Wired Wrong

By: Juuuubbs


Out of Reach

Aurelio Voltaire

"My heart's divided
Yes, surrender would be nice
To just lay down my sword and shield
By the flowers
But I know that you lie
In wait tonight"

Duas semanas haviam se passado nas quais ele tentava ao máximo evitar se comprometer com os planos de Kagura, passava mais tempo no trabalho do que queria, mas era algo que fazia com que ele se esquecesse um pouco de sua realidade no momento. Assim que Kagura havia voltado da festa de noivado, ele perdeu um pouco de sua coragem em fazer as mudanças que queria, pois sabia que acabaria por machucá-la. Sesshoumaru ainda se importava com ela, não era atoa que estavam noivos, mas a vida que ela queria já não era mais uma possibilidade para ele. Só de pensar em um futuro com ainda mais festas de gala, formalidade, evitar de se falar de certos assuntos, o faziam se sentir sufocado.

A vida dos dois eram feitas daquilo, não entendia como Kagura não queria fugir de tudo aquilo ou não entendia o porquê agora ele sentia como uma necessidade ter distância de tudo aquilo. Suspirou insatisfeito ao fechar o laptop em cima de sua mesa e olhou para o relógio na parede, Kagura já deveria estar irritada com ele, já que eram quase nove da noite em uma sexta e ele ainda não estava em casa. Lhe mandou uma mensagem com uma desculpa, falando para ela sair com seus amigos pois ele não sabia que horas chegaria em casa. Ficou encarando o céu escuro pela janela sem saber o que fazer ou para onde ir. Foi quando ouviu alguém bater na porta do seu escritório. Olhou de relance para seu celular com uma mensagem piscando: 'Não se preocupe, imaginei que estava ocupado. Espero que esteja tudo bem '

- Sabia que ia te encontrar aqui. – Ouviu a voz de Inuyasha, que havia aberto sua porta sem nem mesmo ter sido convidado. – Estou indo num bar se quiser ir comigo.

- Por que esta me convidando? – Sesshoumaru perguntou indiferente, não era normal Inuyasha lhe convidar para nada.

- Sangô esta preocupada com você e insistiu.

- E você tem medo dela. – Ele olhou para o meio-irmão zombeteiramente, recebendo em troca um olhar assassino. – Certo.

Se levantou e pegou seu casaco, nem mesmo dando chance para Inuyasha respondê-lo, não que estivesse esperando por alguma resposta do mais novo. Enquanto se encaminhavam para a saída do escritório, respondeu Kagura rapidamente, tentando assegura-la de que tudo estava bem. Sabia que o fim era inevitável, aquelas duas semanas começou a se afastar imperceptivelmente da noiva, que ainda assim percebia certa mudança e parecia bem afetada com tudo. Achava que estava fazendo a coisa certa, não só por ele, mas por ela também. Ela era nova e logo se reergueria e encontraria alguém que queria as mesmas coisas que ela.

- Para onde vamos? – Finalmente perguntou enquanto entravam em um taxi.

- Num bar da zona oeste. – Inuyasha respondeu irritadiço, Sesshoumaru percebeu que ele parecia um tanto quanto ansioso.

- Por que tão longe? – Abriu um imperceptível sorriso ao ver o irmão desconfortável.

- Uma garota que eu estou interessado vai tocar lá hoje.

- Não achei que fosse realmente se interessar por alguém tão rápido, principalmente depois do seu término com Kikyou.

- Meh, não é como se eu estivesse apaixonado por ela ou qualquer coisa do tipo. - Inuyasha revirou os olhos. – Mas ela me disse não um milhão de vezes, meu interesse é de tornar isso num sim, depois disso provavelmente vou partir pra outra.

- Nunca esperava ter um irmão tão romântico. – Sesshoumaru ironizou.

Seguiram o resto do caminho em silencio, desconfortáveis de estarem sozinhos um com o outro, já que geralmente precisavam de alguém para apaziguar seus ânimos. Ao saírem do taxi em frente ao bar, Sesshoumaru sentiu uma pontada de alivio ao ver Sangô os esperando na calçada. Ao menos não teria grandes discussões com Inuyasha naquela noite. Após rápidos cumprimentos, entraram no bar e Sesshoumaru sentiu o ar sendo chutado para fora de seus pulmões. Aqueles mesmos longos cabelos negors, agora penteados para o lado, deixando visível uma das laterais raspadas visíveis, o piercing no nariz, mas as tatuagens nos braços estavam cobertas. Ela se vestia como num cabaré gótico. Sabia que ela era estranha, mas não tanto assim.

- Enquanto o resto da banda se prepara, como sempre atrasados. – Ela falou após terminar de tocar uma música no violão, ele a percebeu olhando para o restante de pessoas arrumando equipamentos no palco. Sesshoumaru novamente ouviu a risada dela, mas era uma lembrança tão distante. – Vou cantar uma música do tipo de mulheres que o Miroku gosta.

Sangô encontrou uma mesa para eles, mas Sesshoumaru não conseguiu evitar um sorriso ao ver um rapaz alto no palco olhando para Rin irritado, principalmente quando ela começou a cantar sobre uma prostituta zumbi. Onde Inuyasha havia o levado e que tipo de garota estava fazendo seu irmão tão interessado para irem neste bar desconhecido, com pessoas vestidas no mesmo estilo decadente como as pessoas no palco.

-Não olhe pra mim, não fui eu que escolhi vir aqui. – Ouviu a voz de Sangô e em seguida a risada da mesma.

Logo pediram suas bebidas e uma porção para comerem enquanto viam o pequeno show de Rin com seu violão e letras cômicas, todas naquele mesmo estilo cabaré. Como nunca havia ouvido falar daquele lugar antes? Pela primeira vez em um mês sentiu como se realmente estivesse aproveitando algo, o ambiente, as pessoas estranhas e a voz de Rin. Foi quando ela o encarou e sorriu abertamente.

- Vocês se conhecem? – Ouviu a voz confusa de Inuyasha.

- É essa a garota que você está interessado? – Tentou forçar sua voz para o mesmo tom frio e distante que sempre usava.

- Não, é a que está com o violino ali atrás. Mas como conhece Rin?

- Ela apareceu na festa de noivado para falar com Bokuseno. – Sesshoumaru deu de ombros e se voltou para sua própria bebida, tentando se mostrar indiferente.

- A questão, Inuyasha, é como você conhece esse lugar e essas pessoas. – Ouviu Sangô perguntando divertida. – Esse não é seu tipo de cena, sabe? Geralmente ta indo em lugares caros com pessoas da elite.

Inuyasha sentiu-se ficar vermelho e revirou os olhos.

- Conheci Kagome umas semanas atrás num café, mas ela parecia uma pessoa mais normal.

- Ela me parece uma pessoa divertida. – Sangô sorriu animada. – Esse lugar é foda pra caramba, acho que nunca teríamos conhecido algo assim sem você.

Não era atoa que Sangô era uma de suas pessoas favoritas no mundo, mesmo sendo sua amiga de infância, suas realidades eram mais diferentes. Sangô era mais livre e se permitia bem mais do que Sesshoumaru e, até certo nível, Inuyasha. Sentia-se com sorte de ter uma amiga que o incentivava ao invés de julgá-lo, mas não se permitiu sorrir para a amiga, ela já esperava o seu costumeiro olhar distante.

- Olha só, depois de duas semanas ele finalmente voltou para mim. – Ouviu a voz de Rin novamente e notou que ela olhava diretamente para ele. – Mas acho que as coisas estão invertidas hoje, será que teremos que chamar os seguranças para expulsar um penetra? – Ouviu as pessoas no bar rindo, como se elas já soubessem da história.

Sentiu todos os olhares em cima de si e novamente se viu sem palavras. Apenas a olhou irritado, o que fez com que ela abrisse um sorriso ainda maior e lhe lançasse uma piscadela. Sentiu até mesmo os olhares curiosos de Sangô e Inuyasha sobre si, mas não conseguia desviar seu olhar de Rin, ela era um enigma fascinante. Logo a banda estava pronta para começar seu set de verdade, tentou não se surpreender ao ver Rin sentando-se com um violoncelo, sabia que ela era um mistério, mas não sabia que isso o atrairia tanto. Viu a garota que seu irmão estava interessado tocando o violino e rindo de algo que Rin falava. Logo Miroku, o rapaz que Rin havia feito algumas piadas estava tocando um violão acústico enquanto cantava.

Nem mesmo viu o tempo passar enquanto ouvia a música e conversava com Inuyasha e Sangô, nem mesmo se lembra dos temas da conversa, mas agradecia Inuyasha mentalmente a cada dez minutos por tê-lo convidado. Eram coisas deste tipo que Sesshoumaru sentia uma ânsia em fazer, o que provavelmente não fazia para não ter que ouvir reclamações de tantas pessoas da sua família. Mesmo com a fachada de sempre, Sesshoumaru estava se divertindo. Após quase duas horas, a banda no palco encerrou o set, dando espaço para uma banda diferente. Talvez seus breves encontros com Rin eram uma forma de lhe dizer que ele também era estranho e deveria se permitir pisar naquele mundo.

Após meia hora da nova banda estar tocando, Rin sentou-se a sua frente, pegando os três na mesa com certa surpresa. Ela sorria e parecia se divertir com o brilho chocado nos olhos de Sesshoumaru, pois ele ainda se controlava em não demonstrar qualquer indicação do que se passava em sua mente. Apenas retribuiu o olhar dela com certa frieza, o que nem mesmo chegou a abalar o firme sorriso que ela mantinha nos lábios.

- Tenho que fazer uma pergunta. – A voz dela trazia certa leveza. – Vocês estão na lista de convidados de Sesshoumaru? Não gostaria de vê-los sendo expulsos daqui.

- Vai falar sobre isso toda vez que nos vermos? – Ele respondeu sério.

- Nah, só achei que caia bem hoje. – Ela olhou para Sangô. – Prazer, meu nome é Rin.

- Sangô. – A morena sorriu de volta para Rin. – Vocês foram incríveis, espero que por estar associada com Sesshoumaru você não me expulse também.

- Nunca! – Ouviu a risada dela novamente e o sentimento de inquietação voltou. – Aliás, Inuyasha, se veio aqui atrás de Kagome, ela está meio escondida no bar.

Sem muitas palavras, Inuyasha se levantou e seguiu na mesma direção que ela apontou e sumiu pelo bar mal iluminado. Sesshoumaru não conseguiu conter um meio sorriso, para quem dizia que não estava sentindo grande coisa, Inuyasha nem mesmo conseguiu se conter na mesa. Mas seu sorriso morreu rapidamente, logo olhava para Sangô e Rin, que também pareciam olhar o caminho que o hanyou havia feito.

- Kagura não o acompanhou hoje? – Rin perguntou depois da longa pausa. – Se bem que este não é bem o tipo de lugar que ela frequenta.

- Como você conhece todos e eu nunca te conheci? – Sangô perguntou confusa.

- Eu estudei no mesmo internato com Kagura, Inuyasha eu conheci algumas semanas atrás quando estava com Kagome. – Rin pareceu pensar por alguns momentos. – Já Sesshoumaru foi quando entrei de penetra na festa de noivado e no dia seguinte tomamos café da manhã juntos. – Viu a irritação crescente nos olhos do youkai e sorriu divertida.

- Apenas uma coincidência. – Ele respondeu friamente.

- Bom, muitas colegas do internato foram convidadas para o casamento, mas não vi o seu nome na lista. – Sangô simplesmente ignorou o comentário de Sesshoumaru.

- Digamos que eu e Kagura não nos damos muito bem, mas acho que isso não importa realmente. – Ela olhou em volta. – Nós temos vidas bem diferentes e, sem ofensas, eu não me sinto bem nos tipos de festas que a Kagura geralmente dá. Os 5, 10 minutos que passei na festa de noivado já foi o sufocante o suficiente.

- Sei bem como se sente. Este tipo de lugar me parece bem melhor, mas sinto que estou bem mal-vestida.

- Relaxa, ninguém se importa muito com isso. Geralmente as noites tem um tema, a gente mesmo só toca aqui uma vez por mês. – Ela se aproximou um pouco mais de Sangô. – Ele é sempre tão calado assim?

- Ele leva um certo tempo pra se abrir com novas pessoas, mas já tomaram café da manhã juntos, então ele deveria estar agindo melhor.

Viu as duas mulheres rindo e sentiu que deveria sair daquele lugar. Realmente não se sentia confortável assim, principalmente quando parecia perder o dom da fala e das palavras acidas quando estava perto daquela estranha garota. Se levantou abruptamente e saiu do bar, por que havia ido ali e ficado? Especialmente quando viu Rin e a ouvir caçoando dele? Sabia que não estava se sentindo bem consigo mesmo, mas aquilo era muito fora da normalidade para ele, talvez a mudança que precisava fazer em sua vida não precisava ser tão intensa quanto aquela. E ainda assim não conseguia se mover para chamar um taxi e voltar para casa.

- Foi só uma piada. – Ouviu a voz dela ao seu lado. – Acho que dá pra ver por que não frequentamos os mesmos círculos.

- Não estou impactado pelas suas piadas. – Se decidiu em não olhar para ela, talvez assim fosse mais fácil.

- Mas está impactado com alguma coisa. – Conseguia até mesmo escutar ela abrindo um sorriso. – Não se preocupe, não é como se a gente fosse acabar se vendo constantemente, apenas pequenas coincidências.

- Como você consegue? – Sesshoumaru finalmente se virou para ela, a encarando com certa intensidade.

- Consigo o que?

- Se afastar da vida que tinha, da sua família, para... isso.

- Hm. – Rin pareceu pensar por alguns instantes. – Eu sempre soube o que queria e por mais que existam brigas e julgamentos pelas minhas escolhas, eu não conseguiria me submeter a uma vida infeliz pelo outros. Eu nunca fui a o projeto de socialite que meus pais queriam, eu até tentei por um tempo na escola, mas não era eu. Você acha que conseguiria mudar isso agora?

- O que quer dizer?

- Mudar quem você é, sua vida. Me perguntar algo assim quando nós mal nos conhecemos me parece que você tem essa vontade, mas talvez seja tarde demais para você. – Ela lhe lançou um olhar triste. – Acho que quando você constrói algo por tantos anos, não é fácil simplesmente destruir tudo.

- Não é o que pretendo fazer. – Ele desviou o olhar do dela.

- Se você quer um gostinho de um mundo diferente do teu, sabe, nós poderíamos tentar uma amizade. – Ela suspirou. – Mas apenas se isso não envolver Kagura, não suportaria estar em uma conversa com ela.

- Por que esse interesse em uma amizade comigo?

- Não sei. – Rin deu de ombros. – Eu gosto de desvendar mistérios e esse tipo caladão irritadiço esconde muitas coisas. Pense no caso.

Quando finalmente voltou seu olhar para Rin, ela já havia entrado no bar. Se permitiria tentar aquilo? Minutos atrás estava questionando o porquê estava ali e que deveria ir embora, mas não se sentia capaz de se afastar. Ter um vislumbre deste mundo que não lhe pertencia criava uma curiosidade que ele não conseguia se afastar. Logo estava entrando no bar novamente. Viu que Sangô estava ainda na mesma mesa, conversando com o cantor da banda, Sesshoumaru não sabia se deveria se aproximar, mas logo ela acenou para ele se juntar à ela.

Sangô e Miroku pareciam estar em uma leve conversa sobre o bar e o set que a banda fez, ela parecia ter a mesma curiosidade de Sesshoumaru, mas Sangô era bem mais aberta com suas perguntas. Quando o youkai se aproximou, Miroku mal conseguiu desviar seu olhar de Sangô pare cumprimentar Sesshoumaru, não que ele estivesse ansioso para conhecer o vocalista, mas achou interessante que os três haviam encontrado alguém do mundo oposto para conversar. Será que sem a rigidez de Sesshoumaru sua vida e, como consequência, a vida de Inuyasha e Sangô poderia ser um pouco mais livre? Talvez se aceitasse o convite de Rin, algumas coisas seriam mais fáceis.

- Então você é o cara se casando com Kagura? – Finalmente os olhos azuis de Miroku se voltaram para ele.

- A conhece também? – Sesshoumaru perguntou indiferente.

- Não pessoalmente, mas ouvi muitas histórias de Rin e Kagome ao longo dos anos.

- Pelo o que eu pude perceber as histórias não são muito boas. – A voz de Sangô parecia tão distantes.

- As pessoas mudam. – Ele sorriu. – Afinal, vocês não estariam aqui se elas não mudassem, certo?

- Certo. – Sesshoumaru respondeu, ignorando um olhar surpreendido da amiga. – Rin me contou que fazem um set aqui uma vez por mês, vocês geralmente tocam em outros bares?

- Nah, a gente toca aqui e geralmente em uns festivais, mas só se a gente tem tempo pra isso.

- Vocês nunca pensaram em tocar de uma forma mais profissional? – Sangô perguntou finalmente se voltando para o desconhecido a sua frente.

- A gente toca mais por diversão mesmo, pra gente isso é meio perfeito, porque geralmente estamos ocupados com outras coisas e não precisamos levar seriamente.

- Só os festivais que são sérios. – Rin surgiu novamente na mesa, pousando uma nova cerveja na frente de Sesshoumaru e Sangô.

- Que tipos de festivais? – O youkai perguntou antes de beber um gole da cerveja, recebendo em troca um sorriso dela.

- Não acho que seja a praia de vocês, mas tem geralmente um festival de steampunk que a gente sempre vai. – Ele pareceu meio desgostoso. – Eles são divertidos, mas temos toda uma preparação e treinamento antes.

- Treinamento? – Ouviu o tom confuso de Sangô.

- Ah sim. – Rin sorriu meio envergonhada. – Com todo o tema do steampunk a nossa banda se apresenta como automatos, é tipo um robô mas se eles fossem inventados durante a revolução industrial. Eu sei que parece bobo, mas os festivais são geralmente super legais e interessantes.

- Se tem algo que eu aprendi hoje, é que to perdendo muita coisa interessante nessa vida. – Sangô tocou o braço de Sesshoumaru sorrindo. – E você também.

- Me recuso a agradecer o Inuyasha por nos trazer aqui. – Recebeu de resposta a risada da amiga.

Passados alguns minutos em conversa, logo seus dois novos conhecidos se despediram para ir conversar com outras pessoas, mas percebeu que Rin havia deixado um guardanapo ao seu lado. O olhou momentaneamente e viu um pequeno recado escrito: 'Se tiver o interesse em uma pequena mudança na vida, meu convite está de pé' e tinha o número do celular dela. Mas ele sabia que não ligaria, sua rigidez era ainda extrema demais. Ao terminarem suas bebidas, se despediram de Inuyasha e se distanciaram do bar.

Voltaram em silencio para o apartamento de Sesshoumaru, Sangô estava acostumada a dormir no quarto de visitas quando saiam juntos, já que seu apartamento era geralmente mais longe. Ela sentia que desde que Sesshoumaru começou a sair com Kagura, ele tinha se distanciado um pouco dela, não sabia se era por conta do ciúmes de Kagura ou se algo mais estava acontecendo. Ao chegarem no apartamento, ele estava deserto, sem nenhum sinal de Kagura, o que trouxe a ambos um certo alívio.

- Vou perguntar de novo e espero que desta vez você seja honesto. – Ela falou seriamente após se sentar no sofá. – Você está bem?

- Sangô... – Ele começou incerto, logo se sentando na poltrona em frente a ela. – Não.

- Você quer conversar sobre isso ou prefere continuar fugindo?

- Não tem o que conversar. – Ele deu de ombros. – Só estou cansado da rotina e expectativas. Já não tenho mais tanta certeza se estou no caminho certo.

- Entendo. – Ela o olhou compreensiva, sabia que a conversa não era fácil para Sesshoumaru. – O que fez você mudar de ideia?

- Nada na realidade. Apenas percebi que nada mais me dava prazer, a ambição que me impulsionou para crescer na vida, a vontade de não depender das posses da minha família, acabou. Eu consegui o que queria, mas tudo parece estranhamente vazio.

- Bem pesado, mas quem controla a sua vida sempre foi você. Você decidiu não depender de ninguém, então se quer mudar, por que não? – Sangô olhou para a lateral e viu uma foto de Kagura com os amigos. – Ok, deve ser difícil perceber isso quando você está para casar com alguém que não estaria afim de mudanças.

- Exato. Kagura está feliz em como as coisas estão, se eu decidir perseguir o que quero, não acho que nosso relacionamento vai se sustentar.

- E você quer que se sustente? – Ela o olhou com certo pesar. – De uns tempos pra cá você não parece tão feliz assim ao lado dela. E eu sei que você é o Lord Sesshoumaru, senhor da frieza e impessoalidade, mas nos conhecemos a um bom tempo e eu sei quando você esta feliz.

Sesshoumaru abriu um meio sorriso para ela, ninguém o conhecia tão bem quanto ela. – Eu realmente não sei, Sangô. Estou com ela há três anos e não gostaria de machucá-la dessa forma. Preciso primeiro fazer uma decisão.

- Ao meu ver, você já a fez, mas não está pronto para agir.

Apenas conseguiu encará-la tristemente.


Nota da autora: A inspiração realmente bateu para esta história, a ideia de escrever veio enquanto eu trabalhava em alguns festivais com um foodtruck, fizemos alguns festivais de steampunk e decidi adicionar isso em uma história, já que teve um impacto tão grande na minha vida. Mesmo não trabalhando com festivais por mais de 4 anos agora, a saudade e paixão por isso nunca se foi.

Realmente espero que estejam gostando!

Beijos!