Esclarecimento: Só reiterando que esta história não me pertence, ela é uma adaptação do livro de mesmo nome, de Sarah Morgan, que foi publicado na série de romances "Paixão", da editora Harlequin Books.
Capítulo 6
Andando de um lado para o outro, Natsu olhou para o relógio mais uma vez.
Continuava intrigado com a esposa. Ela era uma herdeira legítima, tinha exigido uma cifra astronômica no dia do casamento, uma soma que simplesmente evaporara da sua conta, e, mesmo assim, não existiam sinais de como gastara o dinheiro.
Sua vida tinha sido repleta de mimos e atenções, mas apesar disso encontrou-a na cozinha fazendo o seu lanche como se fosse um hábito. E vestia jeans tão gastos que nenhuma mulher que conhecera teria coragem de usar. Chegavam a dar pena. Nada se encaixava.
Quando se casou com Lucy Heartfilia, esperava que ela fosse rica, mimada, frívola e chata. Em sua opinião, suas únicas vantagens eram o rosto bonito, o corpo perfeito e sua disposição para mostrá-los. O que ele não esperava era mais difícil de definir - e sua esposa era uma verdadeira incógnita.
Por que ela não saía logo do banheiro ? Por que estava demorando tanto ?
Com a paciência esgotada, dirigiu-se à porta do banheiro, pronto para arrombá-la para saber por que ela ainda estava lá dentro quando escutou o barulho da maçaneta e Lucy apareceu.
Natsu levou um susto com a mulher que surgiu em sua frente. Ele ficou literalmente boquiaberto.
Lucy estava simplesmente espetacular.
Sua pele estava viçosa e sem nenhuma mancha, o leve rubor de suas faces acentuando a forma perfeita do rosto. Os olhos castanhos pareciam maiores e o brilho suave que coloria seus lábios realçava as curvas tentadoras de sua boca.
Era evidente que o resultado o deixara muito impressionado.
Ele esperava que ela parecesse vulgar. No entanto, Lucy tinha um ar de inocência e de sedutora feminilidade ao mesmo tempo. Suas longas pernas ficaram lindas com a saia diminuta e o top revelava a cintura fina. O corpo dele reagiu na hora, e, por um momento, se esforçou para lembrar de seu compromisso.
Ainda bem que ele podia contar com uma equipe de seguranças para resguardá-la. Para impedir que os homens se aproximassem dela.
Natsu cerrou os dentes, surpreso de como se sentia possessivo em relação a uma mulher que ele nem gostava.
- Você insistiu para eu usar esta roupa, então pare de ficar me olhando - disse ela, sem qualquer emoção - Vou avisando que não estou acostumada com saltos tão altos, por isso vou segurar no seu braço.
Ele estranhou o comentário, mas ofereceu o braço para ela se apoiar.
- Ou seguro em você ou vou cair. Caso contrário, não vou chegar nem perto - informou ela, prendendo o sapato - Espero também que você tenha um bom seguro contra terceiros. Se eu cair sobre alguém enquanto danço, vou causar sérios danos.
Natsu quase disse que ela só dançaria com ele. Mas seu erro de julgamento tomava seu pensamento. Queria que ela parecesse vulgar para humilhá-la, mas a transformara numa tentação. Olhando para o lindo rosto, percebeu que o brilho da inocência vinha de dentro dela. Nada que vestisse a faria parecer vulgar, porque ela transpirava classe.
"Lobo em pele de cordeiro", lembrou-se do velho ditado. Ela não passava de uma interesseira como as outras, só que disfarçada. Ele pegou o paletó para saírem.
Não importava o quanto Lucy fosse linda e excitante na cama, não esquecia o motivo de ela estar ali.
Seu dinheiro.
Lucy sentia a maciez do couro de boa qualidade em contato com sua pele e admirava os pés, encantada. Ela tinha a-do-ra-do aqueles sapatos. Eram glamourosos e a deixavam sexy. E as roupas ? E a maquiagem ? Tudo ma-ra-vi-lho-so. Como não estava acostumada com nada daquilo, tinha levado muito tempo para se aprontar.
Na primeira tentativa, ficou com cara de palhaço. Na segunda, parecia gripada. Finalmente, depois de muito lavar e esfregar o rosto, acertou e ficou encantada com o resultado. E, apesar de saber que as roupas eram reveladoras demais, sentia-se bonita. Será que todas as mulheres ricas se sentiam assim ? Cruzou as pernas e notou o olhar de aprovação de Natsu.
Ele a desejava.
Lucy não queria sorrir, mas sorriu. Ele podia desprezá-la, mas definitivamente a desejava. Podia parecer indiferente, mas nenhum homem passa seis horas na cama com uma mulher que não significa nada para ele.
De repente, um flash de luz cortou seus pensamentos e Natsu praguejou.
- Fotógrafos - esclareceu ele, enquanto o carro entrava no acesso para a boate - Eles não vão poder entrar, por isso sorria e fique calada.
- Será que os gregos não conseguem perceber que a Idade da Pedra já passou ? Estão sempre falando para eu ficar calada. Acho melhor alguém contar para vocês que hoje as mulheres se expressam livremente.
Natsu segurou seu braço, evitando que ela saísse.
- Laxus vai abrir a porta. Assim, a imprensa não chegará tão perto. E, para sua informação, sou bem moderno em relação ao direito de expressão das mulheres. Você pode falar quando quiser. Menos com a imprensa.
Moderno ?
Um homem que dizia o que ela tinha que vestir e que achava que sua obrigação era satisfazê-lo sexualmente ?
Antes que esclarecesse a questão, a porta do carro se abriu e ela foi conduzida para dentro da boate em meio a uma explosão de flashes e uma multidão de fotógrafos gritando para atrair sua atenção.
Um deles conseguiu chegar bem perto, e foi imediatamente afastado por um dos seguranças de Natsu.
Lucy olhou espantada para aquela confusão à sua volta.
- Por que todo esse interesse em mim de repente ? - murmurou ela, e Natsu lançou-lhe um sorriso tão sedutor que quase a fez perder o rumo.
- Porque me casei com você, agape mou - respondeu ele - , apesar de nossas famílias terem vivido em conflito por três gerações. Os jornais e as revistas sensacionalistas estão adorando a novidade. Nossas fotos venderão milhões !
As pessoas pagariam por fotos deles ?
Por quê ? Ela não passava de uma moça comum vestida com roupas chiques...
- Como é que seu avô conseguiu escondê-la da mídia por todos esses anos ? - perguntou ele, intrigado.
- Eu... eu sempre levei uma vida bem discreta - arriscou ela, ainda perplexa por alguém querer fotografá-la.
Lucy se deixou conduzir pela boate ultramoderna e ficou fascinada. O lugar estava repleto de gente bonita e sua saia minúscula combinava perfeitamente com o ambiente.
- As pessoas aqui praticamente se vestem só de lingerie - comentou ela, em voz alta para ser ouvida por Natsu.
- Sabe como é, dançar provoca calor... - Lucy estava prestes a confessar que nunca estivera num lugar daqueles, mas percebeu a tempo que não deveria.
Evidentemente, ele achava que ela era uma figura da noite: rica e mimada, passando o dia inteiro nas compras e, à noite, exibindo as novidades.
Luzes coloridas giravam e piscavam, efeitos de luz e fumaça enchiam o ambiente e a batida ritmada da música era um convite para as pessoas dançarem na pista iluminada.
Lucy sentiu uma excitação estranha. De repente, queria ir para a pista de dança. Queria que seu corpo acompanhasse a música alegre. Queria se divertir.
Ela se virou para Natsu, os olhos brilhantes:
- Quero dançar.
E dançar, dançar, dançar...
- Com ou sem sapatos ?
- Com sapatos, para começar. Vamos ver no que vai dar...
Olhando ao redor, ela percebeu que as pessoas estavam observando-os.
- As pessoas não se cansam de ficar olhando ?
- Você é a neta de um dos homens mais ricos do mundo. Precisa se acostumar. Eu nem ligo mais.
Ela tentou parecer descontraída e confiante, como se ser o centro das atenções fosse normal.
Ele pegou uma de suas mãos e a conduziu para a pista de dança.
Lucy fechou os olhos e se entregou à batida da música. Descobriu que adorava dançar. Gostava da sensação dos cabelos sedosos acariciando seus ombros enquanto seu corpo se movia de um lado para outro, perfeitamente integrado ao ritmo da música.
Dançou por muito tempo, hipnotizada pelo ritmo e pelo relativo anonimato no meio da pista de dança.
Finalmente, a música ficou mais lenta e Natuu a puxou para perto dele. Apesar do gesto possessivo, Lucy gostou.
Com certeza, era o homem mais bonito da boate e todas as mulheres olhavam para ele. Natsu Dragneel se destacaria em qualquer ambiente: rico e famoso, transpirava força e poder.
Mas nesta noite, ele estava com ela, pensou com ar de criança feliz em meio aos olhares invejosos das outras mulheres.
Olhando-o, ela notou os cabelos cor-de-rosa sedosos e a pele bronzeada do pescoço. Era a própria imagem do sucesso: vibrante, decidido e milionário.
Dançaram até os pés doerem e a garganta ficar seca. Finalmente, ela concordou em parar para tomarem um drinque.
Num impulso, ela o abraçou.
- Puxa, Natsu, obrigada ! Nunca me diverti tanto ! - disse ela, sorrindo, os olhos brilhando.
- Está parecendo que você nunca foi a uma boate antes - estranhou ele.
- Nunca fui mesmo, quer dizer, nunca em uma dessas - corrigiu-se, rapidamente.
Ela sabia que devia parecer indiferente, como se tivesse acostumada a lugares como aquele, mas não conseguia. Estava muito eufórica, era muita excitação... queria que a noite não terminasse...
- O que foi ? Você está me olhando porque estou quase sem fôlego, não é ?
- Não. Estou te olhando porque nunca vi você sorrir antes.
- Ah, estou me divertindo muito. Você não acha que a gente podia...
- Não ! De jeito nenhum ! Estou com a garganta seca.
Lucy sentou-se numa das poltronas, perguntando-se o porquê de aquele lugar estar vago. Estava cansada e superfeliz. Tinha descoberto um lado de sua personalidade que desconhecia. Sempre achara que era diferente das outras moças. Não gostava de festas e roupas novas. Na verdade, nunca tivera a oportunidade de aproveitar estes prazeres. Pela primeira vez, podia se divertir.
Ela estava pensando em voltar para a pista de dança quando as pessoas em volta da mesa se afastaram.
- Natsu ! Você veio !
Uma mulher alta, magra, usando um vestido preto decotado se aproximou da mesa.
- Que bom ! Estou tão feliz com sua presença...
- Jenny ! Você se superou. Isto aqui vai ser um sucesso ! - cumprimentou Natsu, beijando-a no rosto.
- Contagiante, não é ? E com muito estilo. Já estamos tendo que restringir o número de sócios - disse ela, as mãos de unhas vermelhas segurando o braço dele - Foi bom você ter vindo. Reservei a melhor mesa para você.
- Obrigado - agradeceu ele.
- Estou precisando muito de seus conselhos profissionais - disse Jenny, sentando-se ao lado dele, ignorando a presença de Lucy - Surgiram uns problemas e talvez eu precise de sua influência...
Jenny baixou a voz e inclinou-se para ficar mais perto de Natsu, uma das mãos atrás de seu pescoço para aproximá-lo ainda mais.
Lucy não gostou do que viu. Estava claro que eles tinham mais do que uma simples amizade. Será que ela era uma de suas amantes ? Do passado ou do presente ? A idéia de que ele partilhara com outras mulheres o mesmo que com ela não a agradava. Se ela precisava de alguma outra confirmação de que para ele era só sexo, então acabara de ter.
E para piorar a situação, a mulher nem a olhara, como se ela simplesmente não existisse.
Sentindo-se a última das criaturas, tomou o drinque em grandes goles.
Lucy ficou lá sentada, bebendo, esperando ser incluída na conversa por Natsu. Mas ele continuou sentado, prestando atenção no que a mulher dizia. Ela só faltava sentar no colo dele.
Lucy notou os olhares curiosos. Afinal, eles eram recém-casados e Natsu parecia ignorar sua existência.
Sentindo-se abandonada, começou a ficar irritada.
Por que ficaria ali sentada, fingindo ser invisível ?
Já meio tonta por causa da bebida, focou a pista de dança. Por que não voltava a dançar ? Havia várias mulheres dançando sozinhas.
Sem olhar para o lado, se levantou e segurou na mesa para não perder o equilíbrio. Foi para a pista de dança, sem se importar com ninguém.
Mais uma vez se deixou levar pelo ritmo da música. Ela girava e dançava, os braços para o alto, os cabelos no rosto.
Depois de algum tempo, um homem loiro se aproximou e começou a dançar com ela. Nada importava, pensou Lucy, só se divertir agora.
De repente, sentiu aquela mão em seu ombro, puxando-a para trás. Ela se desequilibrou e quase caiu, mas foi amparada por uma massa de músculos. Olhou para cima e encontrou uma expressão zangada. Natsu falou algo em grego para o rapaz e ele imediatamente deixou a pista, misturando-se à multidão.
- Que medroso ! - comentou Lucy com desdém - Ele poderia pelo menos ter ficado até a música acabar.
- Ele tem juízo. Coisa que você não tem. Estamos num local público e você não deve chamar atenção. Se você quer dançar, dance comigo.
- Você estava ocupado.
- Então, você devia ter esperado.
- Esperado o quê ? Você se cansar daquela mulher ?
- Aquela mulher é a dona da boate. Foi ela quem nos convidou. Ela estava precisando da minha assessoria.
- Você acha que eu sou boba ? Ela só faltou devorá-lo com os olhos. Se você vai flertar em público, então eu vou dançar com quem eu quiser.
- Flerte de novo e você vai descobrir o que significa realmente estar casada com um grego - advertiu ele, num tom perigosamente frio.
Com o coração disparado e os joelhos tremendo, Lucy sentiu-se indefesa. Como poderia se sentir tão atraída por ele ? Tentou se afastar, mas Natsu a segurou.
- Já sei o que significa, Natsu. Solidão e abandono. Você casou comigo, desapareceu por duas semanas sem me dizer onde estava indo. Depois, você apareceu, me trouxe aqui e fica flertando. Eu te odeio.
Ele ficou ruborizado.
- Eu não estava "flertando".
- Estava sim ! Você a "devorava" com os olhos e ela não parava de tocá-lo. Era como se eu não existisse. Eu me recuso a ser ignorada ! Você me trouxe aqui e foi grosseiro. Além do mais, está todo mundo olhando... e eu... estou me sentindo mal - concluiu ela, sentindo-se tonta.
- Você andou bebendo ?
- Eu nunca bebo - respondeu ela, a cabeça girando.
- Você bebeu seu drinque todo quase de uma vez - observou ele.
- Eu estava com sede.
- Então, você devia ter bebido água. Bebida alcoólica não mata a sede.
Ela apoiou a cabeça no ombro dele, desejando que o mundo parasse de girar.
- Eu bebi a limonada que você me deu. Acho que rodei muito na pista de dança. Aquele rapaz dançava muito bem.
- Aquilo era vodca com suco de limão e eu acho que não dá para deixar você sozinha por cinco minutos. Você parece uma criança na primeira festa.
- E você é horrível - murmurou ela - Faz tudo aquilo comigo na cama, depois vai embora e não me diz nada gentil. Não sei por que as mulheres ficam atraídas por você. Não dá para viver do seu lado. Não consigo mais fingir ser a pessoa que você quer que eu seja. Estou exausta.
Natsu retesou os músculos e a encarou.
- Outra vez, esta história ?
Algo em seu tom de voz fez tocar um alarme, mas ela estava completamente tonta.
- Quando a gente está na cama, você nunca diz nada gentil...
- Não esta parte, a outra, a de não fingir mais...
- Bem, eu não sou essa herdeira estúpida e desmiolada que você acha. E é um sacrifício fazer de conta que eu sou - murmurou Lucy - Eu nunca tinha vestido uma roupa de grife na minha vida, nunca tive tempo de me divertir e você acha que sou uma desclassificada, sem nunca...
- Sem nunca...
Ela parou de falar e ele levantou a sobrancelha, com ar de interrogação.
Os efeitos da bebida estavam se esvaindo, e, de repente, ela foi invadida por uma sensação de que havia dito alguma tolice. Só não sabia qual. Ela só queria dormir.
- Bem... não sou uma qualquer - respondeu ela, vagamente - Apesar de gostar das roupas que elas usam. Só que os sapatos machucam.
Ela encostou a cabeça no peito dele e escutou-o praguejar. Depois, sentiu ele pegá-la no colo.
- Você é tão cheiroso - murmurou ela, aérea - Mas eu não vou para a cama com você de novo até que você aprenda a ser gentil.
Ele não disse nada.
Um vento fresco soprou em suas pernas, e segundos depois ela já estava dentro da limusine. Natsu deu algumas instruções em grego e se recostou no banco, a expressão contrariada.
Lucy se encolheu e tentou se sentir melhor.
- Nunca mais vou dançar de novo. O mundo não pára de girar.
- Isso é por causa do álcool, não pela dança - informou ele - E eu não posso acreditar que você chegou aos vinte e dois anos sem saber como é ficar bêbada.
- Cheguei aos vinte e dois sem saber de um monte de coisas - confessou ela, sonolenta, as palavras arrastadas - Estas últimas semanas foram repletas de experiências para mim. Algumas boas, outras não. A pior de todas, foi quando você...
- Não disse nada gentil na cama - finalizou ele, impaciente - Já entendi a mensagem.
- Na verdade, eu ia dizer quando você flertou com aquela mulher na minha frente - murmurou ela, olhando para o rosto lindo dele - Esta foi a pior. Mas gostei das roupas e dos sapatos. E dançar foi muito bom. Queria que você me levasse de novo. Talvez amanhã.
- Tenho outros planos para você, amanhã - avisou ele.
Lucy só queria dormir.
- Espero que você tenha desaparecido amanhã - disse ela, tentando manter os olhos abertos.
- Impossível. A partir de amanhã, vou me concentrar em descobrir quem você realmente é, agape mou. Vamos nos conhecer melhor.
Lucy acordou com a cabeça latejando de dor.
- Beba isto.
A voz grave surgiu ao seu lado e ela manteve os olhos fechados.
- Não consigo beber nada...
- Vai ajudar - disse ele, passando um dos braços sob os ombros dela para levantá-la.
- O cheiro é horrível.
- Então agora você já conheceu todos os efeitos do álcool. Beba, vai ajudar.
Ela experimentou e sentiu o estômago se encolher.
- Você tem razão. Estou me sentindo melhor.
- Ótimo. Porque você tem menos de uma hora para se aprontar.
Ele já tinha tomado banho e estava vestido.
- Nada de boates.
- Já é hora do almoço - informou ele, solícito, mostrando a luz do dia - Por isso, nada de boates. Elas só abrem à noite, mas você não sabia disso, não é ? Você nunca tinha ido a nenhuma...
Havia uma nota de perigo no tom suave de sua voz. A noite passada era um borrão na cabeça dela. O que será que ela tinha dito ?
- Eu... eu - ela pigarreou, tentando clarear as idéias - Não foi isso o que eu disse.
- Foi sim. E fez outras revelações que estou ansioso para saber em detalhes.
Natsu olhou para o relógio e se encaminhou para a porta.
- Tenho que dar uns telefonemas antes de partirmos, por isso aproveite para tomar um banho. Meu piloto vem nos buscar em menos de uma hora.
- Seu piloto ?
- Isso mesmo. Vamos viajar para nossa lua-de-mel. Antes tarde do que nunca - comunicou ele, abrindo a porta.
- Lua-de-mel ? Você disse que não teríamos lua-de-mel, que você não queria passar seu tempo comigo.
- Isso porque achei que uma noite seria suficiente. Mas eu estava errado. Tentei água fria e evitar você, mas nada funciona. Então, agora vou tentar uma nova tática.
Ela ficou boquiaberta.
- Você tentou me evitar ? Foi por isso que desapareceu por duas semanas ?
- É, mas não adiantou. Aceitei a realidade. Nós estamos casados. Por isso é perfeitamente normal que passemos algum tempo juntos. Preciso tirar você da minha cabeça, ou nunca mais vou conseguir me concentrar em nada.
Ela achou que ia desmaiar.
- E como você pretende resolver isso ?
- Fazendo sexo sem parar, agape mou - respondeu ele, sorrindo - Dentro de uma hora, seremos só você e eu numa ilha particular. Você não vai precisar nem de lingerie, por isso não se preocupe com a bagagem.
P. S.: Nos vemos no Capítulo 7.
