Aviso legal: Nada disso me pertence

CAPÍTULO 3 - Reminiscências da terra de ninguém

- Doeu muito? – Alfred perguntou a Helena logo depois que a enfermeira terminou de tirar-lhe uma amostra de sangue de uma veia no braço. Estavam no quarto onde Alfred havia instalado a menina e já passara da hora do almoço, Helena havia acordado há pouco.

- É só uma agulha, Alfred.

- Você é uma menina muito corajosa. - Alfred disse tocando o nariz da menina.

- Mas por que preciso fazer exame de sangue?

- Eu só quero saber se você está bem. – Alfred mentiu.

- Eu não estou doente. Minha mãe que está. Quando vou poder ver ela?

- Em breve. – O mordomo disse após assinar alguns papéis que a enfermeira lhe deu. - Eu vou acompanhar a Srta. Néri até a saída. Volto logo.

Dessa forma, Alfred desceu as escadas junto com a enfermeira, levando-a até a saída da mansão. Mal havia fechado a porta após a enfermeira sair, o mordomo ouviu o alarme da garagem que informava que Bruce estava em casa.

Alfred encaminhou-se para a garagem, onde sabia que seu patrão estaria.

- Boa tarde, patrão Bruce. – Cumprimentou ao visualizar o homem que ainda usava roupas de viagem e digitava algo no celular.

- Boa tarde, Alfred. – Bruce disse sem olhá-lo.

- Está de volta tão cedo... – Alfred comentou sem saber por onde começaria o que tinha de contar.

- Já faz um dia que saí. – Bruce falou quando levantou a cabeça para olhar o mordomo. – Queria saber onde você levou a filha de Selina...

Alfred teve um sobressalto.

- Sei que você tirou a filha dela do orfanato...

- Sim, eu tirei..., mas como... como o senhor sabe...? – o mordomo indagou surpreso.

- Longa história, Alfred. Onde ela está?

- Aqui.

Bruce e o mordomo olharam para a entrada que ligava a garagem à mansão. Uma menina magricela e vestida de preto os encarava.

- Mas que garagem do caralho! – a menina disse aproximando-se dos dois enquanto olhava em volta, Bruce a olhava boquiaberto.

- Olha o linguajar, mocinha. – Alfred a repreendeu, mais por hábito do que por qualquer coisa.

- E o senhor, quem é? – Helena perguntou agora bem perto de Bruce, olhando de cima a abaixo. O príncipe de Gotham permanecia mudo.

- Ele é o Sr. Wayne, o dono da casa.

- Ah, o senhor era amigo da minha mãe? – ela disse olhando bem para Bruce, como se o inspecionasse.

- E-era. – Bruce conseguiu verbalizar.

- O senhor é rico, heim? – Helena disse com um assobio enquanto olhava em volta para os vários carros estacionados. – Minha mãe não gosta de gente rica... - continuou a falar enquanto andava para longe de Bruce e se aproximava de um dos imponentes carros que estavam ali perto. – Mas ela disse que eu podia confiar no Alfred, - continuou enquanto tocava no carro - então acho que posso confiar em no senhor também, não é?

- C-claro que pode. – Bruce disse seguindo a menina que, em um único movimento rápido e gracioso, subira no capô de um dos carros e sentara-se nele.

- Você não deveria subir aí, mocinha. Pode ser perigoso, não é lugar pra brincar. – Alfred apressou-se em dizer.

- Tudo bem, Alfred. – Helena retrucou. – Eu já estive em lugares mais altos...

- Mas você não deveria estar ai, Selina.

Helena e Bruce olharam rapidamente para Alfred, que se calou agitado.

- Meu nome é Helena. – a menina disse já descendo do carro. – E eu só lhe segui por que estava com fome. – explicou- Tirar todo aquele sangue me deixou meio tonta... e não tive nem café da manhã ainda... já deve ser, sei lá, umas duas da tarde...

- Mil perdões, senhorita...– Alfred apressou-se ao lembrar que ainda não tinha alimentado a menina. – Venha comigo. Vamos deixar o senhor Wayne, ele chegou de viagem e deve estar cansado.

- Tudo bem... – Helena disse seguindo Alfred. – Até mais, sr. Wayne. – Ela falou quando passou por Bruce, que ainda a olhava.

Quando Alfred e Helena saíram da garagem, Bruce permanecia estático, os pensamentos em incrível velocidade.

Ele mal acreditava no que acabara de ver. Era ela. Selina. Selina estivera andando na garagem nos últimos instantes.

Os mesmos passos, o mesmo jeito de falar, os mesmos gestos. A mesma postura de quem parece a dona de qualquer lugar em que entre.

Helena era a cópia viva da mãe em quase tudo, exceto por alguns detalhes.

Ela não tinha o rosto de Selina. Nem os cabelos. Nem o tom de pele.

Tudo isso não era de Selina.

Era dele.

/

Alfred retornou mais de meia hora depois, Bruce o aguardava na biblioteca.

- Deixei a srta. Kyle vendo televisão na cozinha, não acredito que esqueci de alimentá-la. Acho que eu não sei mais como cuidar de crianças...

- Alfred, - Bruce o interrompeu, estava sentado à mesa de escritório, tinha as mãos entrelaçadas sobre o peito e olhava perdido - Você a viu... ela é...

- Idêntica ao senhor. – Alfred completou. – Confesso que me surpreendi bastante. Eu não imaginava que o senhor e Selina tinham...

- Sim, aconteceu... logo antes de eu ir embora. Mas só uma vez e eu não imaginava que...

- Bem, mestre Bruce, muitos adolescentes não imaginam que isso possa acontecer, até serem pegos de surpresa por um teste de gravidez positivo...

- Por que ela não disse nada? – Bruce indagou pensativo. - Por que ela não nos procurou? Você esteve aqui o tempo todo... ela teve essa criança nas ruas? Sabe se lá em quais condições...

- Senhor, por favor, não venha me indagar o que se passa na mente de Selina Kyle. Ela e o senhor são igualmente complicados, se me permite a comparação.

- Eu tenho uma filha, Alfred. – Bruce concluiu espantado. – Ainda não consegui assimilar completamente essa informação. Já era difícil ter que enfrentar o fato de Selina estar em coma...

- Olhe para o copo meio cheio, mestre Bruce. O senhor tem uma filha, isso não é de forma alguma algo ruim. E embora a srta. Kyle esteja em coma, pelo menos nós encontramos a menina. As coisas poderiam ser muito piores...

- Eu acho que vou voltar ao hospital... – Bruce falou levantando-se e pegando seu casaco.

- Não vai ver a menina? Não pretende contar nada a ela?

- Eu ainda não sei o que fazer. – Bruce suspirou. – Me dê um tempo pra pensar e enquanto isso, cuide da menina.

- Farei isso, mestre Bruce.

/

Quando Bruce chegou ao hospital já era noite.

Selina estava em um quarto semi-intensivo particular e antes de vê-la, Bruce procurou a médica responsável. Ele tinha pedido pessoalmente a Lee Thompkins, agora diretora do Gotham Hospital, que tomasse conta do caso de Selina.

- Então Lee, o que pode me falar do estado de saúde de Selina? – Bruce indagou para a médica quando chegou ao quarto de Selina.

- Bruce, fizemos todos os exames e o estado dela é estável. – A médica respondeu após verificar o prontuário. - Ela teve muita sorte, a bala entrou e saiu quase de raspão, mesmo assim ela sofreu edema cerebral.

- E o prognóstico é bom? – ele indagou tentando não parecer ansioso.

- Não posso definir ainda. Temos que tirá-la do coma induzido e esperar ela reagir. Agora só depende dela.

- Faça o possível para curá-la, Lee. Faça todo o necessário.

- Estamos fazendo, Bruce. – Lee falou apertando de leve a mão do homem. - Não vamos desistir dela.

A médica saiu do quarto e deixou Bruce a sós com Selina. Ele puxou uma poltrona, agora mais confortável que a cadeira que tinham no hospital beneficente de Metrópolis, sentou-se ao lado da jovem mulher e pegou-lhe a mão.

Não queria sair de perto dela. Já tinha dissecado muito os seus sentimentos no último dia e chegou à conclusão que sentia muita culpa.

Havia deixado ela e todos que ele amava para tornar-se capaz de protegê-los, para ser capaz de proteger Gotham. Tinha um plano elaborado para tornar-se o protetor da cidade e já havia começado a colocá-lo em prática.

Mas a que custo?

Selina havia sido mais uma vítima que ele não pôde proteger. Tinha sido vitimada quase igual seus pais, e a criança... a criança que era deles dois, teve que passar pelo mesmo trauma que ele.

Parecia que as coisas sempre voltavam para lhe assombrar.

Então, ao pensar na menina que era a sua cara, ele lembrou daquela noite uma década atrás. A primeira e última noite que ele e Selina passaram juntos. Ele olhava para o rosto inconsciente de Selina quando as lembranças o tomaram com força total...

/

Foi depois do casamento de Gordon e Lee. Ele finalmente sentia-se confiante. Havia um clima diferente em Gotham, depois de tantos meses de violência e fome ininterruptas naquela terra de ninguém. Uma trégua na infelicidade que permeava aquela cidade. Uma pequena trégua.

Bruce havia beijado Selina durante o casamento. Em suas lembranças, pela primeira vez, ele que tinha tomado a atitude. Estavam todos felizes, apenas felizes. E vivos.

Como não estiveram em muito tempo.

- Anda Bruce, vem logo! – Selina falou com urgência enquanto praticamente o arrastava por uma porta para fora do salão da delegacia. – Alfred vai nos ver a qualquer momento...

- E por que você quer tanto fugir dele, Selina? – Ele perguntou quando estavam sozinhos num corredor vazio.

- Por isso! – a menina mostrou uma garrafa incompleta de Whisky, que estava um pouco acima da metade e que vinha escondendo em seu casaco.

- Onde encontrou isso? Gordon e Alfred matam a gente se nos virem com isso...

- Eles não vão ver... – Ela suspirou encostando-se na parede. – Eu roubei do Bullock, ele tem várias. Um estoque muito bom, aliás... aquele pilantra...

- E o que a gente vai fazer com isso?

Selina fez cara de desgosto.

- O que você imagina, Bruce? – disse dando-lhe um pequeno tapa na têmpora. – Larga de ser certinho... vamos nos permitir! Seremos jovens inconsequentes hoje. – Sorriu provocante.

- Tá... tá bem, - ele assentiu, embora um pouco nervoso. – E o que... o que você quer fazer?

- Eu quero que você me leve a um lugar onde... dessa vez... ninguém possa nos interromper. - Ela falou aproximando-se e beijando levemente seus lábios.

- C-certo... – ele teve uma ideia na hora. Na verdade, pensou no óbvio. - Vem comigo.

Bruce pegou Selina pela mão e caminharam de mãos dadas pelas ruas da área segura no pôr do sol de Gotham. Não tinham pressa, não tinha nada e nem ninguém que lhes atrapalhasse. A garrafa foi passando da mão de um pro outro durante o caminho, e à medida que se aproximavam do destino, paravam mais vezes e por mais tempo entre um beco e outro, para trocarem beijos e amassos cada vez mais demorados e mais urgentes.

Quando chegaram ao seu destino, a noite já tinha caído sobre Gotham. Ambos já estavam levemente embriagados, tanto pela bebida, quanto um pelo outro.

- Então é aqui que você se escondeu todos esses meses? – Selina falou olhando em volta para o apartamento confortável e impecavelmente arrumado em que Bruce e Alfred estavam morando. Todo tipo de alarmes estavam acionados na entrada, e Bruce teve que parar por um momento para ativá-los novamente depois que entraram.

- É. Essa é nossa Fortaleza. – Ele falou agora um pouco longe dela. O fogo que tinham compartilhado no caminho tinha esfriado um pouco agora que pararam pra conversar, e Bruce não sabia como se reaproximar de Selina.

Alheia aos sentimentos dele, a garota virou as costas e saiu explorando o apartamento. Entrou pelo corredor que dava acesso aos quartos, Bruce a seguiu.

O corredor era iluminado apenas pela luz da lua que vinha da rua.

Selina olhou para as portas no corredor e virou-se para Bruce.

- Qual desses é o seu?

- Esse. – Ele falou apontando a porta que estava ao lado de Selina.

Sem nenhuma cerimônia, ela destrancou a porta e entrou.

Bruce, subitamente nervoso, a seguiu.

- Nossa uma cama de verdade! Deus, como isso bom! – Selina estava deitada sobre a cama de Bruce, espreguiçando-se e naquele momento Bruce entendeu muito bem o apelido "gata", porque, deitada na sua cama, ela parecia demais com uma.

Ele estava ainda parado próximo a porta olhando para ela, quando ela o olhou de volta.

- Você não vem?

- E-eu...

- Vem aqui, Bruce. – Ela praticamente mandou. – Eu não mordo. E fecha essa porta...

Bruce fechou a porta atrás de si, e um tanto nervoso, aproximou-se da cama. Parou para retirar os sapatos e deitou-se ao lado de Selina.

Ela virou a cabeça paro lado e seus narizes se encontraram.

- Seu estômago também está gelado? – ela perguntou.

Bruce apenas acenou positivamente com a cabeça.

- Selina... eu...

Mas não foi capaz de terminar a frase, porque Selina subiu em cima dele, sentando-se sobre seus quadris.

- Eu amo você, Bruce Wayne. – Disse inclinando-se e beijando-lhe de leve os lábios.

Selina não lhe deu tempo de responder nada. Ela o beijou novamente, mas dessa vez um beijo voraz como os que tinham compartilhados nos becos pelas ruas de Gotham.

Os beijos se intensificaram, e Bruce a fez rolar, ficando sobre ela e ela o deixou retirar seu casaco e depois sua blusa. Logo, as roupas dos dois já jaziam pelo chão do quarto.

Foi tudo meio atrapalhado, mas com uma paixão e uma naturalidade que surpreendeu aos dois. E para maior surpresa de Bruce, Selina deixou-se levar por ele, deixou que ele tomasse a atitude e ele deixou que seus instintos tomassem o controle da situação.

No final, estavam abraçados e com a respiração acelerada. Suor colando seus corpos um no outro.

Não disseram nada por alguns momentos.

Foi Selina quem quebrou o silêncio.

- Bruce, eu não imaginava que nós fôssemos tão barulhentos... – ela sorriu. – Que coisa louca... Se Alfred tivesse chegado, estaríamos ferrados...

- Então... você... – Bruce procurou as palavras. – Foi... foi bom?

Selina riu alto dessa vez.

- Bem, eu não tenho parâmetros de comparação..., mas... eu acho que sim. E vc... o que achou?

- Fantástico. – Bruce respondeu contemplando-a e beijando-a em seguida de leve.

Selina ficou desconcertada.

- Por que você sempre faz isso comigo?

- O que? o que eu faço? – ele indagou, ainda abraçado a ela. Os braços segurando firmemente a cintura nua de Selina.

- Você me deixa idiota... E olha, quem diria, que eu ia acabar na cama logo com você... o principezinho que eu achava que iria lavar as mãos depois de pegar na minha boceta...

- Lavar as mãos? – Bruce sorriu travesso. – Eu lamberia os dedos, isso sim.

- Idiota... – Selina sorriu. – Bem, eu preciso ir... – disse tentando levantar-se, mas Bruce a impediu.

- Não, Selina. Fica.

- Mas o Alfred...

- Alfred vai achar que já estou dormindo. Fica. Dorme comigo, Selina.

Ela pareceu hesitar por um momento, mas sorriu e jogou-se novamente na cama.

- Eu não ia desperdiçar uma cama dessas... – ela disse com desdém, mas arrepiando-se com o beijo que Bruce depositou em sua nuca.

Ela virou-se e o beijou de volta. Os beijos aumentaram e eles tiveram uma segunda vez aquela noite, menos atrapalhada e mais intensa que a primeira.

E Bruce não só lambeu os dedos, como provou com a própria boca.

Enquanto se amavam, Bruce disse a Selina muitas vezes o quanto era linda. Mas não conseguiu dizer o que sentia por ela.

Selina, que era um muro de concreto, conseguiu expressar o que sentia e ele não conseguiu.

Mas, quando estavam adormecendo nos braços um do outro. Ele finalmente conseguiu dizer.

-Selina... – ele chamou no ouvido dela.

- Hum... – ela resmungou quase adormecida.

- Eu amo você...

A garota nada respondeu. Quando Bruce acordou no dia seguinte, ela já tinha ido embora.

E ele nunca soube se ela ouviu ou não.

/

- Eu tinha certeza que encontraria você aqui.

Bruce foi tirado de suas lembranças por uma voz familiar. Barbara Keane acabara de abrir a porta do quarto de Selina.

- Como você entrou aqui? – Bruce falou ao levantar-se. – o andar todo está restrito, ninguém sabe da internação de Selina... o hospital fez um contrato de sigilo...

- Eu tenho minhas fontes, Bruce. – Barbara falou entrando e se aproximando da cama de Selina. – Mas foi Lucius Fox que autorizou minha entrada, eu disse a ele que você tinha permitido. – Ela sorriu.

- Lucius deve estar ficando velho, para ser enganado tão fácil por você. – Bruce resmungou. – Mas enfim, o que a traz aqui, Barbara?

- Vim ver Selina. Não sei se lembra, mas éramos amigas. Eu tenho coração, Bruce. – Bárbara disse ao passar uma mão pela face da mulher inconsciente.

Bruce a olhou incrédulo.

- Só a encontrei por causa da sua dica... Ela estava mesmo em Metrópolis. Mas por que você não me contou sobre a menina?

- Ah, então você encontrou Helena? – falou aliviada, voltando-se para Bruce. – Fico feliz.

- Alfred a achou em um orfanato de Metrópolis. Teria sido bem mais fácil se você tivesse me dito, afinal, paguei muito caro por suas informações.

- Eu não podia vender essa informação, Bruce. Eu prometi a Selina. Eu tenho alguns princípios, apesar de tudo... – Bárbara falou voltando a olhar Selina e tocar-lhe o rosto.

- Selina lhe pediu para não contar sobre a criança?

- Sim, ela não queria que ninguém soubesse, e por isso foi embora de Gotham.

- E por que ela não iria querer que eu soubesse?

- Por que seria, Bruce? – Barbara disse com ironia. – Você é um homem inteligente, pense... – ela fez uma pausa e continuou diante do silêncio de Bruce. - Primeiro, você tinha ido embora sem se despedir. Segundo, mesmo que você voltasse por causa da criança, Selina acreditava que você não a assumiria e que poderia até separá-la da menina.

- Eu jamais faria isso...

- Será, Bruce? – Bárbara indagou descrente. - Você nunca parou pra pensar no abismo que existe entre você e Selina? Gotham não é mais uma cidade sitiada onde vocês podiam brincar de namoradinhos sem consequências... Selina sabia desse abismo e ficou tudo muito claro pra ela quando você foi embora. Ela não era ninguém perto de você, qualquer juiz tiraria a criança dela sem pensar suas vezes, por isso ela fugiu.

- Isso não foi justo com nenhum de nós. Principalmente com Helena.

- O que eu sei é que não posso julgar Selina. Eu teria feito o mesmo se Gordon quisesse me separar da minha filha.

- Eu jamais as separaria…

- Bruce, - Bárbara se aproximou e levou a mão ao ombro dele. – Eu vi vocês dois crescerem, apesar de tudo, tenho muita consideração por vocês, por tudo que passamos. Mas são águas passadas. Perdoe Selina e cuide da sua filha. Elas precisam de você. E eu vim aqui por que precisava lhe contar algo...

- E o que seria? – Bruce indagou desconfiado, não confiava em Bárbara.

- Quando meus informantes me disseram que você tinha trazido Selina para Gotham, também me contaram que há alguém muito poderoso de Metrópoles atrás dela. Alguém que a procurou no hospital depois que você a tirou de lá. Eu não sei o que ele quer com ela, mas sei que ele é um homem muito perigoso.

- Quem é esse homem, Barbara?

- Lex Luthor.

- O dono da Luthor Corp.? – ele indagou surpreso.

- O próprio.

- O que ele poderia querer com Selina?

- Bem, isso é um mistério. Mas eu sei de duas coisas: uma, ele é um homem muito perigoso e poderoso. E duas: ele sempre consegue o que quer.

- Eu agradeço a informação, Bárbara. E eu sei que você me viu crescer, mas eu não sou mais um menino. – Bruce disse confiante. – E se o Luthor é perigoso, poderoso e sempre consegue o que quer, creio que ele é muito parecido comigo. Estamos em Gotham e aqui não é ele quem dá as cartas.

- É assim que se fala. – Bárbara sorriu satisfeita. – Bem, eu preciso ir. Foi um prazer vê-lo, Bruce Wayne.

Quando Bárbara se despediu, Bruce aproximou-se novamente de Selina e tocou-lhe os cabelos, tão leve como se ela fosse acordar ao seu toque. Essa nova informação o preocupara, não parecia ser mais uma mentira de Bárbara. Ela parecia sincera quando se tratava de Selina. Ele precisaria conferir se aquilo era verdade. Talvez seu novo contato em Metrópolis pudesse ajudá-lo.

Queria investigar isso logo, como também queria passar aquela noite ao lado de Selina, mas não podia. Seus deveres em Gotham o chamavam.

Ele tinha uma cidade para patrulhar.