Número de palavras neste capítulo: 2,800


"Falando"

'Pensando'

–Serpentês–

{Conversando na chamada de Floo/pelo espelho de Dois Sentidos/pelo Patronus}

{Conversando mentalmente com Horcrux}

Pensamento no ponto de vista de terceira pessoa / Sonho / Memória / Flashback / Outros

Carta / Diário / Livro / Jornal

Mudança de horário / data ou hora

Mudança de Ponto de Vista


Capítulo I

–Conhecendo a Família–

Sexta-feira, 30 de Junho de 1967

PdV de CEP

Harry olhou para o Duende que apareceu à sua frente e depois sentiu o botão de transporte a levá-lo.

–C-T–

PdV de VBP

Ron olhou em silêncio para os Aurores, que tinham acabado de aparatar à frente dele e dos seus 'supostos' pais - ele realmente não precisava de ver os seus cadáveres, inferno! -, levou-o para o Hospital de St. Mungo e para um quarto. Quando, de repente, um corpo apareceu no meio da sala de entrada do hospital, os olhos de Ron cresceram. Era o Harry!

Ron libertou-se dos Aurores e imediatamente aproximou-se do seu amigo, ele estava inconsciente e, diabos, ele estava a sangrar e a tremer e magro e…

"Calma, está tudo bem!" Uma voz feminina disse ao seu ouvido enquanto braços o abraçavam vindo detrás, mantendo-o longe do seu amigo.

"Não… Harry…" tinha sido tão mau com a Hermione também? Ele tinha que saber, ele…

"Calma… você conhece o rapaz?" Ron acenou com a cabeça atordoado enquanto o amigo dele era levado. "Qual é o nome dele?"

"Harry. Harry P…" Ron respondeu, mas deteve-se antes de dizer o apelido do Harry… ele já não era Harry! Merda! "James…" Ron só esperava que a mulher pensasse que o deslize dele era de usar seu próprio 'apelido'.

"Não se preocupe, rapaz. O Mr James vai ficar bem. Vai ver."

"Não posso…" Ron engoliu o nó que de repente apareceu na sua garganta, inferno, supostamente tinha acabado de perder os seus pais e estava a preocupar-se mais com o seu amigo do que se tinha com eles… "Não posso perdê-lo também…" ele finalmente choramingou, porque o que mais ele poderia dizer?

"Calma, rapaz, ele vai ficar bem. Você verá. Agora vamos levá-lo para o seu quarto, sim?" Ron assentiu entorpecido e sentiu-se puxado. "Qual é o vosso nome?"

"Ron, Ronald Bilius Prewett." Murmurou, sentando-se na cama que a Curandeira o levou. "Posso partilhar um quarto com Harry quando ele parar de sangrar?" Perguntou.

A Curandeira sorriu calorosamente.

"Claro, Mr Prewett. Agora pode me dizer por que você foi enviado aqui? O que aconteceu?"

"Eu estava a sair com… com meu papá e minha mamã e… foi tudo muito rápido, de repente os Aurores trouxeram-me aqui." Ron disse com um encolher de ombros, porque - diabos - ele não estava com mente suficiente para inventar uma mentira boa o suficiente agora… não depois de ver Harry e ele tinha 7 anos de idade, ele poderia fingir trauma ou algo assim. Recuse-se a aceitar a morte dos seus pais… não importava, agora a sua prioridade era Harry. "Harry realmente vai ficar bem, certo? Ele não vai me deixar, vai?" Perguntou, esperando soar mais a sua idade, enquanto pedia à maldita Curandeira que fosse ver o bem-estar do Harry. Inferno, ele acabara de ver o seu melhor amigo quase morrendo na frente dele!

"Tenho certeza de que os meus colegas estão fazendo o melhor que podem enquanto falamos. O que pode me dizer sobre a vida do Mr James?"

Ron encolheu os ombros e puxou as pernas contra o peito, abraçando-as em cima da cama.

"Quero o Harry." Disse com um beicinho e recusou-se a responder a qualquer outra pergunta.

Tinha que ver o Harry e que bom ser um rapaz de 7 anos de idade faz se ele não poderia usar os privilégios?

Ron não olhou para cima quando um Feiticeiro, seu avô e o Lorde Prewett, entrou na sala e olhou para ele. Somente quando o homem apareceu, ele foi autorizado a ir para outro quarto e deitar em uma cama ao lado da de Harry. O rapaz estava a respirar, pelo que o Ron podia ver, mas além disso era praticamente impossível ver o outro por trás de todas aquelas ligaduras.

"Ronald?" Ron olhou para o seu avô. "Sabe quem sou?"

Ron acenou com a cabeça e rapidamente fez as contas mentalmente para saber qual o status familiar os dois supostamente compartilhavam.

Se o suposto pai do Ron era o tio da sua mamã, então o avô do Ron era o irmão do suposto pai do Ron…

"O Lorde Prewett, o meu tio Charon." Murmurou. "Papá estava sempre falando sobre você." Acrescentou antes de olhar novamente para Harry. "Que… o que aconteceu com Harry?" Perguntou.

"Os Curandeiros disseram que foi feito por facas Muggles e que até há marcas de um cinto nas costas dele." O seu avô respondeu e Ron virou-se para ele imediatamente.

O rejuvenescimento do Harry tinha feito isto… seus tios… sua família Muggle… os anos de maus-tratos… todos abertos ao mesmo tempo. Ron mordeu o lábio, poderia Harry saber que isso aconteceria?

"Você sabe o porquê, não sabe?" O avô dele perguntou.

"A sua família Muggle… eles odeiam o Harry pela sua… 'aberração'." Ron respondeu sinceramente, ele deveria ter sabido que isso era tão grave… Harry, seu idiota! Devias ter dito algo, qualquer coisa! "Ele não vai voltar para lá, pois não? Eles tentaram matá-lo!" Ron implorou virando-se para o seu avô, sabendo que eles tinham que fazer um teste de sangue para serem adoptados nas famílias para as quais o Duende os havia enviado.

Charon Prewett fez um som de hum e virou-se para a Curandeira que tinha falado com o Ron mais cedo naquela tarde, que aproximou-se e pegou um cabelo de Harry e o deixou cair em uma bacia que estava no canto, da bacia saiu um pequeno pergaminho.

"Você disse que o nome dele era Harry James?" Ela perguntou.

"Sim, S'nhora. Esse é o nome que os Muggles deram ao meu melhor amigo Muggle quando o acolheram quando ele era bebé, porquê?" Ele perguntou, e não era estranho para chamar Harry de Muggle?

"Bem, para começar, o Mr James não é Muggle. A sua magia o transportou para aqui e foi assim que conseguimos salvá-lo." Ron assentiu com os olhos arregalados, enquanto mentalmente tinha certeza de que era o trabalho do Duende. "Em segundo lugar, ele nunca teve um nome no Mundo de Feitiçaria, é como se lhe tivesse sido recusado a capacidade de ter um nome. Além disso, ele é um portador natural…"

Os olhos do Ron se arregalaram ainda mais – desta vez de verdade –, Harry era um portador natural também? Bem, pelo menos ele não seria condenado a vestir-se como uma rapariga sozinho…

"Um portador natural? O que é isso?"

"Ele pode engravidar."

Ron fez uma cara de 'você é louco' à Curandeira.

"Harry é um rapaz, S'nhora. Acredite em mim, eu o vi nu. Harry tem uma pila." Ron disse e assentiu como se quisesse mostrar seu ponto de vista. Certo, talvez ele estivesse se divertindo demasiado com esta coisa de ter 7 anos.

"Portadores naturais são meninos que podem engravidar quando são mais velhos, sem a necessidade de ajuda dos Curandeiros para engravidar." O avô Charon explicou. "Gostaria que o meu sobrinho também fizesse o teste. Tem que haver uma razão para o meu irmão tê-lo mantido escondido da família… de mim."

Ron franziu a testa para o homem, enquanto por dentro ele resmungou.

Desgraçado! Como ele poderia saber que o Ron era um portador natural? Havia algum tipo de coisa em seus sinais mágicos ou algo para ele sentir isso como o Lorde Prewett?

"Como quiser, Lorde Prewett." A Curandeira disse e aproximou-se do Ron, fazendo o teste. "Aqui está. Data de nascimento: 1 de Março de 1960. Mãe Black e pai Prewett. Nome: Ronald Bilius Prewett. Estatuto: portador natural."

"Vê! O meu nome é Ronald Bilius Prewett como eu disse!" Ron com uma voz infantil disse amuado. Ele estava tao feliz que o Harry estava a dormir de momento, o outro nunca o deixaria esquecer isto se o visse…

"Não por muito tempo." O seu Avô argumentou friamente. "Miss Longbottom, se não se importar trazer-me os papeis para eu poder mudar o nome?"

"Ma…" Ron começou, mas sabia melhor que argumentar contra porque o seu Avô já lhe tinha olhado com o famoso olhar zangado da Mamã.

"E a que família pertence o 'Mr James'?"

"Pai Peverell – embora a família é famosa for estar extinta à gerações – e mãe Malfoy." A Curandeira, Miss Longbottom, respondeu. Agora que Ron olhou melhor, ela era parecida com o Neville. Ela devia ser irmã do Frank Longbottom, tia do Neville. Ele lembrava-se de a Mamã dizer algo sobre ela, só não se lembrava o quê. E, RAIOS, Harry iria ser um Malfoy? UM MALFOY? Porque tinha que ser Malfoy? Porque é que o Cepatorta que era o antepassado de Lily Potter havia sido um Malfoy?

"Entre em contacto com o Lorde Malfoy mesmo assim. Tenho a certeza de que ele saberá quem o menino é." O seu Avô disse e a Curandeira acenou, antes de sair.

Ron cruzou os braços sobre o seu peito enquanto olhava para o homem que a sua Mamã nunca o tinha deixado conhecer, algo sobre como os dois tinham tido um desentendimento. Ron questionou-se se tinha algo a ver com ele ser um portador natural…

–C-T–

Ron abriu os seus olhos para ver um homem loiro entrar o quarto que ele e o Harry partilhavam. O seu Avô levantou-se da cadeira que ele tinha estado sentado diante de uma secretária, onde ele preenchia o nome feminino do Ron.

Com sorte Ron tinha conseguido convencê-lo a 'manter' os nomes que o Duende tinha proposto anteriormente, porque raios se o Ron iria usar nomes femininos então ao menos ele iria manter nomes que ele poderia alcunhar de Ron!

"Lorde Abraxas." Charon disse com uma voz restrita.

"Lorde Charon." O outro disse com uma voz restrita também.

"Harry James, como está habituado a ser chamado, é o que tem ligaduras ali." O seu Avô disse apontado para a forma do Harry a dormir. Lorde Abraxas acenou e aproximou-se do Harry, olhando para o rapaz. "Ele foi maltratado por Muggles."

Lorde Abraxas olhou de volta imediatamente.

"Tem a certeza?"

Ron fechou os olhos quando o seu avô apontou para ele.

"O meu sobrinho, filho do Ignatius, conhece-o. Aparentemente são amigos… melhores amigos, até. Para além disso, o Jovem James aparentemente nem sequer sabe o que é magia. Segundo o meu sobrinho a sua 'família' maltratava-o pela sua esquisitice."

"Estou a ver…"

"Abraxas, quem é ele?"

Ron ouviu um som de escárnio e tinha a certeza de que o som tinha vindo do Abraxas Malfoy.

"Não tem nada a haver consigo, Lorde Charon." O Feiticeiro bufou.

"Fui eu que disse à Curandeira para vos contactar em vez de enviar o menino de volta para a família Muggle. O meu sobrinho recusa-se a deixar o lado do menino, por isso não me diga que não tem nada a haver comigo."

Houve um momento de silencio em que o Ron teve a certeza de que o Malfoy está a ponderar as suas opções.

"Tenho a certeza que se lembra da minha irmã… você quebrou o noivado com ela, afinal… e por uma Dagwood, no final de contas." A voz bufou enojado.

Ron teve que conter o seu suspiro de espanto. Então era daí que tinha vindo a disputa familiar…

"Sim, eu lembro-me da Amphitrite." O seu avô respondeu calmamente, não deixando o bufar do Malfoy afetá-lo.

"Ela teve uma criança bastarda á sete anos atrás… o meu Pai disse-me que ele matou a coisa à nascença e tanto a minha mulher e a minha irmã foram informadas que ele morreu à nascença… obviamente, o meu Pai não sabia que o menino seria o Herdeiro Peverell ou que o seu pai era herdeiro da Família Peverell ou ele teria casado a minha irmã com ele imediatamente em vez de…" Malfoy calou-se, mas o avô de Ron fez um som de hum.

"Sim, eu ouvi como o amigo da Amphitrite morreu de forma… acidental. Isto quer dizer que vai ficar com o menino, então. Ele é herdeiro de uma família há muito esquecida."

Malfoy bufou.

"É claro, eu seria estupido se não o fizesse."

"Então deixe-me lembrar-lhe que o menino é um portador natural." Charon disse. "E se ele for tao teimoso como o meu sobrinho é; então é melhor você arranjar um nome feminino que o deixe manter o seu nome antigo como alcunha."

–C-T–

Terça-feira, 25 de Julho de 1967

PdV de CEP

Ron colocou as pecas de xadrez diante dele e do Harry, tendo a certeza que as punha no sítio certo.

"Então eu disse à Curandeira que tinha febre esta manhã."

Harry sorriu divertido, eles já tinham tirado as ligaduras da cara dele, mas a maioria do seu peito, costas e braços ainda estavam escondidos.

"Outra doença misteriosa?" Perguntou divertido e fragilmente moveu o seu braço para mover a peça de peão. "Quantas mais vais inventar até os Curandeiros perceberem que estás a mentir?"

Ron deixou um riso silencioso e mexeu a sua própria peça com a sua mão. Eles poderiam usar a versão magica, mas os Curandeiros disseram que era bom para os músculos de Harry se ele se mexer, por isso…

"Bem, tu sabes… eles podem ser mesmo cegos quando querem ser…" acrescentou conspiratoriamente.

"Vais ter que ir para a casa do teu 'Tio' um dia eventualmente, sabes? Não podes evitá-lo para sempre."

Ron encolheu os ombros.

"Quase te vi morrer perante os meus olhos, Amigo. Não vou deixar-te tao cedo."

Harry suspirou.

"Desculpa, Ron. Eu sinto mesmo por tu teres que me ver daquela forma."

Ron acenou.

"Sei que estás arrependido. Enviei uma carta à 'Mégara' enquanto estavas em coma induzido nos primeiros dias. Ela finalmente respondeu há algumas horas enquanto dormias e está tão preocupada quanto eu quando te vi cair perante mim."

"Não devias ter-lhe dito." Harry argumentou. Como poderia explicar à Hermione o que acontecera? "Não devias tê-la contactado!"

"Não te preocupes. Eu sei que não devia, mas ela iria descobrir eventualmente pela família Black. São amigos dos Malfoys, lembras-te? Melhor por mim do que a 'família' dela. Para além disso… eu tinha que lhe dizer quem nós somos."

Harry fez um som de hum, olhou para o tabuleiro de xadrez e mexeu-se para mover uma das peças.

"Eu não faria isso se fosse a ti." Os dois rapazes ficaram tensos e olharam na direção da porta onde viram uma Bruxa loira com cabelo encaracolado, manto azul-escuro com verde nas extremidades e no cinto, em vez do habitual chapéu pontiagudo de feiticeiro ela tinha um chapéu francês em azul-escuro com uma tala em verde. Os olhos verdes brilharam divertidos, um grande sorriso na sua cara. "Ei, Rapazes. Assustei-os?"

"Não, S'nhora." Ron e Harry disseram imediatamente e a Bruxa entrou, puxou de uma cadeira e sentou-se ao lado deles.

"Ouvi dizer que está com febre, Veronique." A Bruxa adicionou com um olhar penetrante para o Ron, que nem sequer fingiu estar doente. "Deverei dizer à Curandeira que se sente melhor?"

"Não, S'nhora." Ron suplicou. "Quero ficar com o meu amigo."

A Bruxa acenou e virou-se na direção do Harry, que olhou para ela incerto. Nunca sabia como reagir perante ela.

"Oi, Kari. Não devias mexer o teu peão. Está a proteger a tua rainha. Em vez disso, mexe o teu cavalo."

"Ei!" Ron argumentou. "Porque está a ajudá-lo a ele? Nunca ninguém me ajuda."

"Porquê? Talvez porque você sabe como jogar? E talvez porque sou a mãe dele?" A Bruxa disse divertida. "Mas não se preocupe eu lhe ajudarei também se precisar de mim." Adicionou.

E Ron fez beicinho, cruzando os braços. Harry quase se riu da figura se não fosse o caso que a Amphitrite Malfoy tinha acabado de dizer a palavra número um que sempre fazia o seu mundo inteiro tremer. Mãe… ele sempre tinha querido uma e agora que ele podia ter uma… não sabia o que fazer com ela.

"Queres que eu te vá buscar algo, Querido?" Amphitrite perguntou a Harry quando ele não conseguiu desviar os olhos dela.

Harry corou e baixou a cabeça, mexeu o seu cavalo e fez um som arranhado com a sua garganta.

"Sim… posso ter um copo de sumo? A minha garganta está um pouco arranhada."

Amphitrite levantou-se com um sorriso e beijou o topo da cabeça do Harry.

"Mas é claro, Querido. Quer um copo e um prato com bolachas também, Ronnie?" A Bruxa perguntou, virando-se para o Ron que acenou. "Volto imediatamente, então." Ela disse e saiu do quarto de hospital.

"Ela não é má, sabes?" Ron comentou. "Isto é, para uma Malfoy. Ela é melhor do que pensei que ela fosse."

(Continua)