Capítulo 5

Boa Leitura!!!

O Castello Cullen era um castelo medieval situado em um longínquo vale densamente arborizado perto da fronteira italiana. Um calmo lago de água cristalina estendia-se aos pés dos muros de pedra, refletindo como um espelho a abóbada luminosa do céu azul e os majestosos picos cobertos de neve das montanhas. Tanto o cenário como a construção eram de uma beleza comovente.

Bella entendeu por que Edward decidira casar-se com ela para assegurar a posse da propriedade. O helicóptero no qual haviam embarcado em Gênova aterrissou em um heliporto especialmente construído. Edward a tomou nos braços, com facilidade, para desembarcar e segurou a mão dela para percorrerem a distância que faltava.

— Está se sentindo bem? — perguntou ela preocupada.

— Estou só um pouquinho cansado, nada mais.

Sua fala grave foi rápida, sucinta e marcada pelo aborrecimento de um homem acostumado a sentir-se sempre com um alto grau de extravasante energia.

— Eu entrei no meu escritório às cinco horas essa manhã...

Bella parou estupefata.

— Você fez... o quê?

— Acontece que o Banco Cullen sou eu. As coisas não andam sem mim — contou Edward, secamente. — Eu tinha que estar a par do que está acontecendo atualmente, me certificar de que os negócios podiam prosseguir sem mim e decifrar o que não conseguia entender.

— Eu não posso acreditar que menos de 24 horas depois que o doutor lhe disse para repousar, você foi para aquele miserável banco no meio da madrugada! — disse Bella, inflamada em uma reprimenda transtornada.

— Fiz o que tinha que ser feito.

— Você realmente não respeita a própria saúde.

Enquanto passavam sob a antiga entrada em arco do Castello Cullen, ele dirigiu a ela um olhar de impaciência.

— Você crê que eu podia simplesmente tomar um chá de sumiço? Se me ausentasse do banco sem nenhuma explicação isso causaria um pânico que acabaria por prejudicar muito os negócios.

— E que explicação você deu? — retrucou Bella, vendo linhas que tinha quase certeza serem sinais de dor surgirem entre as sobrancelhas de ébano.

— Disse que o impacto do acidente tinha me deixado com um problema de visão dupla e que precisava descansar. Assim tive acesso a informações úteis de meus assistentes executivos sem provocar comentários.

— Muito bem pensado. — admitiu Bella com admiração, embora descontente.

— Eu disse ainda que aproveitaria a parada de trabalho forçada para tirar umas férias com minha esposa.

— Meu Deus! E as pessoas ficaram surpresas? — perguntou Bella, engolindo em seco, pois a reação de surpresa de Alistair à notícia de que Edward tinha uma esposa lhe dera a impressão de que, à exceção de tia Carmem, ele havia mantido o casamento em segredo.

Portanto, uma referência que parecesse casual ao fato de ter uma esposa certamente causaria espanto no banco.

— A surpresa deles foi compreensível. — assinalou Edward. — Eu não tenho o hábito de tirar folga. Aliás, você deveria ter discutido comigo a questão de barrar todas as chamadas telefônicas para mim.

Bella ficou vermelha.

— Você teria insistido que podia atender.

— Por um curto período, foi uma boa decisão.

Tendo respondido à saudação respeitosa de uma governanta a quem ele se dirigiu como Zafrina, Edward silenciou ao pé de uma escada de pedra.

— Mas não tome atitudes a meu respeito sem me consultar antes. — concluiu ele com um tom de censura comedido.

Afligida com aquela reprovação, Bella abriu a boca para começar a responder, irritada. Mas ele, de modo brincalhão, pressionou seus lábios entreabertos com o dedo indicador e ela estremeceu, sentindo de repente e dolorosamente o tamanho e a força do corpo esbelto e rígido de Edward, que se aproximou do dela.

— Você sabe que estou certo...

— Não, eu não acho que esteja certo... O que está havendo?

Edward estava olhando para baixo, na direção dela, concentrado e pensativo. Por uma fração de segundo, seus cílios negros se abaixaram e ele franziu o rosto antes de erguê-los novamente para olhar para ela com um ar aturdido e indagador.

— Você correu pela rua atrás de mim...

Ao ouvir aquela estranha afirmação, Bella olhou para ele sem entender. Mas quando ele levantou, inseguro, uma das mãos até a testa úmida de suor, ela logo reagiu:

— Edward? Pelo amor de Deus, venha aqui e sente-se.

— Não... — respondeu Edward quase rudemente e colocou um dos braços em volta da cintura dela, conduzindo-a. — Nós vamos para cima conversar sobre isso em particular.

— Conversar sobre o quê? — murmurou ela, com os nervos latejando. Então algo lhe ocorreu e ela entendeu o sentido de "você correu pela rua atrás de mim". — Você acaba de lembrar alguma coisa do passado... — arriscou Bella, com o estômago revirando de tanta tensão. — E você se lembrou de algo a meu respeito...

— Foi como se alguém tivesse estampado uma fotografia velha diante de mim...

Com um movimento impaciente, Edward escancarou uma porta que dava para uma elegante sala de recepção. Embora aquele pequeno relance de memória perdida o tivesse desconcertado, ele parecia ter ganhado força a partir dele.

— Você estava tentando me devolver a gorjeta que eu deixei...

— Sim...

Ela apertou as mãos, depois as soltou e juntou-as de novo, curvando-se. Edward olhava para ela atordoado e descrente.

— Por que eu estaria dando gorjeta para você? Isso foi alguma piada ou algo assim?

Bella ficou terrivelmente pálida e sentiu-se ferida como se ele tivesse batido nela. Já podia ver um abismo se abrindo entre eles. Ela não era o que ele esperava que fosse. Ela não era, nem nunca poderia ser, parte de seu mundo privilegiado.

— Eu tinha acabado de cortar seu cabelo...

— Meu cabelo? — Edward olhou para Hilary como se ela tivesse repentinamente começado a fazer gracinhas para diverti-lo.

Bella apertou os lábios e fez um firme sinal afirmativo com a cabeça.

— Eu sou... eu sou uma cabeleireira. O serviço pelo qual você me deu a gorjeta aconteceu na primeira vez em que nos encontramos...

— Inferno! Eu posso me lembrar de tudo o que estava sentindo e pensando exatamente naquele momento na rua! Você me atingiu totalmente. — admitiu Edward com uma franqueza cortante, voltando para ela um olhar feroz. — Eu queria colocar você dentro da limusine, entrar em um hotel e passar ali todo um fim de semana.

Um rosado quente encheu o rosto oval dela e depois desapareceu lenta e dolorosamente. Bem, pelo menos ele não estava lhe apresentando nenhuma falsa história sentimental. Ela devia estar feliz por saber que Edward a tinha achado atraente mesmo sendo muito orgulhoso para demonstrar isso.

Mas não estava feliz. Estava ferida e furiosa. Passar um fim de semana? Era só para isso que ela parecia servir? Uma mulher fácil disposta a ir a um hotel com um homem que mal conhecia para sexo casual? A angústia levou seus pensamentos agitados até esse ponto.

Sim, ela teria ido. Talvez não nesse primeiro dia, mas depois, se ele tivesse pedido, ela teria ido porque naquele período era tão tola que ficaria com qualquer coisa que pudesse ter. Mesmo se isso significasse apenas o lado físico, reconheceu com a garganta embargada por lágrimas zangadas.

— Scusate! Eu não devia ter dito isso — falou Edward, recostando-se contra a parede e lutando visivelmente para controlar a exaustão que pesava sobre ele.

— Não se preocupe em me magoar. Não sou feita de vidro. — afirmou Bella, em um tom falsamente vivaz. — Por favor, vá se deitar um pouco. Você não parece bem.

Soltando a gravata e desabotoando a camisa ali onde estava, ele caminhou pesadamente até o quarto ao lado. Bella o viu afundar o corpo na cama e deixar cair a cabeça sobre o travesseiro. Ele não havia nem mesmo tirado os sapatos. Ela puxou as cortinas nas janelas. Com os olhos semicerrados, Edward lhe estendeu a mão em um gesto de agradecimento e conciliação.

— Você já devia saber a essa altura que eu tomo minhas decisões, cara mia.

— Não há problema quanto a isso. — garantiu-lhe Bella carinhosamente, vindo para perto dele e sentando-se na cama para enlaçar com seus pequenos dedos os rígidos dedos quentes dele.

Não, o desejo dele de tomar as próprias decisões não era um problema desde que essas decisões estivessem de acordo com as próprias conclusões dela.

— Aquilo que eu disse... Aquele lampejo de memória me apanhou desprevenido e eu fui rude.

— Não, rude não. — respondeu Bella numa voz baixa e muito doce, pois ela estava determinada a relevar a dor que ele tinha lhe causado. — Talvez um pouco direto demais, mas eu posso perdoá-lo dessa vez, já que por todo o resto do tempo você foi o homem mais romântico que já conheci.

Edward soltou a mão dela e seus longos cílios negros se ergueram sobre os olhos verdes espantados.

— Romântico, eu? — repetiu.

Mesmo no estado abatido em que estava, sua ampla boca sensual estava pronta para se contrair com escárnio diante de tal ideia.

— Você está brincando comigo...

— Não, não estou — garantiu Bella.

Edward a puxou para si com um de seus fortes braços e murmurou sonolento:

— Você pode ficar aqui até eu adormecer.

Ela quase cometeu o erro de perguntar se a mãe dele fazia isso, mas felizmente se lembrou de que atitudes afetuosas não podiam ter se passado na infância dele. Ele tinha apenas um ano quando a mãe partiu com o amante para não voltar sequer para uma visita. Ele havia dito isso a ela, certa vez, ao responder às perguntas curiosas de Bella com uma única frase sarcástica que tocara o coração sensível dela.

Ela tinha achado que o Dr. Lerther fora otimista demais quando afirmou que a amnésia de Edward era de natureza passageira. Agora percebia que o médico estava certo no diagnóstico. Em breve Edward iria se lembrar de tudo e não precisaria mais dela. Teria ele realmente precisado dela em algum momento? Ou isso havia sido apenas o que ela desejava pensar?

Sentou-se em uma cadeira perto da cama para olhar Edward enquanto ele dormia. De agora em diante, disse a si mesma, iria fazer com que o relacionamento deles permanecesse estritamente platônico.

Quando Edward se lembrasse da verdade sobre o suposto casamento deles, como iria encará-la? Acharia estranho o fato de ela ter dormido com ele? Edward se importaria com isso? Ele era homem, avisou-lhe uma pequena voz interior, suavemente. Não ia perder muito tempo se afligindo sobre por que ela teria feito certas coisas. Não, ia apenas querer voltar a sua vida original.

Provavelmente ele se sentiria aliviado de saber que, em termos estritamente formais, não precisava realmente pensar em si mesmo como homem casado. Na verdade, quando tivesse recuperado a memória, provavelmente iria rir de como as coisas se passaram.

Quando Bella acordou estava deitada numa cama. A luz do dia penetrava por uma pequena fresta nas cortinas e reluzia sobre a cabeça morena e altiva de Edward, que olhava para ela.

Em algum momento da noite ele havia se despido. A pele nua bronzeada estava a pouca distância da dela: incrivelmente, ela dia sentir os pêlos da coxa masculina contra as suas próprias.

— Que horas são? — murmurou, confusa pelo fato de estarem na mesma cama de novo.

Os olhos esmeraldas brilhantes pousaram nela.

— Sete horas. Dormi muito. É surpreendente...

— Eu não me lembro de ter vindo para a cama...

— Você não veio. Estava dormindo na cadeira. Não devia se preocupar tanto comigo, cara. — repreendeu Edward. — Eu sou ótimo em termos de cuidar de mim mesmo.

O timbre grave e rouco da fala pausada fez vibrar a espinha dorsal de Bella. Ela percebeu que estava involuntariamente se esgueirando para perto dele. Era como se estivesse possuída, pensou meio em pânico com o próprio comportamento. Não devia haver mais intimidade, lembrou ela a si mesma tristemente.

Num movimento rápido, obrigou-se a sentar. Sem hesitar, Edward abaixou as costas dela novamente, com o forte rosto decidido e os olhos verdes ardentes, cheios de um franco desejo sexual.

— Você não vai a lugar nenhum, Senhora Cullen.

O uso dessa expressão fez a consciência de Bella doer mais.

— Mas...

— Você está muito inquieta essa manhã. — disse Edward, rindo, e enfiou uma coxa entre as dela para mantê-la imóvel sob ele. — Não tem permissão para sair da cama.

Enquanto Bella olhava para as belas feições morenas, o coração dela saltava e ela sentia-se enfraquecer de volúpia e desejo. Nesse instante ele levou a sensual boca masculina à dela. Sua urgência ardente fez a temperatura dela se elevar.

Com os olhos brilhando de prazer, Edward despiu os seios de bicos rosados. Algo se estendeu fortemente na sua pélvis, fazendo com que ela contorcesse os quadris. Ele tocou sua carne intumescida e os dedos brincaram com os mamilos eriçados, provocando um pequeno grito de sua garganta.

— Você me quer, bella mia. — afirmou Edward, com satisfação.

— Sim, quero...

Bella não podia acreditar quão rápido havia se tornado impossível resistir ao que sentia. Ela ansiava pela boca dele e a habilidade erótica de seu toque. O corpo dela estava se incendiando de impaciência, avidez e calor. Essa ânsia tornou mais fácil para ela abafar a pequena voz no fundo que a avisava de que estava fazendo algo errado. Ávida pela boca dele, ela exultava com a paixão masculina.

Puxou sensualmente para si a cabeça altiva acobreada e mergulhou os dedos profundamente no cabelo dele, deslizando as palmas das mãos pela pele acetinada que cobria os ombros musculosos. Lambeu e achou o sabor da pele dele sublime. Formigamentos ansiosos percorriam todo seu corpo, levando-a a um ponto febril.

— Você me faz desejá-la tanto. — disse Edward, com voz rouca, colocando-a numa posição inesperada antes de penetrá-la firmemente.

Uma onda de prazer voluptuoso a tomou numa corrente tempestuosa que fez com que ela choramingasse, abalada pelo deleite da sensação. O lugar úmido e sensível no fundo dela tinha se tornado uma fornalha fumegante. O êxtase se apossara dela, não havia espaço para orgulho ou vergonha em sua reação apaixonada.

Quando o doce prazer que se precipitava se tornou insuportável, ela se entregou a uma liberação explosiva, acompanhada por um grito, e sua excitação foi aumentada pelos estremecimentos de clímax que o sacudiam simultaneamente.

Ainda mergulhada nos choques posteriores ao êxtase e com os olhos enevoados por lágrimas de alegria, Bella caiu de volta sobre os travesseiros, segurando o grande e poderoso corpo de Edward junto ao seu. Ele a beijou longa, profunda e lentamente e ela precisou lutar para recuperar a respiração.

Ergueu os olhos para ele, maravilhada com sua forte beleza masculina. Uma onda gigante de amor e admiração a estava engolfando. Seus letárgicos olhos escuros acompanharam a inspeção do suave olhar de Bella. Ela enrubesceu, envergonhada, mas mesmo assim não conseguiu parar de admirá-lo. As maçãs do rosto talhavam feições morenas audazes, com planos e concavidades orgulhosos.

Ele era extraordinariamente belo, mesmo com fios escuros de barba nascendo na firme linha do queixo.

— Você tira a minha respiração... — murmurou ela, encantada, com os dedos sobre a boca grande e sensual dele.

Ele tomou a mão dela nas suas e depois olhou para os dedos dela com nítida surpresa.

— Onde está sua aliança?

Bella estremeceu, consternada. O fato de um marido esperar que sua esposa usasse aliança era natural e isso devia ter ocorrido a ela.

— Eu... bem... Eu não quis usar uma...

Recostado no travesseiro, Edward a observou parecendo muito pensativo.

— Por que não?

Sob aquele olhar severo, Bella ficou vermelha e gaguejou:

— Eu... eu apenas achei que as alianças estão um pouco fora de moda e não vi motivo para dar importância a isso...

— Isso não me agrada. — afirmou Edward imediatamente. — Eu me casei com você e desejo que use aliança.

Sentindo-se horrível por estar permitindo a si mesma inventar mais mentiras para manter a fraude, Bella não conseguiu mais suportar o olhar dele.

— Vou pensar sobre isso.

— Não, nada de pensar. Eu vou comprar alianças. E você vai usá-la e ponto final. — afirmou Edward rudemente, saindo da cama e vestindo uma bermuda preta.

Tendo andado até o meio do quarto, ele se deteve e voltou-se para ela. Seu rosto moreno estava impassível e seus olhos brilhantes pareciam decididamente desafiadores.

— Sabe, você nunca me disse por que minha esposa ainda era virgem...

— E não vou dizer enquanto estiver falando comigo nesse tom. — retrucou Bella, tensa e na defensiva, sentada ereta na larga cama e segurando firmemente em volta de si o lençol, como se este fosse seu refúgio numa tempestade.

— Você vai ter que se sair melhor do que isso, cara mia. — disse Edward lentamente.

Os olhos dela reluziram e Bella respondeu agressiva para ele, em italiano.

— Não, não vou! Quando você tiver recuperado a memória vai perceber que não há nenhum grande mistério quanto a minha falta de experiência...

— Verdade?

— E você também não vai achar isso nem um pouco importante. — completou Bella.

— Diga-me só uma coisa. — falou Edward incisivo. — Por que eu me casei com você?

Bella se calou e finalmente murmurou quase inaudivelmente:

— Você casou comigo pelas mesmas razões pelas quais todos se casam...

— Está dizendo que eu me apaixonei por você? — perguntou Edward.

— Não estou dizendo nada...

Os olhos dela encontraram inadvertidamente os olhos verdes dele brilhando e Bella concluiu que devia dizer a ele o que esperava ouvir para que a questão fosse deixada de lado.

— Sim... você se apaixonou por mim.

Edward deu um passo em direção a ela, com uma visível tensão.

— Então eu vivi todo o conto de fadas?

— Por que não? — perguntou Bella, alteando a voz nervosamente.

— Por nada. — Edward se curvou e tomou-a nos braços, carregando-a para fora da cama. — Mas se eu vivi todo o conto de fadas, isso significa que você terá que ser definitivamente o tipo de mulher que deseja tomar banho junto comigo. — falou em tom brincalhão.

— Isso é uma chantagem? — desafiou ela, tranquilizada.

Durante o café da manhã em um fascinante pátio ensolarado, ornamentado com exuberantes trepadeiras floridas e vasos transbordantes de plantas, Bella perguntou a Edward sobre a história do Castello.

O fato de que ele amava o local era óbvio para ela. Tentou não pensar sobre as mentiras que havia dito a ele naquela manhã. Ele parará de fazer perguntas incômodas e não parecia mais preocupado com o relacionamento deles. Como o Dr. Lerther tinha lhe avisado para não dar motivos de preocupação a Edward, ela achava que tinha feito o que era certo. Algumas pequenas mentiras alentadoras não iam provocar nenhum prejuízo duradouro, raciocinou ela.

— Preparei uma surpresa para você, ontem. — revelou Edward enquanto andavam pelo corredor de entrada.

— Que tipo de surpresa?

— Pensei que era tempo de resolver o problema do seu guarda-roupa. — disse ele suavemente, abrindo a porta para uma sala de recepção enorme e lotada de gente.

Edward havia mandado convidar vários representantes de designers de moda para visitar o Castello com seleções de vestuário. Bella foi levada rapidamente para o quarto ao lado para que fossem tiradas suas medidas enquanto todos tentavam chamar sua atenção. Ela estava em pânico. Como podia permitir que Edward arcasse com a despesa de comprar-lhe um guarda-roupa inteiro?

Mas como persuadi-lo de que não precisava de nada sendo que ele mesmo tinha visto as poucas peças que ela tinha levado? Poucos minutos depois Bella foi levada de novo à presença de Edward. Estava vestindo um conjunto de saia e jaqueta de uma das últimas e mais especiais tendências da moda. Edward a examinou.

Uma fragrância suave exalava da pele lisa e do cabelo castanho avermelhado brilhante dela enquanto a jaqueta curta e ajustada e a saia ampla enfatizavam o estonteante formato de ampulheta de seu corpo e o bem torneado de suas pernas. O olhar aguçado dele brilhou com aprovação masculina.

— Você está deliciosa. — murmurou com voz rouca, de modo que só ela ouvisse.

Pela primeira vez na vida Bella se sentiu merecedora de atenção especial. Ante o prazer da aprovação atrevida de Edward, as imperfeições dela pareciam ter desaparecido.

Mesmo enrubescida como uma maçã e sentindo-se extremamente embaraçada, mantinha ao mesmo tempo a cabeça altiva e sentia-se orgulhosa. Com a admiração de Edward, não tinha mais por que se lamentar de suas formas imperfeitas, sua pouca altura ou excesso de curvas.

A partir de então, sentindo-se bem consigo mesma, Bella tinha prazer por estar onde Edward era o centro. Ela experimentou roupa por roupa. Os tecidos caros pareciam maravilhosamente atraentes sobre a sua pele. Os altos espelhos nas paredes a refletiram em uma infinidade de facetas irreconhecíveis.

Viu a si mesma rodopiar em um magnífico vestido de noite, um estrondoso terninho e uma série de vestidinhos leves e graciosos, dos quais cada um parecia ser o favorito de Edward. Foram trazidos bolsas e sapatos para combinar. Como em um sonho glorioso, todos conspiravam para encorajá-la a seu jogo favorito, quando criança: o de se vestir e se arrumar.

No espaço de poucas horas adquiriu mais roupas do que jamais tivera em toda a vida. Sabia que não teria chance sequer de usar a maioria delas para si mesma e justificou que Edward poderia devolvê-las quando ela tivesse voltado para casa de novo.

Entretanto, escolheu vários conjuntos com calças e também camisolas, pois havia trazido muito pouca coisa. Sem fôlego e ainda no auge da excitação, vestiu uma saia creme e um top drapejado sem mangas.

— Nunca vou conseguir usar tudo isso! — advertiu a Edward.

— Você é minha esposa. Deve ter tudo que desejar.

Algo balançou na altura de seu coração e seus olhos se acenderam porque ela se sentiu dolorosamente consciente da farsa que vinha encenando.

— Bella? — indagou Edward.

— Você está sendo generoso demais comigo. — disse ela firmemente.

—Você não sabe como ser generosa em retribuição?

Os fascinantes olhos dele fixaram os dela com uma provocação sensual e um sorriso instigante e travesso se estampou em sua bela boca.

— Se você não sabe como... eu certamente posso lhe dar uma sugestão, bella mia. — disse Edward com uma rouquidão sensual.

Ela pressionou suas coxas esguias uma contra a outra quando uma reação de formigamento e quentura lhe provocou uma sensação quase dolorosa de vazio a ser preenchido em seu âmago.

Chocada com a força das próprias reações, ela baixou os olhos, lutando contra a tentação o mais firmemente que podia. Mas Edward a ergueu contra si. Quando ela sentiu a extensão e a firmeza de sua ereção, sua face ardeu e ela quis se fundir com ele com toda a energia de seu ser. Os olhos dele se fixaram nos dela com um brilho dourado.

— Você está admiravelmente bonita, mas o que eu desejo mais do que qualquer outra coisa nesse mundo é que você tire essas roupas novas de novo. — confidenciou ele com dificuldade.

Bella se moveu para trás. Fez algo que pensava que nunca poderia fazer. Com as mãos trêmulas ela segurou a orla de seu top e o retirou. Depois desceu o zíper da saia, deixou-a cair e pisou para fora dela.

— Suspeito que casei com você porque você me surpreende a cada momento. — comentou Edward com sua fala lenta enquanto a puxava de volta para si com mãos impacientes e a beijava na boca com uma paixão devastadora.

— É um encanto. — disse Bella, olhando os dedos esticados. — Eu simplesmente não sei o que dizer... Eu realmente não podia imaginar algo assim...

Ela examinou com a ponta de um dedo toda a volta de platina do anel que usava e olhou para Edward com uma gratidão embevecida. Uma aliança de casamento. Ela estava comovida até o fundo do coração por ele ter querido vê-la usando aquele símbolo que significava um compromisso marital. Os olhos verdes brilhantes dele estavam tranquilos.

— Eu não vou falhar em nada, cara. — confessou. — Quero que nosso casamento seja um sucesso.

Uma punhalada de constrangimento penetrou no véu de fantasia sob o qual Bella havia ocultado todos seus receios sobre o papel que estava interpretando. Por quatro longos dias ela havia se recusado a pensar um minuto sequer no futuro. Tinha aproveitado cada momento que passara com Edward e, se isso era possível, havia se apaixonado ainda mais profundamente por ele.

Edward estava muito frustrado pelo fato de que ainda precisava recuperar a memória. A vinda daquela pequena recordação tinha aumentado ainda mais sua impaciência. Mas ele demonstrara uma força de caráter extraordinária na forma com que havia lidado com sua amnésia e feito com que ela percebesse ainda mais sua sólida firmeza e autodisciplina.

Agora, constrangida com a seriedade dele a respeito de seu suposto casamento e atingida pela triste consciência de que ela não o poderia ter, Bella desviou sua atenção das belas feições dele e tentou em vez disso prestar atenção a sua volta. Afinal, era um dia lindo e a paisagem era magnífica. Eles estavam sentados no terraço de pedra de um restaurante exclusivo situado acima do lago em Lucerna. O céu estava densamente azul e a pitoresca cidade medieval se estendia abaixo deles.

— Bella?

Edward a chamou com a testa franzida, exatamente quando um homem alto de aparência austera e cabelos louros veio até perto deles e disse "Edward" em um tom de agradável surpresa.

Mostrando seu raro sorriso, Edward imediatamente se levantou para cumprimentá-lo. Bella ficou horrorizada quando percebeu que o homem era Emmett Hale, que havia sido testemunha do casamento deles. Um pânico terrível tomou conta dela e ficou paralisada diante do exame minucioso a que os olhos do advogado a submetiam.

Ele era alguém que sabia que ela era uma esposa falsa, paga para realizar um serviço. Tinha que estar surpreso em vê-la na Suíça em companhia de Edward! Com o coração batendo violentamente, Bella concluiu em estado de alarme que não tinha escolha senão enfrentar a situação.

— Rose e eu estamos passando um tempo com amigos. — contava Emmett a Edward, que cumprimentava a bela mulher grávida e de cabelos loiros do advogado.

Voltando a cabeça morena e altiva, Edward dirigiu a Bella um olhar indagador sobre sua falta de participação. Com o suor formando gotas sobre o lábio superior e um sorriso fixo na boca tensa, Bella levantou-se da mesa e aproximou-se com as pernas parecendo tocos de madeira.

— Isabella... — disse Emmett dirigindo-lhe um sorriso suave que, de alguma forma, contribuiu para que um calafrio de mau pressentimentos corresse pela rígida espinha dela. — Quem é vivo sempre aparece!

Iiii agora a casa caiu! Como diz o ditado mentira tem perna curta né?! Rsrs Comentemmm!! Bjimmm!!!