflitos. Encarando-a, sentia-se no impulso de confortá-la, porque ele a conhecia mais do que a si mesmo e sabia que ela estava sofrendo.

Constrangida por aquela intimidade, Sakura recuou alguns passos e gentilmente tirou a mão dele de seu próprio rosto, esboçando um sorriso nervoso.

— Sim. O que mais seria? — soltou a retórica e andou na direção da porta — Você vem?

Desconcertado pela clara rejeição, ele assentiu e se apressou a sair. Esperou-a pacientemente se despedir dos colegas de trabalho, delegar alguns afazeres e levou-a até a porta da casa dela. Mesmo sob o silêncio, tentou não se intimidar pelo afastamento que ela inconscientemente impôs entre eles.

— Sakura-chan… me desculpe por-…

— Não. Tudo bem. — ela o cortou, constrangida.

Sakura o amava sim, mas não da maneira como ele sempre demonstrou e dizia amá-la.

Antes de sair para a missão ele iniciou uma conversa que abordava suas vidas pessoais. Pediu uma chance que ele garantia que ela jamais fosse se arrepender de dá-lo.

O encontro com Sasuke também o desestabilizou. No fim, qualquer um que visse a morte desejaria ter uma vida feliz. E ela realmente estava inclinada a tentar, porquê, não era justo eles não desistirem do Sasuke quando desistiam de si mesmos, mas aí Naruto saiu em uma missão longa e aquela era a primeira vez que se viam. Ela sabia que ele queria uma resposta e sentia como se cometesse o maior pecado de todos olhando em seus lindos olhos azuis enquanto preparava-se para feri-lo mais uma vez, rejeitando-o, machucando-o… mas Itachi tirou sua chance de tentar ser feliz. Por sorte fez isso antes que ela desse uma resposta ao Naruto que o fizesse criar inúmeras expectativas. Não sabia quanto tempo tinha, nem o motivo, mas estava certa de que o Nukenin voltaria para buscá-la como disse que faria.

Ela sentiu seu coração se apertar. Tinha que libertá-lo dela e da promessa que fez à ela, porque tudo havia mudado.

— Soube que a Hinata vai procurá-lo. — começou, vendo-o retorcer a expressão de imediato. Ele ameaçou interrompê-la, mas pela primeira vez sua insistência se sobrepôs a dele: — Não seja resistente diante de um sentimento tão puro como o que a Hinata tem por você, Naruto. Ela te ama. Quer e pode te fazer feliz. Aceite isso.

— Como pode dizer isso se estou te oferecendo o mesmo e você está rejeitando?

O silêncio pairou e por mais que Naruto não soubesse dizer o motivo, sentia que aquela conversa era o início de uma despedida. Podia ser despedida dos sentimentos por ela que ele insistia em alimentar porque ela jamais havia sido tão incisiva; ou porque Sakura dava todos os indícios de que se fecharia para qualquer um que tentasse alcançá-la, isolando-se. Ele sabia que estava a perdendo, seja para a vida, para o amor que ela sentia por Sasuke ou até mesmo para o desconhecido e não conseguia fazer nada para mudar aquela percepção, deixando-o afobado e desesperado para encontrar uma maneira de reverter aquela situação.

Sakura sentiu os olhos arderem e a garganta fechar. Doía abrir mão da sua única possibilidade de tentar ser feliz e mais ainda abrir mão do que Naruto lhe oferecia. Previamente podia sentir a solidão e a saudade dos sorrisos que ele dedicava à ela, do tom carinhoso e gestos gentis, que muitas vezes a confortou e a distraiu da dor da ausência do Sasuke, mas era melhor resolver também aquela pendência o quanto antes. Ele tinha a oportunidade de ser feliz com Hinata e não se perdoaria se o impedisse de agarrá-la.

— Sinto muito, mas o que você quer de mim-… não posso te dar. — firme, manteve seu olhar duro sobre o dele.

Naruto pela primeira vez se calou. Os olhos dele se avermelharam cada vez mais e de repente estavam mergulhadas em lágrimas e ela se perguntou se ele estava ciente de que aquela seria a despedida deles.

Num súbito Sakura envolveu seus braços no pescoço dele, abraçando-o tão forte quanto podia. Os próprios olhos reagiram como os dele e logo chorava em silêncio apreciando o conforto do abraço que ele retribuiu, rodeando sua cintura com os dois braços.

O abraço permaneceu até a Kunoichi abrir os olhos e se assustar com um vulto na escuridão entre as árvores um pouco distante dali, mas não o bastante para inibir dois borrões vermelhos destacando-se na penumbra.

Uchiha Itachi.

O que fazia ali? Ela não tinha resolvido todas as pendências ainda. Não podia ir.

Arregalou os olhos quando se lembrou da presença do Naruto e se desesperou, com medo de sofrerem um ataque ou Naruto vê-lo e atacá-lo. Céus, ela não podia perder mais ninguém!

Bruscamente se afastou. Sentiu as mãos tremerem e suar frio, mas, ainda assim, o empurrou, o olhar intercalando entre Naruto e a sombra de Itachi à distância, evitando a todo custo chegar aos borrões vermelhos.

— Vá embora. — ordenou, inconsciente da grosseria e da voz desesperada. — Por favor, vá embora e fique bem… fique bem… — implorou, sentindo as bochechas umedecerem com suas lágrimas.

Apressada entrou em sua casa e fechou a porta com força. Sentiu o corpo cambalear contra a porta, que usou para se apoiar conforme escorregou até se sentar no chão e tampou a boca com a própria mão para se impedir de gritar ou chorar alto.

"Por favor, que nada aconteça com o Naruto! Que nada aconteça com ele! Vá embora, vá embora agora, idiota!", a prece saiu direto de seu coração, torcendo para que Itachi não tentasse nada contra seu ex-colega de Time e que Naruto, também pela primeira vez, se convencesse de que ele não poderia mudar sua decisão.

O coração batia forte contra o peito, tão rápido que se sentia a beira de um colapso. As lágrimas já escorriam abundantes pela face e a tremedeira se espalhou pelo seu corpo todo. As mãos apertaram as laterais da cabeça e embalou-se num vai e vem para frente e para trás numa compulsão nervosa, repetindo em sussurros que tudo ia ficar bem.

— Não o matei. Deixei que fosse embora, porque você cumpriu minha ordem mantendo sigilo.

Ela ergueu a cabeça, despertando daquele ciclo vicioso, mas limitou-se a olhá-lo até a altura da boca. Sentiu o corpo paralisar quando o viu se aproximar a passos lentos e calmos em sua direção e agachar-se à sua frente, sem encostar os joelhos no chão.

Em reflexo o próprio corpo se encolheu e os olhos baixaram para não encarar o Sharingan, que destacava-se na escuridão de sua casa. Estava terrivelmente apavorada, como há muito não ficava. Sua instabilidade emocional custava o autocontrole, minando qualquer chance de enfrentá-lo, como fez quando se viram pela primeira vez.

Ela estava no limite e já não dava mais para ignorar ou esconder isso.

Reuniu palavras e se esforçou em encontrar voz para proferi-las, no entanto, falhou e infelizmente o que disse não passou de um sussurro aflito:

— Ainda-… ainda não posso ir. Preciso de mais tempo… você disse que me deixaria resolver todas as pendências-…

— Acalme-se. Não vou feri-la ou aos que ama enquanto cumprir sua parte. — ele disse em reflexo ao pavor que ela emanava por cada poro.

A voz grave e imponente estremeceu seus tímpanos e o medo percorreu cada centímetro de seu corpo, espalhando-se como uma praga. Prendeu um grito na garganta quando sentiu o toque de dedos quentes roçando sobre sua bochecha e fechou os olhos esperando algum golpe doloroso, mas nada veio, apenas uma breve, leve e sugestiva carícia.

— As coisas mudaram. Um dia. Um dia e voltarei para buscá-la. — ouviu e de repente sentiu a pele se arrepiar com a ausência do toque dele e a presença de uma leve brisa gelada.

Abriu os olhos e observou sua casa vazia novamente, tão escura quanto já foi algum dia.

[…]

NOTAS FINAIS:

O trecho em negrito e itálico no início do capítulo é da música Dream Scape – Yuki Kajiura.

Chūnin Senbatsu Shiken – Exames de Seleção Chūnin.

Genjutsu – Técnica ilusória.

Nukenin – Ninja fugitivo.

E a história vai se desenrolando…

Quero que percebam o quanto a Sakura amadureceu e, também, o quanto o Naruto amadureceu por ela.

Além disso, a presença do Sasuke na vida dela, mesmo que estejam distantes, e como ela vê Itachi agora, porque mais pra frente será muito relevante essas percepções.

Espero que tenham gostado! Comentem se quiserem, adoraria trocar ideias com vocês, como já disse, estou em território desconhecido rsrsrs

PRÓXIMO CAPÍTULO: Despedida.

DATA DE POSTAGEM: 18/05/2021 – Terça-feira.

Até a próxima!*~