Cap – 04 – Passo a Passo: Como Perder o Controle.
Nas raras ocasiões a qual Draco se sentira muito mal, ou muito ameaçado, Harry sempre estivera ao seu lado, até mesmo quando eram menores e se ofendiam por todos os cantos da escola, só para um não esquecer o quanto sempre fora importante para o outro.
Contudo, dessa vez o loiro temeu não melhorar rapidamente como pretendia. Deu graças a Merlin por Dink ter recolhido do quarto suas veste de inverno úmidas e empapadas com seu suor e assim Harry engolira de atravessado suas desculpas esfarrapadas.
Teimosia, cabeça dura, poderia chamar como for, mas precisava aprender cuidar de si e parar de agir como se Harry tivesse a obrigação de lhe servir.
Bem preparado, Draco usava duas vestes de inverno, um par de luvas e duas meias grossas. Mais de um quilo de tecido e o loiro não se movia direito quando saiu do quarto. Se deitasse novamente se entregaria ao próprio mal estar, mais não conseguiria esquecer da banana caramelizada. Mesmo se arrastando precisava tomar uma providência.
Desceu as escadas divagar, chamando por Fany. Prontamente a criatura fêmea que ficava a seu comando apareceu feliz por poder ajudar.
- Fany, me traga mais uma poção revigorante, preciso melhorar logo, estou uma merda. Leve para mim na sala de estar?
- Está bem amo, Fany leva para o senhor.
A elfo saiu rapidamente para realizar o pedido e Draco se arrastou praticamente até a sala de estar.
Fany voltou em menos de cinco minutos, a bandeja cuidadosamente arrumada com a poção que Draco pedira. Como mimo da elfo, o liquido estava imperturbável em uma taça de cristal maravilhoso.
- Perfeito. – Anunciou Draco para Fany, que sorriu satisfeita pela missão cumprida.
Draco tomou de um gole só o conteúdo da taça, mais para seu descontentamento o liquido em si não caíra como deveria. Na mesma velocidade que entrou, a poção saiu. Fany se afastou bem em tempo de desviar do jato de vomito.
Oh... As coisas estavam se complicando e muito, quando os espasmos de ânsia deram uma pausa e Draco pode respirar fundo por que o seu estômago estava completamente vazio, Fany se aproximara passando um lenço por sua testa suada.
Draco segurou o lenço e se levantou para ir ao banheiro tirar o amargo de sua boca.
Fany estalou os dedos e o assoalho voltou a ser limpo, reluzente novamente. A passos curtos a elfo alcançou Draco que parecia um homem anoso com o pé quebrado se movimentando, lento, pesado.
Preocupada a pequena criatura o segurou pela mão na tentativa inocente de cuidar de seu amo. Draco não se espantou, não xingou, até se sentiu agraciado por não estar tão só.
- Senhor, o Saint Mungus, o senhor precisa ir, Fany leva o senhor, Fany pode, Fany e Dink leva. Nada bem senhor Malfoy, nada bem, - A elfo repetia nervosa. - precisa ir.
- Não Fany, prefiro ficar em casa. Se piorar, vou. – Respondeu Draco sem certeza alguma se estava fazendo o melhor para si.
Ele ainda não estava crente que seu abatimento fosse uma coisa que necessitasse de cuidados mais específicos de profissionais da saúde, até então parecia uma coisa corriqueira, nada que não sumisse com um chá, descanso e inúmeras poções ao longo de uns dois dias.
Fany o conduziu pela mão pequena e fina até a porta do banheiro, onde Draco padeceu com o cheiro de limpeza do local, colocando para fora novamente mais alguns líquidos que achou que não existia mais em seu estômago.
Assim que estava completamente vazio ergueu o corpo e escovou os dentes pedindo a Merlin para que seu estômago incomodado não se manifestasse de novo.
Quando saiu do banheiro curvado parecia um espectro por causa da palidez perolada que sua pele atingira. Fany lhe conduziu novamente até a sala de estar e Draco se jogou na poltrona mais próxima do seu alcance.
- O senhor Potter, Fany vai trazer o seu Potter. – Falou a criaturinha aparvalhada se virando para ir até a lareira. A elfo tinha certeza de que Harry faria com que Draco melhorasse.
Draco sobressaltou-se na poltrona. Não poderia chamar Harry de jeito nenhum. Primeiro por que o moreno ficaria furioso, afinal de contas ele mentiu e depois o jogo da final do campeonato seria em alguns dias. Seu pseudo-marido não poderia de jeito nenhum voltar para a casa.
- Não Fany. – Teimou Draco com a voz fraca, mas severo. – Te proíbo de chamar Harry entendeu bem? – Tristemente Fany balançou a cabeça penalizada. - Diga isso a Dink também, os dois não tem permissão para chamar o senhor Potter.
Fany engoliu seco. Porém, como estava submetida magicamente as ordens do loiro não pode ir contra a decisão. Só continuou assentindo com a cabeça.
- Agora pode ir Fany, quero ficar só. – Pediu Draco. Fany o deixou na sala de coração partido muito insatisfeita por não fazer mais nada por ele.
Draco não sabia o que fazer, se sentiu tão perdido, sozinho sem a presença de Harry. As palavras do moreno de umas horas atrás dizendo que se precisasse dele para qualquer coisa, que era só chamar que ele viria correndo, ecoavam em seu pensamento. Porém ele não podia, simplesmente não podia.
Ele estava atordoado, seus lábios ressecados, rachados a pouco tão macios, sua tez fantasmagórica, seu corpo ardendo em brasa enquanto sentia calafrios, a todo momento.
O suor vertendo de seus poros em uma velocidade impressionante, umedecendo suas vestes de inverno, seus pensamentos incoerentes, sua cabeça prestes a explodir de dor, seu corpo massacrado pela maldita febre que só baixava com água bem fria e seu estômago tão malcriado que resolvera se manifestar na hora errada.
Se não bastasse tudo isso, não conseguia esquecer a maldita banana caramelizada e sua boca juntava mais saliva ainda, o enjoando.
Um tempo depois ainda sofrendo, controlando a respiração alterada pela ânsia que sentia em colocar o que não havia mais dentro de si para fora, Draco se arrastou até o quarto. Do mesmo jeito que estava, vestido e tudo, caiu na cama e de exaustão adormeceu.
Harry estava só em seu quarto. Jantou conversando distraidamente com os companheiros de time e quase não tocou na sua refeição. Nada conseguia desviar seus pensamentos da preocupação latente que sentia por Draco a todo instante.
Raios! Nunca ficava angustiado aquela maneira quando passava bastante tempo fora de casa por causa das longas temporadas de quadribol! O que estava acontecendo que não ficava em paz de forma alguma?
Já devidamente preparado se deitou para dormir e quando fechou os olhos só conseguia ver as imagens de Draco. As da noite passada principalmente, tão frescas em sua mente que quase eram palpáveis.
Passou o polegar por sua própria boca, como se através do seu gesto pudesse sentir os lábios de Draco entre o seus, mas ai se lembrou que nessa manhã, na hora em que se despediu do loiro, os lábios dele que sempre se mantinham macios estavam ressecados, rachados e seu estômago manobrou um 360º dentro do seu interior, tamanha era sua preocupação.
Com toda a inquietude agoniante que sentia se levantou no mínimo sete vezes da cama pensando em fugir do alojamento para ver como Draco estava de novo.
Por fim se fosse checar não só teria um problema dos grandes com Robert, como também Draco ficaria muito bravo por Harry não acreditar que ele dissera a verdade.
Harry se enterrou na cama esperando que o sono viesse, mas sabia que no ritmo vertiginoso ao qual sua cabeça trabalhava, provavelmente dormiria quase na parte da manhã vencido pelo cansaço. Na noite passada também quase não dormira, mas foi por um motivo infinitamente melhor.
