N/A: Primeiro capítulo do mês de Maio! Confesso que comecei a fanfic não gostando muito desse personagem, mas agora me divirto escrevendo no POV dele! Esse mês será muito atarefado pra mim, mas prometo continuar atualizando a fanfic e já adianto que o próximo capítulo será MUITO ESPECIAL, MUITO DORAMEIRO! Obrigada por lerem!

[Todos os personagens pertencem ao Masami Kurumada e a Shiori Teshirogi!]


7

O Jantar

Kyrios

- Não gostou da comida? – Selena sussurrou para mim momentos depois que nosso pedido finalmente chegou.

Era a primeira vez que ia a um restaurante tão caro como aquele e não imaginei que o prato cuja descrição continha "camarões e vieiras" na verdade significava apenas um camarão apoiado em um molusco aparentemente bem feito.

- Não é isso – balancei a cabeça e sorri enquanto tentava contornar a situação – apenas pensei que meu irmão também teria gostado de vir aqui.

- Você é tão generoso! – Selena devolveu o sorriso e acariciou a lateral do meu rosto, depois deu uma pequena garfada na salada que havia escolhido, que custava mais do que toda a comida que vendia na faculdade.

Gente rica era mesmo muito estranha.

Parti o camarão ao meio e comecei a mastigá-lo devagar para tentar enganar o estômago enquanto Selena e o pai, que mal tocaram na comida, se distraíam com seus celulares a cada dois minutos.

- Desculpe – o pai de Selena disse pela décima vez aquela noite – problemas no trabalho.

- Tudo bem pai – dessa vez ela acariciou o meu ombro – Kyrios sabe que é ocupado e que foi muito gentil em concordar jantar conosco.

- Claro que concordei – notei que ele e Selena dividiam os mesmos traços, mas o rosto dele parecia um pouco brilhante demais, como se tivesse exagerado nas injeções – como não conheceria o homem que está levando minha filha embora?

"Por favor, parem com isso", pensei, tentando mostrar um sorriso educado. Não gostava como Selena tentava me exibir, mas também não queria perder uma oportunidade como essa, pois o homem que estava sentado a minha frente tinha contatos importantes na área do entretenimento.

Nunca pensei em entrar para uma agência, quando comecei a postar alguns vídeos na internet achei que poderia seguir como ator independente, ser modelo nunca foi minha prioridade, mas o pai de Selena passou a noite tentando me convencer de que a agência certa faria milagres pela minha carreira.

- Então, Kyrios – disse o homem, não conseguia lembrar o nome dele, apenas que sua empresa possuía um dos prédios mais altos do país – como Selena me falou muito bem de você e vendo como é educado acho que posso entrar em contato com alguns conhecidos.

Selena assentia irritantemente rápido ao meu lado, como se fosse minha esposa, ou pior, minha dona.

- É muito gentil de sua parte, senhor – eu disse. Cada gesto meu naquela noite era baseado em algum mocinho rico das novelas que Télos costumava assistir. Selena até me deu um terno novo para a ocasião, eu só precisava agir de acordo já que meu rosto cuidaria de todo o resto.

- Talvez começar como modelo seja uma boa ideia – disse Selena - vários atores iniciaram a carreira assim.

- Modelo? – perguntei – Não gosto da ideia de tirar fotos para sempre.

- Não será para sempre – disse o empresário cujo nome ainda não recordava, ele olhava para mim como se eu fosse um bom investimento para sua filha – amanhã mesmo farei algumas ligações, Selena me deu o número do seu agente, as propostas chegarão rápido.

Olhei um pouco assustado para Selena, não me lembro de ter dado a ela o número do meu agente, provavelmente ela o achou enquanto vasculhava meu telefone enquanto eu tomava banho. Os dedos de Selena eram rápidos em todos os sentidos.

- Você será muito famoso! Já consigo te imaginar em propagandas de café! – ela bateu palmas e deitou a cabeça em meu ombro – Obrigada, pai!

O pai de Selena finalmente mostrou um sorriso genuíno, talvez ele só quisesse mesmo agradar sua única filha, seja com roupas, jóias ou a carreira de uma pessoa. Só o relógio de ouro que ele usava naquele jantar poderia comprar a cafeteria que Télos trabalhava, talvez até o prédio inteiro.

- Ah, é uma pena – ele checou o celular de novo, depois olhou para Selena, um pouco abatido – preciso ir, querida.

- Tudo bem, pai – ela me soltou por um momento para dar-lhe um beijo no rosto – estou tão feliz que não vou reclamar hoje!

- Essa é a minha menina!

O empresário do relógio de ouro apertou minha mão com firmeza, como se quisesse transmitir a mensagem de que seria meu aliado, mas também meu maior inimigo se eu fizesse sua filha sofrer.

- Podem pedir o que quiserem, é por minha conta – ele disse antes de deixar o restaurante e pedir para o manobrista buscar seu carro no estacionamento.

Selena havia escolhido uma mesa perto da janela debaixo de um lustre enorme, provavelmente uma das mais disputadas do restaurante, pois tinha vista para a cidade e o rio que se estendia ao longe, perdendo apenas para a área reservada que em sua maioria era usada por artistas em encontros secretos ou por amantes de empresários. Estávamos no meio da semana e os ensaios do musical começariam em alguns dias já que finalmente tínhamos o roteiro e a lista de músicas, o resultado das audições ainda não tinha saído, mas eu já sabia que seria o Romeu.

Enquanto eu pensava, Selena já havia pedido uma garrafa de champanhe que prontamente foi entregue a nossa mesa em um balde de gelo com duas taças.

- É muito diferente – eu disse.

- Como assim? – Selena perguntou. Ela usava um vestido vermelho com um grande decote nas costas e o cabelo preso em um coque.

- O mundo em que você vive – peguei uma das taças e bebi quase todo o conteúdo de uma vez – sabe que meus pais moram no interior, não é? Eles nem conseguiriam imaginar o que estou vivendo aqui.

- Mas você não precisa imaginar, pois terá tudo o que quer. Comigo ao seu lado, é claro.

Sorri com seu tom amistoso e levemente ameaçador. Se Télos estivesse aqui ele mandaria que eu fosse embora, que batalhasse a minha maneira, no meu tempo, como ele fazia com sua arte, mas ele não estava por perto e eu sequer deveria estar pensando em sua voz irritante agora.

Acho que foi a presença do pai de Selena que me deixou desatento, mas finalmente consegui prestar mais atenção ao ambiente do restaurante, o chão de mármore, as paredes vermelhas, os casais gastando fortunas em pequenos pratos sem sabor...

- Sibyl?

Minha voz saiu sem querer ao avistar uma garota ao longe, mas por sorte Selena estava chamando o garçom mais uma vez e não me ouviu.

- Disse alguma coisa? – ela olhou para mim por um momento, os brincos de diamantes quase cortando o meu rosto.

- Vou ao banheiro, me espere aqui.

Levantei normalmente para que Selena não desconfiasse de nada e andei calmamente até o banheiro que ficava do outro lado do salão. O terno ficava tão bem em mim que percebia os olhares de cobiça das outras mesas, mal podia esperar para ser tudo aquilo que eles imaginavam que eu fosse, mas agora estava focado em outra coisa. Eu vi a garota da república, tinha certeza disso, e ela seguiu por essa direção.

"Mas por que estou indo atrás dela?", pensei, "não somos amigos, mal nos falamos quando estamos em casa". Ela me evita como se eu fosse um demônio.

A entrada do banheiro ficava depois de um corredor que separava a área íntima do salão e dos outros clientes, havia uma parede impedindo que gente como Selena espiasse, o que foi perfeito. Só precisei esperar que Sibyl saísse de uma das portas e sorria casualmente para as senhoras que me viam ao passarem.

Assim que avistei Sibyl, a encurralei contra a parede.

- Olá – eu a cumprimentei.

A expressão de Sibyl era a mesma todas as vezes que me via de perto, havia medo em seu rosto, quase pavor, mas não havia para onde correr agora.

- O que está fazendo aqui? – perguntei. Nunca achei que nos encontraríamos dessa forma e agora estava curioso.

- O que você está fazendo aqui? – ela retrucou logo depois.

Não gostei de seu tom, ela falou comigo como se aquele não fosse o meu lugar. E não estava errada.

- Vim jantar com uma garota – respondi - estamos perto do lustre.

- Eu sei, te vi assim que entrei no restaurante, mas não achei que devia incomodá-lo.

Me surpreendi com a sua resposta. Então ela havia me visto mesmo?

Quase sorri quando ela falou sobre me incomodar, pois era praticamente o que estava fazendo com ela agora.

Sibyl respirou fundo e finalmente pareceu mais calma, deixei que ela desse um passo a frente para avistar Selena do outro lado do salão.

- É a garota da faculdade, não é? – ela disse – É sua namorada?

Então ela se lembrava de Selena, depois que nos vimos na faculdade aquele dia não voltamos a nos encontrar, mas não posso dizer que não esperava vê-la por acaso como um pretexto para falar com ela ou deixar Télos enciumado.

- É complicado – respondi, imaginando como poderia falar de nosso encontro para meu irmãozinho – e com quem você está?

- Viemos jantar com nosso pai, Sāmya e eu.

- Seu pai?

Sibyl assentiu, ela não parecia estar mentindo.

Dessa vez fui eu quem me afastei para olhar para o salão, mas não vi o cabelo loiro do garoto estranho que agora também morava conosco. Aquele cara era ainda mais bizarro do que Sibyl, sempre meditando no telhado, mas ao mesmo tempo atento a tudo o que eu fazia.

- Não estamos no salão – disse Sibyl.

Assenti, já tinha entendido. Então ela era o motivo da área reservada do restaurante já estar ocupada.

Pela primeira vez prestei atenção no que minha colega de república vestia para ter uma noção do quanto ela possuía. Ao contrário de Selena, que gostava de exibir sua riqueza, Sibyl usava um vestido preto e elegante, justo na medida certa, na altura do joelho. Ela deixava os ombros à mostra, mas não os braços, nem mesmo quando estava em casa usando aqueles pijamas de animais que no primeiro momento eu achei idiota, mas agora conseguia achar engraçado porque Télos ficava vermelho quando a via.

Não queria admitir que Sibyl ficava bonita com qualquer coisa.

- Posso ir agora? – Sibyl perguntou.

Meu olhar foi de seu corpo para seu rosto e Sibyl se retraiu de novo, cruzando os braços. Ela tentou sustentar meu olhar, mas nunca conseguia, não por muito tempo. O que isso significava?

- Você nunca se confunde, não é? – eu disse.

- Como assim?

- Nunca acha que eu sou Télos, ou ao contrário, como faz isso?

Tentei me lembrar dos primeiros momentos que tivemos na república, assim que aprendeu o meu nome ela conseguia me distinguir em qualquer situação, até mesmo pela manhã, quando Télos e eu estávamos à mesa, praticamente iguais, ela nos cumprimentava separadamente. Nem mesmo Denis conseguiu tal feitoe ele morava conosco há mais tempo.

- Deve ser pura sorte. – Sibyl respondeu.

Acho que nem mesmo ela acreditou no que disse.

Sorri para Sibyl, mas não foi um sorriso comum, foi o tipo de sorriso que costumava mostrar a Selena ou para qualquer outra garota quando estava atrás de algo. Queria testá-la, mas não sabia ao certo se queria que ela caísse.

De repente a postura de Sibyl mudou, ela nem ligou para o meu rosto, parecia ver através de mim.

- Sāmya está vindo.

Não demorou nem dez segundos e o irmão dela realmente apareceu. Sāmya contornou a parede que escondia o corredor que levava ao banheiro como se soubesse exatamente onde estávamos e se colocou entre Sibyl e eu.

- Está demorando muito, Sibyl, seu pai está preocupado.

"Seu pai?", pensei, "eles não são irmãos?".

Ele continuou de costas para mim, nem se importando com a minha presença.

- Já estava indo, Kyrios só queria... – Sibyl hesitou – Conversar um pouco, eu acho.

- Hum... – Sāmya grunhiu, ainda sem se importar comigo. O terno que ele usava parecia ser mais caro do que o meu, com abotoaduras de ouro.

Ele segurou a mão dela e a levou de volta para o salão. Nossos olhos se encontraram por um segundo e tenho que admitir que senti calafrios e uma sensação poderosa que emanava de seus olhos azuis e expressão estóica. Não sei como, nem por que, mas senti que Sāmya poderia ferir quem quisesse naquele restaurante e ainda sair impune.

- Aconteceu alguma coisa? – Selena perguntou assim que voltei para nossa mesa – Você demorou.

- Não foi nada – respondi, bebendo mais um pouco do champanhe.

Olhei para a janela para tentar acalmar um pouco o meu interior. Talvez a paisagem e a luz da lua sobre o rio me ajudassem a pensar melhor, mas fui interrompido por Selena que insistiu em tirar fotos.

- Sabe que não pode postá-las – eu a alertei, fazia parte do meu trabalho ser solteiro, ao menos oficialmente.

- Eu sei disso, mas isso não quer dizer que não posso guardá-las para sempre.

Ela sorriu olhando para o celular, para a foto que tinha acabado de tirar. Minha expressão não havia sido das melhores.

- Nossa, você viu quem está saindo agora? – a reação de Selena me fez olhar novamente para o salão.

Vimos Sibyl e Sāmya deixando a área reservada do restaurante e se dirigindo para o estacionamento. Eles não se pareciam em nada, a cor da pele, o tom do cabelo, nem mesmo os traços de seus rostos combinavam, mas o que me surpreendeu ainda mais foi o homem que seguia atrás deles com dois seguranças.

- É aquela garota! – Selena pareceu espantada – Por que não me disse que ela era filha dele?

- Dele? – perguntei – Quem é ele?

Selena revirou os olhos como se eu fosse um idiota.

- Aquele é Andrew Doron – Selena sussurrou no meu ouvido – a família dele é uma das mais ricas do mundo, nem meu pai consegue um encontro com ele, é uma pena que ele tenha ido embora tão cedo...

Selena continuou falando, mas eu não a ouvi mais. O homem que supostamente era o pai de Sibyl e Sāmya parecia novo demais para ser pai daqueles dois, seu cabelo era castanho como de Sibyl, mas as luzes do restaurante deixavam os fios avermelhados. Ele olhou na nossa direção, diretamente para mim, e a sensação foi ainda pior do que a que tive com Sāmya.

Não sei se foi efeito do champanhe, mas assim que a família Doron deixou o restaurante tirei o celular da mão de Selena e pressionei meus lábios contra os dela sem me importar com quem estava olhando.

Queria sair daquele lugar, precisava de ar puro, mas enquanto não conseguia nenhum sugaria todo o ar da boca de Selena.

XXX

O pai de Selena deixou o motorista conosco, mas ao invés de seguir com ela até seu apartamento pedi que me deixasse na faculdade. Havia recebido uma mensagem de um amigo dizendo que estava ocorrendo um evento no campus aquela noite e os alunos tinham direito a comida de graça.

Me despedi de Selena e procurei por alguns conhecidos assim que cheguei ao parque que rodeava o anfiteatro, havia luzes e acho que uma exibição de filme ao ar livre. Me dirigi ao balcão responsável por distribuir comida e apresentei minha carteira de estudante para conseguir uma caixa de pizza.

- Kyrios! Aqui!

Me virei e encontrei Télos sentado na grama com duas caixas de pizza vazia, mas não foi ele quem me chamou. Nikos estava com ele, o amigo de Denis, ele acenava para mim com uma das mãos e segurava uma fatia de pizza com a outra.

- O que você está fazendo aqui? – Télos perguntou quando sentei ao lado dele. Pelo horário ele devia ter saído do trabalho e voltado direto para cá, também em busca de comida.

- Por que todo mundo está me perguntando isso hoje? – respondi, de boca cheia, espalhando queijo de propósito no jeans de Télos.

- Achei que tinha ido a um restaurante chique – disse Nikos, pelo jeito Télos já havia feito fofoca.

- Gente rica não come – respondi, enrolando outra fatia de pizza e colocando inteira na boca.

Nikos era muito amigo de Denis, mas também jogávamos futebol juntos e o achava um cara legal, nunca tivemos problemas e às vezes saíamos juntos para beber. Ele era bem mais sociável do que aquele estudante de medicina certinho.

- Temos um jogo chegando – disse Télos, ele tentou pegar um pouco da minha pizza, então tirei a caixa de perto dele – vai participar?

- Claro que vou... – engoli outra fatia de uma vez e Nikos me entregou uma lata de refrigerante para que eu não sufocasse com a comida.

- Podíamos convidar o cara novo da sua república – Nikos sugeriu – Denis me falou sobre ele.

Comecei a tossir, na cara de Télos é claro, que virou o rosto.

- Para com isso! – meu irmão protestou.

Bebi mais um pouco de refrigerante antes de começar a falar.

- Qualquer um menos ele.

- Mas por quê? – Nikos perguntou – Denis disse que ele é gente boa.

Mordi a língua para não xingar Nikos, ele não conseguia esconder o quanto gostava de Denis, talvez até um pouco demais, por isso qualquer coisa que ele falava virava lei.

- Encontrei Sāmya no restaurante – eu disse – já foi proximidade o suficiente.

- No restaurante? E Sibyl? Sibyl estava com ele?! – Télos finalmente pareceu se interessar pela conversa.

- Claro que estava – respondi – ela gostou tanto de mim nessa roupa que quase me deu um beijo...

Precisei proteger minha pizza para que Télos não a jogasse do outro lado do parque. Nikos ajudou a evitar uma tragédia, mas o refrigerante acabou espalhado no gramado.

- Só estava brincando! – retruquei – Foi brincadeira!

Comecei a rir, Télos sabia que eu não faria isso se estivesse mesmo falando sério, então finalmente parou de me atacar.

Alinhei o terno novo e tentei pentear o cabelo que Télos quase arruinou. Não podia aparecer desarrumado na faculdade, havia muitas garotas passando e acenando para mim.

- Não sabia que você gostava tanto assim da Sibyl – disse Nikos, até ele pareceu surpreso pela reação do meu irmãozinho.

- Ele é louco – eu disse.

- Pare com isso – Télos apontou para mim – e não brinque com ela.

- Não farei isso – respondi – e você deveria parar de sonhar, pois pelo que descobri hoje é óbvio que ela nunca ficaria com um cara como você.

Não disse aquilo para magoá-lo, mas por um momento achei que Télos fosse chorar com a realidade que havia jogado na cara dele, de verdade.

- Sobre o jogo... – Nikos se intrometeu na conversa – Posso chamar o tal de Sāmya ou não?

Olhei para Télos, ele fitava o que restava da minha pizza com uma mistura de fome e desilusão.

- Tudo bem, pode convidá-lo! – eu cedi, então entreguei o resto da pizza para Télos – Mas ele tem que ficar no banco!

Nikos prontamente pegou o celular e começou a mandar algumas mensagens enquanto eu deitei a cabeça sobre o gramado, em silêncio, ouvindo o filme que era exibido ao longe.

- Aconteceu alguma coisa no restaurante? – Télos perguntou – Além de ter encontrado Sibyl?

- Por que quer saber?

Minha resposta foi ríspida demais, mesmo sabendo que Télos podia sentir o que eu sentia, e que costumávamos nos entender com o olhar quando ainda estávamos na escola.

- Tudo bem se não quiser falar – Télos limpou as mãos em guardanapos de papel.

Olhando-o desse ângulo éramos mesmo parecidos, não entendia como aquela garota conseguia nos diferenciar tão bem.

- Fique longe daquela garota – aproveitei que Nikos havia nos deixado a sós por um momento para pegar mais comida para alertar Télos.

- O que quer dizer com isso? Só por que ela é rica? Não é você quem fica extorquindo aquela outra garota?

- O que há entre Selena e eu não é da sua conta – respondi.

Fui ríspido de novo, o que só serviu para Télos fitar o chão, ainda mais entristecido. Ele não gostava de discussões, até embates bobos como quando tentávamos chamar a atenção de nossos pais quando éramos crianças. Télos era muito mais sensível do que eu, por isso eu tentava deixá-lo mais forte.

- Apenas ouça seu irmão– eu disse. Poderia ser o mais novo, mas definitivamente era o mais esperto – me obedeça, e ficaremos bem.