Olá mais um capítulo,
Antes de começar quero desejar a todos a melhor Páscoa possível dentro das condições de pandemia! Fiquem seguros, protejam a vossa família e todos os que gostam! Usem máscara e mantenham-se em casa.
Boa leitura!
Chloe estava deitada na cama já de camisa de noite. Trixie estava adormecida no quarto dela do outro lado do curto corredor. Ela mudou de posição, agora encarava o teto. Ela pensou em Lucifer, no seu corpo e no seu sorriso. Ele faria mesmo amor com ela se fosse esse o seu desejo? Ela voltou a encarar a vela, era calmante e fazia-a refletir melhor no assunto. Ela não queria apenas fazer amor com Lucifer, ela queria-o na sua vida. Ela queria ser a sua mulher, a mulher capaz de colocar um sorriso nos seus lábios a cada dia. Capaz de o seduzir e o satisfazer. O beijo que ele deixou na sua mão quando saiu causou um formigueiro agradável e ela queria saber se seria melhor se ele beijasse os seus lábios, o seu pescoço ou o seu corpo. Ela suspirou sentido a pulsação do desejo entre as suas pernas. Ele beijá-la-ia ali entre as pernas onde o seu desejo por ele era mais forte? Ela puxou a camisa e deixou-se tocar mesmo sobre a roupa íntima que usava. Ela sentia-se molhada só de pensar que ele a podia possuir. Ela suspirou ao pressionar um pouco.
Uma batida a fez parar imediatamente e saltar da cama. Era na porta da frente. A excitação agora esquecida e ela assustada desceu as escadas. Poderia ser um ladrão? Ela parou.
A batida agora claramente a mesma que o Lucifer sempre fazia. Chloe apresou-se vendo que era Lucifer pela janela adjacente. Ela compôs o robe e finalmente abriu a porta. "Lucifer! Por favor." Chloe ofereceu-lhe passagem. "Acabei de colocar a Trixie a dormir. Aconteceu algo? Porque vieste tão tarde?" Aquele não era um comportamento comum dele.
"Tenho algo que preciso te contar. Podemos conversar?"
"Claro! Não queres nada para beber? Um chá?"
"Eu estou bem, podemos nos sentar?" Lucifer pergunta.
"Sim." Ela seguiu para a direita e ele para a esquerda do sofá. Havia uma distância entre eles. Era respeitável haver essa distância, Lucifer geralmente ignorava com naturalidade, mas nunca avançou desrespeitosamente a linha pessoal entre eles.
Ela olhou nos olhos dele, o profundo e caloroso castanho-escuro mesmo na luz sombria das velas que ela acendeu no seu caminho. "O que está errado?" Ela pergunta.
"Tens de perceber que nunca te magoaria a ti ou à criança, nunca intensionalmente." Chloe apenas concordou, não sabendo o rumo da conversa. "Nunca te farei mal."
"Certo, eu confio em ti." Ela diz. Apesar de excêntrico e descuidado, Lucifer era um bom homem. Ela sabia bem disso. Ele sempre esteve presente para ela desde que se conheceram, principalmente nos momentos difíceis.
"Sobre o Marcus..." Lucifer referiu e a Chloe sentou-se um pouco mais reta.
"O que tem ele?" Ela pergunta, querendo esquecer esse passado que ainda a fazia chorar algumas noites. Algo que ela queria arrancar dela, mas que sabia que não podia lutar. Felizmente esses pensamentos tristes eram cada vez mais substituídos por devaneios sobre Lucifer debaixo dos seus lençóis.
"Ele dizia que eu sou o diabo."
"Ele estava descontrolado… eu não sei o que tu ou a Maze fizeram, mas ele estava diferente. Assustado sobre demónios. Não tem nada a ver contigo, as pessoas ficam loucas às vezes."
"Mas Chloe, eu sou o Diabo." Lucifer diz com cuidado.
"Não, tu não és." Ela deu-lhe um sorriso gentil. "Não para mim. Tu foste tudo menos o diabo desde que entraste na minha vida. Eu colocar-te-ia mais numa categoria de anjo da guarda se me perguntassem."
Lucifer fungou. "Não é uma metáfora." Ele diz num tom mais sério.
"Lucifer… eu…" Ela olhou para ele com uma certa dúvida. "Porque te chamas Lucifer? Qual é o teu nome verdadeiro? Estás a tentar fugir de alguém?" Ela queria perguntar há muito tempo e se fosse preciso ela podia ajudá-lo.
"É uma longa história, eu tinha outro nome há muitas eras atrás quando ainda estava no Céu. Tens de acreditar."
"Lucifer…" Ela não sabia o que dizer.
"Eu tenho de te mostrar. Por favor, não grites." Ele diz respirando fundo e fechando os olhos. Ele deixou os olhos brilhar no seu fogo habitual e voltou a olhar para ela. O rosto dela chocada enquanto encarava os olhos de um monstro.
"Luci… é verdade." Ela encolhe-se.
Os olhos dele voltam ao normal, ele não se mexeu tentando deixá-la à vontade. "Sim, tudo verdade e esta não é a pior parte. Eu sou num monstro."
"Tu és o Diabo…"
"Sim…"
"Mas tu és bom… não faz sentido… não devias ser mau?" Ela olhou para ele chocada.
"A história foi adulterada, eu apenas castigo os pecadores e consigo perceber os desejos verdadeiros das pessoas. Estranhamente não consigo alcançar os teus, mas sempre foste especial. És a primeira pessoa com quem me importo verdadeiramente." Ele explica.
Era demais para ela. "Isso tem algo a ver com vender a alma ao diabo?"
Ele ri. "Não, eu não quero as vossas almas para nada."
"Então tu não és mau, tu punes os malvados… como o Marcus." Ela recorda o que, Linda dizia sobre Lucifer, o que Marcus gritava e o que Lucifer dizia ocasionalmente. Ele não escondia, mas parecia brincar com isso.
"Exatamente! Ele está no inferno agora! Não lhe podia dar as boas-vindas e tratar dele pessoalmente, mas tenho vários demónios que devem se estar a divertir neste momento." Lucifer sorri entanto acalmar os ânimos. Chloe levantou-se do sofá e ele seguiu o exemplo. "É melhor ir embora." Diz ele. Mas antes que ele virasse costas e abandonasse a casa, ela abraçou-o. Isso foi o momento mais chocante para ele. Ela levou tudo muito bem. Ela não gritou nem entrou em paranóia. Ficou parada e absorveu o essencial, perguntas diretas e válidas. "Estou confuso." Diz ele.
"Eu estou confusa também, mas agradecida."
Ela dormiu mal naquela noite. Quando Chloe pensava que podia levar uma vida calma algo novo surge. Lucifer o Diabo. Ela suspirou ao pensar nisso. Beatrice estava particularmente difícil, os dentes a aparecer.
Lucifer não apareceu mais, uma semana precisamente desde que ela descobriu a verdade. Ela supos que ele a queria deixar à vontade. Ou então apenas fugiu porque ninguém deveria saber sobre ele. Ela não sabia como era suposto reagir. Ela ainda parecia viver numa viragem.
Ela frequentava a igreja periodicamente, mas ela via a bíblia como algo que alguém inventou para manter as pessoas na linha e agir de forma correta para evitar o inferno. Deus? Ela tinha as suas dúvidas que considerava saudáveis para a sua fé. O bem e o mal sempre estiveram sobre a mesa e agora ela foi forçada a acreditar. Até que ponto a história era verdadeira? Lucifer poderia contar-lhe a verdade? Ela seria bem-vinda em aparecer e perguntar?
Ela seguiu o caminho para a mansão de Lucifer a pé. O passeio podia ser agradável se Trixie cooperasse um pouco. Felizmente a menina acalmou com a passada e adormeceu no colo da mãe. Ela sentia-se nervosa em encontrar o lobo no seu covil, mas ela não saberia a verdade sem procurar. Para não falar que ele sempre a tratou com o maior cuidado dentro da sua casa. Certamente ela não teria nada a temer por saber quem ele é verdadeiramente.
Ela seguiu pela calçada principal da propriedade. O portão nem estava fechado (nunca estava). Quem se arriscaria a entrar? De certeza teria uma surpresa. O campo era lindo e florido, muito bem cuidado e calmo. Não havia sinais de nenhum jardineiro enquanto ela continuou. Na porta principal ela nem teve tempo de bater, a porta abriu revelando Lucifer num estado que ela não o esperava encontrar.
O outrora Lucifer rico, bem cuidado e egocêntrico agora era desleixado, cansado e com cheiro de quem não se lavava há dias. A juntar a isso o ainda mais intenso cheiro a cigarro e bebida vinha diretamente dele. "Chloe!" Ele parecia surpreso, num nível perplexo em que ela nunca o esperou encontrar. Lucifer com resposta para tudo e completamente polido parecia ter morrido há uma semana.
"Lucifer." Ela reconheceu um pouco nervosa. "Pensei que poderíamos conversar, mas talvez seja uma má altura… posso voltar outro dia." Ela diz dando um passo atrás.
"Não! Por favor…" Ele não completou, mas deixou espaço de convide para elas entrarem.
Ela avançou com cuidado e abriu a boca ao ver a sala suja e revirada. Em cima do piano e pelos cantos várias garrafas vazias ou a meio. Copos a meio lotados de pontas de cigarro como se fossem cinzeiros. Papel dos cigarros em cada mesa e erva que ela tinha a certeza que era ilegal em algumas caixas abertas.
Lucifer avançou pela bagunça abrindo caminho, limpando uma poltrona para ela. Depois disso avançou para as janelas para tentar limpar o cheiro abafado e estranho que estava na sala. Ela apenas ficou sentada tendo a certeza que Beatrice estava bem e ainda adormecida.
"Acredito que tenhas perguntas." Ele começou empurrando garrafas do sofá na frente dela.
"Está tudo bem? Este lugar não parece contigo, nem tu…"
Ele sorri como se não acreditasse. "Essa é a primeira pergunta?"
"Tu não pareces bem."
"Eu estou perfeito."
"Mas…" Ela parou e olhou em volta. Pela quantidade de álcool presente ele já teria uma overdose há muito tempo. "Pensava que não mentias, de certeza que tem de haver algo errado."
Ele suspirou. "É complicado, nem eu sei como explicar." Ele olhou para uma garrafa meio cheia e bebeu um golo. "Seguindo o ponto, eu sou o Diabo. Tu vens aqui uma semana depois perguntar-me se eu estou bem como se não fosse nada." Ele diz.
Ele parecia querer fugir da pergunta dela. "Eu precisei desse tempo para pensar o que tudo isso significa." Ela diz não desviando o olhar dele.
"E chegaste a uma conclusão?"
"Eu queria saber mais." Ela diz um pouco nervosa o humor parecia instável. "Apenas se quiseres."
"Saber mais?" Ele bebeu mais. "Fascinante."
"Deus?" Ele estremeceu com a menção. "Céu e inferno? O que vem na bíblia. É tudo real?"
"Bem… o querido Pai é sem dúvida real tal como o céu e o inferno. Mas a bíblia querida tem os seus fundamentos, mas como humanos vocês conseguem manipular muito bem o que esperam ouvir." Ele diz.
"Certo." Ela esperou isso. "E tu? Eu não quero parecer rude, mas deverias estar aqui?"
Ele riu baixo. "Porque não? O inferno é aborrecido, um lugar horrível… precisava de umas férias daquele lugar."
"Férias? Vais voltar?"
Ele olhou para ela e ficou em silêncio por alguns segundos estudando-a. "Queres que eu volte para o inferno?" Ele perguntou como resposta. Ela olhou para ele de volta e negou com a cabeça. "Porque vieste Chloe?"
Ela olhou para ele por mais alguns segundos. "Tu não apareceste e eu… eu queria saber mais." Ela olhou para a menina no colo e novamente para ele. "Também senti a tua falta." Ela pensou que deveria ser sincera, ele parecia saber quando as pessoas lhe mentiam.
Ele inspirou, parecia chocado com a sua confissão. "Sentiste a minha falta? Eu não compreendo…" Ele diz, os olhos brilham vermelho. "Eu sou o diabo."
"Sim, mas… o diabo também foi um anjo. Tu disseres que não és mau… tu punes os maus, certo?" Ela pergunta e ele concorda. "Então esperas que eu tenha medo? Fuja?" Ele concorda à pergunta dela. "Oh Lucifer, é por isso que tens bebido e estás tão descuidado? Pensavas que eu tinha fugido?" Ele concorda novamente, agora o olhar um pouco mais vítreo nela.
"Eu queria ir até à tua casa, mas tinha medo de a encontrar vazia." Ele diz baixo e rouco. "Não seria a primeira vez que sou deixado sozinho por pessoas de quem cuido."
Chloe sabia que ele estava a falar da família, ele foi expulso do céu… para ocupar o inferno. Ela queria dizer-lhe a verdade. "Eu pensei sair."
"Porque não foste?"
"Como poderia? Eu disse-te que não eras o diabo para mim e… mesmo agora que acredito não posso deixar de pensar o mesmo. Tu nunca foste o diabo para mim. Tu salvaste-me." Lágrimas correram pelo rosto de Chloe.
"Chloe…"
"Porquê eu? Porque te importas comigo?" Ela pergunta limpando as lágrimas.
"Eu não sei explicar." Ele suspira. "É uma sensação… um aperto dentro de mim sempre que estás perto."
"Um aperto?"
"Um calor no peito com um aperto por vezes. Quando estás perto é agradável, mas quando estás longe eu gostaria de voltar. Como uma mariposa para a luz."
A Chloe respirou com calma. "Eu… eu sinto o mesmo. É muito bom quando estás por perto." Ela diz.
"Eu acredito que estou doente talvez eu te tenha transmitido. O meu Pai deve ter uma mão em tudo isto." Ele diz chateado.
"Lucifer, eu acredito que sei que tipo de doença possa ser." Ela diz enquanto se levanta e deixa a Beatrice sobre o assento da poltrona ainda adormecida.
Lucifer levanta-se também olhando para ela com surpresa. "O que é?"
"Deixa-me ver." Ela aproximou-se dele e olhou-o bem nos olhos. Ela tocou no peito dele e deslisou a mão até ao ombro. Aproximou-se lentamente dele. Ela viu quando ele engoliu em seco e as pupilas dele dilataram um pouco. Ela podia ter tido um marido cedo, mas sabia reconhecer o desejo de um homem.
Ela aproximou-se mais entrando num ângulo gentil e lento até que os seus lábios chegaram aos dele deixando um beijo lento e suave que ele retribuiu nos últimos segundos. Ela apenas se afastou para o reconhecer novamente e ter a certeza. O choque no seu rosto, mas mais uma vez o desejo. Ela voltou para ele e desta vez ele encontrou-a no caminho. Desta vez o sabor a álcool chegou com a sua língua na dela. Um beijo lento e apaixonado e ela jura que nunca irá esquecer a sensação de quando ele a envolveu mais perto.
Quando se afastou ela olhou intensamente para ele. "Acredito que o diagnostico seja amor." Ela morde o lábio inferior antes de recuar e pegar Beatrice. "Nos vemos amanhã em minha casa?"
Ele apenas concordou ainda atordoado. Ela parecia radiante ao sair, um sorriso tímido que ele tem a certeza que se iria ocupar os seus lábios por muito mais tempo. O Diabo a amar?
