Capítulo 6

Catherina acordou assustada na manhã seguinte. Colocou o vestido novamente e dobrou o colchão sob a pequena mesa que tinha na cela. Esperava que o irmão não notasse. Enquanto isso, brincava com a bíblia em suas mãos, lhe dava calma lembrar de Nemo.

No dia seguinte quem desceu foi Francesco e o característico barulho dos sapatos se aproximavam da porta. Entrou na cela, fechou a passagem, puxou a cadeira e sentou-se virado para ela. Ficou em silêncio por um bom tempo olhando para o nada até comentar:

- Você tem muito para me contar.

Aquele som de coturnos a fez levantar imediatamente da tábua que antes era a sua cama e o esperava em pé. Quando o viu sentar, aparentemente calmo, ficou ainda mais preocupada, se era possível.

- Não sei do que está falando, meu irmão.

- Você tem três chances, já acabou com uma. Eu sei de tudo, quero ouvir de você.

Então colocou um teaser de choque na mesa, mostrando que seria só tortura mesmo dessa vez.

Catherina olhou o teaser, olhou o irmão, o teaser de novo e endureceu o rosto, falando ainda mais firme.

- Eu não sei do que está falando.

Estava decidida a seguir por este caminho. Não sabia o que Petrus havia contado, o que os guardas que feriram Nemo falaram, se o próprio Nemo estava com problemas, mas o protegeria a qualquer custo.

- Vou facilitar para você, não quero usar isso… - E então rodou o brinquedo novo na mesa, sorrindo. Foi pontuando. - Sei da fuga, sei do colchão, sei da comida... Também sei da bíblia e o melhor: Seu mudinho de estimação. Está namorando e não me apresentou?

Catherina não disse nada, mas a cada revelação o seu coração afundava em medo do que ele poderia fazer a Nemo. Não abriu a boca, não confirmou ou negou nada. Perguntou:

- O que vai fazer?

Francesco respirou fundo, pegou o teaser e se aproximou dela, encostando na perna mas, sem acionar ainda.

- Ouvi dizer que gemeu mais gostoso do que a primeira vez. Eu quero ouvir. Quero que faça como fez com ele.

- Não - ela respondeu mesmo acuada, já perto da parede e sentindo o metal em contato com a sua pele. Iria aguentar a dor.

Apertou e soltou encostado na perna dela, só para que pudesse entender que não estava brincando.

- Hoje eu não vou te pegar à força - falava bem baixo, calmo. - Você vai pedir para sentar ou eu vou matar o seu mudo - se aproximou mais, falando no ouvido dela. - Vou mandar cozinhar a carne dele e você vai almoçar e jantar por dias sem saber.

Escutou aquelas atrocidades e levantou os braços para empurrá-lo. Tinha que sair dali, tinha que avisar Nemo, mas não podia, ela sabia que não conseguiria. Então abaixou o rosto por um instante, derrotada e desesperançosa.

- Por que está fazendo tudo isso comigo? O que eu te fiz para merecer esse ódio todo?

- Nasceu. Foi esse o seu erro - respondeu enquanto se arrumava na cama dela, sentado com as costas na parede. Abria o cinto e a calça. - Vamos. Não tenho o dia todo. Você escolhe o destino dele.

Catherina olhou e nem havia o que pensar. Levantou o vestido, já que nunca lhe eram fornecidas calcinhas, e apenas sentou no colo do irmão, de frente. Era uma visão infernal, então virou o rosto para o lado, enquanto se segurava nos ombros dele com as duas mãos e se encaixava, emitindo apenas um baixo gemido de incômodo. Tudo isso por Nemo.

Acompanhou com os olhos e aquela má vontade quase o broxou mas, logo ela sentava e estava tudo bem. Então fez diferente, soltou o teaser no chão e tocou a irmã nas costas, trazendo mais para perto do peito. Não era tão bruto e nem tão delicado como Nemo, era o meio termo, e a levantou um pouco e forçou para baixo depois, mostrando como deveria fazer.

O toque nas costas a fez corar e esconder o rosto no ombro dele, ao que cavalgava de acordo com o ritmo ditado pelo irmão, subindo e descendo de acordo com a sua vontade, pegando o jeito e fazendo de forma constante. Levava algum tempo para começar a sentir alguma coisa, mas ela sentia, e o remorso também, pois a todo momento imaginava estar fazendo isso com Nemo.

Soltou o ar com mais força enquanto a irmã mantinha o ritmo por cima dele, aquilo era bom demais. Sussurrou o mais escroto que podia enquanto olhava os peitos dela balançando tão perto.

- Você é gostosa demais…

Uma das mãos deslizaram nas costas mais para baixo, ensinando a rebolar e se esfregar ainda mais nele enquanto a outra ia para os cabelos, afundando os dedos ali só para segurar, para abraçar a irmã. Fazia tudo sem a brutalidade de sempre, queria agradá-la dessa vez. Encostado com a cabeça na parede pensava em coisas aleatórias, tentando se controlar para não gozar rápido demais.

Escutá-lo sentindo prazer tinha um efeito dúbio sobre a própria Catherina. Por um lado, era estimulante, por outro, ainda era impeditivo por ser o seu irmão, mas preferia não ficar nesse último. E as palavras dele não ajudavam em nada, apenas a provar que ela era um mero objeto em suas mãos, aquilo não era um elogio a ela, mas sim para ele próprio. Felizmente Francesco parecia saber o que fazia (com quantas já estivera?) e a guiava bem, ensinando formas nas quais ela própria sentia mais prazer. Mas foi quando ele passou as mãos em seus cabelos e não puxou, mas sim segurou, que Catherina sentiu um estalo em seu peito e ficou até parada por uns dois segundos, antes de retornar a se mover. O que estava acontecendo? Se não o conhecesse bem, diria que o irmão estava com ciúmes e "competindo" por sua atenção contra Nemo. Não, isso era impossível, Francesco não se importava tanto assim, era loucura de sua mente, melhor parar de pensar e apenas sentar.

Era como uma competição para ele. Francesco sentia a necessidade de ser melhor em tudo o que fazia e mesmo Nemo sendo ele próprio, ainda queria que com esta identidade fosse melhor. Se moveu com a irmã no colo e a deitou na cama, ainda entre suas pernas a penetrava mais calmo do que o normal e fazia questão de mover o quadril mais lentamente quando chegava no fundo, realmente se esforçando dessa vez. Uma das mãos corria para o peito dela, massageando sem machucar enquanto o rosto ia para seu pescoço e, diferente de Nemo, mordia e soltava o ar pesado ali. Já estava ofegante e aquilo estava bom demais, só melhorava. Sentia a cela e o corpo esquentar e só queria que a irmã sentisse o mesmo que ele.

Não opôs resistência quando ele a deitou, sentindo o peso do irmão sobre o seu corpo, sentindo os movimentos diferentes, bons, gostosos que ele fazia. O rosto em seu pescoço, a respiração, a mordida a fez gemer um pouco mais alto, ao que não se conteve mais e precisou apertar os ombros dele ao atingir um orgasmo, provavelmente o mais gostoso que tivera até agora.

O aperto nos ombros, a forma como a irmã gemia e como seu corpo se comportava, era impossível aguentar e ele também não queria esperar. Foram poucos movimentos até sentir o corpo estremecer e gozar dentro dela, soltando o ar forte e o peso por cima dela como se nem ele pudesse controlar dessa vez.

Era uma sensação muito estranha. Catherina estava muito satisfeita, mas ao mesmo tempo era o seu irmão que estava deitado e ofegante sobre o seu corpo. Ela não se mexeu, embora quisesse, não o tocou, não o acariciou. Ele ainda era Francesco.

Esperou ser acariciado, ser abraçado mas, não aconteceu. Não era Nemo ali, era o Duque de Florença. Sentou-se na cama até meio decepcionado mesmo que muito satisfeito e foi arrumar as roupas em silêncio, estava realmente confuso.

Uma vez que o irmão se sentava, Catherina foi bem delicadamente se sentando também, a uma certa distância, olhando-o como quem questiona "está tudo bem, certo? Está pago, não é?". Aquilo era um acordo comercial para ela, nada mais.

Estava tão confuso que não conseguiu dizer nada. Se levantou, pegou sua arma do chão e saiu sem nem quebrar nada. Tanto Francesco quanto Nemo amavam Catherina e essa era a prova.

Os lábios dela tremiam e ela tinha medo de tê-lo desagradado, do que seria de si e principalmente de Nemo. Francesco era genioso e gostava das coisas única e exclusivamente de seu jeito, ela bem sabia. Temia o que ele pudesse fazer e estava decidida a não comer mais carne vermelha daquele dia em diante.

Ele foi transtornado para a sua sala, sentou na cadeira e ficou vários minutos em silêncio, sozinho olhando o nada. Nunca sentiu aquilo por alguém, nunca tinha ensinado nada e então foi acontecer logo com a irmã. Respirou fundo, tinha perdido o controle de tudo.

A noite caía, Petrus ia para a porta da cela e Nemo entrava com a bandeja de comida, que por sinal tinha carne também e, claro, o chocolate dela.

Catherina não se importava mais de esconder a Bíblia, a qual deixava sobre a mesa enquanto rezava ajoelhada no colchão. Ouviu a porta abrir e nem esperou fechar para se levantar. Aguardava que ele desse algum sinal de quem era, não confiava em Francesco.

Nemo fez como se não tivesse entendido o porquê dela não se aproximar então ele chegou perto. Tocou sua mão com o cuidado de sempre e entrelaçou os dedos. Com a mão livre, subiu a máscara na altura que sempre deixavam para se beijar e com a mesma mão tocou seu rosto, tentando demonstrar de alguma forma que era ele.

Os detalhes estavam nos pequenos gestos, nos toques, aqueles protocolos que haviam estabelecido em tão poucos encontros. Catherina sorriu, tão grata a Deus que ele estivesse bem, estivesse vivo, que o beijou sobre os lábios como quem mata uma imensa saudade.

Soltou a mão dela só para poder abraçá-la com força, chegando a levantar do chão enquanto retribuía o beijo, aquele beijo cheio de vontade que ficou faltando na parte da manhã, quando se encontraram.

- Você está bem? - Perguntou ao romperem o beijo, olhando-o muito preocupada. - Meu irmão disse que sabia de tudo e me fez ameaças horríveis! Só de pensar…

Então lembrava o que ocorrera pela manhã, quando fizera sexo com o próprio irmão para salvar o seu guarda. Afundava o rosto no peito dele e chorava.

- Me perdoe, por favor, me perdoe…

Abraçava apertado, passando a mão nos cabelos dela com todo o carinho que só tinha quando colocava aquela máscara. Ouvia tudo o que a irmã dizia e apenas balançava a cabeça como quem diz "está tudo bem" sem nem sentir culpa de nada ou de todo desespero que estava causando nela.

- Por favor… - Ela tornava a beijá-lo nos lábios, agora com uma certa urgência, não mais a delicadeza de sempre, havia uma atitude ali. - Me faça esquecer o que aconteceu.

Assim que ouviu aquelas palavras, foi como incendiar seu corpo. Se afastou dela e abaixou a máscara, que cobria todo o pescoço, para tirar a parte de cima do uniforme, depois as botas, ficando só com a calça. Arrumou a máscara outra vez e se aproximou, envolvendo a irmã nos braços já com outra postura, puxando para o colo e a beijando nos lábios com desejo.

Andou para o seu colchão, esperando que ele se aproximasse pronto, até que ele a envolveu e ela sentou-se em seu colo de forma voluntária, com deliciosos beijos. Era muito parecido com o que havia feito de manhã, mas totalmente diferente ao mesmo tempo. Dessa vez ela realmente queria.

Deitou no colchão por cima dela e foi deslizando os beijos por seu rosto, pescoço, por seus seios e descendo como tinha feito da primeira vez até conseguir tirar suas roupas. O vestido subiu muito mais urgentemente e foi arrancado com menos cuidado. Tanto a calça como a cueca foram para o chão, era a primeira vez que ficava sem roupas com a irmã. Já tinha dado sua "primeira vez", agora queria mais. Nem se importava em disfarçar ser virgem, só queria dar o seu melhor ali.

Já totalmente nua e deitada no chão, Catherina o recebeu e aos beijos, ao que, quando notou que ele estava sem roupas, puxou-o para um novo beijo sobre os lábios, tão intenso quanto o que estava sentindo naquele momento. A mão deslizava sobre o peito, as cicatrizes que cobriam a pele, ela gostava do que via.

Retribuía cada beijo como se fosse o último, com vontade, intensidade e com carinho. Só se afastou para ajoelhar entre as pernas da irmã e guiar seu membro para encaixar nela. Apoiou as mãos por suas coxas, que estavam por cima das dele, e deslizou com cuidado para dentro dela, tirando e colocando mais fundo a cada vez, tomando todo o cuidado para não machucar. As mãos apertavam as pernas dela e o que podia ser visto de expressão era de completo prazer, sem nem se preocupar em não demonstrar.

Ela gostava, mas não assistia, desfrutava de tudo o que ele fazia, desde apertar as suas pernas até entrar e sair repetidamente. Gemia gostoso enquanto o tocava, chegava a esquecer que estava na prisão.

Quando sentiu deslizar com facilidade, apoiou os braços cada um do lado da cabeça dela e começou a mover o quadril. Iniciou pausadamente, olhando-a de cima a cada investida mais forte, e depois passou a se mover mais ritmado, mais próximo, esfregando o máximo do corpo que conseguia para que ela pudesse sentir tudo, chegando a deixar um sorriso de canto escapar, aproveitando aquilo, todos os gemidos e toques que recebia.

A distância entre os corpos diminuía e ela gemia mais, sentindo o atrito que tocava nas partes certas, ao que se abria e movia também para ajustar e dar o máximo de contato. Suas mãos iam para as costas dele, onde arranhavam de leve, puxavam para si, abraçava, apertava, o queria junto de si, dentro de si, como se fossem um.

Bagunçava seus cabelos, acariciava as pernas, puxava, mordia, beijava e apertava enquanto mantinha todo o ritmo, o máximo de contato e carinho possível que poderia oferecer, a tocando por todos os lados enquanto sentia o corpo e o ambiente esquentar, como de manhã. Era algo que só acontecia com ela, toda essa entrega e empenho da parte dele.

Ela sentia tudo isso que ele fazia, seu corpo e sua mente interpretavam todo esse cuidado e zelo como uma forma de amor, o que ela mais necessitava de receber. Por isso não demorava para chegar ao seu máximo, dando uma mordida no ombro dele para abafar os gemidos que teimavam em sair e contraía o corpo.

Sentiu a mordida e se abaixou ainda mais por cima do corpo dela, deitando para sentir todas as reações que tanto gostava, ouvir o gemido gostoso que saía entre a mordida e finalizar também dentro dela, quase juntos, sentindo o corpo dela contrair e o dele estremecer, ao que ia parando lentamente de se mover.

Depois de algo tão gostoso assim, Catherina sorria satisfeita e ficava ofegante, as mãos pousadas nas costas dele, sentindo as cicatrizes (imaginava que viessem do árduo treinamento dos inquisidores, imaginava que Nemo tivesse tentado entrar para o esquadrão de elite de Petrus).

Deitado por cima dela ainda bastante ofegante, acariciava seus cabelos e assim que se recuperou um pouco foi mais para cima, enchendo-a de beijos, como uma forma de dizer que tinha gostado e estava muito satisfeito com o que fizeram.

Ela ria alegre com os beijos, era como se pudessem estar em um mundo só deles, longe da realidade em que se encontravam. Catherina então o empurrou para o lado de forma que deitasse com a cabeça no ombro dele, bem aninhada como gostava, puxando as cobertas para cobrir a própria nudez antes que alguém abrisse a porta.

- Obrigada. Obrigada por estar aqui comigo.

Deitou-se ao lado e a abraçou como sempre fazia, ajudou com as cobertas e envolveu o máximo do corpo dela para que se sentisse acolhida. Beijou seus cabelos e a apertou no abraço quando ouviu agradecer. Definitivamente estava mais envolvido do que achou que poderia ser possível.

- Meu irmão te disse alguma coisa? - Perguntou de súbito, ao que o olhava. Tinha muitas preocupações quanto a isso. - Ele ameaçou a sua vida.

Balançou a cabeça positivamente e em seguida deu de ombros, como se não se importasse, desafiando o Papa.

Ela não estava gostando daquilo, sabia que ele acabaria morto cedo ou tarde.

- Se eu te pedir uma coisa, você faria?

Arrumou-se no chão para olhá-la melhor, interessado no que seria pedido. Balançou a cabeça positivamente sem nem saber o que era ainda.

Catherina respirou fundo para falar, ao que se sentou para olhá-lo de forma direta. Disse de uma maneira firme.

- Vá embora de Roma. Eu quero que você deserte, abandone o exército e suma para onde meu irmão jamais o encontre. Você faria isso por mim?

Ficou um bom tempo olhando Catherina ali debaixo, do chão. Então pegou. Bíblia de cima da cama e deitou outra vez, no colo dela, juntando as letras até formar "Vem comigo?".

Doía tanto ver aquelas palavras se formarem, tanto, era pior do que qualquer coisa que o irmão lhe tivesse feito.

- Eu não posso fugir, ou ele me acharia em qualquer lugar que estivesse. Mas você pode, e meu coração ficará mais leve se você estiver seguro longe de meu irmão.

Ele aproveitaria a máscara para falar tudo o que desejava. Os dedos correndo rápido pela folha, já acostumados a formar frases. Mostrou "Não sou capaz de viver sem você".

- Não diga isso… - Os olhos dela ficavam vermelhos, ao que colocava as mãos nas laterais no rosto dele, o obrigava a olhá-la a uma curta distância. - Por favor, eu estou te implorando, pela sua vida, pela minha vida, fuja daqui e nunca mais volte, ou meu irmão vai acabar te matando e eu… - Era difícil de dizer qualquer coisa. - Eu vou morrer também.

Assim que teve o rosto preso nas mãos dela se levantou balançando a cabeça negativamente e a beijou com toda a calma que transparecia ter. Afastou-se e mostrou a bíblia, formando "Confia em mim?".

Viu-o levantar e quase ficou ofendida com aquela pergunta.

- Claro que confio - a essa altura seria ridículo dizer que não.

Formou "Não vou te abandonar" e depois "Nada vai acontecer", olhando-a nos olhos confiante, esperando que parasse de mandar ele ir embora.

Catherina ficou quieta alguns instantes, sua mente maquinando o que um simples soldado poderia estar disposto a fazer por ela, uma prisioneira de alta classe. Não conseguindo achar nada, teve que perguntar:

- O que você vai fazer?

Moveu os dedos rápido e mostrou "Vou te beijar o resto da noite" e assim que teve certeza que ela tinha entendido o que tinha dito, deslizou a mão por seu rosto até seus cabelos e se aproximou, primeiro a olho nos olhos e depois beijou, como se o mundo fosse só deles.

Sorriu quando ele formou aquela frase, ao que o recebeu com carinho para o beijo, algo quente e delicado ao mesmo tempo, que fazia o seu coração pular de alegria.

Fechou, colocou a bíblia de lado e a tomou nos braços, deitando-se lentamente no chão com ela enquanto a beijava.

Por mais que o beijo fosse bom, por mais que estivesse gostando, ainda estava inquieta com o que o seu soldado pretendia fazer, com a confiança dele em si próprio de que escaparia vivo da Inquisição.

Afastou-se do beijo um pouco inquieto e pegou a bíblia outra vez, iria terminar de se afundar, já que sabia que jamais poderia falar isso. Formou "Amo você" e depois "Não me abandone".

Demorou alguns instantes para processar as palavras, chegando a correr com o próprio dedo pela página por não acreditar. Olhou-o e respondeu:

- Eu te amo também. Você mora no meu coração.

Beijou-a no rosto com todo carinho e se deitou, abrindo os braços para esperá-la. Estava completamente feliz até o momento que se lembrou que não era Nemo, era Francesco e jamais poderia falar algo assim para ela. Ou ser retribuído. Aquilo o estava corroendo.

Poderia esperar mais um dia pela resposta do que ele faria, poderia ter mais uma noite de felicidade. Então se deitou, com a cabeça no ombro dele mais uma vez, soltando um suspiro cansado e fechando os olhos. Talvez conseguisse até dormir em paz.

Ele beijou sua testa e se arrumou, deixando o mais confortável para ela ali. Puxou a máscara para baixo e fechou os olhos, queria dormir com ela e Petrus já estava avisado do horário que deveria chamá-lo, então não teria problemas.

Catherina não demorou para adormecer se sentindo inquieta, porém amada, e essa era a melhor coisa que já havia sentido na vida: amar e ser amada de volta.

Francesco acabou pegando no sono também, dormindo ali no chão, abraçado com ela.

Algumas horas depois, entrava o padre Petrus. Ficou da mesa olhando, observou as roupas espalhadas pela cela, as dele e a dela, o Duque definitivamente estava apaixonado. Nunca tinha visto o chefe tirar as roupas para transar com alguma mulher e, pelo que via, nem mesmo a cueca tinha sobrado. Na verdade, nunca tinha visto o Papa aceitar dormir com alguém. Era tudo muito estranho. Tocou nos pés do chefe e saiu assim que conseguiu acordá-lo, não queria ver a cena dele colocando as roupas. Francesco deixou o quarto só com as calças e a máscara, sem nem se importar, ainda meio sonolento. Foi colocar as roupas de Papa para voltar para o seu quarto.

Catherina acordou nua e sozinha, como sempre. Comeu o jantar que havia esquecido sobre a mesa e foi rezar mais uma vez, pedindo a Deus que iluminasse Nemo para que não fizesse nada estúpido, seu irmão para que não fizesse nada violento.