Aviso legal: Nada disso me pertence.
CAPÍTULO 7 - Reencontros na Mansão Wayne
- Mamãe!
Helena correu para os braços de Selina quando ela adentrou na sala da mansão Wayne acompanhada de Bruce mais tarde naquele dia.
- Mamãe, você está bem!
Selina e Helena compartilharam um abraço apertado que durou muito tempo. E ambas choraram.
- Estou sim, gatinha. E você está tão bonita! Está parecendo uma garotinha do século 18... – Selina brincou quando deixou de abraçar a filha e a olhou de cima abaixo. Helena vestia um casaco de tweed, saias xadrez, meias três quartos e sapatos Oxford.
- Alfred me comprou essas roupas. – Helena disse orgulhosa. - Ele falou que as boas meninas se vestem assim. Ele e meu pai cuidaram muito bem de mim. – Acrescentou.
- Eu sei que cuidaram, gatinha. E você está gostando daqui?
- Sim, - Helena falou prontamente. – Gosto muito, mas papai e Alfred são tão rígidos quanto a senhora. – A menina fez cara feia.
- Ah são? - Selina indagou surpresa olhando para Bruce e Alfred. - Com você precisa ser assim, né? Se não você coloca a casa abaixo.
- Eu me comportei bem, mamãe. – Helena protestou.
- Sei, sei... – Selina disse irônica.
- Mas, a senhora veio me buscar? – Helena indagou animada. - Vamos pra casa?
- Não podemos mais voltar pra casa, Helena. – Selina disse séria.
- Mas por quê?
- Você sabe muito bem por quê.
- Não é justo! - Helena gritou.
- Helena! Sem birra! – Selina ordenou. - Nós vamos ficar aqui com o Bru... com seu pai e Alfred até resolvermos nossa situação. E eu não quero ouvir um pio de reclamação está entendendo?
- Sim, senhora. - A menina falou a contragosto.
- Ótimo. Seu pai vai nos ajudar a resolver o problema com aquele homem mal, depois resolvemos nossa vida. Tudo bem?
A menina assentiu com a cabeça e Selina sorriu satisfeita.
- Está com fome, senhorita? - Alfred as interrompeu quando viu que mãe e filha tinham se entendido. – Já está passando da hora do almoço.
- Alfred... você está... mais velho... - Selina olhou-o e sorriu-lhe de forma gentil. - Eu não negaria um almoço.
- Ela vai comer até as bandejas, Alfred. - Foi a vez de Bruce falar. Ele estivera ouvindo toda a conversa entre Selina e Helena, fascinado.
- Cala boca. - Selina falou dando um soco de leve no ombro de Bruce antes de acompanhar Alfred para a cozinha.
Helena sorriu para o pai que lhe piscou de volta. A menina pegou a mão de Bruce e seguiram para a cozinha da mansão.
/
- Então Bruce, qual é o plano? - Selina perguntou naquela tarde quando tomava chá na biblioteca após o almoço. Bruce estava na mesa estudando alguns papéis enquanto Selina estava deitada no sofá à sua frente. Helena dormia em seu colo.
Bruce parou de remexer nos papéis e a olhou.
- Eu tenho tentando achar provas que incriminem Lex por ter atirado em você, mas não tive sucesso.
- Você não vai conseguir isso. Lex é uma raposa escorregadia. – Selina disse enquanto passava as mãos pelos cabelos de Helena. - Além do mais, que juiz condenaria um bilionário por atirar em uma ladra de rua? Não tem como pegar o cara. Por isso, eu preferia fugir, ir pra bem longe.
- Não. – Bruce disse enfático. - Mais cedo ou mais tarde ele ia te encontrar. Clark me disse que Lex nunca desiste.
- Você conhece o Clark? – Selina perguntou impressionada.
- Ele estava no hospital quando achei você. – Bruce explicou como se não fosse importante. - Ele tem me ajudado desde então. Olha, vocês dois não...
Selina riu.
- Não. Sem chance. Ele é só um cara legal que cismou em nos ajudar. De forma alguma faz meu tipo.
- Realmente, - Bruce concordou parecendo satisfeito. - Ele é muito diferente de mim...
- O que você quis dizer com isso? - Selina protestou.
- A questão é - Bruce falou reflexivo de volta aos papéis que estudava, ignorando a última pergunta de Selina. - O que podemos fazer pro Luthor desistir de perseguir você e Helena?
- Talvez não precisemos fazer nada... Quem sabe ele tenha desistido?
- Ele veio atrás de mim. - Bruce disse sério, voltando a olhá-la - Veio medir forças, veio me provocar, jogar na minha cara o que houve entre ele e você... Ele não vai desistir.
- Que filho da mãe! – Selina resmungou irritada. – Eu vou furar os olhos dele, eu juro! Mas, você, o que fez quando ele lhe procurou?
Bruce que agora observava novamente seus papéis com atenção, respondeu sem levantar o olhar:
- Eu quebrei a cara dele.
Selina sorriu impressionada. Em seguida ajeitou-se no sofá com Helena. A tarde estava fria e preguiçosa naquele final de outono, e em instantes ela estava cochilando junto com a filha.
Bruce trabalhou o resto da tarde, levantando a vista de vez em quando apenas para observá-las.
Uma sensação incomum de paz o preenchia.
/
Ainda aquela noite haveria um jantar na mansão Wayne.
Bruce buscava uma nova perspectiva para o problema com Luthor, visto que incriminá-lo por atirar em Selina não estava se mostrando uma boa saída, e deixar Selina sumir no mundo com Helena estava fora de cogitação. Ele precisava de uma visão nova sobre aquela situação, precisava de reforços, e soube exatamente quem contatar.
Alfred avisou a Selina sobre o jantar logo após apresentar-lhe seus aposentos. Selina ainda estava impressionada com a semelhança da nova mansão com a antiga. Ela era extremamente parecida com aquela que fora destruída dez anos antes.
A "Gata" colocou as roupas que Alfred comprara pra ela. E Diabos! o maldito do velho mordomo conhecia mesmo seu gosto para roupas. Botas, uma calça preta justa, um suéter preto confortável, um casaco de couro e ela poderia ir pra qualquer lugar do mundo.
Depois de vestir-se, Selina passou no quarto de Helena para buscá-la. E logo ela terminou de constatar que, se Alfred entendia seu gosto, definitivamente não entendia o da sua filha.
Helena usava um vestido princesa cor de rosa cheio de rendas e babados, além de fitas no cabelo que a menina havia emaranhado de uma forma estranha por não saber colocar.
- Pareço uma idiota. – A menina disse olhando se no espelho quando a mãe entrou.
- Eu achei que você curtia esse visual século dezoito. – Selina zombou enquanto aproximava-se da filha. - Você pode muito bem se passar por uma criança fantasma que assombra essa mansão... Vem cá, vamos arrumar esse cabelo.
- Alfred é um bobo. – A menina bufou mal humorada cruzando os braços.
- Ele apenas não sabe cuidar de meninas... – Selina falou enquanto colocava as fitas nos cabelos da filha. - Ele só cuidou do seu pai... e seu pai não usava vestidos...
A menina riu, mas em seguida ficou séria. E indagou:
- Mamãe, por que você nunca me contou sobre o papai?
A pergunta.
A pergunta de um milhão de dólares. Essa era a pergunta que Selina sempre temera que Helena faria.
"Por que ele me abandonou" Era o que ela queria dizer, mas sabia que não era justo.
- É complicado, Helena. – Selina tentou desconversar. - Tudo sobre mim e seu pai é complicado. Ele foi embora...
- Ele disse que não sabia sobre mim.
- Não, não sabia. – Selina concordou.
- Ele disse que se soubesse de mim, ele não teria partido.
- Ele disse isso? Bem, eu acho que é verdade. – Selina disse com sinceridade.
"Mas, eu sozinha não fui suficiente pra fazê-lo ficar" pensou.
- Vocês se amam muito. – A menina disse de forma despretensiosa.
- Não fantasie, Helena. – Selina falou ríspida.
- Se amam sim. – Eu vi como olham um pro outro. – A menina provocou.
- Você é muito jovenzinha pra entender de amor, - Selina replicou enquanto colocava a última fita nos cabelos da filha. - Pronto. Gostou do cabelo?
- Horrível, pareço uma boboca.
- Alfred vai gostar. - Selina brincou, mas antes de descer teve que retocar a maquiagem.
Algumas malditas lágrimas rebeldes estragaram tudo.
/
Enquanto isso, no andar de baixo, Bruce recebia seu convidado, na verdade, reencontrava um velho amigo.
- Comissário Gordon, é um prazer vê-lo novamente. – falou polido quando Alfred anunciou a chegada do chefe da polícia de Gotham. - Fico grato que tenha aceito meu convite.
- A qualquer hora, Bruce. – Gordon disse bem humorado. - Esperava vê-lo logo depois que você retornou, mas entendo que sua vida social esteja bem agitada desde que voltou. Tenho visto nos tabloides...
- Ah, aquilo... - Bruce comentou constrangido.
- Olha, as super modelos, os carros de luxo e as festas não parecem muito com o Bruce de antigamente, mas aquela coça no Lex Luthor... Confesso que daquilo eu gostei... – falou animado. - Brigaram por algum rabo de saia?
- Bem, tem um pouco a ver... faz parte das coisas que queria conversar com o senhor, mas sente-se por favor... – Bruce fez um gesto para que o comissário se sentasse no sofá e, em seguida, sentou-se numa poltrona próxima. Depois foi direto ao ponto, – Comissário, eu convidei o senhor aqui porque preciso da sua ajuda.
- O que eu puder fazer, Bruce...
- Bem, Lee deve ter comentado sobre Selina Kyle...
- Um pouco, - Gordon confirmou. – Lee me falou que ela estava internada no Gotham Hospital, mas não me falou mais nada, por questões de sigilo médico... só sei que ela foi baleada em Metrópolis, não é mesmo?
- Sim, senhor. E agora o senhor vai entender por que bati em Lex Luthor...
- Não me diga que foi ele que...
- Sim. – Bruce confirmou. – Mas não tenho como provar... E mesmo que provasse...
- Ele não ficaria preso por muito tempo. – Gordon completou.
- Exato.
- Essa é uma situação complicada, Bruce. – o jovem comissário ponderou. - Mas vou ajudá-lo como puder. E estou surpreso em saber que você ainda tem laços com Selina.
- Mas do que o senhor imagina... – Alfred, que estivera na sala observando a conversa, comentou irônico.
- Como assim? – Gordon indagou confuso, mas foi interrompido por uma voz feminina.
- Bruce...
Gordon e Bruce levantaram-se para olhar Selina que entrara na sala, segurava Helena pela mão.
- Selina... – Gordon falou olhando-a impressionado.
- Nossa, Gordon, parece que viu um fantasma... – a mulher replicou divertindo-se com a expressão do comissário.
- Bem, não é muito diferente... Você não estava em coma? – foi quando o olhar do ex-detetive se deteve na menina que Selina segurava pela mão, e nos poucos segundos que olhou de Helena para Selina e de Selina para Bruce, entendeu tudo. – Ai, meu deus...
- Essa é Helena, comissário. – Bruce falou ao perceber que o comissário não era mais capaz de articular alguma palavra. – Minha... – ele interrompeu-se ao olhar para Selina - Nossa filha.
Gordon olhou novamente de Selina para Bruce, como se procurasse a pegadinha, mas vendo que não havia, ele tentou agir normalmente e aproximou-se de Helena.
- Oi Helena. – O comissário abaixou-se para cumprimentar a menina. - Eu sou o comissário Gordon.
- Comissário é um policial, não é? – a menina perguntou desconfiada. - O senhor não veio prender minha mãe, veio?
Gordon sorriu pra ela.
- Não, claro que não. Eu sou amigo dela. E do Bruce.
- Helena, - Bruce os interrompeu. - Você poderia, por favor ajudar o Alfred a colocar a mesa pra nós?
- Claro, papai. Eu já estou quase aprendendo a posição certa dos talheres. São muitos... – Ela confidenciou a Gordon antes de se afastar.
Gordon a observou sair da sala acompanhada de Alfred e então voltou-se para Bruce e Selina.
- Mas que bela surpresa os dois me aprontaram... Quer dizer que ela é mais um dos filhos da terra de ninguém...
- O que seria isso? – Selina indagou curiosa.
- É assim que chamam as crianças concebidas na época do cerco de Gotham. – Gordon explicou. – Existem muitas.
- Imagino que existam mesmo... como você e Bárbara bem sabem, não tinha muita coisa interessante pra fazer naquela época... – Selina provocou.
- O mesmo humor afiado de sempre não é, Selina? – Gordon ironizou, - Mas me digam como? Onde diabos vocês esconderam essa criança até hoje?
- Longa história, Gordon. - Selina disse largando-se no sofá e colocando as pernas sobre a mesa de centro. - Você conta. – disse apontando pra Bruce.
E assim Bruce relatou para Gordon tudo sobre Helena e em seguida, todo o problema com Luthor. Pouco depois, Alfred veio chamar-lhes para o jantar e depois do jantar todos retornaram à biblioteca, exceto Bruce e Helena, pois a menina pediu ao pai que a colocasse na cama. Selina, Gordon e Alfred tomaram um café enquanto aguardavam seu retorno.
- Ela é manhosa... - Selina explicava para Gordon após o café. – E o Bruce tá caindo na dela direitinho...
- Eu não posso criticar, faço muito pior... – Gordon disse de bom humor. - Nada mais eficaz pra dobrar um cara durão do que uma menininha... Mas, falando sério Selina, isso tudo é muito perigoso. Estou preocupado com vocês. Luthor é conhecido por ser implacável...
- Sim, ele é. Por isso, precisamos de ajuda. – Ela admitiu. – Não por mim, não por Bruce, mas por Helena.
- Selina Kyle pedindo ajuda... Você amadureceu, heim... – Gordon disse contemplativo. – Não é mais aquela menina inconsequente e auto-suficiente.
- Eu sou mãe agora, Gordon. A maternidade muda a gente...
- Bárbara que o diga, - ele comentou.
Selina riu com a observação.
- Perdi alguma coisa? - Bruce indagou ao retornar.
- Não, Bruce. – Gordon falou. – Estávamos aqui conversando sobre maternidade e paternidade... confesso que é o tipo de conversa que jamais imaginei ter com vocês.
- Acho que nenhum de nós imaginou. – Bruce complementou.
- Bem, mas vamos ao que interessa. Vocês me chamaram aqui para ajudar vocês com o Luthor, não é mesmo? – Gordon indagou e Bruce e Selina assentiram. Bruce se sentara no sofá e agora Selina colocara as pernas sobre o colo dele. – Então, considerando que não vamos conseguir prendê-lo, o que temos que fazer por agora é mantê-lo afastado. Tentar colocar um ponto final nessa história dele com Selina e Helena.
- Ele não vai se afastar... o cara acha que pertencemos a ele.
- Mas vocês não pertencem, e isso tem que ficar bem claro pra ele. – Gordon foi enfático. - Por isso, Bruce, eu acho que você deve assumir publicamente a paternidade de Helena. Acho que seria a melhor forma de inibir o Luthor. Apesar de todo mundo saber que ele é um criminoso, isso nunca foi provado e ele é um homem público. Preza muito por sua imagem de cidadão respeitável. Por isso, ele não pode simplesmente sequestrar ou machucar uma Wayne, ele sabe que terá consequências.
- Isso está fora de cogitação. Não tenho intenção de expor Helena. Assumir publicamente a paternidade dela, é colocar um alvo na cabeça da minha filha e não vou fazer isso. - Bruce foi categórico. - O senhor lembra o que Jeremiah Valeska fez com Selina. E ele ainda está por aí e até atacou a sua filha recentemente.
- Ele está em Arkham, Bruce. Não pode mais fazer mal a ninguém.
- Que seja, mas existem muitos deles. Muitos loucos pela minha figura que teriam muito prazer em machucar as pessoas que eu amo.
- Bruce, você tem noção do quanto irracional é isso? – Gordon indagou preocupado. – Você não pode simplesmente passar a vida inteira sem construir uma família por medo das retaliações que você pode receber de bandidos. Vai virar um ermitão, por acaso?
- Se for pra não colocar ninguém em risco? Deixe me ver... Sim. – Bruce disse resoluto.
- Bruce, todas as pessoas nas suas condições têm relacionamentos públicos...
- Não em Gotham.
- Em Gotham também. Eu já tive esse tipo de preocupação que você tem. Mas isso não pode parar a nossa vida. Além do mais, você é rico e conhecido, mas é uma pessoa comum, você não é o alvo de todos os delinquentes de Gotham. Se você fosse aquele homem morcego que surgiu por aqui, aí sim poderia se preocupar...
- Ah, o maluco com fantasia de morcego que bate em bandidos? – Selina falou divertida.
- Aquilo é uma armadura. – Bruce corrigiu mal humorado.
- Que seja, - Selina retorquiu. – Eu gosto do cara. – falou pensativa. – Ele é sexy. E acho que ele não ficaria se escondendo com medo do que o doido do Jeremiah pode fazer.
- Não é isso... – Bruce replicou.
- Então é o que, Bruce? – Selina indagou impaciente. – É isso ou você não quer abalar a sua super vida de playboy... Por isso que eu acho mesmo que eu e Helena deveríamos ir pra bem longe.
- Não! Você não vai sumir no mundo com ela!
- Então, Bruce, acho que você não tem outra escolha... – Gordon concluiu. - assuma publicamente a paternidade da menina. Apresente Selina como a mãe dela... Isso vai inibir o Luthor por tempo suficiente para pensarmos em como afastá-lo. Pode até ser que isso o afaste pra sempre de Helena.
- Mas não vai afastá-lo de mim por muito tempo... – Selina concluiu. – Ele só queria Helena para me atingir.
- E então, Bruce? – Gordon o inquiriu novamente diante do silêncio do jovem Wayne.
Bruce pensou por um momento em suas alternativas, e acabou cedendo.
- Se não tem outro jeito, farei isso. – Concluiu. - Mas vou fazer do meu jeito.
/
Após acompanhar Gordon até a saída, Bruce retornou à biblioteca e encontrou Selina lhe esperando.
- Você não precisa fazer isso. – Ela disse séria quando o viu entrar.
- Por quê?
- Porque tá na cara que você não quer, Bruce.
- Não quero, mas não pelos motivos que você imagina.
- Eu nunca vou entender você... – ela suspirou. - Mas repito, você não precisa fazer isso... não precisa se expor. Eu e Helena podemos desaparecer, Lex não ia nos encontrar assim tão fácil.
- Mas eu encontraria. – Bruce advertiu. – Se você fugir, Selina, eu passarei a vida lhe perseguindo. Luthor seria o menor dos seus problemas.
- Isso é uma ameaça, Bruce? – Selina falou aproximando-se dele, os rostos muito próximos.
- Eu nunca ameaçaria você. – falou olhando-a nos olhos. – Mas considere isso um aviso. Então, não tente afastar Helena de mim, porque não vai conseguir.
- Não vou afastar. Mas vou estar preparada caso você pegue um avião e fuja pra longe dela quando as coisas apertarem... Sabe como é, gata escaldada...
- Eu não vou fazer isso. Nunca mais sairei de Gotham.
- É o que você diz, Bruce. Mas eu vou te dar um aviso também: Você não vai fazer com Helena o que fez comigo. – Selina falou séria. – Você quer assumir a paternidade dela? Justo. Mas tenha em mente que isso é pra sempre. E se você magoar a minha filha...
- Já disse que não vou fazer isso, Selina. – Bruce falou contido.
- Pro seu bem, é bom que não faça. – Ela disse em um tom perigoso, tinha o dedo em riste. - E quanto a mim, quero que fique bem claro uma coisa: só estou aqui por Helena. Eu não quero você, eu não quero seu dinheiro. Não se aproxime de mim.
Então, sem dar nenhuma chance para Bruce, Selina saiu da biblioteca deixando-o sozinho. Bruce ficou muito afetado com as advertências de Selina, mas não teve muito tempo pra pensar em tudo, havia muito trabalho pra fazer em Gotham.
/
Na manhã seguinte, Bruce estava tomando café manhã muito tarde após uma noite na cidade, quando Selina entrou na cozinha tirando-lhe a concentração do jornal que ele lia.
- Que ótimo, agora sou uma prostituta. – disse ao jogar um exemplar do tabloide Gotham Goble sobre a mesa. Na primeira página havia uma foto antiga dela, das fichas do reformatório e estampava a notícia:
Bilionário tem filha com garota de programa
A notícia discorria sobre a garota de programa que surgira com uma suposta filha de Bruce Wayne, concebida durante a época do cerco de Gotham. O texto ainda insinuava que Selina poderia estar tentando dar um golpe ou chantagear o playboy bilionário.
- Olha, isso é um absurdo! Ladra, ok. Criminosa, ok. Mas garota de programa golpista? - Selina continuou enquanto pegava a xícara de café que Alfred lhe servira. Ela pegou um pãozinho jogando-o em Bruce que estava concentrando lendo tabloide que ela trouxera. – Eu achei que pra você assumir a paternidade da Helena, não ia precisar me difamar pra esses tabloides imundos.
- Eu não fiz isso, Selina. – Bruce falou enquanto lia preocupado. – E não faço ideia de quem possa ter feito...
- Não é óbvio? – Selina concluiu. – Achei que era um detetive melhor. Foi o Luthor! Ele deve ter descoberto que saí do hospital e resolveu agir. Só me resta saber o que aquele maluco ganharia com isso.
- Ele deve achar que destruindo sua reputação, mestre Bruce vai ser obrigado a se afastar de você. – Alfred observou.
- Eu não acredito que ele perderia tempo com isso, é tão mesquinho...
- Pessoas ricas são mesquinhas, Srta. Kyle. – Alfred continuou. – E ele sabe muito bem como a alta sociedade funciona.
- Ah, tá. – Selina disse cansada esfregando os olhos.
- Não se preocupe, Selina. – Bruce falou após terminar de ler a matéria. – Ele não vai conseguir o que quer...
- Como eu não vou me preocupar, Bruce?
- Não lembro de a senhorita ser muito preocupada com sua reputação antes, Srta. Kyle. – Alfred alfinetou.
- E não era mesmo, Alfred. Mas agora sou. Tudo que disserem sobre mim afetará Helena. Não quero que minha filha seja conhecida como a filha de uma puta que deu um golpe num ricaço. O que eu não sou, aliás.
- Ela tem razão, Alfred. – Bruce concordou baixando o jornal que lia. – Além do mais, não é verdade. Mas podemos esclarecer isso facilmente. – falou olhando pra Selina. - Você aceitaria sair comigo hoje à noite?
- C-como? – Selina se engasgou com o café.
- Tem uma festa pela inauguração da nova ala do hospital infantil de Gotham que a Wayne Enterprises patrocinou. Seria uma boa oportunidade para as pessoas verem que temos uma relação amigável. Helena vai com a gente, é claro.
Selina hesitou por um minuto.
- Se não tem outro jeito... – falou irritada, levantando-se. – Alfred, não deixe a Helena ver esse lixo. Seu jardineiro estava muito entretido lendo...
Sem dizer mais nada, Selina saiu da cozinha.
- Acha mesmo interessante levá-las a público, senhor? – Alfred indagou quando ficaram a sós.
- Preciso fazer isso, Alfred. Ainda mais agora. Gordon estava errado, se Luthor ficasse intimidado por eu assumir a paternidade de Helena, não teria feito isso. Além do mais, qualquer coisa errada que eu fizer, pode fazer Selina sumir com Helena... e isso eu não vou permitir.
- Bem, eu já não estou muito preocupado se ela sumir. Estou preocupado como vai ser se ela ficar.
- Como assim?
- Mestre Bruce, até quando pensa em manter as senhoritas Selina e Helena aqui? Até onde sei, o senhor e a srta. Kyle não tem um relacionamento romântico. É muito arriscado tê-la por perto. A srta. Kyle não é nada boba, ela logo vai descobrir suas outras ações em Gotham. Ela vai desconfiar da quantidade de tempo que o senhor passa fora e se bem a conheço, é uma questão de tempo até começar a fazer perguntas.
- Me dê um pouco de tempo, Alfred. Eu não vou tirá-las de perto de mim enquanto correrem perigo.
- A questão é se vai conseguir afastá-las de você, mestre Bruce. De qualquer forma, tome cuidado com a Sra. Kyle... eu até gosto dela, mas ela é muito esperta...
Bruce não estava preocupado com aquilo agora. Por puro instinto, ele não sentia Selina como uma ameaça a sua identidade secreta. Sua maior obsessão naquele momento era proteger a mulher e a menina que estavam sob seu teto.
Ele era um pai, e os pais protegiam os filhos até com a própria vida, ele sabia disso por experiência própria.
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NOTAS FINAIS
Espero que estejam gostando da história, deixem seus rewiews, são muito apreciados.
Os capítulos são postados as quartas-feiras e aos domingos.
Até o próximo. ^^
