Dia cinco de janeiro de 1998, primeira segunda-feira do ano. A entrevista do Ministro da Magia publicada nas folhas do Profeta Diário e no Pasquim, com as seguintes manchetes nas capas "MINISTRO DETERMINA QUARENTENA" e "PANDEMIA NO MUNDO MÁGICO" se destacavam em letras garrafais nos jornais manhã. As aulas em todas as escolas foram suspensas. Nada mais seria como antes, após confirmada a primeira morte de um bruxo mestiço por coronavírus no dia anterior. Todos os bruxos e bruxas com sintomas ou não, estavam concedendo em suas residências. Somente Bruxos de linhagem pura eram imunes, mas mesmo assim eles serviam de vetores e, portanto, também estavam confinados para proteger o coletivo. Ninguém poderia andar nas ruas, exceto elfos e os profissionais da área da saúde.

Severo acordou tarde, tinha uma leve esperança que tudo não passasse de um pesadelo. Ao abrir os olhos, viu que continuava no mesmo quarto estranho, na mesma cama de ferro desconfortável e ao enxergar a cama do outro lado da parede ocupada, teve a certeza que não era sonho ... Lembrou da sua aluna que lhe tirava do sério , estava ali encolhida embaixo do cobertor, ainda dormia e parecia tão serena. Esfregou os olhos mais uma vez e foi para o banheiro. Depois de fazer sua higiene matinal, ele retorna e pega suas vestimentas. Volta ao banheiro e se veste de forma impecável, como se fosse o primeiro dia de aula. Só que não há aulas para dar. Estava desconcertado, preso num isolado local nos fundos do castelo. Olhou na mesa e viu o café da manhã que jazia desde cedo. Sentou-se e tomou um suco. Pegou a metade de um sanduiche e comeu. Não tinha fome, com os pensamentos confusos, tentava se iludir que não ficaria setenta dias prisioneiro quarto. Alvo Dumbledore notaria a sua falta e iria ocorrer-lo.

Dobby aparece do nada no meio do quarto e seus pensamentos se dispersam.

- Bom dia, senhor! Dobby veio retirar a bandeja do café ... Mas se o senhor ainda estiver comendo, Dobby volta mais tarde!

- Não, não estou ... Pode retirar a bandeja! Eu preciso usar a mesa!

- Dobby voltará mais tarde com o almoço, senhor! O senhor precisa de mais alguma coisa?

- Que horas são?

- São dez horas da manhã, senhor! Dobby vai se retirar, senhor! Dobby tem que ajudar no almoço! A elfa Winky virá fazer a limpeza do quarto.

Num instante que o elfo sumiu, a elfa veio substituí-lo. Ela começa arrumando a cama do professor e depois segue até o banheiro para limpar.

Severo pega sua mochila e começa a tirar as colhidas no dia anterior. Separa tudo por espécies e depois começa a cortar em pedaços padronizados como folhas e raízes, antes de colocar em frascos. A medida que os frascos iam enchendo, ele com uma caneta, escrevia no rótulo o nome científico e indicações de cada parte da planta. Eram muitas, necessária secá-las usando magia antes de guardá-las definitivamente, e levou mais de uma hora até chegar nas últimas exsicatas.

Hermione acordou perto das onze horas, estava indisposta. Olhou para a cama do lado e já estava arrumada. Olhou para a mesa e viu seu professor com capa preta, sentado na cadeira, trabalhando. Procurou não fazer barulho. Retirou seu uniforme da mala e alguns pertences, foi para o banheiro. Encontrou a elfa terminando de passar pano no chão.

- Bom dia, senhorita!

- Bom dia, Winky!

- Winky já estava de saída. Queira entrar, senhorita!

- Obrigada, Winky!

Ela demora no banho. A água estava quentinha e serviu para relaxar seus músculos que estavam tensos de dormir encolhida. Lava seu cabelo e se arruma como se fosse para ir a uma aula de tarde. Afinal, tinha esperança que a professora Minerva fosse buscá-la.

Ela sai do banho com o cabelo molhado ainda, guarda seu pijama em baixo do travesseiro da cama recém arrumada pela elfa. Tomou um copo de água. Não sabia ao certo que horas seriam, mas tinha certeza que perdera o café da manhã. Pouco importava, não tinha fome mesmo. Colocou meias grossas e o sapato do uniforme, sentia frio nos pés. Aproximou-se em silêncio da mesa para ver o que o professor estava fazendo.

Severo sente o frescor agradável de banho recém-tomado e quando a aluna se aproxima um pouco mais para olhar a mesa, ele distingue o perfume adocicado com notas de baunilha que ela usa, do cheiro agradável do xampu de flores campestres que emana dos cabelos molhados. Aquele aroma agradável penetrando em suas narinas, faz mudar um pouco seu humor e cumprimenta a aluna.

- Bom dia, senhorita!

- Só se para "bom dia" para o senhor, porque para mim ... prisioneira neste lugar, não tem como meu dia ser pior!

- Não pensei que fosse acordar azeda ... Afinal dormiu mais que a cama ... Aliás, você deve ser boa de cama ...

- Ora, não me enche a paciência, sim?

Ele ergue sua sobrancelha e a encara sério se esforçando para não rir.

- O que você quer aqui?

- Eu só vim olhar o que o senhor está fazendo ...

- Então já olhou!

Ele fala de forma arrogante e volta a fechar o frasco penúltimo com a amostra.

- O senhor colheu isso tudo ontem?

- Sim e teria colhido mais, se não fosse sua interrupção na floresta proibida ...

- Eu estava fazendo o SEU trabalho, se lhe interessa saber ... Antes tinha ficado no castelo!

Ela desabafa, com um tom não muito amigável. Ele compreende que estaria sendo tolo com ela, se continuassem se insultando, afinal que dividir aquele espaço. Então ele muda o tom da sua voz, procurando estar sensibilizado, quando diz:

- Tudo tem uma razão de ser, não acha, senhorita?

- Espero que sim, pois não vejo razão nenhuma em ficar aqui confinada com um professor. E tinha que ser logo com o senhor!

- E qual é o problema de ficar aqui comigo? Eu não vou lhe atacar, se é este o seu medo ... Deixei de ser comensal antes mesmo da batalha final!

- Esquece ... Problema nenhum! Eu posso usar a mesa? O senhor já acabou?

- Já teria acabado, se não fosse interrompido ...

Severo com toda a calma guarda todos os frascos na mochila. Sente-se satisfeito com seu material. Algumas ervas eram difíceis de conseguir, só mesmo naquela época do ano, e ainda assim depende das condições climáticas. Ele conseguiu o necessário para fazer metade das aulas práticas daquele semestre. Ao levantar, para dar o lugar a ela, Dobby surge com a bandeja do almoço.

- Já era ... Pensei que também conseguiria preparar minhas exsicatas. Vou deixar para de tarde.

- Da próxima vez acorde mais cedo!

Hermione estava começando a se irritar com ele, só não respondeu porque o elfo a cumprimentou.

- Bom dia, senhorita! Dobby trouxe o almoço!

- Bom dia, Dobby! Agradecemos!

- Dobby precisa saber, se a senhorita precisa de mais alguma coisa?

- Sim, ontem você disse que pode trazer as coisas do castelo até aqui. Eu preciso do livro "Poções Avançadas" para o sétimo ano. Dobby pode retirar na biblioteca para mim, por favor?

- Dobby pede desculpas, senhorita ... mas Dobby não tem permissão para retirar livros da biblioteca. Dobby sente muito.

- Tudo bem, Dobby. Não é culpa sua. Obrigado de qualquer maneira ...

- Dobby vai se retirar. Se precisar de Dobby, é só chamar!

Dobby estala seus dedinhos e sai do quarto.

Hermione fica chateada, mensagem em adiantar a leitura da disciplina mais difícil daquele semestre, ao menos era o que todos diziam.

- Eu tenho o meu exemplar na massa!

Severo abre o armário, pega a pasta e entrega o livro na mão dela.

Ela quase não acredita que ele está emprestando o próprio livro, e pergunta gaguejando um pouco, tamanha foi sua surpresa.

- O sen senhor não vai ocu ocupar?

- Já conheço ele todo, de trás para a frente. É o que vamos trabalhar nesse semestre. Vou precisar de dar as aulas ... Sabe-se lá quando ... Pode ficar enquanto estivermos por aqui!

- Nossa, muito obrigado! Eu estou sem palavras!

Severo percebe que o livro a deixada feliz e gerada:

Talvez ela me trate com um pouquinho mais de consideração daqui para frente!

- Vamos almoçar, antes que esfrie?

- Sim, eu só vou deixar o livro no criado mudo. Vou começar a ler hoje ainda, depois que eu me declarar como o herbário.

- Então começou a adiantar o meu trabalho? Você nem sabe quais plantas que eu vou pedir este semestre ...

Ele gosta de provocá-la.

- Nesta época do ano se obtém algumas ervas raras ... Mesmo que não sirva para o herbário, tenho certeza que será de grande utilidade para a madame Pomfrey!

Severo franze as sobrancelhas, sem dúvida nenhuma aquela aluna o surpreendia de alguma forma ou de outra.

Continua ...