Parte 2: O Que Mais Importa
"Enfim, chegamos." Anunciou Mihoshi ao estacionar o carro perto do salão onde se realizava o baile de primavera da escola, uma vez que o ginásio tinha sido fechado para limpeza. Kiyone foi a primeira a deixar o veículo, indo abrir a porta pra Mihoshi.
"Muito gentil, Kiyone, mas do que sei, é quem dirige que deve abrir a porta."
"Façamos uma exceção hoje. É minha forma de gratidão por me ensinar a me maquiar. Me dá a honra?" Kiyone lhe ofereceu o braço em acompanhamento. A loira sorriu e aceitou, ajeitando a cabeça de modo suave no ombro da amiga. "Está incômodo?'
"Oh, não, não. Está bem assim." A moça de cabelo esverdeado pareceu um pouco sem jeito, mas deixou assim mesmo, conduzindo-a até a entrada.
O salão tinha um brilho intenso de cores e luzes combinadas pela decoração luxuosa, balões e enfeites multicoloridos, tornando um tanto difícil qualquer sinal de escuro. O som era agitado mas suave, ao passo que vários casais iam no ritmo da música e diversos convidados só conversavam ou degustavam o buffet.
Mihoshi e Kiyone buscavam não dar atenção aos olhares e cochichos dos demais, ainda que não fossem o único casal feminino da festa, contudo não podiam evitar certas conversas entoadas de modo bem baixo.
"Estão vendo? Mihoshi e Kiyone juntas."
"Kiyone até ficou bem de vestido, embora ela pareça mais moleca."
"Quem imaginaria Mihoshi tão elegante? Parece uma modelo."
"Não pensei nunca que as duas viriam juntas."
"Na real, até que as duas estão uma graça."
"Ei, criançada. Vão parando com a conversa fiada e deixem elas. Afinal, não são as únicas garotas que vieram num par, estou certa?" Avisou a professora que coordenava o baile.
"Não pensei que ia ser assim. Mihoshi, você quer ir embora?"
"Ah, Kiyone. Acabamos de chegar. Não vamos nos incomodar com o papo furado deles. No mínimo, estão com inveja por não terem uma mulher tão linda como você como par."
"Você me acha...linda? Sinceramente?"
"Sempre te achei, só precisava se tratar. Quando precisar, pode me pedir."
"Está bem. Escuta, Mihoshi. A música...é tão bonita, tão relaxante."
"Sim. Gosto de música de dança clássica. Daquelas que dá vontade de dançar a noite inteira."
"Sobre isso, Mihoshi, por acaso... gostaria de, bem...o que quero pedir é...se quer...?"
"Eu aceito. Vamos?" E seguindo para a pista, Kiyone e Mihoshi foram dando os primeiros passos da dança conforme a música as tomava. Era como se naquele instante, o mundo ao redor delas não estivesse presente e fossem deixadas a sós. Kiyone se impressionara da maneira que a sua companheira acompanhava o ritmo.
"Sabe que dança muito bem?" "Ora, alguma habilidade eu devia ter, uma vez que sou um desastre ambulante capaz de estragar tudo ao menor raspão. Não estranharia se você de repente decidisse me deixar agora. Sei como sou desajeitada e uma mala."
"Mihoshi, por favor. Não fale assim. Estou ciente de como causa certos infortúnios, mas é a menina mais meiga e doce que já conheci. Basta aparecer e pronto, o ambiente é tomado pela alegria e amor. Não entendo como os rapazes não reparam na sua doçura."
"Nunca me dei bem com rapazes, se for pra namorar. Talvez namoro não seja para mim." Mihoshi sentiu-se meio pra baixo na hora, porém Kiyone lhe segurou o queixo.
"Tenha fé, meu bem. Sei que tem alguém que gosta de você por você. Aposto meu jogo de chá de brinquedo até hoje guardado nisso."
"Obrigada, Kiyone, por me animar. Por isso é minha melhor amiga. Quer dançar um pouco mais?" A moça de verde afirmou e se pôs a dançar mais uns minutos sob o olhar dos presentes, dos quais a maioria parou para ver o belo casal feminino bailar.
Kiyone tinha ido ao banheiro se maquiar enquanto Mihoshi batia um papo com alguns colegas. Kiyone se sentia uma mulher realizada, pois tudo ia bem naquela noite e acabou descobrindo mais sobre Mihoshi do que achava saber. Para dizer a verdade, percebia que gostava dela mais do que só uma amiga. Foi como um casulo recém-aberto da onde saiu uma borboleta e imaginava a loira bronzeada como essa borboleta.
"Vi algo em Mihoshi que nunca tinha reparado e, meu Deus, como ela é linda em todos os sentidos. Será que estou...? Se sim, será que ela pensa igual? Espero. Já decidi. Vou contar pra ela como me sinto por ela e esperar..."
"Vamos logo. Não percamos tempo." Kiyone tinha toda a razão de reconhecer essa voz. Era Nanami. Não desejando estragar sua noite, correu pra uma das cabines, pegou um cartaz de 'interditado' ali presente e o pôs na porta, fechando-se imediatamente. Tratou de subir no vaso sanitário para não ser encontrada. No instante posterior, Nanami e seu grupo entraram.
"Certo, meninas. A isca foi atraída. Já estão com tudo em ordem?"
"Pode crer, Nanami. A urna de votos foi arrumada e a armadilha, pronta pra cair."
"Quisera ter outra maneira. Até que foi legal Kazuya Mishima e Jun Kazama terem sido eleitos os vencedores. Claro, naturalmente votei em você, Nanami."
"Um pequeno sacrifício, mas valerá se o prêmio for o maior de todos os trote já feito. Rio só de imaginar. Ho, ho, ho, ho, ho."
"E achei uma boa escolher um trote tão clássico dos filmes. Pois um verdadeiro clássico nunca sai de moda."
"Por essa razão que optei por ele."
"Mas me tira uma dúvida. Como fará com a Makibi? Vai convidá-la mesmo pro nosso círculo?"
"Tá pensando o quê? Nem morta uma neurótica do tipo dela entraria na nossa classe exclusiva. O que temos aqui são privilegiados e só."
"E se ela decidir contar?"
"Não tenha esperança nisso, pois caso ela dê com a língua nos dentes, a amiguinha lesada dela vai descobrir como sua 'melhor amiga' a vendeu por popularidade. E falando nisso..." Nanami olhou para seu relógio. "Está quase na hora. Vamos, garotas. Logo, logo uma certa loira vai virar a maior chacota do mundo. Ho, ho, ho, ho, ho." Finalizando o assunto, as moças saíram para preparar seu horrível esquema. Deixando a segurança de seu esconderijo, Kiyone parecia em ponto de vomitar.
"Minha nossa senhora. Onde fui amarrar o meu burro. Elas nunca iam me deixar ser uma delas. Como pude ser tão cega? E Mihoshi, em que situação a expus? Preciso tirá-la logo daqui." Sem esperar por nada, a moça de longa cabelo verde disparou para fora do banheiro.
Indo por todo canto do salão, esbarrando em vários dos frequentadores da festa, Kiyone ia desesperada na busca por sua amiga de infância, antes que fosse tarde demais. Enfim, a encontrou na mesa do buffet.
"Mihoshi. Graças que te encontrei."
"Ou, Kiyone. Fiquei te esperando. Fiz um prato de comida para você." Mihoshi mostrou o prato cheio de doces e salgados para sua companheira.
"Sim, muito amável de sua parte, me bem, mas temo que precisemos sair agora." Kiyone lhe tomou a mão.
"Mas por quê? Fiz algo mau?"
"Não, não fez nada de ruim. Eu explico no carro, vem depressa."
"Atenção todos os alunos e professores. Está na hora de anunciar o rei e a rainha do baile." Avisou uma mulher em cima do palco principal.
"Ei, Kiyone. Vão anunciar os vencedores. Vamos ouvir." "Mihoshi, não há tempo. Procure entender..."
"E o casal vencedor foi..." Quando viu quem ganhou, a anunciante pareceu ter perdido a voz de susto. "Uau. O casal ganhador é dos mais incomuns, mas como foi votação unânime, recebam...MIHOSHI KURAMITSU E KIYONE MAKIBI."
Os holofotes foram direcionados para as duas garotas, expostas como mostruários de lojas. Mihoshi mal continha a emoção.
"EBA. NÓS GANHAMOS. GANHAMOS. NEM ACREDITO." Mihoshi abraçava Kiyone tão forte que levou algum tempo em perceber como sua amiga estava com a cara roxa por falta de ar. "Oh. Desculpa, Kiyone. Foi a emoção."
"Err, sim, claro, mas, Mihoshi..." Nem houve como falar nada, pois uma multidão arrastou as vencedoras até o palco para serem coroadas. Kiyone buscava se soltar em vão, ao passo que Mihoshi ria e jogava beijos para o público.
"Caramba, gente. Tinha toda convicção da sua vitória, Kazuya, e da Jun. Não acha, Kaz?"
"Pois é, Paul, mas o que se fazer? Jun, lamento não termos vencido."
"Não tem importância, Kazuya. Com você, sinto-me como uma vencedora e além isso, tem o próximo ano." A garota se aconchegou no peito do namorado, feliz por aquela presença tão doce e terna.
Mihoshi e Kiyone subiram ao palco, onde foram recebidas pela anfitriã que as presenteou com as coroas, as faixas e os cetros. "Minhas congratulações, meninas. Preciso dizer que essa é inédita. Digo, sei que temos presente várias garotas em pares hoje, mas não imaginei que um desses pares venceriam."
"Devo contar como estou impressionada com o resultado, e também muito feliz." Mihoshi ia falando bem animada. "Quero agradecer por todos que tornaram isso possível, especialmente os de mente aberta sobre não enxergar barreiras em mostrar que gostam de alguém, e agradecer também a minha mais querida amiga neste mundo, Kiyone, por ter vindo comigo quando outros se negaram..."
Mihoshi via-se muito entusiasmada pela atenção que nem percebeu o nervosismo a qual Kiyone exaltava em silêncio. Olhando para cada canto do salão e em meio ao público, ia na busca de Nanami e suas colegas malvadas, buscando por um jeito de detê-las ou de poder escapar com Mihoshi antes do trote.
"Onde será que estão? O que pretendem aprontar? Tenho que pensar: falaram de uma peça clássica vista num filme e que fraudaram a urna, nos querendo bem aqui. Não sou de ver muitos filmes, mas estou certa de ter visto algo parecido com isso em um, mas qual será? Pensa, pensa, cabeça."
De repente, a moça notou uma pequena umidade caída em seu ombro exposto, notando pelo cheiro ser tinta de parede. Ao olhar para cima, percebeu ter algo equilibrado, aparentemente um balde cheio sobre uma barra bem acima e preso a uma corda, como se preparada para ser puxada. Verificando a declinação da corda, voltou-se para o lado esquerdo e bem no fundo, as colegas de Nanami prontas para puxar o balde.
"Estão em posição?"
"Atentas e prontas."
"Basta falar, Nanami."
"Então...PUXEM." O balde foi puxado, mas não caiu de imediato, parecendo ter travado, porém ele logo foi caindo.
Com a rapidez de um relâmpago, Kiyone saltou sobre Mihoshi e a apresentadora, jogando-se com elas em meio à multidão, no exato momento em que o balde caiu no palco, o impregnando de tinta verde escura.
"Vocês estão bem?" Perguntou um dos professores às três fugitivas da arapuca manchadora.
"Eu estou. Essa foi por um triz. Kiyone, ótimos reflexos."
"Obrigada, professora. Mihoshi, como está?" A jovem de pele escura apenas sorriu diante da amiga, pondo os braços em volta de seu pescoço e ninando a cabeça em seu ombro carinhosamente. Kiyone sentiu o afago e o afeto daquela presença em seu coração, mas tinha algo que precisava ser feito.
"Professora, professor. Isso não foi acidente, mas uma maldade proposital e ali estão as bandidas." A moça de cabelo verde apontou pro lado oposto, onde as conspiradoras foram vistas e tentaram escapulir, mas acabaram cercadas e pegas por alguns dos alunos liderados por Kazuya Mishima e Jun Kazama.
"Que estão fazendo? Exijo que nos soltem." Ordenava Nanami ao se debater nos braços de Paul.
"Não está em posição de exigir nada, ainda mais por ter tirado de Jun a chance de ser a rainha." Kazuya segurou sua garota com firmeza mas com jeito carinhoso. O grupo se ajuntou e levou as garotas à presença dos professores, bem mal humorados pela piada de mau gosto.
"Mocinhas, estão bem encrencadas." Avisou o professor, escoltando as valentonas para fora do salão.
Por causa da brincadeira de Nanami, o baile teve que ser encerrado. Claro que os frequentadores não ficaram nada contentes pela atitude das brincalhonas, as quais irão passar por maus lençóis pelo resto do ano, se tiverem a sorte de não serem expulsas.
Todos já tinham deixado o salão e voltado para casa, porém Mihoshi ainda não tinha se retirado, uma vez que foi procurar por Kiyone, desaparecida após o término da festa. Não demorou muito para a loira bronzeada achar sua acompanhante sentada numa praça próxima, parecendo meio cabisbaixa. Mihoshi sentou no mesmo banco que ela.
"Ei, Kiyone. Andei por toda parte te buscando. Aconteceu algo?" Mihoshi notou um certo avermelhado nos olhos de Kiyone, parecendo que tinha chorado. "Esteve chorando?"
"Hã? Não é nada, Mihoshi. Só...uma irritação nos olhos, só."
"Eu tenho colírio aqui na bolsa. Quer um pouco?"
"Não, obrigada. Mihoshi, eu...eu..." A jovem de cabelo verde contemplou sua inocente amiga mostrando sua preocupação. Sem poder se conter mais, caiu perante ela e abraçou, chorando intensamente. "Buááááá. Mihoshi, minha querida. Me perdoe."
"Kiyone. Mas o que se...?" "Fui eu. A culpa foi minha. Você foi colocada em risco por minha causa."
"Eu...eu não compreendo." "Mihoshi. Por causa do meu egoísmo, por um triz não acabou vítima de um trote horrível. A Nanami e as amigas delas me ofereceram uma chance de ser uma popular como elas e para isso...tinha que te colocar de alvo para aquele truque do balde." Mihoshi a encarou um tanto apavorada.
"Como é? Kiyone, então você desejava...me ferir?"
"Mas me arrependi, eu juro. Eu me arrependi. Quando vasculhava meu armário, encontrei o álbum de fotos com nós duas e todos os momentos lindos e maravilhosos que vivenciamos. Eu já tinha cogitado não mais aceitar a proposta, contudo o álbum surgiu como um sinal de Deus me alertando do grande mal que ia realizar e daí, desisti. Quando falei no telefone sobre não irmos, eu queria impedir de você terminar vítima daquela pegadinha cruel. Viemos porque você pensou que te achava um problema na minha vida, mas no fim, eu fui o problema. Depois de saber que não tinham intenção de me convidar pro grupo delas e o que iam te aprontar, tentei te levar embora, mas veio a escolha do rei e rainha do baile, a qual elas fraudaram. Não ia deixar de jeito nenhum que te fizessem nada, principalmente porque...eu gosto de você. Mais que uma melhor amiga ou uma irmã, Mihoshi, meu amor, juro que gosto de você, mais do que qualquer outra pessoa deste mundo."
Terminado de falar, Kiyone se virou e apoiou-se no encosto do banco, derramando lágrimas sem parar. Percebia-se o amargo e desespero em seu choro. Nem tinha como encarar a loira, esperando que ela iria se levantar e se retirar. Em vez disso, um lenço lhe foi estendido. Olhando para o tecido bordado, viu em seguida a face alegre de sua amiga.
"Mi-Mihoshi? Ainda está aí? Pensei que...?" Sem aviso algum, Kiyone se viu nos braços de Mihoshi, sorrindo de modo doce e terno como ninguém mais o fazia. "Eu te perdoo."
"Me...perdoa? Mihoshi, como pode me perdoar...sendo que tentei te machucar com meu egoísmo?"
"Você não é egoísta. É a pessoa mais gentil, compreensiva e altruísta que conheço. Claro, você foi tentada à fazer algo de ruim, mas no final, se arrependeu e deu razão à sua consciência."
"Mihoshi. Você é única, sabia? Me perdoando sabendo que podia ter terminado mal. Não mereço tanta gentileza."
"De mim, sim, pois quem ama de coração sabe perdoar, e eu amo você." Kiyone sentiu o aconchego dos braços de sua companheira, acalentando-a como uma mãe fazia à um bebê. Em seus pensamentos, só tinha uma coisa ressonando: ter conhecido Mihoshi foi a maior benção de sua vida.
"Mihoshi, meu anjo. Estaria perdida sem você. Nunca poderei retribuir tudo que fez por mim, mas se quiser me pedir algo, pode falar. Farei tudo de coração, eu prometo."
"Kiyone. Não tem que me dever nada, porém...posso te pedir duas coisas?" "Até mais que duas. Peça o que desejar."
"Certo. A primeira é..." Mihoshi pegou seu celular e acessou a pasta de músicas, ligando em uma iniciada com um som de piano. A loira tomou a mão da garota de cabelo esverdeado, pondo-se em pose de dança. "uma última dança antes de voltarmos para casa. Gosta de 'Balada para Adeline'?"
"Se gosto? É a minha preferida. Lembro que dançamos essa no aniversário da minha avó. Ela ficou tão contente quando nos viu dançando."
"Ah, eu me recordo. Ela disse brincando que éramos o casalzinho mais fofinho que tinha conhecido e admito, ela tinha razão. Me dá a honra?"
Kiyone sorriu e tomou a mão da companheira, guiando-a passo por passo ao som da música de piano. Ambas bailavam com tanta suavidade e graça que sentiam-se como dançando entres as nuvens e as estrelas. Era um momento mágico que as envolvia como que focadas no mais puro amor que só os apaixonados podiam perceber.
"Mihoshi. Sem querer interromper, mas me pediu um segundo favor, não foi?" "Err...bem, claro, mas tenho um pouco de vergonha de pedir." "Não se envergonhe. Pode dizer."
Embora um pouco hesitante, Mihoshi se encostou em seu ouvido e sussurrou algo. Kiyone pareceu encabulada como pedido, entretanto tinha prometido à sua amada e decidiu manter-se firme com a palavra. Tirando a insegurança da mente, buscou se concentrar naquele instante de alegria e descontração por poder dançar com quem mais amava.
Continua...
A armação do balde de tinta é uma das cenas mais clássicas dos filmes de Carrie A Estranha e me achou apropriado usar essa cena.
Como necessitava de uns coadjuvantes pra esse capítulo, me ocorreu que Tekken seria uma boa. Ainda espero pelo dia em que farão o jogo onde Kazuya se livrará da maldição da família Mishima e se casar com Jun.
Balada para Adeline é uma da mais belas músicas de piano já compostas e achei que seria perfeita para a dança de Kiyone e Mihoshi.
