nota da autora: eu não sou nem dona das plantas aqui de casa (elas que me possuem), imagine se seria dona de Crepúsculo!

Clozinha obrigada por ser inspiração pra essa história e me ajudar no desenvolvimento dela :)

em tempo: já leram Sequin Smile da Clozinha? Tô falando sério que é PERFEITA. E tem uma Bella feminista e militante 3


. : diga sim : .

Estava terminando de preparar o molho da lasanha quando meu interfone tocou anunciando a chegada de uma encomenda que tinha como remetente, Edward. Abri o pacote e sorri quando notei o livro colorido à minha frente. A capa era composta pelo desenho de uma mulher negra sentada e usando um vestido estampado. Sua expressão era distante e, no plano de fundo do desenho, havia um casal abraçado e de costas para a mulher. Suspirei, acariciando o nome "Mariama Bâ", o título "So long a letter" e a observação "vencedora do Prêmio NOMA".

Busquei no google uma breve história do que seria esse livro e sorri quando descobri que esse prêmio era concedido para autores africanos de relevância. Mariama era uma escritora senegalesa e esse livro era um clássico regional.

Imediatamente fotografei a capa, cuidando para manter de plano de fundo a minha taça de vinho branco, e mandei para Edward, seguido de um agradecimento. Alguns minutos depois ele me ligou.

— Qual a história?

Você tá sorrindo, não tá? Eu acertei, não foi?

— Acertou — murmurei acariciando a capa do livro. — Nunca ouvi falar deste.

Uma das camareiras do navio era neta de senegaleses e um dia mencionou sobre a Mariama. Lembrei que você mencionou algo sobre ampliar seu universo de literatura africana e achei que cairia bem com esse momento.

— Obrigada — murmurei perplexa.

É só um empréstimo. Mandei entregar aí hoje, mas obviamente não é um presente pra você. Imagina se eu te daria um presente logo no dia que acontece aquela coisa que você detesta.

— Você não seria tão absurdo assim, não é mesmo?

Aproveita, Bella. — Eu conseguia ouvir o sorriso em sua voz. — Tô com saudade. Queria te dar um abraço hoje, mas vou conseguir me segurar até você querer.

— Obrigada... Eu tô muito emocionadinha. — Gargalhei e dei uma larga golada de vinho. — Eu te amo.

Tá, tá, vai lá logo ler — reclamou e eu ri.

— Até amanhã?

Até amanhã!

Só reparei estar há mais de três horas grudada no livro quando o toque do meu celular me assustou. Olhei no visor e sorri, já sabendo quem seria a única pessoa que teria coragem de me ligar hoje.

— Oi, mãe.

Feliz aniversário, filhota! — Sua voz era expansiva.

— Mãe, nã-

Não começa, Isabella. Eu não passei 18 horas em trabalho de parto pra ser tolhida de te desejar feliz aniversário. — O tom era endurecido, mas eu reconhecia o humor.

Ficamos uns bons vinte minutos conversando sobre atualizações sobre nossas vidas. Dividi sobre o bistrô e o abrigo de idosos, falei sobre a ansiedade acerca da inscrição na faculdade e sobre uma ideia de escrita que começou a surgir na cabeça nos últimos dias.

Minha mãe era a única pessoa com quem eu poderia dividir esses anseios porque ela era exatamente o tipo de pessoa que agiria no impulso do querer. Mamãe passou uma grande parcela do telefonema celebrando minhas "novas conquistas", e fazendo-as parecerem muito maiores do que realmente eram. Me contou sobre Phil, seu novo namorado e sua experimentação em fazer luminárias com palma de coqueiros. Quando perguntou dos meus planos pro aniversário e recebeu como resposta uma alta bufada, não pareceu animada.

Isabella Marie Swan eu me recuso a permitir que você passe o dia do seu aniversário sozinha.

— Você vem pra cá? — impliquei rindo.

Eu tenho o telefone do Edward e de todos os seus amigos.

— Mãe, você sabe que pra mim é mais que isso.

Meu amor eu não sei como você se sente com relação a isso, mas eu penso que se tem alguém que pode simpatizar com o que você está sentindo hoje, sou eu. Mas você precisa acreditar quando eu digo que não teve nada a ver contigo.

— Claro que teve, mãe.

Não teve, Bella — seu tom era duro. — Seu pai quando jovem não gostava da ideia de se prender a alguém. Eventualmente teria ido embora. O seu nascimento só atrasou a decisão.

Respirei fundo porque não era comum conversarmos de maneira tão direta assim.

E sendo bastante franca, eu não me arrependo nem um pouco de ter aceitado Charlie na minha vida. Ainda te digo mais, filha, mesmo se eu soubesse que seu pai agiria dessa forma, reviveria todo o inferno do abandono.

— Mãe, eu sinto tanto — choraminguei permitindo que caíssem lágrimas dos meus olhos.

Sabe por que, Bella? Porque essa experiência me garantiu a oportunidade de te gerar, e de viver bons 10 anos só contigo. Eu não trocaria aquele nosso estúdio com carpete velho por nada nesse mundo. Você é a maior preciosidade da minha vida, e eu não me arrependeria de ser sua mãe por nada nesse mundo. Nada.

— Eu te amo — sussurrei, deixando mais lágrimas escorrerem.

Eu te amo, pulguinha — ri sem ressalvas ao ouvir meu apelido de infância. — Feliz 23 anos de maternidade pra mim.

— Feliz 23 anos, mãe — sorri, sentindo meu coração triplicar de tamanho.

Depois que desliguei a chamada, fiquei reflexiva sobre os impactos de viver uma experiência de abandono parental. Pensei sobre como a minha mãe, mesmo sendo tão afetada quanto eu fui, se permitia ser livre e viver novas experiências. Eu genuinamente invejava sua capacidade de internalizar experiências ruins como parte da trajetória de vida. De uma maneira particular, Renée conseguia extrair o melhor de tudo o que viveu, enquanto eu me sentia paralisada ainda com 8 anos.

Me lembro que estava na comemoração do meu aniversário de 8 anos no McDonald's com 9 amigos. Não me lembro de detalhes, mas os olhos vermelhos da minha mãe, combinando com o batom vermelho que pintava um sorriso endurecido, apesar de serem complementares, contrastavam de uma maneira horrorosa. Naquele dia, a Elizabeth, mãe do Edward, tomou conta das crianças, enquanto minha mãe passou praticamente toda a festa sozinha em um canto do restaurante.

Lembro também de ter passado duas semanas na casa do Edward e, apesar de ter sido uma experiência agradável, foi marcada pelo recebimento de uma das piores notícias da minha vida: meu pai fora embora, levando consigo todas as economias da família e nos deixando uma dívida de mais de cinco mil dólares.

Depois de adulta entendi que ele conheceu outra mulher e foi embora viver um novo amor no México. Charlie Swan nunca mais voltou a nos procurar e, muito embora os dez anos seguintes com minha mãe tenham sido espetaculares, eu nunca mais fui capaz de me sentir completa.

Tentando, mais uma vez, fugir da sensação de solidão que resultava sempre que eu era obrigada a pensar no meu pai, voltei meus olhos ao livro e me permiti imergir numa história que não era a minha.

. : : .

— Bella? — ouvi Jason me chamar à distância e rapidamente virei meu rosto em sua direção. O salão de lazer do abrigo de idosos era iluminado pela luz do fim da manhã.

— Eu literalmente acabei de sair daí, me deixa conversar com outras pessoas, Jenks! — reclamei com um sorriso no rosto para que ele tivesse a certeza de que eu estava brincando.

Ele rolou seus olhos castanhos e passou a mão nos cabelos que restavam na lateral da cabeça. A bochecha coberta pela barba grisalha subindo em um sorriso.

— Seu celular, menina — murmurou apontando com o queixo para meu aparelho que apitava com uma chamada telefônica.

— Ah! — ri, envergonhada, e fui até a mesa onde ele jogava uma partida de xadrez com Cora, uma adorável senhora de cabelos brancos que tinha a língua mais afiada do que uma faca japonesa.

— É aquele seu namorado? Deixa-me falar com ele. — Ela pediu com a mão esticada na minha direção.

— Você não tem um cavalo pra tomar conta não?

— Não do tipo que eu gostaria de ter. E você? Não vai atender o seu garanhão? — implicou e eu imediatamente apertei o botão para atender a chamada.

— Meu deus do céu o que eu fiz para merecer isso? Um de vocês já me cansa o suficiente — reclamei, rolando os olhos e levando o celular ao ouvido.

O que eu fiz dessa vez? — Edward falou na linha e era possível ouvir o sorriso na voz.

— Dessa vez você tá limpo — murmurei por entre os dentes e sorri quando ele gargalhou.

Jenks?

— Cora — suspirei de maneira exagerada e ela me lançou um sorriso angelical. Sonsa.

— Você tá falando de mim com o seu menino?

— Não.

— Bella deixa eu falar com o garoto.

— Não — e friccionei os lábios tentando não sorrir quando Edward gargalhou.

— Eu sou uma senhora de 79 anos, Isabella. Já imaginou se amanhã ou depois me colocam em uma aposentadoria forçada ao lado de Deus? Você vai mesmo me deixar partir sem ouvir a voz do seu menino?

— Sim.

— Isabella... — Disse com um tom tão austero que arregalei os olhos.

Deixa eu falar com ela, Bella.

— Não.

— Pelo amor de deus, garota, dá logo esse celular para a Dona Cora. — Jenks disse de maneira firme e fui incapaz de negar.

— Se comporta — sussurrei para Edward, garantindo de ser suficientemente alto para que Cora também ouvisse.

— Espero que não tenha sido pra mim esse recado — a mulher implicou na minha frente e levou o aparelho celular ao ouvido. — Oi, meu querido, como foi sua manhã? — Disse na linha com uma voz tão doce que me fez rolar os olhos. Quem não conhece que te compra, Dona Coralina.

Observei com curiosidade quando ela soltou uma longa gargalhada e seu rosto enrubesceu. Encarei Jenks que também me olhou assustado. Cora nunca sentia vergonha.

— Por aqui calmo também — ela suspirou e virou seu rosto na direção oposta à minha. — A um pouquinho sim, você sabe como ela é. Não, não muito — disse rindo e me olhou de rabo de olho enquanto murmurava alguma concordância. — Pois saibas que fui cantora na minha mocidade até arranho no piano — gargalhou flertando — Quase segui carreira internacional. Sim, te juro — disse com um sorriso e levantou-se da cadeira, afastando-se de Jenks, de mim e do seu jogo de xadrez.

Observei Cora andar até a larga janela da sala e repousar os braços no peitoril enquanto apoiava o meu celular entre o ombro e a cabeça. Ela estava de costas para nós, então era impossível ver sua fisionomia, mas o pézinho levantado nos dizia muito mais do que aquele rosto, especialista em blefe, poderia nos dizer.

— Suponho que perdi minha adversária e você perdeu seu namorado.

— Ele não é meu namorado — corrigi, ainda atônita — Jenks eu nunca vi Cora assim. Que bruxaria foi essa? — murmurei a última parte, ainda com os olhos grudados nela.

Jenks me respondeu rindo e ofereceu a cadeira de Cora para que eu o acompanhasse.

— Será que ela ficaria chateada se eu jogasse por ela? — Perguntei.

— Seguramente.

— Perfeito — disse, movendo o cavalo em L, em uma jogada que estava antecipando fazer há algum tempo. — Sua vez, Jason Jenks — provoquei com uma sobrancelha arqueada.

Ele ameaçou voltar minha peça à casa original para retornar o jogo ao estágio que Cora deixou, mas a minha jogada o fez recuar a mão e observar o tabuleiro. Foi quando ele deixou escapar um sorriso pequeno que sabia que não resistiria ao desafio, mesmo que isso gerasse ele algumas horas de discussões acirradas com sua parceira.

Permaneci no jogo até tomar a torre dele e sorri quando vi uma Cora sorridente vindo em nossa direção. Apontei com o queixo para meu celular e ela virou o aparelho em minha direção, mostrando que a chamada foi finalizada. O sorriso irônico desapareceu imediatamente quando viu o tabuleiro da sua partida de xadrez completamente diferente de como deixou.

— Você não fez isso.

— O quê? Companhia para esse adorável senhor enquanto você flertava com um garoto com idade para ser seu neto? Claro que fiz — sorri implicante e surrupiei meu celular das mãos enrugadinhas dela.

Rapidamente apressei os passos para me afastar da mesa e terminei a trajetória correndo quando a ouvi gritar meu nome. Quando me senti em uma distância segura, olhei para trás e percebi Jenks gargalhando de maneira expansiva enquanto observava uma Cora frenética tentando retornar o tabuleiro para a organização em que deixou.

As horas seguintes passaram em um borrão. Fazer esse trabalho voluntário, ainda que fosse emocionalmente reconfortante, era fisicamente desgastante. Assim que comecei a participar mais ativamente das rotinas na casa de repouso, ficava mais em função de entreter os idosos com o que eles chamam de "cuidados paliativos" que, ainda que seja um campo de atuação enorme, no meu caso se resumia a ser um bom ouvido para escutar as intermináveis, adoráveis e divertidíssimas histórias que aqueles 48 idosos tinham para compartilhar. No entanto, conforme os dias se transformaram em meses, minha responsabilidade ali também aumentou. Passei a ser mais presente nas rondas de enfermagem e com tarefas administrativas. Em mais de uma ocasião, Irina, a diretora da casa de repouso, disse que adoraria ter recursos excedentes para poder me contratar.

Meus dias têm sido tão corridos que, quando dei por mim, já estava em processo de equilibrar uma bandeja cheia de louças sujas, tentando dar conta de crescer mais uns cinco pares de braço para limpar as mesas do bistrô o mais rápido possível.

O compromisso de trabalhar no abrigo duas manhãs por semana, que eram decididas conforme a escala no bistrô, finalmente dando as caras travestido de exaustão.

— Hoje foi puxado — reclamei, apoiada na porta de entrada do bistrô, que agora felizmente encontrava-se fechada.

— Dia longo? — Mike me perguntou enquanto passava um pano nas mesas espalhadas pelo salão.

— Você nem imagina.

— O que você fez hoje?

— Pedacinho do céu — ri, como sempre acontecia quando precisava vociferar o nome horroroso da casa de repousos em que fazia meu voluntariado.

— Alguém precisa avisar que esse é o pior nome para uma casa de repouso para pessoas acima dos 70 anos.

— E você acha que eu nunca fiz isso? — Ri, me deslocando para trás do balcão, efetivamente secando as louças que ele tinha recém-lavado. — O pior é que eles adoram o humor disso. Eu quero muito envelhecer assim. Às vezes, acho que o processo seletivo para aceitação dos moradores é baseado apenas em uma pergunta: você é doido? — Mike gargalhou enquanto apagava as luzes, mantendo apenas a da entrada acesa.

— E agora, tem planos pra mais tarde? — Virei o rosto, genuinamente intrigada com o rubor que tomou suas bochechas.

Me permiti alguns segundos para tentar entender se ele estava flertando comigo e enquanto tentava desvendar, observei sua fisionomia desconcertada. Mike era muito bonitinho e acho que seu rostinho inocente que lembrava o de um cantor de boy band do início dos anos 2000 deixava tudo ainda mais interessante. Seus olhos azuis eram claros e vibrantes, tinha um cabelo loiro espetadinho e o rosto lisinho. Não era atlético, nem alto demais, mas definitivamente não era de se jogar fora.

— Descansar né? Você acabou de dizer que está cansada — riu e imediatamente desviou o olhar, sem nem me dar oportunidades de endereçar sua pergunta.

— Acho que sim. Quero ler um pouco também, preciso me atualizar em umas literaturas estrangeiras que quero adiantar.

— O que você está lendo?

So Long a Letter da Mariama Bâ.

— Não acho que já ouvi falar.

— Eu também não conhecia. Edward me deu de aniversário.

— Foi seu aniversário por agora?

— Mhm — respondi sentindo meu rosto corar. — Ontem.

— Poxa Bella, não sabia. Parabéns! Por que não falou nada? — Disse e me tomou em um abraço desconfortável.

— Eu não sou muito de aniversário — ri. — Obrigada.

— Não! Espera aí. Olha pra lá. — Apontou para a porta e ri, mas rolei os olhos.

Não demorou muito até que ele aparecesse na minha frente com um muffin de blueberry com uma única vela acesa. Cantou "parabéns para você" e eu juro que tentei manter uma expressão tranquila, mas eu realmente não gostava do meu aniversário. Suspirei enquanto recebia aquela atenção, mas no final me deixei sorrir porque ele não era obrigado a saber das minhas bagagens.

Sentamos à mesa onde dividimos o muffin enquanto eu contava o total de zero coisas empolgantes que fiz no dia do meu nascimento.

— Mas me conta então sobre esse livro — pediu.

— É uma escritora senegalesa. É um livro que fala sobre ser mulher, negra e imigrante enquanto passeia pelas nuances de uma amizade no meio de um processo de luto. É uma leitura bastante diferente, e até provocativa. Narrativa inovadora com aspectos bem provocativos.

— De que tipo? — Perguntou se aproximando do balcão e apoiando o queixo em uma das mãos. — Quando se aproximou, ameacei bater nele com o pano de prato e sorri com o interesse.

— É um livro que foca bastante na poligamia. Ele é narrado a partir de cartas trocadas entre a protagonista e sua amiga que mora aqui nos Estados Unidos. As amigas, que são senegalesas, dividem os mesmos traços culturais e ancestralidades, mas vivenciam costumes diferentes em seus locais de moradia. Uma ainda mora no Senegal e a outra aqui nos Estados Unidos. Acho que é a apresentação crua de como a sociedade molda os costumes. Eu gosto também de como a amizade delas é descrita. Quase como se fosse algo inabalável, sabe? Estou achando lindo demais.

— Um pouco utópico também, não acha?

— O que?

— Amizades inabaláveis.

— Será, Mike?

— Você acha que não?

— Não sei. O que você acha?

— Eu acho que existam amizades com um grande potencial de reparação, mas algo inabalável? Parece até um pouco robótico. — Respondi à reflexão dando de ombros, porque apesar de achar que o raciocínio fizesse sentido, internamente torcia para que não.

Passamos mais algum tempo conversando sobre o livro, e me senti genuinamente tocada quando ele disse que assistiria um curso universitário inteiro comigo. Eu imaginava que poderia ser parte do flerte, mas saber que eu podia falar sobre literatura sem matá-lo de tédio, me fazia acreditar que talvez a universidade não fosse tão inatingível. Era difícil acreditar que eu alcançaria isso aos 23 anos, já tão afastada de uma instituição de ensino, mas momentos como esse me faziam persistir.

— Edward está na porta — Ouvi Mike gritar enquanto eu terminava de arrumar o banheiro. — E eu estou indo. Até amanhã, Bella!

— Abre pra ele, por favor?

— Abrindo!

— Até amanhã, Mike!

Hoje Mike estava comigo, mas geralmente era eu quem fechava o Bistrô. Era bom saber que Kate confiava o suficiente em mim para fazê-lo, mas era igualmente exaustivo ser a principal pessoa para isso.

— Pronta? — Edward perguntou atrás de mim, assustando-me. — Eita, tá devendo, Bella?

— Mania de chegar assim, eu hein? — Reclamei enquanto o espiava pela minha visão periférica. — Tá frio? — Perguntei quando o observei segurando um casaco grosso.

— Não pra mim. Trouxe pra você — Murmurou, encostando no batente da porta.

— E como você sabe que eu não trouxe um casaco?

— Cora — mencionou enquanto me lançava um sorriso de canto de boca. Rolei os olhos em resposta e ele sorriu.

— Aliás, tô esperando até agora você me dizer o que queria falar comigo de manhã?

— Não era nada. Não era. Juro. Só queria bater papo mesmo, ainda não me acostumei com a sua rotina.

— Hmm — maneei a cabeça fingindo desconfiança.

Lavei minha mão e o beijei no rosto, sentindo meu estômago contrair com o cheiro dele. Era uma mistura de tabaco com um frescor quase amadeirado da sua espuma de barbear.

— Você tá legal? — murmurou enquanto repousava o casaco nas minhas costas.

— Sim, só cansada.

— Logo hoje que ia te levar pro Eclipse?

— Sem chances — gargalhei. — Sério, estou exausta. Preciso muito de um banho de banheira, um chá quentinho e meu kindle.

— Mas eu não te vejo há dias — reclamou e ri do biquinho.

— Viu agora — girei na sua frente, sorrindo, e ele me cutucou na costela.

— Sério, Bella, tá todo mundo lá.

— Todo mundo quem?

— Alice e Jasper, Emmett, Angela e a Leah.

— Qual ocasião? — Levantei uma sobrancelha desafiando-o a dizer que era pelo meu aniversário.

— Ocasião Edward Cullen.

— Sério, qual ocasião, garoto? — ri. — Não combinou isso pelo 13 de setembro não né?

— Eu não faria isso contigo.

— Então é o que?

— Eu, ora. Faz duas semanas que cheguei e ainda não consegui ver todo mundo junto — e o largo sorriso parecia genuíno.

Eu estava realmente exausta, mas era tão difícil conseguir reunir todo mundo que agora o biquinho era meu.

— Só uma cervejinha. — Ele pediu e me lançou um sorriso de matar.

— Eu tô realmente exausta, Edward. Vocês podiam pelo menos ter me avisado antes porque aí eu não fechava a loja. Amanhã tenho que chegar cedinho pra receber fornecedor.

— Te promoveram de gerente e eu não fiquei sabendo?

— Não te contei? — Perguntei excitada e ele arregalou os olhos e o sorriso. — Assinei hoje!

— A proposta de promoção?

— O papel de trouxa.

— Putz ainda nada?

— Tá vindo, tá vindo — murmurei enquanto trancava o envelope com dinheiro no cofre tentando esconder a frustração de sempre estar quase lá. — Avisa pra eles que se alguém me desejar feliz aniversário, vou embora.

No caminho para o bar até tentei não reclamar muito do cigarro de tabaco que tinha nos lábios, mas era mais forte do que eu.

Me dei conta da velocidade que a próxima hora passou quando Jasper colocou na minha frente uma terceira caneca de cerveja, mas não tive forças para me incomodar. Para além da exaustão, era genuinamente agradável ver os meus melhores amigos conversando sobre os mais diversos e aleatórios assuntos.

— Você vai me dizer que não fez o navio balançar nenhuma vez? Não deu uma bombada no bombordo?

As gargalhadas que acompanhavam as analogias sexuais de Emmett eram altas e descontroladas. A mesa inteira tentando decidir se encararia aquilo como uma ofensa horrorosa ou uma excelente piada de mau gosto. Edward tinha o rosto completamente enrubescido enquanto negava com a cabeça.

— Cuidado que eu ouvi dizer por aí que o navio só funciona se tiver em locais molhados — impliquei e bati meu ombro com o de Emmett enquanto Edward fechava os olhos tentando controlar as risadas.

— Não afundou mesmo a âncora?

— Emmett chega! — Edward exasperou com uma expressão horrorizada.

— Acho que ele ficou só com a mão no mastro — Impliquei mais uma última vez, ignorando as súplicas de Edward que rapidamente se levantou da mesa, fugindo de nós.

— Pega leve, gente. — Jasper riu por trás de seu copo de bourbon enquanto olhava o amigo se afastar. — Ele não teve nem tempo de respirar.

— Ah Jazzy, eles estavam só brincando. — Alice interveio e eu sorri.

Jasper sempre foi atencioso, e preocupado com a forma que as pessoas se sentiam.

— Sabe como está a situação com a Tanya? — Angela me perguntou mudando de assunto e eu dei de ombros, enquanto olhava para Alice.

Eu não sabia se poderia falar do término, então esperava que a prima do Edward pudesse me implicar sobre como responder.

— Eles terminaram antes dele viajar — explicou e eu notei Angela me observar.

— O quê? — Perguntei.

— Você sabia? — Concordei com a cabeça enquanto ocupava minha boca com mais nachos.

— O que rolou?

— Acho que isso é uma coisa dele, né?

— Cadê o Ben? — Perguntei, objetivando mudar de assunto.

— Ah ele foi hoje para aquela qualificação das regionais de crossfit.

— Competindo? — Perguntei alarmada porque eu me lembrava que ele tinha se lesionado e não competia mais.

— Não, ele está treinando duas pessoas. Foi acompanhar. Eu fico abismada com o corpo desse pessoal que faz crossfit.

— Nem fala, vou treinar com o Ben pra ver se consigo me colocar no eixo também — Edward lançou seu corpo ao meu lado no sofá e passou o braço por trás da minha cabeça. O cheiro de tabaco mais evidente.

— Quer arrumar um abdômen trincado? — Leah implicou levantando as sobrancelhas e senti Edward encolher os ombros ao meu lado.

Respirei fundo quando minhas memórias foram invadidas com as lembranças vívidas de um Edward completamente nu acima de mim. Fechei os olhos e estremeci quando lembrei dele estar ajoelhado na cama, segurando uma de minhas pernas sob seu ombro com uma mão, e com a outra roçando meu mamilo.

Voltei a abrir os olhos quando lembrei da sensação da gota de suor que deixou o rosto dele e respingou no meu umbigo enquanto estocava em movimentos acelerados e desesperados.

Exalei pesado, tentando dissipar o som ensurdecedor das risadas dos meus amigos e fui invadida pelo arfar de Edward, que estava sentado à minha esquerda. Cruzei as pernas buscando qualquer tipo de fricção ao lembrar da forma que arfou e estremeceu acima e dentro de mim em um momento em que arranhei seu abdômen em total abandono.

— Tudo bem? Tá com frio? — Ele murmurou contra meus cabelos e eu imediatamente me arrependi de olhá-lo, porque eu tinha certeza de que ele era capaz de saber que não era frio que eu sentia naquele momento.

Nossos olhares ficaram presos por um tempo e eu podia sentir meu rosto cada vez mais quente. Fechei os olhos e inspirei profundamente quando percebi que sua respiração acelerou no instante que olhou minha boca. O silêncio perdurou por alguns milésimos de segundo e quando voltei a abrir os olhos, ele ainda estava fixo nos meus lábios, enquanto os seus eram presos pelos dentes. Sua respiração errática me chicoteando no rosto.

E então, subitamente pigarreou e se escusou da mesa para pegar outra bebida. Tentei não interpretar o significado da maneira com que apertou minha mão antes de se afastar.

Exalei o ar, aliviando-me da distância imposta e rapidamente me despedi dos meus amigos alegando trabalhar cedo no dia seguinte. No ônibus, no trajeto para casa, senti meu celular vibrar com uma mensagem.

[Edward]: Quer falar sobre aquilo?

[Bella]: eu falei que ia ficar por uma cerveja e fiquei por três. fui embora antes que voltasse porque eu sabia que você não me deixaria ir ;P

[Edward]: Posso ir pra sua casa?

Eu sabia que ele não deixaria o incidente passar incólume.

[Bella]: pra quê?

[Edward]: Porque eu não vou conseguir parar de pensar naquilo

[Bella]: naquilo o quê?

Minha respiração estava acelerada enquanto aguardava por uma resposta, imediatamente arrependida da pergunta.

[Edward]: Aparentemente você precisa ser lembrada de que eu me recordo nitidamente da cara que você faz quando tá com tesão

[Bella]: eu não estava com tesão.

[Edward]: Então me deixa ir pra sua casa

Encarei a tela por algum tempo sem saber o que responder, e antes que eu começasse a digitar qualquer coisa ele enviou outra resposta.

[Edward]: Conta pra mim o que você estava pensando?

Notei que cheguei no meu ponto e rapidamente saí do ônibus. Percebi que chegaram várias mensagens no meu celular enquanto eu entrava no meu prédio e subia para meu apartamento, mas optei por lê-las quando chegasse em casa.

[Edward]: Você estava lembrando de nós dois, não era? Me conta o que era...

[Edward]: Desculpa Bella, porra desculpa. Eu sei que cruzei aqui uma linha que você pediu pra eu não fazer

[Edward]: Putz eu tô me sentindo um lixo. Desculpa. Desculpa mesmo. Não tenho nem desculpas por essa merda. Eu só preciso colocar a minha cabeça no lugar

[Edward]: Por favor, avisa quando chegar. Boa noite...

[Bella]: desculpa, eu estava entrando em casa. boa noite, cullen.

[Edward]: Dorme bem, Swan

. : : .

Os dias seguintes passaram em um borrão, e eu consegui evitá-lo sem ter que inventar muitas mentiras. Na quinta-feira acordei em um sobressalto após ter uma noite de sono terrível.

Durante os últimos dias, me percebi abrindo nossa troca de mensagens para tentar extrair algo que não fazia a mínima ideia do que poderia ser. Era óbvio que ele se sentia atraído por mim, e inegável que a sensação era mútua. Eu não era idiota de achar o contrário. O problema era que, muito embora eu não fosse contrária a transar sem compromisso, não havia nenhuma possibilidade disso acontecer com Edward.

Respirei e, resignada por saber que estava atrasada para o trabalho, coloquei qualquer roupa suficientemente neutra, vesti um casaco e fiz meu caminho ao bistrô. Preparei um café coado enquanto aguardava um fornecedor novo de um bolinho orgânico que estávamos avaliando colocar à venda, e peguei meu celular para passar o tempo.

Desde a troca de mensagens, Edward não voltou a me procurar, mas havia uma mensagem de Alice dizendo que conseguiu convencer a sua chefe a me ceder roupas, e que eu deveria passar lá no final do dia.

Também havia outra que me fez gargalhar. Cora me perguntava "Quando meu garoto vem me ver? Adoraria sentir meu coração cansado voltar a saltitar no meu peito envelhecido". Encaminhei para Edward, dizendo que se ela tivesse qualquer problema cardíaco, seria por conta dele.

Não tardou até que ele me ligasse em resposta. Era surreal como sempre conseguíamos nos encontrar mesmo em meio a um turbilhão de emoções.

— Você tá vendo o que tá fazendo?

Eu sou irresistível, Bella.

— Pobre Cora... — murmurei com ironia e ele riu.

Ela te falou de sexta-feira?

— Oi? Não. Que tem sexta-feira?

Você não ficou sabendo? Parece que eles vão receber um pianista de renome internacional.

Rolei os olhos enquanto ria na ligação, mas sorri.

— Você a deixou te convencer a fazer isso?

Talvez tenha sido impossível dizer não. Ela foi muito insistente.

— Você nem faz ideia.

Você vai estar lá na sexta?

— Não. Infelizmente. Eu adoraria vê-la sedenta por seus dedos ágeis — impliquei e imediatamente corei percebendo o que falei. Edward pigarreou na linha.

Você dormiu bem? — Mudou de assunto e murmurei uma concordância.

— E você?

Não muito. Fiquei me sentindo um lixo mesmo, Bella. Eu te prometi aquelas coisas todas, te critiquei por não confiar em mim e fui lá e fiz aquilo. E agora hoje, sei lá passei os últimos dias meio pilhado.

— Tá tudo bem, Edward. A gente vai achar esse local de conforto. O que tem hoje? — Dessa vez o murmúrio de concordância veio através dele.

Sábado tem o primeiro casamento, né? — E eu podia ouvir o sorriso na voz.

— Isso! Tô tentando arrastar a Alice pra me arrumar uma roupa de graça com aqueles estilistas amigos dela. Tô exausta de gastar dinheiro em vestido de festa e eu tô tão pertinho de conseguir o valor todo pra pagar as taxas estudantis.

Eu tenho certeza que ela vai adorar. Já veio até me perguntar a cor da minha gravata.

— E qual é?

Eu escolhi um terno de linho meio marrom claro com uma gravata meio cor de telhado.

— Vai ficar lindo em você.

Ficou. A vendedora disse.

— Sempre um galã — rolei os olhos, mas sorri. — Por que comprou outro terno?

Eu quis combinar com a roupa da Cora — gargalhei e ele logo me acompanhou.

— Boa sorte com ela. O que tem hoje?

Bella?

— Hm?

Cadê o seu fornecedor?

— Hm?!

Você não ia recebê-lo hoje cedo? Já são quas sua loja tá quase abrindo. Cadê o fornecedor?

— Ih é mesmo. Me deixa ligar pra lá — e rapidamente desconectei a chamada, prometendo ligar mais tarde com calma.

Imediatamente notei um barulho alto vindo da rua, em frente à entrada da loja.

Quando olhei, o sorriso veio de imediato. Havia um caminhão com o piano na caçamba e sentados no instrumento estavam Edward e Cora, lado a lado, tocando e cantando juntos Can't Help Falling In Love do Elvis Presley.

Edward vestia o exato terno que me descreveu no telefone e Cora usava um vestido floral em tons outonais. Me preocupei com a friagem que ela pudesse estar pegando e até considerei buscar meu casaco para ela, mas fui incapaz de frear os movimentos das minhas penas que me aproximavam deles.

Os olhos verdes eram intensos enquanto cantavam e tocavam uma das músicas mais românticas já feitas. Senti meu coração mais forte quando ele deixou o instrumento e desceu da caçamba. Por trás dele notei Cora tomar seu assento e seguir cantando enquanto ele vinha em minha direção.

No meio da rua nos encontramos e cantarolou último trecho me fitando nos olhos.

Some things are meant to be / Algumas coisas são fadadas a acontecer

Take my hand / Pegue a minha mão

Take my whole life, too / Pegue a minha vida inteira também

For I can't help falling in love with you / Porque não consigo não me apaixonar por você

Sem desgrudar os olhos dos meus, pegou minha mão e ali depositou um beijo. Eu me sentia absurdamente nervosa, e uma gargalhada expansiva surgiu de dentro de mim antes mesmo que eu desse conta de entender o que estava acontecendo.

Quando ele me sorriu de volta, notei uma chuva de pétalas amarelas cair por cima de nós dois. Percebi que a ação era de Kate, que estava na janela do 2º andar do bistrô. Ela piscou o olho e quando rolei o meu em resposta apontou para Edward.

Arfei quando o percebi ajoelhado na minha frente. Em uma de suas mãos, um enorme buquê de tulipas amarelas com uma única vermelha, e na outra, uma caixinha de couro preto desbotado. Dentro dela uma das coisas mais lindas que já vi na vida.

Era uma aliança com uma banda delicada e fininha em outro, que segurava um rosto comprido e oval tomado por pedrinhas brilhantes e redondas, enfileiradas em uma composição complexa. Era sem dúvida alguma, a aliança mais linda que Edward já me ofereceu. Sorri quando o olhei, imaginando que essa teria custado mais do que as outras.

— Certamente te custou mais do que US$ 12,99 não é?

— Você ficaria surpresa se eu dissesse que não? — Sorriu divertido e piscou o olho. — Pronta pra temporada de casamento?

— Ah não, sem discursinho bonito? A Cora tá ali tocando pra gente, poxa... — Impliquei apontando-a com o queixo e o observei quando notei o silêncio se estender.

A expressão dele seria quase indecifrável se eu não o conhecesse tão bem. Por trás daquele olhar eu percebi angústia, e imediatamente me agachei na sua frente.

— Ei o que houve? — Perguntei acariciando-o no rosto.

Ele balançou a cabeça, retirou a aliança da caixinha e me ofereceu. Levantei a sobrancelha de maneira irônica em resposta, aguardando o pedido.

— Por favor — sussurrou e eu percebi sua voz falhar. — Achei que seria tranquilo — riu e notei o olho ficar vermelho e brilhante. — Só me diga sim.

— Sim — murmurei sentindo um peso no peito que não sabia o que significava. — Mil vezes, sim! — Gritei com a voz aguda e exagerada na tentativa de manter o show. Edward riu e balançou a cabeça.

Peguei o buquê, e em seguida ofereci a mão esquerda. Busquei controlar a respiração quando ele colocou o anel no meu dedo porque parecia que meu coração triplicou de tamanho quando beijou a aliança ali colocada.

Levantou o rosto, mas percebi um semblante machucado cruzar rapidamente sua fisionomia antes de me lançar um olhar divertido. Imediatamente se pôs de pé e me abraçou quando a rua explodiu em palmas. Com firmeza nos braços, repeti os movimentos e nos braços do outro permanecemos por longos minutos. Eu conseguia sentir seu coração bater forte, e me perguntei se ele também conseguia sentir o meu.

Não tardou até que começassem a buzinar na rua, dispersando o movimento, afastando-o de mim para que voltasse à sua posição inicial com Cora, sob a alegação de ensaiar para tocar com ela no abrigo. Olhei atônita a caminhonete desaparecer das minhas vistas quando fez uma curva para a esquerda e respirei fundo, tentando inalar o que restava do cheiro dele enquanto voltava passa o bistrô.

Notei com apreensão as dezenas de pedrinhas brilharem na minha mão quando segurei a maçaneta do bistrô e apenas por um instante, me permiti imaginar que fosse uma joia de verdade.

No meu intervalo, me escondi na sala da Kate para encarar as tulipas recebidas, e fiquei intrigada com aquela vermelha no meio das amarelas. Até tentei evitar, mas meus dedos foram ágeis na busca pelo significado das cores das flores no google. Na solidão do meu intervalo me deixei sorrir por uma fração de segundos, sem me preocupar com as consequências do que estava sentindo, quando li que as amarelas significavam amizade e cuidado, e as vermelhas, o amor puro e incondicional.

Com o buquê nos braços, respirei tentando clarear meus pensamentos para me convencer de que tudo ficaria bem. E muito embora eu tenha passado parte do meu dia tentando justificar que aquilo foi apenas parte da nossa tradição, o peso na minha mão esquerda não me parecia costumeiro.


nota da autora: Reviews te garantem o POV da Cora naquela ligação com Edward do início do capítulo 😉

Mas conta pra mim qual é a música mais romântica que você já ouviu?