CAPÍTULO 4 – A segunda noite
Almoçaram em silêncio. Hermione comeu pouco. Não estava se sentindo muito bem. Ele reparou.
- Precisa secar seu cabelo, senhorita. Ainda estamos no inverno, vai pegar um resfriado! Sem contar o coronavírus lá fora! Acho melhor comer um pouco mais.
- Estou bem.
Ela disse secamente. Queria dizer que ele não tem nada com isso, mas já que foi gentil, emprestando o livro, de agora em diante teria que ser mais tolerante com ele.
Meia hora depois que terminaram de almoçar, Dobby retorna para levar a bandeja embora e limpar a mesa.
- Dobby quer saber se precisam de mais alguma coisa, Senhorita? Senhor?
- Não obrigado, Dobby!
Ela responde.
- Por favor, traga o exemplar do Profeta Diário, lá da masmorra, sim?
- Sim senhor, Dobby já volta!
O elfo foi e voltou rapidamente, entregando o jornal nas mãos do professor. Severo foi se sentar na sua cama e começou a ler o jornal até pegar no sono.
Hermione começou a foliar o livro sentada na cama e estava encantada com as poções que iriam ver naquele semestre. Muitas delas, ela havia coletado material para o preparo destas poções, sem saber. Sua intuição dizia que eram plantas raras e ela agora consegue reconhecer parte delas pelas gravuras do livro.
Ela vai até o armário. Pega sua mochila e tira todas as amostras, coloca em cima da mesa para começar a preparar as exsicatas.
Duas horas depois ela estava finalizando. Severo acorda e ao ver tão compenetrada, resolve ir olhar, assim como ela fez antes enquanto ele trabalhava. O resultado do trabalho dela era tão perfeito quanto o seu, porém em número reduzido de plantas.
- Ora, ora... vejo que a senhorita está apta a trabalhar nesta área! Está muito bom!
- Obrigado!
Ela responde feliz, pois é tão raro receber elogio dele... Nem lembrava se já recebeu alguma vez. Em todo caso seria o primeiro e lembraria deste dia para sempre. Ela termina, guarda tudo e volta para a cama com o livro. Retira os seus sapatos e coloca o cobertor nas suas pernas. Estava esfriando, a temperatura começava a cair. O dia foi cinzento e a previsão no jornal anunciava uma nevasca para aquela semana.
Severo lê mais um pouco do jornal, depois abre sua mala e escolhe algumas peças, pega seus pertences e entra no banheiro. Hermione escuta o barulho do chuveiro, já que sua cama fica ao lado. Do nada desvia sua atenção da leitura e começa a prestar atenção no barulho da água.
Nossa, como ele deve ser sem roupa nenhuma? Até que ele tem um físico bonito... Tem o peito largo, forte, másculo! Ontem eu o vi de pijama... Credo, Hermione que pensamentos insanos! Ele além de ser seu professor, é um carrasco, mal-amado!
Minutos depois ele sai do banho vestindo pijama e um roupão por cima. O frescor do banho invade o quarto fechado quando a porta do banheiro é aberta. Hermione quase para de respirar ao olhar para seu professor. Ele sabe que está sendo observado e evita olhar para ela. Aquele perfume amadeirado delicioso que ele usa, que raramente consegue sentir, agora invadia seu nariz com tudo, quando ele passou pela sua cama para ir na dele.
Ele se senta na cama e puxa a coberta para cobrir as suas pernas. Termina de ler o jornal. Hermione coloca um marcador de página e guarda o livro na gaveta. Não consegue prosseguir com a leitura, sentia-se inebriada com aquele perfume.
- Por hoje chega, já li cinco capítulos!
Ela pensa em voz alta... nem tinha intenção de puxar conversa, ao menos conscientemente.
- São cinco aulas! Está bem adiantada, senhorita!
- É que o livro tem uma leitura agradável e a curiosidade de saber a próxima poção nos faz seguir adiante...
- Pretendo dar aulas práticas também, não apenas a teoria destas poções... Afinal muitas delas são raras e a enfermaria precisa para o estoque.
- Muito legal! Eu comentei com os meus pais que as poções feitas em sala de aula servem para serem usadas na ala hospitalar... Meus pais são dentistas, e eles ficaram preocupados quanto ao padrão das poções serem feitas por estudantes... Também fiquei pensando se nunca houve problemas nas dosagens pesadas por alunos...
- Todas as poções dos alunos são analisadas e testadas antes. Elas são comparadas com as poções padrões antes de serem liberadas para uso. Não se preocupe!
- No mundo trouxa meus pais disseram que eles usam o cromatógrafo, que é um instrumento analítico que permite analisar diversos compostos em uma amostra.
- Basicamente é isso, mas usamos magia!
- O senhor vai nos ensinar a analisar as amostras no sétimo ano?
- Não!...
- Por quê?
Ela pergunta um tanto desapontada.
- Porque é conteúdo da graduação!
- Que pena... Farei faculdade de química! Um dia irei aprender também!
Dobby surge com o jantar e interrompe a conversa que estava sendo agradável para ambos.
- Melhor jantarmos, antes que esfrie! Aliás está mais frio hoje do que ontem. Vou ter que colocar este termostato no máximo!
Severo fala, enquanto levanta e estica seu braço em direção ao termostato, em cima da mesa. Hermione coloca os chinelos nos pés com duas meias, para sair da cama. Enquanto jantam eles retornam ao assunto do livro.
Depois do jantar, ela pega sua agenda da gaveta e começa a fazer várias anotações. Ele escreve num bloco de notas todas as espécies de plantas que já conseguiu. Depois enumera as que ainda faltam para aquele semestre. Resolve deixar de lado o bloco e vai ao banheiro antes de dormir. Pretende dormir cedo, afinal na noite anterior custou a pegar no sono.
- A senhorita vai demorar muito? Poderia apagar a luz?
- Hum... Está muito frio para escrever lá perto da luminária. Espera só mais uns minutinhos, que eu já termino e apago a luz.
Severo puxou o cobertor tapando sua cabeça.
Que tanto ela escreve? Bom, eu ficarei aqui até sexta-feira! Só por estes dias consigo aguentar a convivência "amistosa" de uma aluna! E tinha que ser logo ela, a "Irritante sabe tudo"! Sexta é meu aniversário e todos os anos Alvo sempre me chama para comemorarmos. Passamos horas bebendo e conversando. Gosto muito de conversar com ele. Este ano ele vai me chamar de novo, tenho certeza! Sairei deste confinamento, que ninguém merece!
Minutos depois ela apaga a luz e vai ao banheiro. Quando retorna, vai para baixo da coberta. Não sabia se ele já estava ou não dormindo. Não desejou boa noite. Ficou pensando nele.
Que diferença de ontem para hoje... Se ele continuar assim, até que vai ser útil ficar aqui. Vou tentar descolar aula particular e poderei conhecê-lo melhor. Finalmente eu vou conseguir entender o motivo do diretor gostar tanto dele. Por que sinceridade? Até ontem eu nunca havia entendido o motivo de Dumbledore lhe dar o emprego... Até ontem eu o odiava!
Continua...
