Ímpares
Capítulo 3
Era a décima aula que tinha com justo a pior pessoa daquele colégio, e lhe irritava ter que admitir que o filho da mãe era bom no que fazia.
Não, Malfoy estava longe de ser um bom professor. Dava uma grande parte do crédito de sua evolução pelas horas gastas com livros cedidos pelo ex-professor de Poções do que pelas vezes que o bruxo entrava em sua mente sem sequer avisar.
Mas ele entrava sem qualquer aviso e ela nem ao menos percebia. Depois do fiasco das duas primeiras aulas, onde o sonserino a fez sentir e reviver tudo que ele mesmo observava, Ginevra passou dez minutos sentada antes de descobrir que a aula já havia começado há dez minutos. Draco Malfoy lhe contando sobre seu dia com mais detalhes que a propria bruxa se lembrava era fascinante e assustador, assim como era alguém na idade dele conseguir dominar a mente com uma perfeição intimidante.
O bruxo mais velho, no entanto, pecava na perfeição. Talvez ninguém percebesse a obsessão por números pares, mas com certeza, depois de observa-lo com cuidado em pelo menos dez ocasiões diferentes, não era coincidência o sonserino precisar estralar exatas dez vezes os dedos. Ou checar se a porta estava trancada duas, se a varinha estava mesmo no bolso quatro.
Sabia que Malfoys eram obcecados, mas não nesse nível. Pelo reflexo na janela, o via alinhar perfeitamente a cadeira com a que ela estava sentada há nem mesmo um minuto atrás - e outra vez, aquele peso irritante em seu coração mole demais.
Ela não era tão mole para ter pena de um Malfoy. Mas era mole o suficiente para sentir a angústia escondida em tantas diferentes manias. O bruxo também se exercitava até a exaustão? Também contava calorias, ou cortava a pele para sentir-se vivo?
Tirando o vício em corridas, Ginevra admitia com orgulho que havia se livrado de todos os outros que desenvolvera depois de seu tumultuado primeiro ano. Após negar-se conversar com um especialista que sabia que sua família não conseguiria pagar, as pequenas manias foram responsáveis por mantê-la sã por longos quatro anos. Desejou saber o que havia de tão ruim na vida do sonserino para ele desenvolver as dele.
Sim, o pai dele era um cuzão - mas então, Malfoy idolatrava o patriarca de seu sobrenome. E até a noite de sua quase morte número dois, imaginava que não havia nada além de contentamento por carregar a marca que todos pareciam reverenciar na casa das cobras.
"Nove horas." escutou a voz, sempre tão neutra, anunciar depois de um minuto de silêncio, e quase respondeu que não, ainda eram dez pras nove e ela tinha mais dez minutos para continuar naquela sala.
Virou-se para olha-lo tarde demais, a porta fechada a deixando sozinha na sala fria. E eram aquelas pequenos atos tão frios quanto as paredes ao seu redor que a mantinham com os pés no chão e a faziam lembrar com quem estava lidando.
Por Merlin, era Malfoy, e Malfoys não mereciam nada além de raiva e desprezo. Por causa do pai desse filho da mãe que ela quase perdera a vida, e o filho quase terminou o que o maldito comensal começara.
Mas precisou fazer uma força sobrehumana para tirar qualquer pena de seu coração no caminho de volta para a casa grifinória, em sua mente os dedos estralando outra e outra vez lhe cortando como a lâmina que guardara por tantos anos dentro de seu colchão.
Foi num sábado de tarde que seu cérebro desistiu de bloquear qualquer sentimento que não fosse ódio - e foi como se um peso tivesse sido tirado de si. Poder sentir o aperto sem sentir-se culpada era necessário ao ver o rosto sempre pálido do bruxo tão assustado. Algo dentro de si dizia que Malfoy estava pronto para desistir, a varinha abaixada, os olhos mostrando o terror mas ao mesmo tempo um cansaço maior do que notara nas noites divididas.
Acontecera no meio de uma das visitas a Hogsmeade. Dizer que ela se surpreendera com dementadores aparecendo do nada era mentira. A maioria dos bruxos não esperava justo um guarda de Azkabam bem no meio do centro da pequena vila, mas Ginevra nunca foi a maioria. Não que a bruxa fosse pessimista: se achava mais positiva do que deveria após todos os acontecimentos em sua vida.
O engraçado era ser justo no dia em que Harry decidira ficar no castelo. McGonnagal e a professora de herbologia usavam o feitiço do patrono com perfeição, todos os alunos atrás de ambas, ela inclusa. E teria permanecido ali parada não tivesse visto um manto negro desaparecer ao entrar numa ruela. Havia alguém ali, só poderia haver alguém ali, e nem mesmo Colin, os olhos castalhos gigantes focados no que acontecia na frente de todos, notou a ruiva desaparecendo atrás da criatura.
Sim, havia alguém ali, alguém que tentara inutilmente estuporar um dementador antes dos joelhos falharem. Reconheceu de imediato o seu novo professor, e seu cérebro falhou para entender o que acontecia. Não tinha como ele não saber justo qual feitiço precisava ser lançado, tinha?
Mas as palavras corretas nunca deixaram os lábios do bruxo mais velho.
"Expectro Patronum!" Ginevra gritou, e um cavalo fazia a criatura voar céu acima, nada mais entre os dois estudantes além de um silêncio ensurdecedor.
Apenas quando notou o quão mais pálido que o habitual Malfoy estava foi que entendeu o quão perto de ser beijado o bruxo tinha sido. E tal conhecimento era o suficiente para, enfim, fazê-la explodir.
"Um patrono é o mínimo, Malfoy!" não conteve o tom, sem se importar se a voz mais alta do que o necessário faria alguém interromper o momento de raiva que ela dividia com o sonserino. Era quase injusto ela gritar com o bruxo de joelhos no chão, visto o estado em que esse se encontrava. Quase. "Da próxima vez que quiser se matar, faça isso em um lugar onde seja sua família a responsável de limpar a sujeira, e não eu!"
Tão, tão perto de morrer, e por algum motivo ela ligava. Draco Malfoy não parecia ser um bruxo que flertava com a morte, ele era covarde. O taxara de covarde desde a noite em que lhe lançara uma azaração de bicho-papão e o sonserino saíra correndo. Fora apenas ano passado, e covardia tendia a demorar muito mais do que um ano para se curar.
Ali no chão, ele a lembrava tanto de si mesma e seu primeiro ano que era impossível, totalmente impossível não sentir. Ridículo como estava outra vez derramando lágrimas na frente de justo um Malfoy.
Alcançou o bruxo com passos tão trêmulos quanto estava a mão branca, o sonserino segurando a varinha como se sua vida dependesse daquilo. Ele todo tremia, e por um breve momento, achou que o bruxo fosse desabar como na noite que precedera suas aulas de oclumência.
Foi o toque dela na pele de porcelana que fez os olhos - tão cinzas naquele dia chuvoso - voltar a focar, o bruxo puxando forte uma respiração antes de Ginevra ter a mão contida. Ele estava muito mais gelado do que deveria para continuar de pé: por quanto tempo o dementador ficara ao seu lado para Draco estar assim?
"Você é insana." as palavras saíram apenas alto o suficiente para serem ouvidas, e Ginevra considerou chamar McGonnagal agora que o observava mais de perto. Ao menos ele estava falando. Era bom ele estar falando, certo?
"E você é ótimo com agradecimentos." Sua mão havia sido afastada do rosto, mas dedos longos ainda a seguravam forte o suficiente para deixar um roxo.
Ele a machucava, e ainda assim, tudo que conseguia sentir ao olha-lo era pena e uma irritante familiaridade. Ajoelhou-se ao seu lado, notando pela primeira vez a sacola da Dedos de Mel abandonada no chão. Duas penas de algodão doce, quatro sacos de feijões de todos os sabores, oito barras de chocolate.
"Nós não somos amigos para você arriscar sua vida por mim." Escutou enquanto alcançava uma das barras, não hesitando em abri-la e quebrar um quadrado. Surpreendeu-se ao não achar nenhuma resistência como da primeira vez, o bruxo aceitando o doce sem reclamar, os lábios frios tocando seu dedo ao fecharem-se no que Ginevra esperava ser a cura para todo aquele frio.
E ali estava ela, em menos de um mês, outra vez colocando chocolate na boca de Draco Malfoy.
"Coma também." E ali estava ela o obedecendo sem pensar, mais hipnotizada do que gostaria de admitir quando os olhos cristalinos acharam os dela. Pela primeira vez, o que via ali não era apenas indiferença. E vê-lo sentir o tornava muito mais humano do que Ginevra gostaria.
Ainda estava de joelhos quando Malfoy se levantou. Viu o bruxo recolher a sacola do chão, e surpreendeu-se quando esta foi abandonada à sua frente.
Mas não teve tempo de agradecer, muito menos de manda-lo enfiar a sacola em qualquer lugar não muito agradável e aprender a lançar um patrono, antes dele sumir tão rápido quanto andava fazendo no fim de suas aulas.
Não o vira mais até a próxima noite de segunda, Malfoy estando ausente até mesmo durante as refeições. Detestou-se por deixar seus olhos varrerem a mesa longa em busca dos cabelos quase albinos, revirando os olhos e levantando-se antes de Dean resolver sentar-se ao seu lado.
Ele já estava na sala quando abriu a porta, muito mais corado e contido do que no útlimo encontro. Pensou em perguntar que merda acontecera naquela tarde, pensou em oferecer-se para ensina-lo a droga do feitiço, até mesmo considerou agradecer por todos os doces que permaneciam intocados dentro de seu baú.
Não pronunciou sequer uma palavra, nem mesmo o habitual Malfoy, antes de ouvir a palavra que precedia a invasão.
Talvez fora culpa de seu humor, não dos melhores desde domingo, ou talvez Malfoy estivesse ainda recuperando a energia que lhe tinha sido sugada. Com certeza o último, não era como se seu humor péssimo e completamente fechado servisse de alguma barreira para o o bruxo que vivia criticando seu excesso de emoção. Realmente não se importava com o como naquele momento, mas finalmente obtera sucesso ao levantar a varinha para defender-se.
E então havia uma mão que esfregava logo abaixo de seu olho direito. Os dedos faziam fricção na pele sensível outra e outra vez enquanto olhos azuis mostravam incômodo e reprovação. Doía, e seus olhos se encheram de lágrimas, por mais que soubesse o quanto não deveria chorar.
Não deveria?
Tentou se afastar da mão, mas outra a segurou forte pelo queixo, e não conseguiu mais impedir uma lágrima de cair. O líquido salgado apenas fez a pele arder, e ela mordeu o lábio para segurar um soluço. Que merda estava acontecendo, e porque ela não conseguia se afastar? Não conseguia levantar seus braços, não conseguia se mover, e a mulher de olhos claros - tão linda, tão irritantemente perfeita - iria acabar fazendo sua pele sangrar!
Se sentia tão pequena, e de canto de olho, viu uma garotinha de cabelos chanel a observar de longe, de mãos dadas com quem devia ser sua mãe por tamanha semelhança. Também queria aquilo, também queria poder e ter alguém para levanta-la ao invés de precisar esconder todo mínimo defeito.
Estava tão cansado. Cansado.
"Como você conseguiu isso, Draco?"
Por Merlin, ela estava vendo as memórias dele.
Puxou a respiração, conseguindo enfim sacudir a cabeça e se livrar da dor que sentia. Agradeceu por estar sentada, as pernas fracas, o coração acelerado e uma dor aguda em seu estômago e peito a deixando nauseada.
A mão foi para o olho direito, mas não havia mais qualquer ardência, tudo parecendo inteiro. Inteiro, diferente do bruxo que parecia tão em choque quanto no último sábado. Descobriu o que era raiva quando olhos perigosos encontraram os dela, ela o vendo pela primeira vez na vida sentir algo de maneira crua e sem limites. Apertou a mão ao redor da varinha, por um momento temendo que Malfoy terminasse o que havia falhado em fazer na primeira noite dividida pelos dois.
Mas o sonserino saiu da sala tão silenciosamente quanto ela entrara, Ginevra mal ouvindo a porta se fechar atrás dela. Levou a mão à boca, pensando em chegar até a janela e falhando miseravelmente, suas pernas dobrando e a fazendo cair de joelhos livrando seu estômago de todo seu jantar.
E tentou mais de uma vez fazer-se acreditar que o enjoo era apenas pela força do que havia vivenciado fisicamente, e não pela revelação de uma infância muito diferente do que imaginava justo aquele bruxo ter vivido.
Diferente do que passou toda sua terça e boa parte de quarta imaginando, o sonserino aparecera para a próxima aula.
Entrou no mesmo silêncio da última noite, o ar entre os dois muito mais pesado e íntimo do que se acostumara. Malfoy não a olhava, preferindo encarar a noite nublada do que qualquer pena que Ginevra sabia que tinha em seus olhos.
Achava que contato visual era essencial para poder ter a mente revirada, mas descobriu a irrelevância de tal segundos depois de se sentar. Nem mesmo tentou bloquea-lo, o peso que agora sentia livremente no peito o convidando para entrar, querendo dividir alguma parte dela em troca da que ele havia mostrado a contragosto.
E por mais que ele não merecesse, por mais que uma memória ruim não revelasse toda uma infância ou justificasse o jeito que ele agia, quis dividir algo além do prazer ao comer um bolinho de chocolate, ou a irritação que andava sentindo com o dito namorado. Malfoy não precisava saber sobre os sermões que ganhara de Hermione por sua falta de interesse em Transfiguração, ou as preocupações de Colin quanto à inevitavel guerra.
Sim, ela sabia que o garoto com quem dividia o cômodo não deveria merecer qualquer pena, e sua mente gritava para Gienvra aumentar o desconfort e puxar para superfície as memórias da aula passada. Seu coração, nunca muito racional, sempre vencia.
Tanto, tanto tempo que não lembrava-se daquela quentura. Inúmeras tonalidades de verde, cheiro de grama cortada, o sol batendo em seu rosto e lhe fazendo ainda mais sardas enquanto sentia o chacoalhar de uma bicicleta.
Uma fazenda, ela costumava visitar os avós na fazenda. Ia com a mãe, sentada na cesta da bicicleta trouxa, presente de seu pai. Molly pedalava rápido para uma menina de quatro anos, e para Ginevra a viagem demorava uma eternidade - por mais que fosse menos de uma hora. Sentia o cheiro da grama verde e sabia que não podia colocar a mão no mato que subia até seus dedos, sempre correndo o risco de acabar com um dos gnomos de jardim em sua mão. Seu quintal já tinha demais para ela trazer ainda mais um.
Quando chegavam, o avô a carregava no colo e ela o via encher um galão com leite de vaca fresco. Sua avó sempre estava a sovar massa de pão, e a recebia com um sorriso quando lhe via entrar pela porta dos fundos, um biscoito de chocolate sempre na mão. Amava ir nos avós pois era a única vez que conseguia por as mãos em qualquer chocolate, e sabia que vovô sempre guardava um pedaço a mais para era - a única menininha da família.
No fim do dia, comiam pão quentinho e bebericavam chá gelado, e sua mãe lhe fazia cafuné até pegar no sono. Lembrava das mãos gentis passando por seus cabelos sempre tão cheios de nós enquanto o chocolate que guardava para sobremesa ainda derretia na boca.
Acordava magicamente em seu quarto, por mais que a única magia usada era a que a fazia não cair da cesta da bicicleta, Molly sempre terminando de colocar a camiseta que antes era de Bill, camisola favorita de Ginevra durante toda sua infância.
Quente, todos precisam de memórias quentes para encher o peito antes de conjurar um patrono, e tal realização fez até mesmo seu lado racional querer dar alguma quentura para o bruxo. Não, ele não estava a flertar com a morte naquele sábado: Malfoy simplesmente não tinha munição para se defender de um dementador.
"Semana que vem começamos com o não verbal." Quando subiu os olhos, achou-o virado para a janela, e desejou saber que emoção o sonserino precisava esconder para não encará-la. "Acabamos por hoje, Weasley." Ele afirmou, ainda de costas, Ginevra entendendo o quanto o bruxo queria que ela se retirasse dali.
E com o coração e a mente doendo, deixou dois pedaços de chocolate junto com dois ramos de lavanda que sempre carregava consigo sobre sua cadeira, esperando que os dois trouxessem ao sonserino o mesmo conforto que lhe davam e momentos como o de agora.
"Tome."
Diferente da última sexta, o sábado era de puro sol. Não pensou duas vezes antes de aceitar o convite e estirar-se na grama frente ao lago com uma das únicas pessoas que não a irritava nos últimos dias.
"É para dar boa sorte no jogo da semana que vem." Colin lhe empurrava mais um de seus cristais em forma de pingente, a pedra contra os raios de sol brilhando como arco-íris. Olhou para o amigo, já sabendo que nada dele vinha de graça. "Isso também te ajuda a ser sincera com seus sentimentos."
Guardou a pedra no bolso e voltou a fechar os olhos, encostando a cabeça na toalha enquanto tentava não suspirar em frustração. Já estava sendo sincera demais com seus sentimentos, muito mais do que deveria, e além do que poderia se dar ao luxo de ser. Seu coração tinha pena de um Malfoy, e por Merlin, aquilo já era problema o suficiente para sua cabeça.
Mas Colin não sabia nada sobre seu professor particular.
"Quero dizer que você deveria terminar com Dean." Não conteve mais o suspiro.
"Colin-"
"Ele sabe que você está se encontrando com alguém." Mas que merda. "Dean veio me perguntar se eu sei quem é."
"Eu não estou me encontrando com nenhum outro bruxo." falou a verdade: não do jeito que o namorado pensava que ela estava, ao menos.
"Então para onde está escapando de noite?" Para aulas com um dos bruxos que mais odiava até semana passada, e que agora guardava numa parte quase preocupada de seu coração.
Sabia que dinheiro não comprava felicidade - era prova viva daquilo -, mas com certeza alguns galeôes a mais ajudavam. E por mais que fosse contra o que toda aquela família acreditava, imaginava que no mínimo o moleque mimado tivesse alguma lembrança boa dos vinte presentes que deveria ganhar em todas as datas festivas. Não estava pronta para ver uma mãe tão rígida com uma criança que mal aprendera a falar.
"Primeiro achei que fosse com Harry."
"Harry Potter?" perguntou, olhando incrédula para o loiro.
"Mas eu saberia se fosse com ele, ou nunca te perdoaria por se pegar com sua paixonite de anos e não me contar." Colin continuou, os olhos claros apenas duas fendas.
"Eu não estou nem mesmo pensando em pegar Harry Potter!" ela disse mais alto do que o necessário, enfatizando cada palavra.
"Ele olha pra você, e Dean não foi o único que notou."
Tampou o rosto com as mãos, esforçando-se para engolir a vontade que tinha de gritar. Faria-se acreditar que era um engano e seguiria sua vida como se não tivesse recebido a informação, pois não era agora, depois de anos, que o moreno decidiria olhar para ela. Por mais que Ginevra ainda achasse os olhos verdes muito mais lindos do que deveria, demorara demais para encaixar Harry na categoria irmão e não seria por um comentário que destruiria anos e anos de trabalho.
Fechou os olhos com uma ponta de medo, uma pequena prece para qualquer santo pedindo para que olhos verde esmeralda não fossem a primeira coisa que visse na escuridão.
Mas parecia não haver mais espaço para olhos verdes em sua imaginação. Tentou uma, duas, três vezes fazê-los aparecer, pois qualquer coisa seria melhor do que a imagem que sua mente escolhera para lhe atormentar. Pois não estava pronta para ver, sempre que fechasse os olhos, um par de azuis cristalinos e tristes, tão iguais ao que observava durante três noites por semana.
Merda.
Nota da autora: Eu aqui de novo! Muito mais rápido do que achava que ia conseguir! Difícil quando se gosta de escrever uma fic, acabo usando todo meu tempo livre pra isso. Espero que estejam gostando, e sinto que em mais alguns capítulos vai comiçar algo a mais aqui - huhuhu xD
Vou adorar saber o que estão achando!
Beijo grande,
Ania.
