CAPÍTULO 4
O apartamento de Saori às margens do rio Han era tão alto que não se ouvia o trânsito na avenida. Do outro lado do rio, Seul parecia um campo de estrelas àquela hora, com as luzes dos carros fluindo como as águas dos rios de Rozan refletindo o céu noturno.
Shunrei passou as mãos no roupão macio, agradecendo a amiga ter exigido que ela ficasse ali hoje. Seu corpo parecia um parque de diversões: a cabeça a xícara-maluca, o coração a montanha-russa e os músculos o trem-fantasma.
Julian insistira, como ela já esperava, em saírem para comemorar a vitória e quando Saori contrapôs, explicando que quase acontecera uma tragédia, ele disse que sabia que estava tudo bem com o homem.
- Eles estão acostumados com esses contratempos. Não se machucam à toa.
Shunrei não conseguia nem falar.
"Eu não deveria estar em choque assim... Já atendi pacientes em situação muito pior." De uma coisa ela tinha consciência: tinha sido a gota d'água. Não o golpe em si, mas o comportamento narcisista de Julian. "Ele realmente não se importa."
Deixou que Saori lidasse com ele. Quando o motorista o deixou em frente ao seu prédio, ele só saiu depois que Shunrei prometeu jantar com ele na folga da semana.
- Vamos àquele restaurante italiano que você tanto gosta. – ele tentou brincar, recebendo um rosto sem expressão como resposta.
Saori a colocou debaixo do chuveiro e a deixou ficar lá até estar pronta para conversar.
- Shunrei? – ouviu a batida na porta e voltou para a cama. Saori entrou de camisola e penhoar, os pés descalços, uma garrafa de vinho, duas taças e uma caixa de chocolates. – Começa do início. – pediu, montando o piquenique em cima da larga cama do quarto de hóspedes.
o.o – 0.0 – o.o – 0.0 – o.o
- Ele dormiu. – Seiya saiu do quarto com muito cuidado para não fazer ruído.
Shiryu estava jogado no sofá, a cabeça explodindo de dor e o estômago embrulhado.
- Daqui a pouco melhora. – Shun aplicara medicação intravenosa, com efeito mais rápido. – Você não quer deitar agora? – ele balançou a cabeça e se arrependeu de ter feito. – Julian foi muito imprudente. Ele não percebeu que não estávamos lutando para valer?
- Ele percebeu, sim. – Seiya comentou, puxando uma das cadeiras da cozinha. – Você viu, Shun. Shiryu ia ganhar em mais dois ou três golpes. Julian se enfureceu e partiu com tudo. Por que você baixou a guarda, Shiryu?
- Ele disse alguma coisa para você? – Shun estava sentado no chão ao lado do sofá, medindo a pressão do amigo.
Shiryu suspirou e começou a contar.
o.o – 0.0 – o.o – 0.0 – o.o
- Uau. – Shunrei riu da expressão da amiga. – Então você conhece o Dragão e sente coisas por ele? – ela balançou a cabeça, pegando um chocolate na caixa. – Ele disse que tem curiosidade sobre você e você se apegou. – nova concordância. – Você está me saindo mais romântica do que eu esperava! – olhava com curiosidade renovada para a amiga. - Shunrei, não nego que ele é muito bonito e tem presença. Não é qualquer um que sustenta um cabelo daquele tamanho com dignidade. Mas, você sabe mais alguma coisa dele?
- Fora o fato de que tem um filho e é farmacêutico, não. Mas até aí, eu não conhecia nenhum dos meus namorados no início. – Saori teve que concordar. – Além disso, não é por causa dele que vou terminar. É por mim. – Shunrei encheu as taças com o restante do vinho.
- Amiga, pense um pouco como será a reação do Julian. – Shunrei a encarou, tentando entender o que ela queria dizer.
- Você acha que devo ficar com ele? – Saori fez uma careta.
- Só se conseguir ficar com ele gostando tanto de outro homem. – Shunrei suspirou. - Não pode terminar. – franziu a testa e a amiga completou. - Não é que não possa, mas seu namorado não vai desistir.
- Ele é orgulhoso demais para isso. – Saori assentiu veementemente, tomando um grande gole.
- E se for pega? E se esse homem orgulhoso descobrir que outro cara o derrotou? Acha que ele vai aceitar? E o outro não é um estranho. Você viu hoje. Ele não vai aceitar isso. – Shunrei contraiu os lábios.
- Saori, eu não sei se vou ficar com o farmacêutico. E isso não importa. Não aguento mais ficar com Julian. Não posso ficar refém de Julian Solo só porque ele é um rico mimado!
- Parece que estou vendo um dedinho da Shunrei de Rozan saindo das sombras.
o.o – 0.0 – o.o – 0.0 – o.o
Shun e Seiya se olhavam, sem saber como reagir. Shiryu conseguira se sentar e aguardava.
- Nunca pensei que você fosse safado assim! – Seiya quebrou o silêncio, tentando não aumentar o volume da voz. – Você está paquerando a namorada do cara? Quem diria, o certinho da turma aprontando todas.
- Eu não sabia que ela é comprometida. Quando soube, disse que não a queria perto nem como amiga. – Shiryu jogou uma almofada para ele parar. – Você não ouviu essa parte? Além disso, o que acontece comigo quando estou perto dela é diferente... Eu nunca senti meu corpo responder tão intensamente a uma mulher. – Seiya sacudiu a cabeça, com um riso mal disfarçado. – Você entendeu, Seiya, pare de brincar. Estou falando de sensações, de coração, respiração, pulsação... Vai dizer que você nunca perdeu o fôlego por uma garota.
- A ponto de apanhar até ficar desacordado, não! – Shiryu ameaçou levantar e ficou tonto. Shun, que estava ao seu lado, conseguiu ampará-lo.
- Bom, eu estive ao lado dela enquanto cuidávamos de você. – Shun comentou. – Posso dizer três coisas. – ergueu o dedo indicador para os amigos. - Ela é uma excelente profissional, muito segura dos procedimentos, com bastante experiência. Quando você me falou o nome dela, reconheci de vários artigos sobre recuperação neurológica. – ergueu o indicador e o dedo do meio. – As mãos dela estavam trêmulas enquanto examinava você. Isso não condiz com quem faz cirurgias delicadas no cérebro. – ergueu o indicador, o dedo do meio e o polegar. – Ela é amiga de Saori Kido.
o.o – 0.0 – o.o – 0.0 – o.o
Shunrei acordou em meio à maciez do edredom e demorou a se convencer a levantar.
"O hospital é bem perto. Dá tempo de chegar tranquila."
Pegou o celular e começou a agir. Sentia sua mente e sua vontade saírem da anestesia em que as colocara há muito tempo.
# Park A-ha 'Secretária': Bom dia. Favor limpar agenda até às 16 horas.
# Julian 'Love'... (correção) Julian Solo: Preciso falar com você hoje.
# Farmacêutico... (correção) Shiryu Suiyama: Está tudo bem? Como passou a noite?
Jogou o celular na cama e foi tomar banho.
# Dra. Shunrei Nishi 'Prioridade': Bom dia, dra. Nishi. Remarquei as consultas para os dois próximos dias. Está lembrando da reunião com o diretor Lee Kang hoje às 16 horas?
# 'My' Shunrei: Hoje estou ocupado. Marcamos outro dia.
# Shunrei Nishi: Bom dia, srta. Nishi. Dormi bem. Meus amigos me levarão ao hospital agora pela manhã.
- Droga, esqueci a reunião!
# Park A-ha 'Secretária': Por favor, peça a alguém para ir até o meu apartamento e pegar a pasta cinza que está na mesa da cozinha. Está etiquetada 'Estrutura'.
# Shiryu Suiyama: Quando chegarem, peça para me chamarem, por favor.
Ficou olhando a resposta de Julian. Queria dar um fim nisso logo.
o.o – 0.0 – o.o – 0.0 – o.o
# Seiya 'Alado' Ogawara: Bom dia, srta. Kido.
# Saori 'Deusa' Kido: Olá, Seiya. Como está seu amigo, Dragão?
# Seiya 'Alado' Ogawara: Shiryu está bem melhor, graças à ajuda da sua amiga. Por favor, agradeça a ela.
# Saori 'Deusa' Kido: Apesar do final dramático, gostei muito da competição amistosa. Agradeço o convite.
# Seiya 'Alado' Ogawara: Tomara que os próximos sejam mais tranquilos. :-)
# Saori 'Deusa' Kido: :-)
# Seiya 'Alado' Ogawara: Vamos levar Shiryu ao seu hospital daqui a pouco.
# Saori 'Deusa' Kido: Vou avisar à recepção para que me informem assim que vocês chegarem.
# Seiya 'Alado' Ogawara: Não queremos incomodar.
# Saori 'Deusa' Kido: Não será nenhum incômodo.
# Seiya 'Alado' Ogawara: De qualquer forma, se não nos encontrarmos hoje, gostaria de convidar vocês duas para um jantar, como agradecimento pelo que fizeram ontem.
# Saori 'Deusa' Kido: Mas eu não fiz nada, Seiya. Se quiser, repasso o seu convite para a dra. Shunrei Nishi.
# Seiya 'Alado' Ogawara: NÃO!
# Saori 'Deusa' Kido: ?
# Seiya 'Alado' Ogawara: Digo, a senhorita foi importante. Se não tivesse afiançado a dra. Nishi, eu não a deixaria se aproximar de Shiryu... Nós somos amigos de infância, sabe? O convite é para a senhorita também. ;-) Se estiver tudo bem com Shiryu, que tal amanhã à noite?
# Saori 'Deusa' Kido: Tudo bem, então. Podemos marcar, sim. Vou verificar com a Shunrei e confirmo.
Saori riu, indo falar com Shunrei.
- Parece que ou dá certo para as duas ou nada feito.
o.o – 0.0 – o.o – 0.0 – o.o
- Como você deixou isso acontecer, Shiryu? – ele bufou, impaciente.
- Não venha me dar lição de moral você também, Hyoga. – a voz do amigo estava calma, como estivera nos últimos 31 anos. "Imagino que até chorando quando bebê era assim."
- Não me refiro à garota. Isso é papel do Seiya. – Shiryu olhou para o amigo pelo retrovisor. – Estou me referindo ao chute. Quando treinávamos juntos, você nunca baixou a guarda desse jeito. O que fez você perder o controle?
- Coloca no som do carro, Shiryu. – Seiya disse. – Hyoga, está me ouvindo? – ele confirmou.
Shiryu suspirou.
Hyoga, que estava disputando um dos torneios classificatórios para as Olimpíadas de Inverno, soubera por Marin, via o marido dela e treinador responsável por aquela parte da equipe, Aiolia, o que acontecera. Shiryu preferia que ele ficasse concentrado nas lutas.
"Mas não se pode ter tudo na vida, não é?"
- Foi apenas um momento de descuido. – ele conseguira fugir dessa pergunta ontem, mas algo lhe dizia que agora não conseguiria. Os três estavam indo ao Hospital Graad após deixarem Ryuho na escola. – Eu já estou bem.
- Será bom que ele faça exames, para tirar qualquer suspeita. – Shun comentou, atento ao trânsito intenso da manhã.
- Se você está bem, por que está indo ao hospital? – Hyoga questionou. Shiryu tinha duas respostas para isso.
- Porque eu quero vê-la. – ouviram a risada irônica ressoar nos alto-falantes.
- Shiryu, o que foi que ele te disse sobre ela? – "O cara está há milhares de quilômetros e consegue sacar as coisas." Seiya soltou uma risadinha. – Só assim para ele te tirar do eixo. Fala logo, o que foi?
- Eu falei que ele tinha provocado você! – Seiya exclamou, batendo no ombro do amigo.
Shiryu pensou como explicaria.
- Ele disse que ela era dele e ele não a deixaria escapar de jeito nenhum.
- Mas isso pode muito bem ser a declaração de um homem apaixonado. – Hyoga retrucou. Shun meneou a cabeça. – Um tanto possessivo, talvez, mas você está na Coréia do Sul. Já viu os heróis dos doramas?
- Você assiste dorama? – os três riram alto. Hyoga suspirou e disse com um leve tom de impaciência.
- A Eiri está viciada, mas não vem ao caso. Não tente mudar de assunto.
- O jeito dele lutar. Foi o jeito dele lutar que me tirou do sério. Durante toda a competição, ele demonstrou não se importar com o oponente, machucando os companheiros, mesmo sabendo que não estávamos lutando para valer. – Shiryu falou tudo muito rápido. – Ele não tem a menor ideia de que eu conheço Shunrei e mesmo assim apontou para ela e disse que era a chinesinha que ele estava amansando. 'Ela está tentando escapar, mas ela é minha e eu não vou deixar', foram as palavras dele. Ele não tem honra.
- Shiryu, ele estava querendo se exibir para você. – Seiya concordou com Hyoga. - E a tática funcionou.
- A questão é não dar brecha novamente. – Shun disse. – Estamos chegando ao hospital. – apontou para o prédio baixo e comprido sinalizado pelo GPS.
- Eu vou precisar desligar agora também. Shiryu, lembra quando você ganhou 23 lutas seguidas e foi bicampeão mundial? O que você tinha naquela época e não tem hoje? Essa é a resposta para a minha primeira pergunta e a solução para conquistar a Shunrei. – Hyoga falou com alguém que o chamava. – Me contem o resultado dos exames, ok?
- Uma dica, - Seiya colocou o rosto no vão entre os bancos. – começa com 'c' e termina com 'onfiança'.
o.o – 0.0 – o.o – 0.0 – o.o
Ela estava terminando de analisar o exame de um possível rompimento do nervo motor da face em uma garotinha de três anos, vítima de atropelamento. Escrevia o relatório, recomendando três possíveis abordagens: transplante, enxerto ou células tronco. Era o campo de vanguarda no estudo das células humanas, mas poderiam ter bons resultados.
Antes de atender o telefone, escreveu de vermelho em caixa alta: DISCUTIR COM EQUIPES.
- Pode levá-lo primeiro à ressonância e depois à tomografia... Claro, eu sou a médica responsável. Não será necessário me enviar os resultados, eu vou descer para acompanhar. – ela riu do alarme na voz do atendente.
"Não é todo dia que a chefe de um departamento invade o outro." Para dirimir qualquer problema, alertara o dr. Lee Kang assim que chegara.
- Bom dia. – ela encontrou os dois amigos na recepção do setor de exames.
- Bom dia, dra. Nishi. – Shun respondeu. – Shiryu acabou de entrar.
- Já vou até lá. Só quero dizer que vou cuidar bem dele, portanto não se preocupem. O celular ficou com vocês? – Seiya balançou o aparelho. – Ótimo, qualquer novidade, comunico. Os exames e os resultados devem demorar entr horas. – ela meneou a cabeça e entrou na sala.
Shiryu trocara a calça preta e a camisa cinza pela camisola hospitalar. Como o enfermeiro estava prendendo seu cabelo, ela viu pela abertura nas costas manchas verde-escuras.
"Nada de criar asas, imaginação! Fique bem quietinha agora."
- Bom dia, sr. Suiyama. – ele sorriu antes de se virar para ela. "Deuses, até de roupa de hospital ele fica bonito?" – Como se sente?
- Bom dia, doutora. – ela parou para falar com o enfermeiro. "Devia haver um aviso quando ela faz coque no cabelo. Teste para cardíaco!" – Um pouco constrangido.
- Fique tranquilo, - "Se você continuar vermelho, eu não respondo por mim." - vou fazer o possível para não demorar muito. – ela esboçou um leve sorriso.
- Tudo bem. – "Pode demorar o dia todo e a noite também." – A senhorita vai ficar aqui? – ela confirmou.
- Vou acompanhar os exames. – "Que vontade de beijá-lo!" – O senhor é meu paciente agora.
- Ótimo. – "Você pode me examinar o quanto quiser?" – Confio na senhorita.
Ela começou a sentir as faces quentes sob o olhar dele e pediu para o enfermeiro orientá-lo sobre a máquina de ressonância, entrando na salinha onde ficava o computador para operar e visualizar as imagens.
- Vamos fazer crânio e cervical primeiro. – pediu ao técnico, atenta à tela.
Duas horas depois, o enfermeiro o conduziu de volta à sala preparatória.
Shiryu se vestiu e aguardou. Fechou um pouco os olhos ardidos. Ele não conseguira dormir direito pois ficava tendo sonhos envolvendo Shunrei, Julian e Ryuho. Sabia que era seu cérebro processando as informações, mas não conseguia evitar os pequenos sustos que o despertavam. Fixou a imagem dela toda de branco conversando com o enfermeiro e sentiu a mente relaxar.
- Sr. Suiyama, o senhor está bem? – a voz suave dela soou próxima.
Ele abriu os olhos e ela realmente o observava de perto. Endireitou-se na cadeira.
- Desculpe, devo ter cochilado. Não dormi bem essa noite. – ela franziu a testa.
- Não? Por quê? Alguma coisa relacionada ao incidente? – ele negou.
- Julian é o seu namorado, não é? – ela piscou repetidas vezes. Sentou ao seu lado. Encarou-o firme e confirmou. – Você foi até lá para vê-lo?
"Com certeza ele está ouvindo meu coração quebrando as minhas costelas."
- Não, nem sabia que ele estaria lá. Fui acompanhar a minha amiga, Saori Kido. – ele balançou a cabeça. – O seu amigo Seiya a convidou e ela não quis ir sozinha.
- Ainda bem que você foi. – a voz dele ficava mais arrepiante baixa. – Eu poderia estar em maus lençóis. – ela sorriu, negando, mostrando os papéis que trazia na mão.
- Não teve nenhuma lesão. Foi só o susto mesmo.
- Eu sabia. – ela ergueu as sobrancelhas. – Já sofri contusões sérias antes.
- Então, por que veio? – ele engoliu, tentando fazer o coração diminuir o ritmo.
- Porque você estava preocupada e eu queria deixá-la segura. – as pupilas dela triplicaram de tamanho. Abriu a boca para falar e pulou da cadeira, se afastando quando bateram na porta.
- Dra. Nishi, os amigos dele estão chamando. Parece que é uma emergência.
- Shiryu! - Seiya surgiu por trás do enfermeiro, acenando com o celular. – Ryuho passou mal na escola!
Em dois segundos ele estava falando com uma das professoras.
- Quando foi isso?... Os remédios não funcionaram? – os olhos verdes estavam enormes e assustados. O peito doía de pensar no filho. - Eles já o pegaram?... A senhora está indo junto? Qual hospital? – Shunrei interveio.
- Fala para trazerem ele aqui. Agora.
- Conseguem chegar ao Hospital Graad em quanto tempo?... Dois minutos. – Shunrei assentiu, pegando seu próprio celular.
- Qual o problema dele? – perguntou a Seiya.
- Não está respirando. – ela contraiu os lábios, vendo Shiryu andar de um lado para o outro. Digitou o ramal da emergência.
– Diga para ele não parar de falar com a pessoa. – indicou para Seiya ficar perto do amigo. – Dra. Shunrei Nishi, preciso de um leito preparado para respiratório. – Shun apareceu também. - Ambulância chega em dois minutos. Não, não sei. Já estou descendo aí. Sim, eu mesma vou recebê-lo. O nome é Ryuho Suiyama. – ela desligou. – Vamos descer.
Ela puxou Shun para se inteirar do quadro enquanto Seiya vinha atrás com Shiryu falando com a professora.
- Ryuho nasceu prematuro de sete meses. Os pulmões não estavam totalmente desenvolvidos. – entraram no elevador e ela assentiu para ele continuar. – Desde bebê, ele tem crises a qualquer hora. No início, Shiryu usava nebulizador e pomadas para abertura dos brônquios. Agora não sei o que é.
- Daqui a pouco ele me conta. – ela o observava, falando racionalmente com a professora e a admiração por ele cresceu.
Assim que a maca com Ryuho chegou, Shunrei assumiu o controle. Os paramédicos relataram o caso e ela comandou as duas enfermeiras, examinando olhos, a qualidade da respiração, os lábios já mudando para um tom arroxeado e indicando a medicação.
- Intubação em criança é tão difícil. – Shun comentou com os amigos e a professora, assistindo-a executar o procedimento. – Vê como ela faz com delicadeza?
Shiryu via. Estava encantado como ela parecia uma maestrina de orquestra. Não havia gestos desperdiçados.
Ela só parou quando os níveis de oxigênio começaram a subir de novo. Chamou os quatro para perto do leito.
- Ele não vai precisar ficar muito tempo com o tubo. – olhava para Shiryu. – É só o nível do oxigênio voltar ao normal e estabilizar. – ele assentiu. – Foi no limite do tempo, mas ele parece saudável e os testes não mostram nenhuma alteração grave. – ela sorriu, querendo desfazer o semblante carregado dele. – Ele vai ficar bem. Logo virão levá-lo para o quarto. Mais tarde eu volto para saber como ele está evoluindo. – saiu do cubículo e foi caminhando apressada.
- Dra. Nishi... Dra. Nishi... Shunrei! – Shiryu a alcançou. – Obrigado pelo que está fazendo. – o sorriso dela ficou maior. Ela se aproximou.
- Sei que você não vai querer sair de perto, mas procure comer alguma coisa e descanse enquanto ele está dormindo. – os lábios dele se curvaram suavemente. – Ryuho é um rapazinho muito corajoso, como o pai.
Ela seguiu antes que Shiryu visse suas bochechas em chamas.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Tive que remexer nas minhas lembranças de Plantão Médico para esse capítulo... rsrrs!
Como será agora que Shiryu e Ryuho são pacientes de Shunrei? Saori e Seiya vão se encontrar no hospital? Haverá um jantar entre os quatro? Quero saber das teorias de vocês!
Abraços e até o próximo capítulo!
Jasmin
