Capítulo 5

Catherina passou o resto do dia rezando, horas intermináveis repetindo versos e salmos, apenas pedindo toda proteção possível para Nemo, pedindo que seu irmão tivesse piedade, e esperando, pois sabia que, quando ele viesse, seria mais cruel do que o normal.

Ao cair da noite, o Duque estava ainda mais dolorido mas, não deixaria de ir ver a irmã. Não podia como Francesco, mas podia como Nemo. Dessa vez, avisou Petrus e desceram juntos para a masmorra, o Papa se trocou e foi para a cela da irmã. O padre só se aproximou quando a porta estava fechada, fazendo a guarda. Nemo mostrou mais um chocolate, tinha levado outro para ela, tentando mostrar que estava tudo bem.

Quando escutou a chave na porta, Catherina já ficou ansiosa por qual seria o seu destino, porém, ao ver Nemo ali, ficou tão feliz, tão grata, que só conseguiu levantar do chão e dizer.

- Graças a Deus! - Ao que ia até ele e ignorava totalmente a comida, abraçando-o com lágrimas nos olhos e muito carinho.

Retraiu o corpo quando foi abraçado, estava com dor e ainda não era bom com essas demonstrações, mas não deixou de abraçá-la com carinho também, apertando como se não quisesse soltar.

Notou-o se afastar, o que atribuiu a dor e afrouxou os braços para olhá-lo mais uma vez.

- Desculpe - e passava uma mão no rosto para limpar as lágrimas. - Achei que eles iriam te denunciar, que meu irmão ia te matar. Eu estou tão feliz em te ver… - E o abraçava de novo, agora com o rosto em seu peito.

Aquelas palavras, aquele carinho era tão bom, ela era exatamente como nos seus sonhos e estava gostando muito mais do que esperava. Era tudo muito novo para ele, talvez isso estivesse chamando a atenção. Encostou o rosto coberto nos cabelos dela e a abraçou outra vez, poderia ficar assim a noite toda.

Catherina sentiu um arrepio percorrer o seu corpo quando ele chegou perto de seus cabelos, seu pescoço, algo que achou muito bom e perigoso ao mesmo tempo.

- Acho que deve ir. Por favor. Faça isso por mim. Eu estarei te esperando - acima de tudo queria protegê-lo.

Balançou a cabeça negativamente, como se não pudesse sair. Deslizou as mãos lentamente pelos braços dela e entrelaçou os dedos, queria ficar ali, com ela.

- Ele vai te matar… - Falou com a voz baixa, sentindo a pele arrepiar com aquele toque áspero e ao mesmo tempo delicado, ao que apertava de leve os dedos dele entre os seus. - Você não tem medo do que meu irmão possa fazer com você?

Do lado de fora, Petrus não deixava de escutar e acabava rindo de uma forma discreta.

Nemo balançou a cabeça negativamente acompanhado da mão balançando, como se não se importasse com ele. Alguém bateu na porta e ele se afastou completamente dela. Era o padre que vinha com o jantar, o mesmo dos Cardeais. O homem deu uma olhada para Francesco antes de sair da cela, estava ouvindo tudo o que era falado. Julgava o chefe louco.

Catherina ficou rígida como uma estátua enquanto Petrus entrava em sua cela com a comida, muito preocupada que algo pudesse lhes acontecer, só relaxando quando ele saiu. Ela finalmente conseguiu respirar.

- Como depois - disse. - Quero ficar com você.

Agora tanto Francesco como Nemo travaram. Não sabia o que deveria fazer naquela situação, nunca falaram isso para ele. Pensou rápido e apontou para a cama, tinha gostado de ficar junto daquela forma. Tocou as mãos dela outra vez, entrelaçando os dedos e a puxou para se deitar com ele, tudo com muita calma, sem forçar a irmã a nada.

Acompanhou-o com um sorriso para a cama, deitando mais uma vez no braço dele, olhando-o de perto. Estavam tão próximos que conseguia sentir o calor da respiração dele, mesmo que por debaixo do capuz. Foi dedilhando então do peito dele para a barra da peça, como se desejasse levantar, mas não o fazendo, o respeitaria.

Tocou a mão da irmã quando percebeu que estava muito perto da máscara, sem deixar continuar. Então pensou e escolheu arriscar. Com a mão dela mesmo, deslizou o tecido para cima, só deixando parte do rosto à mostra. O quanto seria fácil de reconhecer? Olhava o tempo todo para ela ali nos seus braços, tão próximo, tão carinhosa, aquilo era errado de tantas formas.

A Duquesa se surpreendeu com o toque, ao que o olhou diretamente nos olhos. Não tinha ainda reparado neles, eram tão familiares, mas ainda assim não conseguia identificar exatamente o motivo, mas apenas que a faziam se sentir bem. Então ele levantou a máscara e ela pode ver os lábios, sobre os quais depositou as pontas dos dedos em forma de carícias, convites, estava próxima demais.

Aparentemente estava mais nervoso do que ela com aquilo, ele queria mas quase não sabia como agir. Se arrumou na cama, apoiado no braço, quase que por cima dela enquanto tinha os lábios tocados. Desviou o olhar para a boca e então a beijou lentamente, quase que com medo de fazer algo errado, imerso no próprio personagem.

Tendo os lábios cobertos pelos dele, Catherina ficava muito vermelha, desconcertada. Era o primeiro beijo de sua vida e por isso não fazia a menor ideia de como fazer. Se deixava guiar por ele de uma forma lenta, romântica e gentil, que estava gostando muito, enquanto levava as mãos para a nuca e fazia leves carícias. Jamais achou que o seu primeiro beijo seria com um soldado desconhecido, mas aí lembrou que ele não precisava ser ninguém, apenas amá-la.

Tocava o rosto da Duquesa com carinho, já mais certo do que fazia. Guiava o beijo com muita calma e intensificava aos poucos, conforme ela permitia. O toque na nuca o fez arrepiar por completo, era exatamente como queria e percebeu que apenas não queria para com aquilo.

O beijo era delicado e Catherina aprendia rápido o que queria, do que gostava, abrindo mais a boca, usando a língua, estava se divertindo. Até demais. Então parou de súbito, ofegante, mas muito satisfeita com o que havia feito. Se levantou da cama e o olhou.

- Eu preciso rezar - sim, definitivamente precisava, pois estava tendo pensamentos impuros.

Nemo não questionava nada, apenas fazia as vontades dela, então assim que encerrou o beijo se afastou e assistiu ela se levantar enquanto abaixava a máscara. Ouviu o que Catherina desejava fazer e então se ajoelhou onde tinha visto ela ajoelhada da outra vez que entrou e esperou, iria rezar com ela.

Ele era bom demais e Catherina sentia o coração quente nesses momentos. Ficou então ao lado dele e juntos rezaram durante algum tempo, um tempo relativamente longo, parando apenas quando ela sentiu que precisava ir comer. Foi levantar-se do chão e, com o corpo fraco, quase caiu.

Ficou ali com ela em silêncio, rezando pelo tempo que a irmã achou necessário, só abrindo os olhos quando percebeu a movimentação. Catherina quase caiu por cima dele e rapidamente segurou seu corpo, guiando para sentar na cama, preocupado. Foi rápido pegar a comida, vindo com a bandeja para a cama. Apontou para a comida como se estivesse bravo, querendo que ela comesse algo.

Foi pega por aqueles braços fortes e ficou vermelha mais uma vez enquanto ele a sentava na cama.

- Eu sei, você está certo - falou colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha, algo que não costumava fazer. - Estou aqui há tempo demais, quase nunca como algo decente e com esse espaço reduzido e tudo… - "e toda a tortura que meu irmão me submete" - ... Não sei por quanto tempo mais o meu corpo aguenta.

Nunca tinha visto a irmã colocar o cabelo para trás. Na verdade nunca reparou tanto nela como agora, estava começando a desconfiar que tinha algo a mais da parte dele. Pegou a bíblia e juntou as letras até formar "Vamos fugir".

Catherina viu as palavras se formando e abriu grandes olhos espantados, ao que cobriu as mãos dele com as próprias para que parasse.

- Ficou louco? Nem pense nisso! Olha o estado que os guardas te deixaram! Não, eu não vou te fazer sofrer por algo que meu irmão imputa a mim - os olhos dela se enchiam de lágrimas enquanto o mirava, ao que uma as mãos tocaram o rosto sobre o capuz. - Se algo te acontecer por minha culpa, não sei se vou aguentar.

Talvez não fosse só do lado dele que tinha surgido algo a mais. Aquelas palavras, o toque, a forma como ela o tratava e olhava. Apenas não tinha mais como voltar atrás. Tocou o rosto dela com cuidado, sentindo uma lágrima escorrer por sua mão. Balançou a cabeça e as mãos, como se quisesse que ela esquecesse aquela conversa. Empurrou a bandeja mais para perto, lembrando o que ela fazia antes da pergunta.

A Duquesa enxugou o rosto e tratou de sorrir, pois era a sua forma forçada de fingir que tudo estava bem quando não estava. Assim, começou a comer, pois queria mesmo que aquela hipótese fosse esquecida. Enquanto estivessem juntos, tudo ficaria bem. Foi quando escutou batidas na porta e a voz de Petrus:

- Hora da troca da guarda - o que era uma mentira, mas o padre queria tirar Francesco de lá depois daquele diálogo.

Assim que ouviu, lembrou quem era e algo poderia ter acontecido. Tocou o rosto da irmã com carinho, pegou o chocolate que tinha trazido para ela do bolso e deixou na bandeja, se levantando em seguida. Saiu pela porta e olhou Petrus sem entender, ainda não podia falar. Foi andando com o soldado para um lugar reservado, questionando bem baixo.

- Não existe troca de guarda nesse horário, o que quer?

Catherina o assistiu ir com uma expressão de tristeza e impotência, mas sabia que esse momento iria chegar. Enquanto isso, Petrus olhava para o chefe com uma expressão bastante dura, tentando não deixar claro tudo o que pensava:

- Isso está ficando baixo até para os seus parâmetros, Santidade. Ela está se envolvendo.

- O problema não é meu. Quero ver Catherina destruída e você não deve se envolver nisso.

Definitivamente era baixo demais, mas o que Francesco não contava é que era mentira. Ele estava envolvido até mais do que ela, o problema começou nele, porém disso ninguém ficaria sabendo. Só passaria de cruel demais.

- E se você se envolver? - Petrus logo levantava a possibilidade. - Isso pode ser uma faca de dois gumes.

- Então vou ter que matar minha irmã. Ou você vai ter que me ajudar a fugir - respondeu rindo da segunda opção, mas era mais de nervoso do que de deboche.

Se afastou e foi trocar de roupa, precisava dormir mas já estava ansioso para a próxima noite. Era como namorar escondido.

No quarto, olhava no espelho o corte na sobrancelha, não poderia ver a irmã sem o capuz ainda. Reclamou sozinho, indo dormir para o próximo dia

Catherina, por sua vez, comeu bem naquela noite, estava mais disposta, se lembrando do beijo, seu primeiro beijo fora com um desconhecido que lhe mimava com chocolates. Riu sozinha no escuro enquanto comia o doce e pensava nele, se um dia veria a sua face. Acabou dormindo e tendo bons sonhos.

Na cama e em silêncio, Francesco sorriu sozinho ao lembrar do beijo. Tão tímido, tão lento, calmo e cheio de vontade. O sorriso sumiu e a mão foi para os cabelos, o que Petrus tinha falado estava acontecendo mesmo.

No dia seguinte, tomado pelo ódio, foi até o banheiro para olhar o corte que ainda estava aparente. Não arriscaria. Foi para o escritório trabalhar, despachar o que estava atrasado. Nisso de passar boa parte da noite na cela da irmã, acabava acordando mais tarde e não dava tempo de terminar tudo o que tinha para fazer. A noite caiu e Francesco pensava o que um soldado poderia arrumar com facilidade. Talvez um colchão, cobertas... E então se perguntou se queria mesmo a irmã confortável. O conflito interno era gigante. Levantou-se e foi se trocar na masmorra, brigando consigo mesmo.

Petrus já sabia o horário, então quando Francesco chegava com um colchonete e cobertas, o padre já estava na porta e balançava a cabeça como quem diz "eu avise." Agora que era Nemo, ele mesmo abriu a porta, entrou e fechou, mostrando o que tinha conseguido para ela com entusiasmo.

Catherina passou o dia com tranquilidade, lendo e até comia relativamente bem, apenas esperando se veria Nemo de noite. Quando ele passou pela porta, a Duquesa abriu um sorriso imediatamente, não pelos presentes, mas por ele. Caminhou para perto e disse, olhando feliz.

- Fiquei preocupada que não viesse.

Aproximou-se com as coisas nas mãos mesmo e encostou o rosto nos cabelos dela, abraçando-a com o colchonete mesmo. Afastou-se só para arrumar a cama para a Duquesa, agora tinha até uma coberta. Pegou a irmã pela mão e levou até lá, ele estava verdadeiramente empolgado com o feito, imerso no personagem em menos de cinco minutos dentro da cela.

Catherina adorou aquele abraço, esfregando de leve o rosto no dele. Então seguiram juntos para o colchão, estava mesmo precisando de algo um pouco melhor para dormir, seu corpo estava dolorido demais. Sentou-se e então o puxou de leve para que se deitasse com ela.

- Que bom que veio.

Quando sentiu ser puxado, pegou a bíblia e deitou-se encostado na parede com as botas para fora da cama e abriu os braços, deixando o maior espaço possível para ela se deitar.

Ela então deitou-se tão satisfeita que logo se aninhava e colocava já a mão pelo pescoço dele, fazendo um leve carinho. Já ficava próxima, a meio caminho.

Entendeu o que a irmã queria e então passou a mão por cima da mão dela, outra vez guiou para subir sua máscara até onde podia e se aproximou mais, tão próximo que podia sentir a respiração e foi lentamente assim até seus lábios iniciando um beijo lento e carinhoso.

Era isso o que queria, o que desejava mais do que tudo naquele momento, se sentir assim: acolhida, envolvida, como se fosse alguém especial e mais ainda: amada. Era cedo pra falar disso, não poderia definir o sentimento de outra pessoa, mas ela sentia assim enquanto retribuía aos beijos.

Ele se deixava levar por aqueles beijos e estava cada vez mais envolvido, se sentindo cada vez mais amado, algo que não lembrava de sentir antes. O problema é que o sentimento era recíproco e todos aqueles sonhos estavam se tornando verdade, pois agora desejava fazer cada coisa daquela com a irmã. Era carinhoso, tocava seus cabelos, seu rosto, deslizava a mão por suas costas e a apertava contra o corpo, acabando por intensificar ainda mais o beijo, definitivamente não queria parar, tinha esperado o dia todo por isso.

Um arrepio percorria o seu corpo e não era como se Catherina fosse virgem, ela tinha vontades. O beijo se intensificava e ela desejava mais, ao que apertava com um pouco mais de força o braço dele enquanto respirava mais fundo.

Já estava excitado só com aquele beijo, não podia negar o quanto queria continuar com aquilo, mas queria dificultar ainda mais qualquer desconfiança que pudesse vir a ter, ou boatos que pudesse ouvir, então afastou-se do beijo e pegou a bíblia, ainda ofegante, e em uma página formou "nunca fiz isso".

Não entendeu muito bem quando ele parou, até que o viu formar as palavras. Catherina possuía tanta tristeza e tanta vergonha em seu olhar, queria apenas morrer naquele instante.

- Me perdoe, eu já - pois ela não era mais virgem, virgem de nada, graças a Francesco e mais de uma dúzia de soldados que já a haviam usado. - Queria ter me guardado para alguém bom. Se eu fosse digna, quem sabe poderíamos até ter casado na catedral. Mas eu não sou mais pura aos olhos de Deus - e desviou o olhar para o chão, se sentindo a pior pessoa de todo o universo.

Balançou a cabeça negativamente e a mão também, tentando dizer que não se importava ou que ela deveria parar de falar. Colocou o livro na altura dos olhos dela e foi formando as palavras mais rápido. O melhor era usar a bíblia para conversar sobre aquilo. A primeira frase foi "Não me importo" e a segunda foi "Quero muito você".

Ele ia formando as palavras e Catherina ia criando esperança.

- Mesmo depois de tudo? - Pois ele já deveria saber ou até visto as sessões de tortura de Francesco.

Balançou a cabeça positivamente e então formou o que desejava falar, movendo os dedos na página até formar "sei de tudo", "gosto de você" e "você é especial".

Catherina pegou a Bíblia e colocou sobre a mesa, virada para baixo, ao que se aproximou dele e delicadamente levantou o capuz apenas o bastante para poder beijá-lo de forma muito gentil sobre os lábios, usando todo sentimento que nutria.

Ele retribuiu ao beijo com o carinho que só conseguia demonstrar com aquele capuz. Tocou seu rosto e fez uma breve carícia, deslizando a mão até seus cabelos, puxando-a para mais perto.

E ela adorava tudo aquilo, fazia o seu peito se expandir e aquecer. Era isso o que sentia por Abel? Não, isto era mais, era melhor, pois sentia que era retribuída. Então foi se deitando mais uma vez no colchão, tendo Nemo sobre si, queria demonstrar que ele estava livre para agir com o seu corpo.

Então faria da forma como achava que a irmã gostaria tivesse sido sua primeira vez. Deslizou os lábios para o queixo dela, depois a lateral do rosto, o pescoço, onde demorou mais, lambendo e beijando-a ali. Um braço apoiava o próprio corpo, o outro deslizava com cuidado por suas curvas subindo lentamente seu fino vestido com a intenção de tirar. Com a barra na mão, se afastou dela apenas para puxar o vestido para cima e tirar. Era uma perspectiva completamente diferente de tudo o que já tinha feito com ela.

Pela primeira vez estava sentindo que o que estavam fazendo era algo natural, como deveria ser, e gemia baixo enquanto ele tocava nas áreas sensíveis de seu pescoço, tirando a sua roupa. Ficou totalmente nua e não tinha vergonha, nem mesmo das feridas e das marcas em sua pele provocadas pelo irmão. Ela o queria e trouxe para perto colocando ambas as mãos em sua nuca para puxá-lo em um novo beijo, enquanto o posicionava entre suas pernas abertas. Pela primeira vez estava escolhendo quem entrava ali.

Assim que terminou de tirar as roupas dela, automaticamente tocou com muito cuidado em alguns ferimentos, como um carinho, mas logo foi puxado e não demonstrou resistência alguma, deitando-se por cima dela apoiado nos braços para retribuir o beijo. Posicionado entre as pernas da Duquesa, uma mão desceu para as próprias calças e abriu, abaixando pouco para não correr o risco da irmã reconhecer nada, e então se encaixou com cuidado, forçando o membro contra ela com toda a paciência e calma que nunca teve.

Não olhava para baixo, apenas para frente ou para ele, pois amava aqueles olhos cinza. Sentiu enquanto ele entrava devagar, com calma, ao que soltou um gemido baixo, longo, gostoso. Isso era fazer amor. Apertou-o contra o próprio corpo e o recebeu com prazer enquanto movia os quadris para ter o melhor encaixe.

Sentia deslizar dentro dela e foi muito diferente quando a irmã se moveu também, nunca tinha feito aquilo com ele mas, gostou muito. Encaixados, soltou o ar com força e deslizou uma das mãos pela coxa dela, puxando mais para cima, na altura da cintura e começou a se mover lentamente, fechou os olhos e soltou o ar mais forte com os gemidos que escutava, aquilo estava muito bom, diferente de qualquer coisa que tinham feito.

Do lado de fora, Petrus assistia da janela o que faziam e reprovava, sabia qual seria o final.

Catherina jamais experimentara algo assim e era muito bom, fantástico quando se tinha alguém que sentia por ela. Não o soltava e olhava todo o tempo, queria ter certeza que era ele ali, que não era um delírio que estava tendo e que ela poderia ser feliz. Não levou tanto tempo até atingir o orgasmo com um gemido baixo, contido para não ser muito barulhenta na prisão e que ninguém descobrisse.

Ele não se afastou nem por um segundo dela, movendo-se no ritmo que a irmã guiava com o quadril. Sentiu as mudanças e aquele gemido gostoso tão próximo ao ouvido só adiantou. Abriu a boca como se fosse falar algo e respirou fundo, chegando ao seu máximo logo depois, dentro dela.

Sentiu que ele também havia finalizado e nem cogitava mudar de posição, estava gostando de ficar ali. Então apenas o envolveu e riu. Estava feliz.

Nemo, por sua vez, estava ofegante, cansado e completamente satisfeito. Acabou soltando parte do peso por cima do corpo da irmã, sorriu com o rosto escondido no pescoço dela quando sentiu ser envolvido, estava completo agora.

E ela gostou daquela entrega, daquele momento de cumplicidade. O apertou mais uma vez.

- Espero um dia poder ver o seu rosto.

Então lembrava que não era Nemo, era Francesco e que ela jamais poderia ver seu rosto. Beijou Catherina na face assim que foi apertado e depois nos lábios com carinho, puxando a máscara para baixo, para não correr riscos.

Ela não estranhou o movimento e retribuiu o beijo com ternura. Ficou assim calada por algum tempo, apenas ali abraçada, aproveitando. Poderia ficar para sempre.

Afastou-se dela brevemente apenas para arrumar as calças e logo se posicionava na cama por detrás dela, abraçando sem roupas mesmo. Puxou a coberta para cobri-la e ficaria ali até ela dormir, fazendo carinho nos seus cabelos com uma mão e com a outra entrelaçando os dedos.

Catherina não queria dormir, tinha medo de perdê-lo se dormisse, mas o carinho era tão bom, ser envolvida e finalmente ter uma cama e um lençol, que não demorou muito para adormecer nos braços dele.

Ele também dormiu logo depois, perdendo a noção do tempo. Foi quando acordou com alguém puxando seu pé, era Petrus e já estava quase de manhã. Se afastou com todo o cuidado possível para não acordar a irmã e saiu, deixando o chocolate de sempre por cima da mesa, a diferença é que estava todo quebrado por ter esquecido de tirar do bolso antes de tudo.

Do lado de fora, Petrus dava bronca no chefe.

- Vossa Santidade! Perdeu a noção? O senhor dormiu! Eu vi o que fez, como aconteceu. Existe sentimento… - Falava Petrus claramente preocupado.

- Não vamos falar sobre isso, Petrus. E preciso de mais roupas dessa - respondeu enquanto se trocava.

- Eu realmente acho que deve parar, está ficando arriscado. Lembra do que fez? Lembra quantos foi? Ela é sua irmã!

Havia pelo menos 3 problemas aí: Catherina já fizera sexo com mais de duas dúzias de soldados diretamente subordinados a Francesco; a Duquesa era acusada de ordenar o assassinato de Alessandro; era a irmã dele. Aquilo era uma implicação sem tamanho.

- Qual o problema de compartilhar? Se quiser, podemos comer ela juntos da próxima vez. Isso é ciúmes? - Perguntou batendo no ombro dele, mas obviamente não toparia mais dividir a irmã. Ou toparia, em algum dia que acordasse com essa vontade.

- O problema é que você gosta dela de verdade. Isso corta meu tesão - Petrus falou sério e um pouco decepcionado, pois normalmente teria aceitado sem pensar duas vezes.

- Não escolhi isso, todos viram - agora ele ficava sério também, já que tinha admitido que gostava.

- Então saia de cima do muro e tome uma atitude, o que não pode é ficar mudando de lado - Petrus era insolente mesmo, estava logo desatando a falar tudo.

Francesco olhou para os lados e balançou a cabeça:

- Só está vivo porque estamos sozinhos e eu não posso fazer nada, o errado já aconteceu.

O padre não disse mais nada. Ele admirava a Cardeal Sforza e não desejava o que estava acontecendo (embora totalmente a comeria), mas sabia o limite e que havia ultrapassado, então deixou o assunto morrer.

- Em algum momento eu vou resolver isso. Aconteceu - Francesco disse e se afastou, indo para o seu quarto pensar no que deveria fazer agora que tudo tinha ido por água abaixo.

O que achou que jamais iria acontecer, aconteceu: amava a irmã.

N.A.: "Chegue mais perto, meu amor / Eu violarei você do jeito mais sensual... / Até você se afogar nesse amor" (Him - It's all tears)