CAPÍTULO 6
Miroku olhava para o casal com um sorriso puramente malicioso, Sango, completamente desconfiada e Inuyasha, divertido. Então seu irmão estava mesmo afim dela! Usaria aquela informação contra ele num momento oportuno.
-Mas o quê aconteceu aqui?- Sango se pronunciou primeiro.
-Ora Sangozinha..hehehe...acho que você perdeu dessa vez.-Provocou Miroku, com um sorriso maroto no rosto.
-Cale-se!- Disse furiosa. E se aproximou da amiga.-Kah, você está bem?
-Si-sim...só estou um pouco tonta.-Mentiu.
- E o que ele está fazendo aqui?- Perguntou, olhando desconfiada para Sesshoumaru que apenas ignorou. Decidida a provocar, completou:-Pensei que kouga estivesse aqui.- Olhou desafiadora para o Taisho mais velho. Sesshoumaru, por outro lado, encarou a morena com sangue nos olhos.
-E por quê ele estaria aqui?- Perguntou confusa, Kagome.
-Ora, não é óbvio? Aquele lobo fedorento é a fim de você a séculos.- Falou Inuyasha, para provocar o irmão.
- Hm...Eu acho que sim.- Disse Kagome, lembrando vagamente de mais cedo. Sango olhou para a amiga com brilho nos olhos.- Mas não lembro direito do que falamos…- E colocou a mão no queixo tentando lembrar.- Hm…-Ficando vermelha respondeu:- Acho que dei um fora nele...
Sango a olhou incrédula. Miroku apenas falou: "eu te disse" com os lábios. Inuyasha, caiu na gargalhada e Sesshoumaru, cruzou os braços e sorriu de canto. Kagome apenas pôs a costa da mão na testa e se jogou para trás.
A enfermeira chegou logo em seguida e liberou a moça.
-Mas kah? Como pôde fazer isso?- Questionou Sango, acompanhando a jovem até o armário para pegar as coisas para irem para casa, pois haviam sido liberadas da tarefa de limpar a sala de aula.
-Ah Sango...não é como seu eu quisesse. Acho que o remédio fez isso comigo.
-Então eu..
-Mas eu também não quero que ele crie expectativas de algo que não vai acontecer.- Cortou a amiga.
Sango suspirou cansada, antes de assentir com a cabeça.
-Ok,ok...então escolheu o Taisho?
-O quê? De onde tirou isso?- Falou nervosa, ficando vermelha.
-Aiai, tua reação já diz tudo- Disse rolando os olhos.- Enfim, o que vai fazer agora?
- Eu só quero ir pra casa, minha cabeça ainda dói. Estou com esse roxo na testa e tenho muito o que pensar. E eu nem sei se fui bem na prova- Choramingou a morena.
- Mas afinal de contas, o que aconteceu para que você desmaiasse?- Perguntou Sango, quando começaram a caminhar em direção a saída da escola. Kagome ao lembrar do ocorrido, sentiu-se tonta. "Ela vai descobrir mesmo…"
-Conhece uma revista chamada Youkai's?
-Ah, já ouvi sim. Não acompanho, tem um jornalista em específico que é muito abusado. Vive invadindo a vida das pessoas, e se não bastasse isso, as matérias são muito maldosas. A propósito, ele tem uma rixa com os Taisho's que só vendo…
-Como assim rixa?- Perguntou curiosa.
-Bom, não sei ao certo, Miroku quem fala isso, pois Inuyasha volta e meia comenta. Mas ninguém sabe quem é o autor das matérias, ele se intitula como O.N, sempre. Metade dos processos e medidas cautelares que a revista tem é por causa dele, mais precisamente do pai dos meninos contra ele. Como o dono da revista não conta quem é, leva a responsabilidade dos processos. Como se ele se importasse. O que rola por aí é que esse tal "O.N" não é uma pessoa só. O que explica o fato dele sempre conseguir fotos que ninguém mais conseguiria. Mas se não for...o cara tem meu respeito, porque ele consegue o que ninguém consegue.- Kagome olha com raiva para a amiga, que sem entender, para e a olha de volta.-O quê?
-Esse cara tem fotos minhas, primeiro com Inuyasha na festa e de de alguma forma, outra minha com Sesshoumaru, no templo, ontem.. E não tinha mais ninguém lá! A matéria é cheia de segundas intenções.- E cruzou os braços fechando a cara.
-O quê? Como assim?- E olhou incrédula para Kagome!- Isso é sério?
Neste momento as meninas estavam passando por uma banca de jornais, então Kagome apenas pegou um exemplar na banca e abriu na página, colocando na frente de uma Sango de boca aberta.
-Tome, veja por si mesma.
Sango leu a matéria duas vezes para se certificar de que o que seus olhos viam era mesmo real. Quando terminou de ler, olhou da revista para Kagome umas três vezes ainda, sem saber ao certo o que falar. Quando pareceu digerir, sua face começou a ficar transtornada, tamanha fúria que começou a sentir de quem quer que fosse o ser que escrevia aquelas matérias.
-Quem esse maldito pensa que é para ficar denegrindo a imagem das pessoas dessa forma? Ele pensa que as pessoas não têm sentimentos? Ou que tudo é diversão? Eu vou…- Respirou fundo, parando a fala. Ao parecer mais calma, sorriu para a amiga.
-Acho que não pensa mais aquilo dele não é?- Disse erguendo uma sobrancelha para Sango.- A questão mesmo é: agora as meninas da escola estão tentando descobrir quem é- e apontou para a foto- a garota da foto. Sango...eu não quero ninguém se metendo na minha vida…-Choramingou. Sango abraçou a amiga e disse:
-Não se preocupe, enquanto eu estiver aqui, ninguém descobrirá que é você.- E se afastou, pagando a revista que acabara de ler. E completando baixinho: e se depender de mim, esse cara vai desejar nunca mais fazer outra matéria.
-Por que está comprando?- Perguntou, olhando para a revista.
-Não se preocupe, tudo vai se acertar no final- E piscou para a morena.
Kagome sem entender nada, apenas voltou a caminhar. -
Mais tarde naquele dia, Kagome ajudou sua mãe nos afazeres do templo onde moravam. Frequentemente, pessoas iam lá para visitar ou comprar algum amuleto que seu avô insistia que eram sagrados e até milagrosos. Nunca acreditou de fato naquilo, mas parada na frente da Árvore Sagrada, relembrou o que aconteceu na sala hospitalar da escola.
"Por Kami! O que foi aquilo? Meu coração parece sair pela boca só de lembrar. Nunca ninguém chegou tão longe...o que teria acontecido se o sinal não tivesse tocado? Será que eu queria? Ohhh céus...sim, eu queria.
Mas não nos conhecemos direito, eu ainda não sei nada sobre ele, e de uma forma tão estranha, ultimamente ele aparece quando eu mais preciso.
Kami, eu estou me apaixonando por ele? Eu queria um sinal…"
-FILHA! VENHA ATÉ AQUI!- Gritou de dentro de casa, a senhora Higurashi.
"O que será?"
E foi em direção à sua casa, dando uma última olhada para a Árvore.
Ao entrar na sala, Kagome arregala os olhos ao ver Sesshoumaru, bem na sua frente conversando com seu avô. Ela fica alguns segundos parada e então lembra de como estava vestida. Um avental no pescoço e um pano cobrindo a cabeça. Provavelmente o rosto deveria estar com alguma sujeira, como sempre acontecia quando ajudava seu avô a organizar a despensa.
-Kagome querida, por quê não avisou que tinha um jantar para ir? Eu não teria te prendido até agora.- Questionou sorrindo a mulher.
-Me desculpe, eu avisei em cima da hora.- Falou Sesshoumaru.
"Nossa, ele sabe ser educado?"
-Vai lá se trocar, mas não demore.- Disse a senhora, fazendo sinal para que ela fosse logo.
Tudo o que restou a jovem foi subir, tomar um banho rápido e travar uma batalha para achar uma roupa decente. Menos de meia hora depois, Kagome já estava na sala novamente.
-Cahan- pigarreou. Chamando a atenção de todos. Notou que Sesshoumaru a olhou de baixo a cima e pareceu gostar. Ficou envergonhada ao ver que ele a olhava nos olhos.-Podemos ir?-Disse quase num sussurro.
-Vamos.
-Até mais queridos, se divirtam. E Kagome?- Falou baixinho, ao abraçar a menina na saída:-Ótima escolha.- E piscou para a moça.
"Pra onde será que ele vai me levar, hein? Que vergonha! E se…?"
-Vamos jantar na minha casa. Meu pai insistiu para que eu a levasse, depois que aquele inútil abriu a boca sobre sábado.
-Hm...poderia ter me dito antes.
-Eu ia, mas seus amigos me interromperam.- Ao lembrar da situação a que ele se referia, Kagome voltou a ficar vermelha. Sesshoumaru a olhou de canto de olho e curvou os lábios num sorriso imperceptível. Mas não para a moça ao seu lado, que ficou mais vermelha e abaixou a cabeça, apressando o passo.
-Hm...quem mais estará nesse jantar?- Resolveu puxar assunto, quando já estavam no carro.
-Madrasta. Pai. Irmãos.-Olhou rapidamente pra ela e completou:- Uma amiga da família.
-Ahh…-"Será que eu não vou atrapalhar?" - Essa amiga…
-Ela veio visitar o país, e vai jantar conosco.-Cortou ele.
-Quando ela veio?-Perguntou curiosa.
-Ontem a noite.
-E vai embora hoje já?
-Ela é modelo, os pais também são. Veio apenas resolver assuntos pendentes.
Kagome pensou naquilo e lembrou do que Sango lhe dissera mais cedo:
"Os pais dela são modelos e eles foram para Europa por conta disso, e lá ela teria uma oportunidade de ser modelo também. Ela teve a opção de ficar, mas nem ter aquele gato como namorado a fez mudar de ideia."
"Assuntos pendentes ... .será que ele era esse assunto? Por qu~e ele tem que ser tão indiferente?"
Ao pensar na ideia deles conversando e relembrando os velhos tempos, fez aquela sensação desconhecida se acender dentro da morena novamente. Ela se mexeu desconfortável no banco e tentou não pensar no assunto.
"Mas qual era o nome dela mesmo?"
"Melhor não pensar nisso ou ficarei louca!"
-Hm...como se chama mesmo sua madrasta?- Perguntou para se concentrar em outra coisa.
-Izayoi.- Respondeu sem olhar para ela.
-E sua irmã?
-Rin.
"Ele parece tratar melhor a irmã do que Inuyasha...será que eles tem mesmo alguma coisa?" E lembrou do artigo da revista, e pensou que ela poderia não ser 100% falsa. Ao pensar nisso quase deu um grito, conseguiu pôr a mão na boca a tempo. "E se eles viram aquela revista? Céus! E se desconfiarem que sou eu?"
Kagome começou a hiperventilar novamente e abriu a janela do carro, apesar do frio que estava fazendo. Atitude que não passou despercebida pelo rapaz ao seu lado, que encostou o carro e a fez olhar para ele.
-Youkai's. Seu pais lêem essa revista?- Sesshoumaru apenas fez que não com a cabeça e ergueu uma sobrancelha.- Tem uma matéria sobre mim, nessa revista.- E começou a ter dificuldades para respirar.
Sesshoumaru a puxou, soltando o cinto de seguranças e a prensando contra seu corpo, num abraço. Ele passou a mão nas costas dela e questionou:
-Por isso desmaiou?
Kagome apenas fez que sim com a cabeça no peito dele. Ficaram assim durante alguns minutos.
-Ninguém da minha família ler aquela porcaria- Aquilo pareceu acalmar a moça que se afastou e o olhou nos olhos. Ela sorriu e ele voltou a dirigir.
Ao entrarem pelo portão da família Taisho, Kagome pensou em como achava que nunca voltaria naquele lugar, mas por ironia do destino ou não, ali estava ela, indo em direção à sala de jantar da família do seu...afinal o que eles eram mesmo?
Sesshoumaru a guiou para uma sala muito bem decorada, havia um quadro grande da família do centro, na parede oposta tinha três katanas penduradas. Kagome ficou admirando-as e não reparou quando alguém se aproximou.
-São lindas, não?
-Sim...ah me desculpe. Prazer, Kagome Higurashi- Disse, se curvando. Afinal, morava num templo e jamais perderia esse hábito.
E se virou para mulher. "Acho que beleza é algo obrigatório nessa família."
-Prazer, me chamo Izayoi Taisho.- Disse e olhou para trás, comentando em seguida:-Olha só amor, que menina educada!? Nossos filhos poderiam ser assim.
Ao ouvir isso,Kagome percebeu que havia mais pessoas na sala. "Distraída tinha que ser meu nome do meio!" Pensou, sorrindo amarelo.
-Inu Taisho, prazer!
-Prazer senhor, Kagome Higurashi- E fez outra breve reverência.
- É uma honra para mim conhecer os amigos dos meus filhos.- Comentou gentilmente Inu Taisho.
-Mesmo que seja o total de um.
Kagome, olhou para quem fizera o comentário e se deparou com olhos dourados divertidos a encarando. Assim que viu que a moça a olhava de volta, Inuyasha piscou. Kagome quis rir, mas o olhar que Sesshoumaru lançou para o irmão a fez refrear o impulso. Ela aproveitou e olhou para onde Inu Taisho a levava, e viu que havia um sofá enorme de canto encostado em uma das paredes, em frente a eles, uma mesa de centro com duas poltronas em paralelo, de modo que quem sentasse nelas poderia falar com quem sentasse no sofá sem nenhum problema. Inuyasha estava sentado, melhor dizendo, jogado em uma delas, na outra, olhos castanhos a olhavam curiosos. 'A menina de hoje cedo! Qual era mesmo o nome dela?"
-Esse é meu filho mais novo, Inuyasha, mas creio que já se conhecem?- Perguntou o mais velho ao se aproximarem.
- Sim, da escola.- Respondeu encabulada."Então quem ela estava procurando hoje cedo era…"
- E essa é Kagura, uma amiga da família.
-Ah tio, nós já nos conhecemos.- Falou a moça levantando-se e abraçando uma Kagome imóvel.- Não é?
-Ah sim...Desculpe por hoje.- Falou lembrando do esbarrão que dera na moça.
- Não se preocupe, não foi nada.- Disse gentilmente.
- Ah que ótimo que todos já se conhecem, assim não fica aquele climão! - Comentou o patriarca difertido.- Aqui Kagome, sente-se. Sesshoumaru, traga algo para a moça beber. O que prefere?
-Ah...água apenas.- Respondeu vermelha. Ter todos aqueles olhares sobre si, a estavam matando de vergonha! "Kami! Não permita que eu desmaie. De novo não!"
- Então nos fale mais sobre você, eu tenho certeza de já ter ouvido falar desse sobrenome: Higurashi.- Questionou Inu Taisho apoiando a mão no queixo como se tentasse lembrar.
-Eu moro num templo. Templo Higurashi. Fazemos festivais anuais nele, deve ser por isso que o sobrenome seja familiar.- Falou a moça.
- Que interessante!- Comentou Izayoi.- Como é morar em um templo?
-Ah, é legal na maior parte do tempo. Minha família vive lá a gerações. Meu avô é sacerdote.
- E você quer ser sacerdotiza?- Perguntou preocupado, Inu Taisho.
-Ah não, eu quero ser médica.- Respondeu decidida.
-Fico feliz em ouvir isso.- E soltou um suspiro aliviado. Fazendo Inuyasha e Kagura rirem. Sesshoumaru chegou nesse momento com a água, entregando para a jovem.
- Eu não imaginava que vocês se conheciam.- Falou Izayoi.
-Na verdade...- Se pronunciou Kagura.- Nós nos conhecemos hoje, quando estava procurando o Sesshoumaru na escola. Espero que tenha conseguido devolver seu livro.
-É consegui…-" Consegui bem mais que isso." Completou em pensamento, levando a mão na testa. Que, aliás, ainda estava doendo. Gesto que não passou despercebido por Sesshoumaru, que sentara ao lado da jovem.
Antes que alguém pudesse falar mais alguma coisa, um dos empregados da família entrou na sala pedindo para falar com Inu no Taisho. Izayoi aproveitando a deixa do marido, foi ver se a janta estava pronta. Os jovens ficaram na sala se encarando.
-Fêh! Isso tá parecendo um funeral!- Comentou Inuyasha.
-Você que não sabe apreciar um bom silêncio!- Retrucou ácida, Kagura.
- Eu gosto de uma bagunça!- Respondeu decidido.
-Por isso seu quarto é inabitável.- Disse Sesshoumaru.
-Tinha que ser o senhor Perfeito.- E fingiu uma reverência. Kagome e Kagura riram.- Pelo menos eu sei me divertir.
- Você tem uma ideia bem diferenciada de diversão.
- Não sei como alguém como a Kagome aguenta você.- E cruzou os braços e mostrou a língua para o irmão.- Aliás, como você aguenta?- E se dirigiu a moça.- Quando quiser uma companhia melhor, já sabe onde eu moro. Até porque, meu adorável meio-irmão, não sabe conviver em sociedade.
- E viver cercado por machos, é um bom exemplo de convivência.- Sesshoumaru, olhando para o caçula com desdém.- Estranho você estar sempre com aquele Miroku. Me diz Inuyasha você é…
Sesshoumaru não pode terminar a frase, pois logo em seguida, Inuyasha avançava para cima do irmão, o derrubando do sofá. Kagome deu um pulo pelo susto que tomou e só sentiu uma mão a puxando para longe da confusão.
-Afs, esses dois não sabem manter uma conversa civilizada. Senta aqui, que isso vai demorar.
-É sempre assim?- Perguntou, olhando para os dois no momento em que Inuyasha tentava acertar um soco em Sesshoumaru, que desviava ao mesmo tempo em que puxava o braço do mais novo, o prendendo.
- Já foi pior.- E soltou um suspiro cansada.- Inuyasha é muito impulsivo enquanto que Sesshoumaru tem zero senso de humor.
-Vejo que são bem próximos.- Perguntou sentindo uma pontada no peito. E olho novamente para os irmãos, que agora, Inuyasha conseguira se soltar mas já havia sido pego novamente, pois Sesshoumaru estava sentado nas costas dele, enquanto que ele estava deitado no chão.
-AH, eu e Sesshoumaru nos conhecemos a anos, teve uma época em que tentamos um namoro, mas não deu muito certo. Descobrimos que nossos pais eram conhecidos então nos aproximamos ainda mais.- E completou em seguida, olhando para Kagome- Mas só isso. Temos temperamentos muito diferentes, Inuyasha veio na mala. Somos bem amigos.
-Que bom.- "Céus que alívio!" - Mas o que quis dizer com: já foi mais?
-Ah, é que teve uma época em que eles dois brigavam direto.
-Mais?- Perguntou admirada.
-Isso?- E apontou para os dois que agora, Sesshoumaru caminhava em direção ao sofá, enquanto que Inuyasha estava no chão com a mão no estômago.- Eu digo que essa é a forma deles de falarem um com o outro. Porque, antes, eles não ficavam nem no mesmo ambiente.
-Sério?- Falou arregalando os olhos.- Mas por que eles não se davam bem?
- Não sei se devo comentar muito sobre isso, mas eles tiveram problemas de relacionamento, pois Sesshoumaru é filho de uma antiga relação do senhor Taisho, e ele não aceitou muito quando o pai trouxe outra mulher para morar com eles. E logo depois tiveram o Inuyasha, ele se revoltou.- Ao ver que Kagome começava a ficar triste por eles, Kagura logo mudou o tom de voz e disse animadamente:- Mas ainda bem que o senhor Taisho não desistiu dos filhos, embora eles não admitam nunca, nunca mesmo, eles são os melhores amigos um do outro. Exceto por essas demonstrações de carinho.- E riu, fazendo a jovem ao seu lado rir também.
As moças ficaram rindo de mais alguma coisa, quando de repente ouviram um barulho e olharam assustadas para onde os rapazes estavam.
-O quê está acontecendo aqui?- Pergunta Inu Taisho, que acabava de entrar na sala.
Sesshoumaru, que estava no chão, se levanta com olhos levemente avermelhados, encarando fixamente o irmão. Inuyasha, surpreso com o que acabara de fazer, ao olhar para o irmão recua um passo. Inu Taisho que olhava de um para o outro, tinha um brilho no olhar.- Esse vaso sairá da mesada dos dois. Para o meu escritório. Agora.
-Sim senhor.-Respondeu os dois ao mesmo tempo.
-Meninas o jantar já está na mesa. Kagura, leve ela até lá por mim?- Falou como se nada tivesse acontecido.
Anos mais tarde, depois de muitas chantagens, Kagome descobrira que Inu Taisho não havia repreendido os filhos, mas que naquele momento deu dicas de lutas para os filhos.
Isso explica o porquê dos três terem entrado na sala de jantar com cara de paisagem.
O jantar ocorreu tranquilamente. Izayoi era uma ótima anfitriã. Kagome descobriu que Kagura era muito divertida, até demais. Que Inuyasha era mais retardado que aparentava. E que Sesshoumaru poderia facilmente ser confundido com a mobília, de tão introvertido que era.
Na hora da sobremesa, todos estavam conversando sobre filmes, até que Izayoi reparou que havia um vermelho na testa de Kagome, e perguntou assustada:
-Kagome querida, se machucou? Aposto que foram esses brutamontes.- E foi em direção a menina olhando feio para os filhos.- Deixe- me ver.
-Não se preocupe, isso não é nada. Foi na escola.- Falou apressada.
-O que aconteceu?- Perguntou a mulher.
-Ah, eu..hm...passei mal na escola.- Falou nervosa a garota.
-Youkai's, fez outra matéria sobre nós.- Falou com bastante raiva Sesshoumaru. Tirando atenção da garota para si.
-O quê- Disse chocada a madrasta.- Quando eles irão se cansar de nós?- E soltou um suspiro triste.
Inu Taisho levantou-se, e começou a andar de um para o outro lado.
-O que eles falaram?- Perguntou olhando para Sesshoumaru, seriamente.
Sesshoumaru pegou o celular do bolso e levou o aparelho até seu pai, lhe mostrando a tela. O mais velho leu a matéria numa rapidez, que seu rosto foi de incrédulo à possesso em segundos. Ele devolveu o celular para o filho, pegou o seu e saiu pela porta.
-Nossa, nunca vi o papai tão furioso assim. O que estava escrito?- Perguntou Inuyasha, pegando o próprio celular e pesquisando a matéria. Gesto que foi seguido por Kagura.
Kagome que não esperava que isso fosse acontecer, começou a ficar mais vermelha ainda. Temendo desmaiar novamente, levantou-se da cadeira e se abanou com as mãos.
Vendo o nervosismo da jovem, Izayoi pegou um copo d'água e ofereceu a ela.
-Tome, se sentirá melhor. Deixe-me ver isso Inuyasha.- E pegou o celular do rapaz.
-Eu só não entendo como eles conseguiram essa foto. - E olhou para Kagome.- Quando eu fui para a sua casa ontem, tenho certeza de que não passei por ninguém. Então como?
-E-eu também não sei.- respondeu a garota quase num sussurro.
-Que gente mais sem vergonha!- Falou indignada Izayoi.- Ah querida, eu sinto muito por isso. Quando os ataques se dirigiam só a nossa família era uma história, mas agora eles estão passando dos limites.
- Sim, agora qualquer um que se aproximar, esse cara vai fazer isso? É um absurdo!- Disse Kagura.- O tio Inu, já descobriu quem faz as matérias?
-Ainda não.- Responderam juntos, Inu Taisho e Izayoi.
-Querido! E então?- Falou indo ao encontro dele.
-Falei com meus advogados. Eles entrarão com outro processo contra Hakudoshi. Quem sabe agora, ele não me entregue o autor dessas matérias.- E virou-se para Kagome- Peço desculpas por envolvê-la nisso. Infelizmente não posso prometer que ele não tentará ir atrás de você. Mas farei com que um dos meus homens fique por perto, caso alguém suspeito tente se aproximar.
-Ma-mas não…- tentou falar a morena, porém sendo interrompida pelo Taisho.
-Isso não é um pedido. E não se preocupe,nem vai perceber que ele estará te seguindo. Ele sabe ser invisível.- E sorriu para a moça.
Kagome, suspirou cansada. Quem imaginaria que seu dia terminaria dessa forma?
Tirando esse "incidente", o resto da noite foi tranquila. Kagome gostou dos Taisho's e ficou triste quando Kagura se despediu e foi embora.
-Tem mesmo que ir?- Perguntou Izayoi com voz manhosa.
-Sim, já está tarde e amanhã tenho que ir mais cedo para escola.- Respondeu a garota.
-Então, por favor volte o mais breve o possível. E de preferência durante o dia, para que possa conhecer a Rin.
-Sim, eu farei.
Kagome se despediu dos presentes e foi com Sesshoumaru até a garagem. O percurso da volta foi feito em total silêncio, mas um silêncio bom. Depois de hoje, Kagome começou a ver o rapaz ao seu lado com outros olhos. 'Ele não é tão frio quanto aparenta." E olhou de canto para ele, e sorriu. Instintivamente passou a mão no cabelo, e sem querer tocou no machucado, soltando um gemido no processo.
-É a segunda vez que faz isso!-Disse acusador.
-É o que?- Olhou para ele confusa.
-A cabeça.- Disse apenas.
-A cabeça...ahhh, só dói quando toco. Aí. Viu?- E voltou a massagear a testa.
Sesshoumaru abriu o porta luvas e lhe entregou um potinho. Kagome leu o rótulo e percebeu que era uma pomada para machucados.
-Nossa obrigada. Vou usar hoje mesmo.
Ao chegarem no templo, Sesshoumaru a acompanhou até em casa. Kagome tentou puxar assunto com ele, mas apenas recebeu respostas curtas e diretas. "Um poço de simpatia."
-Hm..Obrigada por hoje..hm..todo o hoje- disse ficando vermelha.- E por isso também.- E balançou o pote.- Sesshoumaru a olhou nos olhos e começou a se aproximar.
-Manaaaa! Que bom que já voltou!- Gritou Souta, abrindo a porta, fazendo Kagome se desiquilibrar.
-Ai menino! Avisa antes de fazer isso. Eu poderia ter caído.- Ralhou, olhando para o irmão que fez cara de assustado.
-De-desculpe, como que eu ia saber que você estava escorada na porta? Por quê estava escorada na porta?- Questionou
-Por causa de...ué, cadê ele?- Questionou ao olhar para trás e não ver nem sinal de Seshoumaru, e olhou para o irmão que deu de ombros.
-Ele foi embora, quando você começou a brigar comigo.
-Que cara mais antissocial...Vamos entrar. A mamãe sabe que está acordado a uma hora dessas?
O menino ficou pálido e olhou para a irmã, como se implorasse para que não contasse. Kagome sorriu maldosa para ele e correu para dentro da casa.
