Capítulo 4

Alguns dias se passaram, a comida que era servida para a Catherina agora era a mesma que a dos prisioneiros. Não tinha mais nenhum tipo de diferença e Francesco a visitava com certa frequência, mas sempre para transar com ela imobilizada, isso quando não ia só para bater, provocar e ir embora.

O que ele não contava é que os sonhos com a irmã se tornariam constantes. E não eram sonhos ruins, muito pelo contrário, além de serem bem reais. Sonhava algo com o jardim e rosas, flashs das mãos dela por seus cabelos, abraços e beijos. Chegou a sonhar com um pedido de casamento público! Aquilo não era possível, nem gostava dessas coisas. Ou apenas não esperava isso de ninguém.

Deixou de ir ver a irmã por um tempo quando ficou insustentável, até o dia que sonhou com um baile de máscaras onde ela não o reconhecia. Acordou já com a ideia de fazer o errado. Se arrumou e a primeira coisa que fez foi solicitar para Petrus a mesma roupa com o capuz que usavam na Inquisição, seria o guarda da porta da irmã.

Com a saída de Paula de sua vigia, Catherina se sentia, se possível, ainda mais solitária. Os guardas da prisão a provocavam, lançavam olhares cheios de luxúria e às vezes até comentários que ela tentava ignorar, mas eram bem agressivos. Evitava comer a comida que lhe traziam, o que, aos poucos, estava lhe deixando debilitada e doente, já tendo perdido algum peso e estando mais magra. Devido as sessões de tortura com o irmão, seu corpo estava coberto de cortes de lâminas, de chicotes, de ser amarrada, além de roxos em toda a extensão e feridas. Mas ela aguentava, sem saber o que esperar.

Naquela noite, estava dormindo em sua cama quando ouviu a porta abrir e estranhou, se sentando sobre a tábua de madeira.

- Quem é? - Perguntou sem enxergar direito na pouca luz. Notando ser um dos guardas da Inquisição, fez pouco caso. - Diga a meu irmão que, se quer mandar mensagens, que venha pessoalmente.

Assim que abriu a porta e ouviu o que a irmã falava respirou aliviado, ela não tinha notado. Então pegou das mãos de outro soldado, que também não sabia quem ele era, uma bandeja com tudo o que tinha sido servido no jantar dos Cardeais e colocou na mesa. A porta fechou e ele ficou parado, olhando para Catherina, como quem espera ela ir comer.

Sentada na cama, Catherina olhava a comida e pouco se interessava.

- Pode ir. Eu como mais tarde.

Ele balançou a cabeça negativamente e continuou parado, não sairia dali tão cedo. Tinha a noite toda.

Ignorou então, não sabia qual a tara do irmão em ordenar que um servo ficasse com ela. Permaneceu então em silêncio, olhando para o nada, fazendo nada. Não se aproximaria de ninguém, muito menos um homem.

Depois de um tempo parado e em silêncio, quase uma hora, se aproximou da bandeja na mesa e empurrou olhando para ela, como quem mostra a comida novamente, tentando fazer comer.

Tendo sua atenção atraída, Catherina olhou para aquele homem.

- Já disse que não estou com fome.

E tocava as paredes como totalmente tomada pelo tédio. Falou baixinho:

- Ele poderia ao menos ter deixado uma Bíblia.

Era dessa forma que ganharia a irmã. Saiu do quarto sem dizer nada e voltou alguns minutos depois com uma bíblia nas mãos. Balançou a bandeja, só entregaria se ela comesse.

Achou que finalmente ficaria sozinha quando o guarda fugiu e ficou decepcionada quando ele voltou. No entanto, notou que trazia uma Bíblia.

- Não posso aceitar. Meu irmão vai descobrir e vai acabar te torturando como fez com a Irmã Paula.

Andou lentamente pela cela com a bíblia e tocou em uma pedra na parede, depois em outra e então encontrou a que se movia. Colocou a bíblia ali dentro e tampou novamente, voltando para o mesmo lugar que estava na porta.

Ora, ele era esperto. Aquilo talvez fosse ser útil, pois ela queria muito ter algo para fazer.

- Você não fala?

Apontou para a boca por cima da máscara, como se realmente não pudesse falar e balançou o dedo negativamente. Novamente se aproximou da mesa e bateu na bandeja, insistindo. Sabia que a irmã tinha perdido peso e não estava tão bem assim.

- Ele cortou sua língua? Arrancou as cordas vocais?

Era o que imaginava que tivesse sido, sabia que Francesco era muito chegado a torturas, visto tudo o que fazia com ela. Suspirou:

- Você deve ser só um dos jovens que se inscreveu para a Inquisição achando que ia salvar o mundo, mas acabou aqui.

Balançou a cabeça positivamente para a primeira pergunta, mas não respondeu sobre a história que ela criava. Deixaria isso para ela, queria ver até onde a irmã iria. Pegou o copo de suco e se aproximou, entregando para ela. Tentaria se aproximar de alguma forma.

Uma vez que ele se aproximava, pegou o copo até com naturalidade.

- Obrigada - foi automático responder. Então foi bebendo devagar. - Qual o seu nome?

Nem notava o quanto estava falante, devia ser do excesso de isolamento.

Não respondia, estava se divertindo com aquilo. Pegou o prato, serviu com um pouco de comida, pegou os talheres e entregou para ela.

Catherina olhou o que ele oferecia, mas também não aceitou, agora era a sua vez de barganhar, já que o soldado a ajudara, devia ser de confiança.

- Apenas depois que me disser o seu nome - e pegou a Bíblia onde estava escondida e indicou para ele usar.

Segurou a bíblia e não entendeu muito bem como poderia usar inicialmente. Então abriu em uma página qualquer e foi para o lado dela, apontando letras até formar "Escolhe um nome".

- Sério?

Achou aquela uma brincadeira de mau gosto, mas aceitou a proposta. Já que poderia escolher qualquer nome, daria um nome digno.

- Nemo. Vou te chamar de Nemo - "ninguém", pois ele era exatamente isso.

Balançou a cabeça rápido, como se estivesse muito feliz por ter um nome, aceitando. Estendeu a bíblia para ela e então pegou o prato de comida e entregou, era a vez dela. Francesco estava se divertindo fazendo aquilo e o pior: Estava encantado pela irmã. Onde aquilo iria parar?

Catherina agora cumpriria a sua parte do acordo e começou a comer de forma muito tranquila. Era curioso como mesmo naquela prisão, com roupas sujas e simples, ainda comia como a Duquesa que era. Olhava a todo momento para Nemo.

- Você sabe porque meu irmão te enviou?

Ele balançou negativamente a cabeça e sem falar mais nada, saiu da cela. Fechando a porta sem dar tempo de resposta. Foi se esconder para se trocar outra vez e foi para seu escritório, questionando como depois de tudo Catherina poderia ser tão gentil com alguém.

Não entendeu nada quando ele saiu, imaginando se a sua pergunta fora invasiva demais. De qualquer forma, estava feliz por ter ganhado um livro. Usando a luz de uma tocha que passava pela pequena janela na porta de sua cela, ela foi ler durante algumas horas, até ficar cansada demais, esconder o livro e dormir.

Ainda estava no meio da noite, Francesco deveria ir dormir mas não tinha condições disso. No escritório, bebia com os pés na mesa tentando entender o motivo de apenas não querer mais machucar tanto a irmã. Estava gostando tanto... Quando percebeu que a bebida estava fazendo efeito, se levantou e foi para o seu quarto, era hora de dormir.

No dia seguinte, Francesco acordou tão irritado com o novo sonho, agora tinham filhos... Aquilo era loucura ou ele estava ficando louco. Desceu furioso para a cela da irmã e nem deixou ela acordar direito, já chegou puxando seus cabelos.

- Levanta logo, sua vagabunda!

Puxou-a, levantando da cama, empurrando-a com o rosto dentro do prato com restos de comida enquanto levantava seu vestido com urgência.

Catherina só sentiu o puxão de cabelo, ao que foi jogada na mesa e, sem poder reagir, colocava as mãos nas bordas do objeto para se segurar, pois já sabia o que ele começaria a fazer. No entanto, por um segundo olhou em direção a porta, uma curiosidade se por acaso Nemo estaria ali.

Um soldado vestido exatamente como Nemo se aproximava enquanto olhava para Catherina por baixo do capuz e fechava a porta lentamente. Francesco iniciava o ato brutalmente, claramente descontando raiva de alguma coisa. Dessa vez estava insano, alternando os buracos com exata mesma força enquanto dava tapas pesados na bunda e nas pernas dela, definitivamente queria machucar mais do que o normal. Puxava seus cabelos com a mesma força que empurrava sua cabeça contra os itens na mesa, jogando o peso todo do corpo até alcançar seu máximo, usando a irmã como uma boneca.

Vendo aquele homem entrar na cela, os questionamentos não duravam muito, pois não importava quem fosse, nunca saberia, por isso desviou, fechando os olhos. Quando Catherina estava perto de acompanhar o irmão, ele atingiu o orgasmo dentro dela e parou, ao que a sensação boa passou e ela voltava a sentir apenas dor, pois era assim que sentia todas as vezes quando ele terminava.

Ele se afastou e pelas roupas mesmo jogou Catherina para o chão, como algo descartável. Viu a bandeja e os restos do jantar da noite passada enquanto arrumava as calças, sabia que a irmã não desconfiava mas, faria ainda mais para jamais desconfiar. Deu um tapa na mesa, jogando tudo para o ar.

- Vou descobrir quem trouxe isso para você. Quem está ajudando.

E saiu sem dar chance de resposta. Era só assim nas últimas vezes, ia descarregar a raiva de dia e de noite, era a vez do personagem, a vez do que estava sonhando todas as noites.

Jogada no chão como algo sujo e usado, Catherina permaneceu. Seu psicológico tão abalado que não tinha nem vontade de sair dali. Assim, com pavor de que o irmão descobrisse sobre Nemo, ficou ali deitada pelo que poderiam ser horas ou até dias em sua vaga concepção de tempo.

Então exatamente no mesmo horário, quem entrava era Nemo, encontrando Catherina no chão como tinha deixado. Francesco deveria ter algum distúrbio ou qualquer problema, pois realmente ignorava o que tinha feito e ia apenas cuidar. Pegou a Duquesa do chão com cuidado e saiu com ela nos braços, andando com calma até a ducha, onde já tinha deixado suas coisas para limpar e trocar. Deixou-a próximo a água e virou de costas, tampando quem pudesse ver o banho.

Catherina era apenas automática. Deixou-se levar, poderia lutar? Ou queria ser levada?

- Nemo? - Perguntou com a voz fraca, mas não disse mais nada.

Deixou que ele lhe banhasse. Lama, sangue, tudo ia pelo ralo. Seus cachos se desfaziam e, junto com a água, ela chorava sem fazer qualquer barulho.

Ele balançou a cabeça positivamente quando falou seu nome. Então percebeu que ela não faria nada. Se voltou para ajudar, virando Catherina de costas, como uma forma de respeito e passou as mãos com luva por seus cabelos, colocando para trás e lavando com um cuidado único. Francesco estava encantado por ela e pelo que sentia, as duas versões eram boas mas, essa era nova.

Quando o banho acabou e Catherina colocou o fino vestido, como lhe era entregue todas as vezes para usar, ela não resistiu e encostou a cabeça no peito do soldado. Começou a chorar agora de verdade, embora o fizesse baixinho para que ninguém escutasse. Era só isso o que queria: contato com alguém que não fosse tratá-la como lixo.

Tanto Nemo quanto Francesco ficaram sem reação, com os braços abertos quando Catherina encostou nele. Não lembrava de já ter abraçado alguém assim, consolar. Então apenas fez o que viu nos sonhos e estava com vontade de fazer, a envolveu nos braços como se pudesse fazê-la sumir, apertando-a com cuidado para não machucar ainda mais.

Quanto mais ele a apertava, mais ela chorava até que, subitamente, ela simplesmente parou. Ela adormeceu ali, em pé, sendo abraçada, se sentindo segura pela primeira vez no que deveria ser quase um mês de prisão. Não importava quem fosse o soldado Nemo, ela sentia que ele se importava e isso já lhe era o mundo naquela minúscula masmorra.

Percebeu que algo estava errado quando ela parou de se mover. Olhou como pôde e entendeu que precisava voltar para a cela, então pegou Catherina no colo e levou como uma criança. Colocou naquele pedaço de madeira que ela dormia e antes de sair, tirou o capuz e colocou por baixo da cabeça da irmã, como um travesseiro, saindo com o cabelo todo bagunçado da cela dela.

Catherina não acordou, apenas dormiu e dormiu bem pesado, acordando só muitas horas depois e vendo a máscara ali. Escondeu-a junto com a Bíblia, não queria problemas para Nemo, ainda mais que ele já havia desobedecido Francesco com a comida. Naquela manhã comeu melhor, não feliz, mas ao menos comeu.

Contrariando os outros dias, quem apareceu pela manhã foi Nemo, com outro capuz. Tirou de dentro do uniforme um chocolate e colocou na mesa, empurrando para Catherina.

Quando escutou passos no corredor, Catherina não imaginou que seria para ela, até que viu um guarda entrar e colocar comida sobre a mesa.

- Doce? - Perguntou muito confusa, ao que levantou e pegou, primeiro desconfiada, cheirando, para depois comer.

Ela sorriu, com a boca suja de chocolate, a primeira vez que ela sorria dentro daquela cela.

- Obrigada, esse é o meu favorito.

Algo tão bom quanto bater nela crescia dentro dele, realmente se esquecendo de tudo de ruim que fazia com a irmã quando entrava sem a máscara ali na cela. Foi até o esconderijo e pegou a bíblia, encostando do lado dela para mostrar as letras que formavam "precisa de algo?".

Catherina pousou as mãos no livro como uma forma de agradecimento, segurando as mãos dele com delicadeza:

- Eu não posso deixar que se arrisque, tudo que faz é muito perigoso. Se meu irmão descobrir, depois do que fez com Paula... Se ele me tirar você também, não sei o que será de mim - e ficava nervosa só de pensar que ficaria sozinha mais uma vez. - Não, sua companhia me é boa o bastante.

Ela sorriu para ele mais uma vez.

Sentiu as mãos dela por cima das suas e o coração pulou, qualquer demonstração de carinho era diferente. Copiou o ato e colocou uma mão por cima da mão dela com cuidado, a outra arriscou passar por suas costas, completamente congelado por dentro. Nemo estava se tornando sua personalidade romântica e cuidadosa.

Catherina não esperava a mão em suas costas, o que a fez ficar muito vermelha. Ergueu então o olhar para ele mais uma vez:

- Acho melhor você ir. Se meu irmão chegar, eu vou te perder.

Ele balançou a cabeça negativamente e entrelaçou os dedos com os dedos dela, por cima da mão, e foi deslizando pelas páginas formando "Ele não vem. Faço o que quiser".

Aquilo era de certa forma um alívio. Catherina então deu um passo à frente e encostou mais uma vez a cabeça no peito dele, espalmando suas mãos ali. Era quente e agradável, poderia ficar ali por muito tempo.

- Eu não preciso saber o seu nome. Só preciso saber que posso confiar em você.

Abraçou a Duquesa mais forte agora, deslizando a mão lentamente por suas costas enquanto guiava o dedo dela para formar a palavra "Nemo".

Catherina soltou o ar com força, era um alívio ler aquelas palavras e se sentir segura. Era um sentimento incomum, mas não totalmente novo. Lembrava muito aquele dia, tantos anos atrás, com Abel, quando ele a salvou dos vampiros que assassinaram sua família. E ela gostava disso.

A mão corria lentamente por suas costas e ia até os cabelos, tocando-os com carinho enquanto movia as pontas dos dedos mais rápido entre as letras, formando "o que quer fazer?".

- O que você quer fazer? - Ela perguntou de volta. - Eu estou cansada de jogos, cansada de gente me agradando ou me punindo. Só quero algo real.

Então ele iria arriscar muito. Estava frio naquela noite e não ofereciam nada para ela se cobrir. Deitou-se encostado na parede o máximo que podia para deixar espaço para a irmã e abriu os braços, oferecendo o braço de travesseiro para que pudesse dormir quente ao menos por um tempo.

Catherina observou e não acreditou quando entendeu o que ele estava fazendo. Se aproximou e deitou ao lado dele, se aninhando em seus braços.

- Queria que meu irmão tivesse a mesma sensibilidade que você - pois tudo naquele lugar fora escolhido especificamente para puni-la.

Assim que ela se arrumou, uma das mãos foi para o cabelo, fazendo carinho, e a outra a envolveu com cuidado, puxando para bem perto e apertando contra o corpo. Ouvia em silêncio, imaginando como seria se ela descobrisse quem era ali.

Catherina apenas se deixou envolver, ambas as mãos no peito dele, aproveitando aquele momento de relativa paz. Era bom estar ali, não estava mais com tanto frio, gostava da presença de Nemo.

Ele ficou por ali algumas horas, acariciando e apertando a irmã como nos seus sonhos, com a certeza de que aquilo jamais aconteceria se fosse ele mesmo.

A Duquesa perdeu a noção do tempo, quieta, se deixando apenas relaxar e sentir aquele carinho. Nunca fora acariciada dessa forma por ninguém e isso a atraía. Foi quando abriram a porta da cela, era hora de ser servido o seu almoço. Dois guardas entraram, sempre membros da Inquisição, ao que notaram que ela não estava sozinha. Eles sacaram as lanças.

- Quem está aí?! Saia de perto da prisioneira! - Um deles ordenou.

Catherina imediatamente se levantou e se afastou, antes que tivesse mais problemas. Era o fim, certamente morreriam.

Nemo levantou logo depois da Duquesa com cuidado, as mãos para o alto já rendido. Apontou para a boca e fez um sinal negativo, tentando explicar que não podia falar enquanto passava por eles, tentando sair da cela sem ser preso.

Por um instante, Catherina achou que seria simples, que aquilo funcionaria, porém o segundo guarda acertada Nemo com o cabo da lança na altura das costelas.

- Ninguém desobedece o Papa!

E então era hora de Francesco entrar em ação. Como sabia todo o protocolo de ataque da Inquisição, já esperava por aquilo. Defendeu como conseguiu o ataque com a cadeira que estava próxima e depois jogou o móvel por cima deles, empurrando os dois para fugir correndo pela porta. Sua mentira não poderia acabar ali.

A briga começava e os soldados saiam correndo atrás de Nemo, sem nem trancarem a porta da cela de Catherina. A Duquesa olhava para fora, procurando se conseguia enxergar o que havia acontecido com o seu guarda favorito. No entanto, aproveitou as circunstâncias da confusão para fugir correndo pela masmorra.

Petrus era acionado e descia correndo com mais dois guardas, encontrando Catherina a vagar.

- Está fugindo? - Perguntou sem acreditar, pegando-a pelos braços e arrastando para a cela novamente. Da porta, empurrou a mulher para dentro - O Papa vai ficar sabendo disso.

Ameaçou e trancou a porta por fora, indo agora para onde realmente tinha sido chamado. Via a briga, estavam em dois contra um e mesmo assim o transgressor conseguia se defender, logo tinha algo muito estranho ali. Eram poucos soldados que eram treinados nesse nível, não um novato. E então entendeu quem era mas, antes de mandar parar os dois que o acompanhavam iam ajudar os amigos e dois seguram e dois batiam, não tinha mais o que fazer. Francesco mesmo ordenou:

- Chega! Sou eu!

Petrus se aproximou, arrancando a máscara do Papa. Todos soltaram e ajoelharam na hora, não sabiam nem o que falar. O padre questionou:

- Não havia como reconhecer. O que aconteceu?

- Estava abraçado com a prisioneira, achamos que era um novato, senhor - um guarda respondeu.

Petrus olhou com um ponto de interrogação gigante na cara e Francesco, sentado naquele chão sujo, nem respondeu, tentando se recuperar da surra.

Em sua cela, Catherina estava furiosa, tinha que esbarrar justo com Petrus?! Ele a puxou com tanta agressividade que provocou uma luxação em seu ombro ao jogá-la para dentro da cela. De lá não poderia escutar nada da confusão, então apenas guardou a Bíblia no seu local secreto e se ajoelhou no chão implorando a Deus para que nada acontecesse com Nemo, ainda que soubesse que ela também estava com sérios problemas.

Enquanto isso, o padre se aproximava do chefe e estendia a mão para ajudá-lo a se levantar.

- Por favor, me avise da próxima vez que tentar vir para as masmorras disfarçado - ele pediu.

Francesco entregou a mão para Petrus e se levantou, chegou a desequilibrar, tinham machucado mas estava bem. Catherina só não poderia ver Francesco machucado, não poderia descontar a raiva nela até sumir as marcas.

- Sumam daqui - ordenou.

Só Petrus ficava próximo. Olhou bem para Francesco, sem acreditar:

- De conchinha? É sério? Com Catherina? - Questionava sem entender e com um certo tom de provocação, aquilo era novidade.

- Cale a boca.

Ia pegar suas roupas para se trocar e voltar ao trabalho, a noite resolveria o que fazer com a irmã.