Capítulo 6

Boa Leitura!!!

Diante daquela exclamação, Bella teve vontade de fugir, mas permaneceu de pé ali, como um condenado esperando pela sua execução. Felizmente Edward tirou dela a atenção do advogado, começando uma conversa em voz baixa com ele.

Enquanto os dois homens, já um pouco afastados, conversavam recostados na balaustrada de pedra, a acompanhante de Emmett se aproximou dela.

— Eu sou esposa de Emmett, Rosalie. — apresentou-se, com um olhar pouco convidativo.

— Ah, sim...

Nervosa como um gato perseguido e incapaz de pensar em alguma coisa para dizer diante do olhar avaliador e hostil, Bella, muito tensa, olhou instintivamente para Edward e Emmett, perguntando-se ansiosa sobre o que estariam conversando.

Veio-lhe um desejo forte e urgente de escapar dali e, sussurrando um pedido de licença, dirigiu-se para o vestiário. Por que Emmett e Rosalie Hale olhavam na como se ela fosse uma criminosa?

Estava aborrecida e com calor e seu estômago revirava. Fez a água correr pelas mãos enquanto lutava para controlar as emoções agitadas. Tudo o que fizera fora em benefício de Edward. Para um homem com o temperamento dele, sofrendo da total perda de memória dos últimos cinco anos, Edward estava bastante bem. Mas não estaria Emmett exatamente contando a Edward agora que ela e seu casamento eram fraudes?

Bella saiu do vestiário e deparou com Emmett esperando-a. Já pálida, ela ficou ainda mais branca.

— Qual é seu jogo? — perguntou o homem moreno. — Edward acaba de me explicar por que ele quase não foi visto depois do acidente.

— Fico feliz em saber que ele tomou alguém mais como confidente. — murmurou Bella, perguntando-se se Edward já sabia que ela não era exatamente a esposa que o deixara pensar que era.

Sentiu um peso no peito.

— Não me trate como um idiota. — reclamou Emmett, num tom duro. — O chefe do serviço de segurança de Edward me telefonou ontem pedindo orientação. Imagine como fiquei estupefato ao saber que você tinha aparecido na clínica proclamando ser a Senhora Cullen! Esse encontro aqui não é nenhuma coincidência. Interrompi minhas férias para vir até aqui. Como pôde achar que um plano como esse poderia ser levado adiante?

Sob a investida do desprezo dele, Bella estava tremendo. Um serviço de segurança trabalhava para Edward? Eles tinham sido tão discretos que ela nem sequer soubera de sua existência.

— Não há plano nenhum. Você contou a Edward a verdade sobre nosso casamento?

— Acha que faria isso num restaurante? — escarneceu o homem. — Pretendo ir até o Castello essa tarde...

Com os olhos suplicantes, Bella segurou desesperada o braço dele.

— Deixe eu mesma contar a Edward. Me dê até amanhã para resolver isso...

— Não. Eu lhe dou até essa noite. Isso já foi longe demais, e se você não é capaz de manter a palavra, cuidarei disso em seu lugar. — avisou Emmett, sem ocultar a desconfiança.

Bella precisou tomar muita coragem para encarar os olhos acusadores.

— Não sou o que você está pensando. Eu o amo. E na verdade sempre o amei...

O advogado deu um passo atrás.

— Seja como for.— interrompeu ele, fazendo pouco caso do que ela dizia. — Ele nunca perdoará tal traição.

Alucinada, Bella voltou para o lado de Edward, Rosalie estava pedindo a ele para fazer um discurso em uma festa de caridade. Emmett juntou-se à esposa. Alegando estarem atrasados para um compromisso, Edward interrompeu a conversa e conduziu Bella de volta para a limusine.

— Emmett estava estranho. — Seu rosto forte estava franzido. — Por que ele estava tão constrangido diante de você?

— Ora, você conhece o Emmett... — murmurou ela com voz fraca.

— Conheço, sim. Eu o conheço bem e ele nunca aprendeu a me enganar. Eu senti um certo desrespeito na atitude dele para com você. — confessou Edward. — Achei isso ofensivo.

A culpa alfinetou Bella profundamente. Ela não disse nada, percebendo que nessas circunstâncias não havia nada que pudesse dizer. Só quando a limusine estacionou em frente a um salão de beleza exclusivo, Bella se lembrou de que no dia anterior havia marcado uma hora ali.

Tinha decidido remover o tom rosa das pontas de seu cabelo porque concluíra que as madeixas de duas cores lhe davam um ar muito juvenil. Mas por que enganar a si mesma?, perguntou-lhe a voz no seu interior. Ela estava querendo se livrar das pontas rosadas em prol de uma aparência mais elegante para agradar Edward. Que importava agora?

— Bella? — Edward chamou a atenção dela.

— Podemos circular com o carro por um minuto ou dois? — perguntou, sem se atrever a olhar para ele, pois estava tão confusa que nem conseguia pensar direito.

Mas sabia o quanto estava relutante quanto a descer do carro e deixá-lo. A verdade dói. Quem foi o primeiro a dizer isso? Não fazia ideia. Só sabia que durante a semana que passara ela tinha sido tola o bastante para tentar viver seu sonho. Tinha anulado todos seus escrúpulos e se rendido ao conto-de-fadas de fingir-se a esposa de Edward. E conseguira ser incrivelmente feliz, mais feliz do que jamais imaginara ser.

Emmett havia destruído suas patéticas pretensões. Ele também a fizera ficar consciente de que suas ações podiam ser julgadas como cruéis e egoístas. Mas ela nunca havia pretendido ferir ou magoar ninguém. Ao contrário, não havia desejado causar nem o menor dos danos ao homem que amava!

Porém, só a lembrança de como Emmett olhara para ela a fazia suar frio. A aconchegante fantasia da qual faziam parte apenas Edward e ela havia sido invadida e ela fora mergulhada em uma terrível confusão.

— Você quer faltar a esse compromisso? — perguntou Edward um pouco impaciente.

Ele era tão firme. Ele podia responder a uma pergunta antes mesmo que ela terminasse de falar. Como ele se sentiria em relação a ela quando soubesse que o havia encorajado a viver uma mentira junto com ela? Iria ele, como insinuara Emmett, desprezá-la por seu comportamento?

— Então?

— Tudo certo... Eu decidi que vou fazer o meu cabelo. — afirmou Bella com um sorriso forçado quando se voltou para ele.

Os olhos verdes e brilhantes dele deixaram perceber uma mistura de impaciência e espanto em relação à maneira estranha como o cérebro dela parecia funcionar comparado ao dele. Sair do carro ainda ficou mais difícil pelo fato de que Edward parecia devastadoramente bonito.

Num movimento rápido ela se espichou no assento e beijou-o com um afeto doce e amargo ao mesmo tempo.

— Têm sido dias tão maravilhosos... — murmurou, insegura, pegando a bolsa e saltando da limusine antes que embaraços maiores pudessem criar-se entre ela e ele.

No salão de cabeleireiro ela se sentiu como se um vidro a separasse do burburinho daquela atividade familiar. Desanimada, reconheceu que estava em choque. Ela também finalmente compreendeu aquilo com que sua mente relutava em se defrontar e aceitar: já chegara a hora de se retirar da vida de Edward novamente.

Ela concluiu que seria mais sensato voar direto para casa em Londres. Felizmente havia mantido seu passaporte dentro da bolsa e assim que tivessem terminado seu cabelo podia se dirigir para o aeroporto em Lugano. Tinha trazido apenas umas poucas roupas para a Suíça e o que estava deixando para trás não faria falta. Ela deixaria uma carta de explicação para Edward na limusine.

Não seria essa a melhor escolha? Quando ele conhecesse a verdade sobre o que ela havia feito, ficaria surpreso e furioso e provavelmente se sentiria muito bem por livrar-se dela. Qualquer opinião favorável que ele pudesse ter sobre ela seria completamente destruída. Só agora que era forçada a pensar em como Edward iria julgar seu comportamento é que verificava que havia ultrapassado o limite do honesto e aceitável.

Reconhecer isso a afligiu duramente, pois Bella nunca escondia de si mesma os próprios erros. Mas para ela a punição mais árdua era que nunca mais veria Edward novamente...

— Ainda não tomou seu café? — perguntou Jéssica Stanley a Bella.

Bella colocou uma pilha de toalhas recém-lavadas e desbotadas na prateleira atrás da pia.

— Não estou com fome...

— Mas devia estar. — O rosto de sua esteticista sênior estava preocupado. — Você não pode trabalhar as horas que tem trabalhado com o estômago vazio. Parece tão cansada...

— Pare de se preocupar comigo. Eu estou bem.

Ela sabia que estava com olheiras sob os olhos e que não estava com sua melhor aparência. Não vinha dormindo bem e seu apetite havia desaparecido. Estava horrivelmente infeliz, mas não gostava de autopiedade e estava fazendo o máximo possível para se comportar normalmente e recuperar o ânimo. O que estava feito, estava feito.

Fazia duas semanas que ela voltara da Suíça. Por sete dias Edward havia sido o centro de seu mundo. Agora ele não estava mais ali e nunca mais estaria de novo, e ela tinha que aprender a viver assim. Mas o que também precisava aceitar era que o que ela compartilhara com Edward havia sido falso e irreal e isso era o mais difícil de suportar.

— Seu cliente das 11 horas está aí... — cochichou Jéssica — Ele também é bonitão... De onde tirou toda essa sorte?

Bella ergueu a cabeça. Edward estava de pé no meio do salão. A mão dela balançou com o vidro grande de xampu que estava segurando e o líquido começou a escorrer sobre a pia. Ela ficou tão desconcertada pela visão dele de pé ali, que soltou uma exclamação em voz alta. Os olhos pardos dela se fixaram nele com um tão intenso desamparo e desejo que ela se sentiu tonta.

Vestido com um elegante terno que realçava as linhas esbeltas e poderosas de seu corpo imponente, com a cabeça morena e altiva inclinada, Edward estava examinando atentamente o ambiente à sua volta.

— Você é meu cliente das 11 horas? — perguntou ela num murmúrio.

Edward abaixou a cabeça afirmativamente, perscrutando-a de uma forma que fez com que um rosado quente subisse à face dela. Vestida com uma camiseta branca e uma calça preta de cintura baixa, acompanhada de botas altas, Bella descobriu que estava de repente assustadoramente consciente de suas imperfeições.

Aquela inspeção que os olhos dele lhe faziam fez também com que se conscientizasse calorosamente do próprio corpo e da familiaridade íntima e profunda que Edward tinha com ele.

Edward, entretanto, nunca a tinha olhado em silêncio dessa forma. Percebeu que havia alguma coisa diferente nele, mas não sabia o que era. Tudo o que sabia é que se sentia envergonhada.

— Precisamos ir a um lugar onde possamos conversar. — murmurou Edward suavemente.

Sem nenhuma razão ela sentiu o sangue congelar-se em suas veias.

— Estou... trabalhando... — murmurou, sentindo-se covarde até o fundo dos ossos.

— Bene... então eu presumo que não seja problema para você que sua equipe e clientela ouçam o que tenho a lhe dizer.

Com o belo rosto parecendo duro e impiedoso, Edward passou facilmente de seu italiano de origem para o inglês.

— Começarei admitindo que não fiquei bem impressionado com o negócio que, como eu me lembro, você estabeleceu aqui com o meu dinheiro.

Bella quase se encolheu de pé onde estava. Uma fração de segundo depois ela sentiu o abalo das conclusões que tirou sobre o que ele acabara de dizer. Se Edward se lembrava do acordo que haviam feito, ele certamente não estava mais sofrendo de amnésia.

Evidentemente, desde que ela voltara da Suíça, Edward tinha recuperado a memória dos últimos cinco anos. Embora o médico já tivesse previsto, Bella estava abalada por constatar que Edward agora se lembrava exatamente de tudo que havia acontecido entre eles.

Com o estômago revirado de tensão nervosa, ela se voltou para Jéssica e pediu-lhe para cobrir seus compromissos até a hora do almoço.

— Podemos conversar lá em cima. — disse a Edward nervosamente.

— Quando foi que recuperou a memória?

— Depois que você sumiu. Isso provavelmente ajudou. Afinal, você me fez viver uma vida que não era a minha. — assinalou Edward ironicamente.

— Me surpreende que tenha vindo aqui. Achei que não ia querer me ver novamente. — disse, destrancando a porta de seu apartamento.

Fez-se silêncio. Edward fechou a porta atrás de si. A saleta era muito estreita e escura e Bella saiu dela, encaminhando se para o que era ao mesmo tempo a cozinha e a sala de estar.

Edward examinou a mobília gasta e a pobreza geral e o desagrado transpareceu em seu rosto moreno e magro.

— A tentação de se aproveitar do meu infortúnio deve ter sido irresistível para você...

— Não foi isso! — Bella estava chocada com a acusação. — Como pode dizer uma coisa dessas? Tudo o que me preocupava era você. Meu Deus, eu pensei que você estivesse morrendo!

Edward havia apanhado uma carta que estava sobre a mesa e estava lendo.

— Você está endividada... — falou ele, surpreendido.

Embaraçada ao constatar que ele estava examinando um comunicado do banco instando-a a saldar um saque a descoberto que ela havia feito em sua conta, Bella tomou-o de sua mão.

— Tome conta de seus negócios!

— Tudo o que lhe diz respeito é negócio meu, já que só assim me sinto melhor. — informou-lhe Edward mostrando preocupação em um tom suave.

Bella não fazia ideia de onde Edward queria chegar e de qualquer forma o que mais queria era defender-se da acusação de ter ido à Suíça na expectativa de enriquecer-se à custa dele.

— Deixe-me explicar o porquê dessa dívida. Gastei uma fortuna em dois voos de última hora muito caros, de ida e volta à Suíça, e pagando horas extras para que minha equipe me substituísse enquanto estive fora. Meus rendimentos não são suficientes para extraordinários como esses.

Sem se impressionar, Edward levantou criticamente uma de suas sobrancelhas negras.

— E a pobreza foi a única desculpa para agarrar essa oportunidade de saltar direto para minha cama?

Ela fechou os punhos revoltada.

— Você me colocou naquela cama...

— E você realmente me obrigou a sair dela? — ironizou Edward com um escárnio adocicado que a apunhalou como uma faca. — Você foi conivente e sabia exatamente o que estava fazendo. Só fazendo nosso casamento ser consumado podia garantir ter direito a exigir uma quantia substancial quando divorciar-se de mim.

Bella estava completamente branca. Ela se sentia horrivelmente humilhada pelas suspeitas dele.

— Eu não vou exigir nada de você nem agora, nem nunca. Eu não entendo porque está pensando assim de mim. Foi um crime eu ter desejado ver você quando soube que tinha sofrido um acidente? Eu disse que sentia muito por tudo na minha carta...

Edward deu uma risada mordaz que a fez tremer.

— Em todas as quatro linhas dela? Você nem teria podido ali me contar toda a verdade ou admitir a extensão do seu arrependimento. Você desapareceu como por mágica e não me deixou nenhuma explicação.

— Naquele ponto eu não sabia o que dizer. — murmurou Bella tensamente.

— Você fez uma bela representação, bella mia. — Seus olhos brilhantes e condenadores confrontaram o olhar angustiado dela mantendo-se resolutos. — Você sabia o caminho para meu coração... Por toda uma semana confundiu minha cabeça todas as vezes em que eu lhe fazia uma pergunta incômoda!

Em uma tempestade selvagem de dor ante aquele impacto, Bella pegou a caneca que estava sobre a mesa e atirou-a nele.

— Não! Não foi isso o que eu fiz! — gritou.

Irritantemente quieto, como se sua dignidade estivesse acima de qualquer reação, Edward apenas ergueu significativamente uma sobrancelha enquanto o objeto batia na parede muitos centímetros à esquerda dele.

— Quando fica encurralada você é bastante infantil, mas isso não surte efeito comigo. Nem tampouco lágrimas...

— Eu não vou chorar por você! — gritou Bella bem alto. — Você vai ter que me torturar para conseguir lágrimas!

— Lágrimas me irritam, assim como cenas emocionais e louça voando. Mas você deve esgotar seu repertório agora. — avisou Edward implacavelmente. — Se fizer papel de tola novamente em público, vou ficar muito zangado.

A tensão crescente estava fazendo a testa de Bella latejar com uma dolorosa palpitação nervosa.

— Fazer papel de tola? Em público? Do que está falando?

Edward tirou alguma coisa do bolso de dentro do paletó bem cortado e colocou sobre a mesa para ela ver. Era um recorte de revista e Bella ficou desconcertada ao reconhecer que a mulher nitidamente mergulhada em lágrimas e com um rosto triste, na foto, era ela. A foto tinha sido tirada no último dia de sua estada na Suíça, quando entrava no aeroporto em Lugano, e ela não havia sequer percebido o fotógrafo. Embaixo, algumas linhas escritas em francês.

— O que está escrito? — perguntou Bella finalmente.

— "Extremamente rica, mas, mesmo assim, infeliz". — traduziu Edward resolutamente.

Bella cruzou os braços.

— Bem, me perdoe se eu o deixei embaraçado, mas isso prova que eu estava aborrecida com a situação que tínhamos vivido...

Edward lhe dirigiu um olhar inamistoso.

— Nós? Quem foi que criou essa situação? Quem disse que era minha esposa? Quem penetrou na minha casa e ganhou minha confiança?

Bella descruzou os braços abruptamente. Os olhos dela brilhavam de transtorno e súplica.

— Ouça, tente compreender que eu apenas acabei indo longe demais. Quando cheguei na Suíça realmente pensava que você estivesse muito ferido e queria ver você. Também acreditava que você tivesse perguntado por mim...

— Mas por que afinal eu iria perguntar por uma mulher que não via há quase quatro anos? Uma mulher que não significava nada para mim? — inquiriu Edward. — E como podia ter perguntado por alguém se eu estava inconsciente?

Dando-se conta daquele fato óbvio, o rosto perturbado de Bella se contraiu de tristeza. Sim, era muito improvável que ele tivesse perguntado por ela. Teria Alice lhe contado uma pequena mentira? Ela inventara aquela afirmação comovedora em uma tentativa ingênua de encorajá-la a correr para Gênova para junto de seu marido?

Mas antes que Bella pudesse terminar de fazer essa consideração, as palavras de Edward ressoaram dentro dela em ecos cruéis. "Uma mulher que não significava nada para mim." Isso era o que ele havia dito. Era isso que pensava sobre ela. Que ela não era nada, não era ninguém. Bem, o que ela esperava?

Determinada a não deixar transparecer o quanto estava ferida, Bella esforçou-se para voltar ao ponto que pretendia esclarecer antes que a franqueza cruel dele a atingisse como um soco no estômago.

— O Dr. Lerther me orientou para não lhe dizer nada que pudesse perturbá-lo...

— Então você me deixou pensar que era casado? Você não achou que isso era um fato muito perturbador para um homem que se satisfazia em ser solteiro? — retrucou Edward.

— Eu espero que você realmente aprecie sua liberdade agora que sabe que nunca a perdeu...

— Eu não perdi mesmo minha liberdade. Você roubou-a de mim. — Seus olhos brilhantes e assombrados estavam cheios de acusação. — Você se proclamou minha esposa e agora circulam rumores de que eu sou um homem casado. E como, estritamente falando, eu sou um homem casado, não posso negar esses rumores e os paparazzi já conseguiram publicar uma fotografia sua.

Lágrimas de culpa correram dos olhos de Bella.

— Acredito que isso seja embaraçoso para você...

— Não fico embaraçado facilmente. — cortou Edward secamente.

— Eu acho que você não entende o quanto eu lamento... — murmurou Bella acabrunhada.

— Lamentar não é suficiente para mim. Você realmente queria ser minha esposa.

A palidez de Bella se transformou em uma febril cor vermelha. Edward dirigiu-lhe um forte olhar zombeteiro.

— Você queria tanto ser minha esposa que mentiu e trapaceou para estar nessa posição.

Vergonha e raiva pela humilhação que ele estava lhe infligindo perpassaram a mente de Bella.

— Eu sei que parece impróprio, mas...

— Não vou ouvir suas desculpas. Parece impróprio porque foi impróprio — frisou Edward. — Você simplesmente tomou minha vida bem organizada e a reverteu. Eu terminei com minha amante por sua causa...

— Você... o quê? — Escancarando os olhos, Bella ergueu-os para ele.

— A loira bonita... Ela era minha amante e eu me livrei dela porque você me fez acreditar que era casado.

Bella apenas fechou os olhos. A loira bonita. Como ela podia ter se permitido acreditar em algum momento que um homem como Edward Cullen não tinha nenhuma outra mulher em sua vida e em sua cama? Como pudera ser tão ingênua quanto às próprias ilusões e tão egoísta? Ela tinha realmente revirado a vida dele. Culpa e vergonha a afligiram novamente, fazendo sua garganta quase se fechar.

— De modo que há agora uma vaga na minha cama e você está prestes a preenchê-la novamente.

— O quê? — Uma ruga de incompreensão formou-se na testa tensa de Bella.

— Você vai voltar para a Suíça comigo...

Bella estava estupefata.

— Por que eu faria isso?

— Não estou lhe dando opções. Você não me deu nenhuma quando me fez crer que eu estava vivendo um casamento de conto-de-fadas — disse-lhe Edward em um tom de fria condenação.

Bella empalideceu e tentou fugir do duro olhar dele.

— Não vejo nenhuma boa razão pela qual pudesse querer que eu voltasse para a Suíça com você...

— Vou usar você como você me usou e depois me livrar de você de novo, quando estiver cansado. Isso esclarece a questão?

— Você não está falando sério...

— Marquei de almoçarmos com sua irmã, portanto é melhor você ir fazendo a mala.

Bella sentiu um calafrio.

— Como vamos encontrar Alice para o almoço? Ela está no colégio, a quilômetros de Londres...

— Enquanto conversamos ela está se encaminhando para cá.

— Mas como... quer dizer... Por que você marcou esse almoço?

— Tenho razões excelentes. Você acha que é a única capaz de tramar um ardil? Sou mestre em manipulações, bella mia. — Edward lhe dirigiu um olhar de pena. — Alice pensa que estamos tendo uma feliz reconciliação e está maravilhada com a notícia, portanto você terá que comparecer com milhões de sorrisos e muito daquela sua boa conversa, superando-se para mantê-la feliz...

A pele de Bella tinha ficado suada com o choque.

— Como, por Deus, você fez contato com minha irmã?

— Ela me telefonou essa semana e muito gentilmente me pediu desculpas por sua atitude hostil logo que nos casamos.

— Ah, não... — murmurou Bella em um desalento culpado porque compreendeu que fora por erro dela que Alice havia procurado Edward.

Desde seu retorno da Suíça, Bella só tinha falado com a irmã por telefone, esquivando-se de todas as perguntas sobre seu relacionamento com Edward. Não conseguira dizer a verdade, mas também não havia conseguido mentir.

— Eu nunca confessei a ela o motivo de nosso casamento porque tinha medo...

— Medo de que ela tivesse menos respeito por uma irmã que se casa com um homem por dinheiro? — atirou Edward com crueldade. — Então vai ficar aliviada em saber que deixei as ilusões dela intactas. Ela me disse que estava muito aborrecida porque parecia que estávamos separados de novo e perguntou se era por culpa dela.

— E você disse que estávamos tendo uma reconciliação? — lembrou Bella com um visível esforço para conseguir acreditar.

— Nós estamos tendo uma reconciliação... da minha maneira, e se essa maneira se tornou apenas um ato punitivo da vingança você devia me agradecer por isso.

— Você acha que eu menti e fiz trapaça, que sou uma pessoa horrível... Eu teria que estar com a cabeça fora do lugar para ir a algum lugar com você! — revidou Bella.

— Non c'e problema... Não se preocupe, então... — instigou Edward. — Levarei Alice para almoçar comigo e contarei a ela toda a história desagradável do nosso relacionamento, do início ao fim...

— Isso seria uma coisa asquerosa! — interrompeu Bella, não conseguindo ocultar seu pavor.

— Ao contrário de você, eu apenas lhe contaria a verdade, como ela aconteceu. Fico feliz em saber que você está avaliando como sua conduta foi imperdoável — falou Edward, carrancudo, saindo da sala.

Bella correu para a saleta atrás dele.

— Se você quer que eu me humilhe, tudo bem, mas deixe Alice fora disso...

Edward lhe dirigiu um olhar mordaz.

— Humilhar-se é coisa para camponeses. Você já devia me conhecer o suficiente para saber que quando quero alguma coisa, eu a consigo. Vai aprender a ser uma esposa Cullen e vai me poupar o tempo e o esforço de arranjar outras amantes assumindo todo o papel...

— De forma alguma! — retrucou Bella.

— Mas você se esforçou tanto para colocar-se nessa posição... que não é indispensável, você sabe... — afirmou Edward secamente, indo para a porta de entrada e abrindo-a — mas que certamente vale a pena ser repetida.

— Você não se atreveria a contar a Alice o que fiz — suplicou Bella.

— Sim, me atreveria...

Ela sentiu um calafrio de consternação.

— Mas não iria ganhar nada com isso. Por que ser tão cruel?

— É o que você merece. — Edward a examinou com um ar pensativo. — Você abusou da minha boa-fé a ponto de eu lhe dar uma aliança de casamento e, antes de tirar você da minha vida de novo, pretendo acertar as contas.

— Eu não abusei da sua boa-fé... Eu...

Edward não parecia estar ouvindo mais.

— Uma limusine vem pegar você dentro de uma hora e meia para levá-la ao hotel onde vamos almoçar com Alice. Eu a encontro lá. Vou a meu escritório em Londres, primeiro.

Bella estava em pânico.

— Se eu deixar meu trabalho de novo, arrisco-me a falir, e isso não posso permitir porque...

Edward a olhou de forma intimidadora.

— Pago suas dívidas...

— Você não pode fazer isso, Edward. — Em seu desespero, Bella o seguiu até junto da escada. — Se eu deixar Londres, quem vai ficar no meu lugar enquanto estiver fora?

— Você contrata um gerente. Eu cubro as despesas... — disse Edward começando a descer a escada.

Desalentada, furiosa mas descrente, Bella ainda o avisou:

— Se usar meu relacionamento com Alice como alguma espécie de armadilha, nunca vou perdoar você.

Com o rosto magro e inteligente parecendo frio e impassível, Edward dirigiu-lhe um olhar sombrio.

— Pensa que me importo?

Abatida, Bella se recostou na parede, tentando respirar lenta e profundamente para acalmar-se. Ele com certeza gostaria de puni-la revelando tudo a Alice. Não podia correr esse risco.

Pensou que a irmã ainda podia compreender que ela tivesse contratado o casamento há quatro anos, quando a vida das duas era miserável, mas que ficaria muito magoada por ela tê-la feito acreditar que aquele acordo era um casamento de verdade.

Edward havia escolhido, com precisão infeliz, a única ameaça capaz de fazer Bella submeter-se totalmente a ele.

Ahh o Edward descobriu tudo! E agora tadinha da Bella vai sofrer um pouquinho ! Comentemmm! Bjimmm!!!