NOTAS DO AUTOR:

E aí?

Juro, toda vez que falo "E aí?", eu lembro do gostosinho do Ichimura-Senpai, conhecem? Ele é o prota de Uruwashi no Yoi no Tsuki!

Eita mangá fofinho… dá vontade de pôr num potinho! kkkkk

Mas voltando aqui em Naruto, como perceberam pelo nome do capítulo, eis que trago mais um cap na versão de outro personagem. Quem será hein?

Vão lá! Boa leitura!*~

Obs.: Quero lembrá-los de que, por mais que o capítulo seja do ponto de vista de outro personagem, ele ainda dará continuidade em questão de cronologia aos capítulos da Sakura e, de certa forma, ainda vai orbitar em torno dela, já que ela é o foco dessa fanfic. Ok?

Obs.²: TROCAMOS DE CAPA, PESSOAL! A capa que foi desenhada pela Bia Coliath especialmente para Pétalas de Cerejeira está pronta e mostra a Sakura com os selos nos antebraços! Passem lá para ver como é! Bia, sua linda, obrigada pela arte maravilhosa! Ficou perfeita!

Nas notas finais deixarei os links para contato com ela!

[...]

CAPÍTULO 8

A TERCEIRA PÉTALA DE CEREJEIRA

POR OLHOS CARMESIM

Depois de horas aguardando sentado na beirada da cama, levantou-se impaciente, passando o olho por tudo o que havia ao redor.

O móvel continuava preenchido com poucos pertences pessoais e muitas armas;

No cabideiro ao lado da porta de entrada ainda continha um manto negro com nuvens vermelhas extra pendurado ao lado da toalha que era usada pós-treinos;

No banheiro, que foi o primeiro lugar que conferiu, ainda tinha itens de higiene...

Então por que a usuária daquele quarto estava ausente do local há mais de cinco horas?

Para onde foi?

O que foi fazer?

A nova integrante da Akatsuki não seria tola a ponto de deixar o esconderijo para se encontrar com informantes ou qualquer coisa do gênero, não é?

Não depois de não fazer nada, absolutamente nada suspeito desde que ingressou na organização.

Seria um erro muito grotesco para alguém como ela cometer.

Bufou e quando estava prestes a tirar aquela maldita máscara que já estava o sufocando, a porta do quarto se abriu e por ela passou Konan ancorando quem aguardou por todo aquele tempo.

Contrariando todas as suposições de que a garota da Folha foi pega por Konan em ato de traição, a mulher sempre distante e fria apenas colocou a mais nova sobre a cama, ajeitando-a com certo cuidado que jamais pensou que a veria ter.

Sakura, já deitada, sorriu minimamente como se agradecesse e fechou os olhos opacos.

Ela não estava ferida, não havia uma gota de sangue em lugar algum de sua roupa - agora exposta porque Konan abriu o manto negro com nuvens vermelhas - e nenhum arranhão em sua pele imaculada.

Por que parecia que estava à beira da morte?

— O que aconteceu? — finalmente ele encontrou a voz para fazer a pergunta que deveria ter feito assim que as duas chegaram, porque nada daquilo fazia sentido.

Sakura naquele estado;

Konan, contrariando sua personalidade fria e apática, agindo com delicadeza ao cuidar de outra pessoa e, pior, da menos provável de que cuidaria um dia;

Aquela tensão de preocupação no ar.

Definitivamente não estava entendendo nada e ficou tão atônito que simplesmente esqueceu de atuar, embora pudesse apostar que Sakura já estava inconsciente àquela altura.

— A garota… — Konan começou, tirando alguns fios róseos do rosto da garota com delicadeza conforme seus olhos âmbar carregavam uma emoção que ele jamais a viu direcionar a alguém — ela é confiável.

Franziu o cenho e sentiu-se tolo por estar tão chocado com algo, mesmo depois de tudo o que viveu.

— Por que acha isso?

— Eu não acho. — respondeu ela, endireitando-se e se virando na direção dele — Tenho certeza.

— E de onde vem essa certeza? — insistiu, já impaciente.

A mulher de cabelos azuis olhou para Sakura mais uma vez antes de caminhar na direção da porta e já sob o umbral, olhou-o por cima do ombro:

— Eu não via há tantos anos aquele brilho no olhar… — comentou longínqua, quase como se não estivesse falando com ele e sim consigo mesma — o brilho de alguém que se importa verdadeiramente com o outro, mesmo não o conhecendo, e que quer, a qualquer custo, salvá-lo. — ela o encarou — mas hoje eu vi. Talvez ainda haja alguma esperança para esse mundo decadente.

Aquelas palavras martelaram na mente dele até o nascer do sol, que ficou sentado ao lado da cama da Sakura observando seu rosto delicado com atenção.

Por que Konan tirou aquelas conclusões? O que ela viu?

Aliás, o que aconteceu?

Os dias posteriores foram ainda mais estranhos.

Sakura levou exatos dois dias e meio para abrir os olhos e mais meio dia para ser capaz de sentar e, posteriormente, caminhar.

E, como se tudo aquilo já não fosse estranho o suficiente, a primeira coisa que fez foi pedir para chamar Konan, que não havia deixado o esconderijo desde aquela conversa.

As duas tiveram uma conversa breve que ele não pôde presenciar, porque foi praticamente expulso do quarto, mas quando bateu à porta com a desculpa de levar a refeição de Sakura, foi surpreendido pelas duas dizendo que estavam de saída e que voltariam em breve.

Como se fosse permiti-las deixá-lo de fora mais uma vez.

Seguiu-as mesmo sem ter sido convidado e atuou como o bobo da corte que seu persona era, tentando, de algum modo, arrancar alguma informação relevante sobre aquele suspense todo.

E então Konan pousou seu grande pássaro de papel sobre uma pequena aldeia civil quase totalmente destruída, depois de dois dias de viagem ininterruptas onde Sakura passou a maior parte dormindo.

A nova integrante, logo que foi acordada com delicadeza pela outra, desceu do pássaro e, depois de conversar com os aldeões demonstrando empatia e doçura, sorrindo de um jeito caloroso que o impressionou, começou a fazer algo que distorceu totalmente a visão que ele tinha do mundo e, sobretudo, das pessoas.

Ela invocou uma grande lesma que se dividiu em inúmeras lesmas pequenas e pediu para que salvasse aqueles aldeões.

Então viu o brilho que Konan contou ter visto.

Sakura, com seu poder misterioso, de alguma forma, deu para aquelas pessoas sofridas cura para suas feridas e, aparentemente, para suas almas também, pois elas sorriam, demonstravam uma genuína felicidade e comemoravam; comemoravam por receber a benção da Seimei no Megami - Deusa da Vida.

Foi como a nova integrante da Akatsuki foi chamada por eles: Seimei no Megami.

E eles voltaram mais três vezes para aquela aldeia, porque Sakura disse que não tinha terminado seu trabalho ainda, mesmo que não houvesse mais ninguém aparentemente ferido.

Foi quando notou algo que seu Sharingan não foi capaz de notar durante todo aquele tempo a analisando: o poder de cura dela não envolvia apenas chakra, porque o chakra fluía calmo e constante enquanto ela curava aquelas pessoas.

Então o que a deixava com aspecto extremamente esgotado, como se estivesse à beira da morte, exatamente como na primeira vez que ela apareceu com Konan?

A última vez que a viu tão mal foi na captura da Nibi e mesmo assim ela não ficou em um estado tão grave quanto daquelas vezes.

Aquilo se tornou uma verdadeira incógnita para ele.

Aliás, não só aquilo, mas Haruno Sakura por completo, pois aquela garota, mesmo sendo um deles, permanecia gentil, solícita e empática de um jeito que não acreditaria se não visse com os próprios olhos.

Dia após dia, em que a testou de todas as maneiras, enviando-a para todo tipo de missão, sendo solo ou acompanhada por quase todos os membros, ela foi capaz de se manter obstinada como poucos se manteriam na situação em que a deixava.

Desse modo, não teve escolha a não ser fazer a prova de fogo - tudo porque ficava cada vez mais desconfiado de como alguém era capaz de se manter tão pleno sob tantos desafios -, obrigando-a a tomar partido:

— É aqui. — Zetsu Negro se pronunciou, aparecendo ao lado de Sakura, que apenas estreitou os olhos e franziu o cenho.

— O que estamos fazendo em uma pequena aldeia civil?

Seu tom era forte e claramente aborrecido e seu olhar cortante ainda preso à aldeia que se via inteira do alto do rochedo em que estavam. Ela sabia a resposta, mas parecia desacreditar ao ponto de questionar o óbvio.

— Haru-chan… — ele começou, adotando um timbre agudo e tom infantil, como sempre: — você consegue pegá-los daqui? Ou precisamos estar mais próximos?

— Pegá-los? — repetiu ela com o tom ainda mais forte e aborrecido, mirando-o com as duas esmeraldas cortantes.

— Sim, é pega-pega, lembra? A gente brincou disso com a Nibi!

Ele já a havia visto aborrecida, mas aquilo… ela finalmente se mostrou verdadeiramente: havia fúria naquele olhar, desprezo, asco.

Então aquele era o limite para ela.

Quase foi capaz de sorrir por descobrir que estava certo o tempo todo: Haruno Sakura não era como eles.

— Por que nossa missão é atacar civis? — ela perguntou.

Foi a primeira vez que questionou uma missão, isso porque atingiu diretamente seu senso de justiça, seu caráter.

Oh, era tão satisfatório vê-la perder a plenitude da indiferença que demonstrou por todo aquele tempo.

— Trata-se de um movimento político. — Konan, que garantiu presença assim que soube do plano dele, respondeu-a e acrescentou quando não houve nenhuma resposta: — Nosso contratante não tinha dinheiro para nos pagar por um ataque direto ao governante deles ou a capital, então nos contratou para atacá-los como um prenúncio de que é capaz de fazer pior se houver recusa e no final devemos ir até o governante obter sua assinatura num acordo de paz.

Divertindo-se como há muito não se divertia, observou com atenção todas as reações da ex-Ninja da Folha que não deixou o senso de justiça para trás quando desertou: punhos cerrados fortemente, corpo trêmulo consumido pela raiva, olhar estreito e furioso e lábios torcidos como se precisassem estar daquele jeito para que ela não proferisse as palavras que a mente certamente pensava.

— Vá. — Zetsu negro instigou — Vá e execute-os lentamente… faça-os sofrer...

Era possível até mesmo ver o maxilar feminino trincado, tenso. Finalmente a máscara dela estava caindo.

Seria agora que ela desistiria?

— Acordo de paz? Depois de uma chacina com pessoas inocentes? Isso só pode ser uma piada. — Sakura cuspiu ácida com um sorriso distorcido e então mirou Konan — Você está de acordo em fazer com essa aldeia o que fizeram com a aldeia que você protegeu e me ordenou mantê-los vivos?

— Não questione ordens, Haruno Sakura. — interferiu Zetsu Branco — Nós só-...

Konan ficando sem palavras? Aquilo estava se saindo melhor do que o esperado. Daquela situação ele poderia colocar em prova a lealdade de Sakura e o quanto Konan pode ser influenciada pela "esperança daquele mundo decadente".

— Acho que vocês não entenderam uma coisa. — ela o cortou firme e ele finalmente sorriu por baixo da máscara, esperando ansiosamente vê-la assumir que agiu como espiã por todo aquele tempo; — Eu não sou como vocês. Eu não vou matar civis inocentes. Se estou na Akatsuki, é porque quero proteção, uma vez que fui exposta e estou sendo caçada pela Vila que deixei para trás e por todos que querem uma recompensa por minha cabeça, e em troca ofereço meu poder e cumpro missões que considero aceitáveis, mas eu avisei: não desertei Konoha para ser limitada e manipulada de novo. Não farei nada que eu considere inaceitável.

"... mas eu avisei: não desertei Konoha para ser limitada e manipulada de novo."

Aquela frase ecoou pela mente dele por um bom tempo, como se tivesse sido pego por um poderoso Genjutsu.

Porque ela avisou mesmo e, na hora, até perdeu a fala por alguns segundos por choque, exatamente como ficou naquele instante.

Sakura não só confessou que não era como eles, como também expôs para os três que só se juntou à Akatsuki por conveniência.

Veja bem, todos que se juntaram à Organização o fizeram por conveniência, mas ninguém nunca, jamais foi corajoso o suficiente para assumir aquilo e bater de frente com aquela petulância descarada.

— Então vou lhes dar três opções: a primeira: vocês me levam ao governante para que eu tire dele a maldita assinatura para o acordo de paz; a segunda: volto para o esconderijo e vocês concluem essa missão, porque eu me recuso a fazer parte disso; e terceira: nosso acordo de conveniência acaba aqui, sigo meu caminho e vocês o de vocês e ninguém atrapalha ninguém. — concluiu, sem pestanejar: — O que vai ser?

Dizer que ficou atordoado seria redundante. A mente ficou em branco de tal maneira que até esqueceu que tinha que atuar como o bobo da corte do grupo.

Não lhe veio nenhuma piada, nenhuma gracinha, nenhuma risadinha… ficou apenas encarando aquela incógnita ambulante, porque era assim que ele a via.

Se fosse uma espiã, não abriria mão de sua posição dentro da Akatsuki fácil daquele jeito, não é mesmo?

Quando foi que ficou assim?

Então lembrou-se de que não foi a primeira vez que ela o deixou naquele estado...

Quando, depois de lidar com a Nibi sozinha, ela o protegeu instintivamente e o mandou fugir, assumindo o papel de distração para no fim se sacrificar, ficou daquele mesmo jeito: atordoado, confuso, perdido, tanto que se desfez completamente de sua persona e por alguns minutos foi ele mesmo, o cara que morreu e foi enterrado num passado doloroso.

— Pois bem, se é assim que prefere… — Konan assumiu a resposta com a mesma calma e frieza que lidava com tudo. Certo, ao menos alguém estava são o suficiente para lidar com aquela garota; — vou levá-la ao governante.

Ele virou o rosto na direção da Konan tão rápido que o pescoço estalou. Por sorte a máscara escondia a expressão que adotou, senão todos veriam o quão espantado estava.

Konan abriu uma exceção.

Uma exceção que posteriormente lhe trará problemas com Pain, o que não pareceu ter nenhum peso em sua decisão, já que não pestanejou por nenhum segundo.

Zetsu deu o fora alegando que repassaria a decisão ao Pain e ele foi com as duas, forçando piadas e uma animação que não existia, não quando a mente dele estava longe… onde evitava a todo custo chegar.

Então assistiu uma Sakura claramente contrariada fazer um homem de no mínimo dois metros, com o triplo da largura e peso dela, ir ao chão depois de apenas tocá-lo com uma mão. O Sharingan mostrou o chakra dela fluir de maneira calma e constante, sem nenhum sinal de uso, mas os galhos de Cerejeira de seu braço esquerdo correndo pelo rosto do homem e desenhando todo o seu corpo mostrava que alguma técnica estava sendo aplicada. segurando o rosto repulsivo do homem para ameaçá-lo olhando-o nos olhos:

— Se sente mal? — ela perguntou retoricamente minutos depois diante do rosto pálido, lábios arroxeados, olhos arregalados e desespero em peso no olhar — Não se preocupe, em alguns minutos não sentirá absolutamente nada, porque seu corpo vai perecer em minhas mãos… a menos que você assine isso.

Com a outra mão ela tirou o pergaminho do acordo do coldre traseiro que ficava dentro do manto, pergaminho que foi entregue pela Konan assim que chegaram.

"Tamashī no Aki no Jutsu - Técnica do Outono da Alma" -, foi o que ela murmurou assim que o tocou.

Assim como a "Natsu no Ki: Tamashī no Saibaisuru - Árvore de Verão: Plantação das Almas" - utilizada nos aldeões da Vila natal da Konan.

Almas… ambas tinham isso em comum, embora aparentemente servissem para propósitos diferentes. Enquanto um parecia tirar, o outro parecia dar.

Almas...

— Ouça com atenção o que vou te dizer agora: — ela impôs assim que o homem, trêmulo dos pés à cabeça, assinou, completamente rendido — vou fazê-lo se sentir bem de novo e então você vai honrar esse acordo de paz, entendeu? Porque se isso não acontecer, eu volto para levá-lo direto para o inferno.

Ao homem restou apenas assentir e, como prometido, ela o fez voltar a ter cor no rosto e nos lábios, devolvendo o aspecto saudável, só que com a outra mão, observou.

Só naquele instante a mente dele chegou à uma meia conclusão, por mais absurda que fosse: com a mão esquerda, Sakura tirava a alma de uma pessoa - ou de várias, como já presenciou - e com a mão direita, ela dava a alma...

Talvez fosse por isso que ela tenha parecido à beira da morte mesmo sem estar com nenhum ferimento todas as vezes que usou aquela técnica nos aldeões… porque ela doou parte da própria alma.

Se aquela teoria estivesse correta… era absurdo até mesmo para ele, que já conheceu todo tipo de poder do mundo Shinobi.

Seria possível?

Os próximos dias, que ele ficou bem longe daquela garota para organizar a mente que não parava de trabalhar em teorias cada vez mais complexas e absurdas, foram perturbadores, porque tudo em Haruno Sakura continuava uma incógnita.

Ela realmente era fiel às suas convicções e não se abalava com nada até que Pain a colocou cara a cara com Uchiha Itachi.

Uma regra da Akatsuki, desde seu início e crescimento, era: as duplas escolhidas lutavam para se conhecer, desde a personalidade até as habilidades, até que um deles desistisse.

Então não foi nenhuma surpresa quando, depois de todos os testes que a submeteram e ela passou, tanto de caráter, personalidade, como inteligência e habilidades, Pain a fizesse finalmente conhecer pessoalmente sua dupla e ser testada pelo seu futuro parceiro.

No entanto, foi surpreendente o olhar feroz que ela lançou na direção dele, tão feroz e tão carregado de ódio quanto no dia em que foi anunciado de que ele seria a dupla dela.

E o que veio a seguir só fez jus àquele encontro.

Assim que a luta começou Sakura simplesmente fechou os olhos e permaneceu assim, mesmo diante das Kunais com tarjas explosivas lançadas em sua direção. Desviou de todas com uma precisão que o surpreendeu e tinha certeza de que surpreendeu Itachi também.

Estava claro que aquela medida era para não ser pega pelo Sharingan, no entanto o choque se dava ao fato de que ela lidou com Taijutsu e Ninjutsu de olhos fechados com maestria por mais de trinta minutos em batalha.

Itachi nunca foi de pegar leve e ele não o fez ao lutar contra ela. Da mesma maneira que ela o atacava com tudo que tinha,o Uchiha revidava a altura, mesmo que não pudesse utilizar sua maior vantagem: o poder ocular.

Ele a acompanhou na maioria das missões dela e nunca, nem mesmo quando sua vida estava em risco, a viu lutar com tanta determinação, com tanto desejo de ferir alguém.

Ela era naturalmente gentil, sem ao menos perceber.

Em todas as vezes que a viu lutar, sem exceção, a viu fazer cortes limpos, rápidos, certeiros, para que os oponentes não sofressem. Até mesmo suas técnicas mortais eram gentis. Não havia dor, nem sangue, nem desespero para suas vítimas. Quando aqueles traços negros do antebraço dela se moviam, anestesiava e prendia suas vítimas num torpor que nem percebiam o que estava acontecendo.

Mas ali, contra o Itachi...

Sakura não hesitava, como sempre hesitou antes de ferir o oponente, seja ele quem fosse;

Não evitava os pontos vitais, como sempre evitou;

Não poupava esforços, como sempre poupou;

Ela atacava com a intenção de matá-lo, intenção que jamais a viu direcionar a alguém.

Os dois não trocaram nenhuma palavra, mas a tensão, o clima entre eles era palpável, não por parte do Uchiha; este lutava com a mesma serenidade e sensatez de sempre.

Mas por parte dela… havia algo selvagem e extremamente fatal em seus golpes.

Ele a assistiu surpreender Itachi com sua velocidade insana desde o começo da luta. Tanto o seu Sharingan como o de Itachi previa o ataque, mas ela era tão rápida que não havia tempo hábil para se defender apropriadamente.

E olha que o Uchiha era rápido.

Então, numa estratégia de contingência depois de falhar em neutralizar tantos golpes, Itachi foi obrigado a invocar a defesa absoluta dos Uchiha: o Susanoo.

Aí as coisas subiram de nível.

Em algum momento daquela batalha insana, Sakura foi ferida em um ponto vital pelo humanóide gigantesco depois de minutos tendo sucesso em se esquivar, então ativou o Selo da Força de uma Centena que a lendária Sannin Godaime Hokage também carregava e a regeneração assustadora em tempo real mostrou que ela era capaz de superar qualquer dano e aguentar lutar tranquilamente por dias sem perder potência destrutiva.

Foi quando ela se concentrou apenas em sua monstruosa força bruta e conseguiu algo que ninguém nunca conseguiu: superar a defesa absoluta Uchiha.

O Susanoo surpreendentemente primeiro trincou nos pontos em que ela golpeou repetidamente, minutos depois, para espanto dele, ela o quebrou no soco, como se fosse feito de vidro, aparentemente sem muito esforço.

Quebrou no soco.

No soco.

Porra! O quão forte aqueles punhos poderiam ser para quebrar o Susanoo no soco?

Atravessando a defesa absoluta, a recém-Akatsuki voou para cima do Uchiha, grudando com a mão esquerda o pescoço dele.

E aí ela abriu os olhos e naquele olhar esmeraldino havia algo frio, sombrio… o verdadeiro ódio.

Como um olhar podia ser tão doce, gentil e amável - que ela direcionou aos aldeões da Vila que Konan e ela salvaram - na mesma medida que poderia sucumbir ao ódio daquele jeito?

Assistiu quando Itachi finalmente conseguiu uma oportunidade para usar seus olhos e mergulhá-la num genjutsu que ele sabia que seria cruel. Itachi sempre foi cruel

O Selo da Força de uma Centena foi desativado involuntariamente e os olhos arregalados mostraram as esmeraldas banhadas em lágrimas que, uma por uma, escorreu pelo rosto alvo, mas havia um porém: ela não se entregou à tortura psicológica.

Tamashī no Aki no Jutsu - Técnica do Outono da Alma. — os lábios da garota sibilaram mecanicamente.

Da onde eles estavam, não dava para ouvir, já que ela parecia fraca demais até para falar, mas o Sharingan dele permitiu-lhe ler os lábios.

De alguma forma, ela conseguiu ativar uma das suas técnicas mortais que moviam os traços negros de seu antebraço e corria por sua mão em direção ao pescoço que segurava rudemente.

Ela poderia cair, mas o levaria consigo.

Ele deveria interferir naquela batalha para não perder um de seus melhores peões? Porque se aquilo continuasse, porque estava claro que nenhum dos dois pediria arrego, tanto Sakura quanto Itachi corriam o risco de morrer e a balança estava bem equilibrada, de modo que não fazia ideia de quem seria o sobrevivente.

Não poderia perder nenhum dos dois, eram grandes peças para seu jogo.

Um sorriso fraco despontou o canto dos lábios dela, atraindo sua atenção.

Era desprezo;

Ódio;

Vingança;

Mas o que ela estava vingando?

A Vila?

Então sentiu um sorriso domar os próprios lábios.

Não, não era uma Ninja honrosa vingando sua Vila… tinha algo mais ali, ele só não sabia identificar o quê.

Não ainda...

Mas descobriria, porque aquela garota continuava sendo uma verdadeira incógnita e ele não gostava de incógnitas, porque incógnitas o fazia lembrar dela… da única garota que foi capaz de amar e permanecer amando mesmo depois de tanto tempo e sofrimento.

A técnica de Sakura finalmente fez algum efeito. De longe era possível ver o Sharingan de Itachi desativar e os olhos voltarem ao tom negro, embora o olhar estivesse entregue.

Os dois caíram de joelhos um em frente ao outro, mas a mão dela continuava grudada no pescoço dele, os dois pares de olhos continuavam presos num vínculo visual. As ramificações e flores de Cerejeira continuavam tatuadas da mão dela para a pele dele.

E o fim da luta por fim chegou.

Mas ela não venceu porque era mais forte, não ainda, pelo menos.

Ela venceu porque estava mais determinada a matá-lo do que ele estava determinado a viver.

Por quê?

Por que Uchiha Itachi não queria mais viver?

Para onde foi aquela determinação de provar seu poder?

O que ele viu em Haruno Sakura para sentir que morrer por suas mãos lhe traria a paz que almejou por todos esses anos?

As lágrimas dela pararam de escorrer, os lábios dela pararam de tremer e o sorriso dela alargou torcido, com escárnio enquanto o encarava.

Olhos nos olhos, como se não houvesse três espectadores, como se não houvesse mais ninguém no mundo além deles.

E algo no que ela viu nos olhos dele a fez franzir o cenho e estreitar os olhos.

O que ela viu?

A mão agarrada ao pescoço vacilou e tão logo tremeu, o largou, como se tivesse se queimado.

Havia compreensão no olhar assombrado dela na direção dele e mesmo que ele tenha tombado parcialmente para o lado, precisando usar a mão para se apoiar contra o chão, Itachi continuou a encarando.

Ele não conseguia ver o que o olhar do Uchiha transbordava para assombrá-la daquele jeito e estava quase indo até lá para conferir com os próprios olhos, se não fosse ela expressar repentinamente raiva pela face contorcida e agarrar o rosto dele com a mão direita bruscamente.

Itachi estava tão entregue que sequer se moveu para fugir do contato.

Ela aproximou o rosto do dele, encarando-o com fúria.

— Eu prometi a mim mesma te fazer pagar, mas não será necessário. — ela disse entredentes, forte como um rugido, com maxilar tenso e olhar afiado transbordando desprezo — Você já está condenado.

Mas o que estava acontecendo?!

Pagar pelo quê?

Condenado pelo quê?!

Estava enlouquecendo com a falta de respostas para as perguntas que surgiam a cada segundo!

Fukkatsu no Haru no Jutsu - Técnica da Primavera da Ressurreição. — ela soprou em seguida, fazendo os galhos de flor de Cerejeira percorrerem do seu antebraço direito para o rosto dele e posteriormente para o corpo viril inteiro; — Esse será seu castigo: você ainda vai viver por muito tempo e será consumido pelos seus pecados até que sua alma sucumba ao desespero e remorso. E se você morrer antes disso, eu vou trazê-lo de volta e vou garantir que seu destino se cumpra. É uma promessa.

Tobi não ouviu o que ela disse, assim como Pain e Konan que estavam ao seu lado, mas a leitura labial feita pelo Sharingan o permitiu saber o que foi dito e então soube que a vida que tirou dele anteriormente, por algum motivo que não conseguia entender, estava sendo devolvida naquele exato instante, como ela havia feito com o governante há dias atrás.

Itachi condenado? Pelo quê? Pelos pecados?

Tudo o que ela disse… foi no sentido figurado ou literal?

Como ela o traria de volta da morte? A suposição dele de dias atrás estava certa? Ela realmente manipulava a vida e a morte como bem entendesse?

Deus, a cabeça dele estava dando voltas!

Minutos depois Sakura sorriu com escárnio mais uma vez antes de soltá-lo com um empurrão, levantando-se.

Passou alguns segundos encarando-o de cima, com uma superioridade que nunca pensou que alguém teria sobre o prodígio Uchiha Itachi, e depois lhe deu as costas, andando na direção dos demais membros espectadores.

Diferente de antes, não havia emoção alguma nos olhos claros, nem na expressão facial.

Sakura adotou sua postura indiferente, semblante despreocupado e olhar tedioso de sempre e se aproximou calmamente como se não tivesse feito nada demais.

— Isso é suficiente ou há algo mais que preciso provar? — perguntou assim que os alcançou.

Só o que fez foi olhar para a silhueta de Itachi atrás dela, levantando-se com calma, e depois para ela.

Mais uma vez não conseguiu pensar em piadinhas, nem conseguiu dar risadas ou qualquer coisa do gênero.

— Não. É suficiente. — Pain respondeu.

Pasmo, observou-a assentir pegando o manto negro com nuvens vermelhas no chão e colocá-lo, só para depois amarrar a bandana riscada no braço direito e colocar o chapéu de palha.

Ela já tinha se retirado, Pain e Konan já tinham feito comentários sobre a interessante luta que lhes proporcionou e Itachi já tinha aprovado a nova parceira quando ele finalmente caiu em si, percebendo que talvez não seria tão fácil assim desvendar aquela incógnita ambulante.

Em pouco tempo ela o deixou confuso, fez Konan mudar sua visão sobre o mundo e Uchiha Itachi se entregar à morte.

Havia algo que aquela garota era incapaz de fazer?

[...]

NOTAS FINAIS:

Quero deixar claro que não nerfei o Itachi viu? Vamos esclarecer alguns pontos (caso não tenha ficado suficientemente claros): Sakura só venceu o Itachi porque ele desistiu de viver;

A luta foi mais psicológica do que física se prestarem bem a atenção. Havia mais em jogo do que apenas habilidades e poder. Considerem isso;

E considerem também que Itachi já está doente e, de certa forma, enfraquecido.

Talvez mais para frente eu traga o ponto de vista dele ou talvez eu apenas narre superficialmente o que passou pela cabeça dele enquanto estava lutando contra a Sakura… não sei, estou decidindo ainda.

O que acham? Seria uma boa ideia?

O capítulo dele já está pronto, mas só pensei na possibilidade de abrir isso aqui agora, então se acharem que vale a pena inserir mais para frente, eu o farei sem problemas.

Fora isso… o que acharam? Gostaram de todas as informações que esse capítulo trouxe?

E sobre o Tobi, bom, já adianto que não vai rolar TobiSaku ou ObiSaku, ok? Espero que isso tenha ficado claro no capítulo que não há nenhuma conotação romântica entre os dois rsrs

É isso! Aguardo o feedback de vocês!

Até sexta-feira que vem!~*

Obs.: Caso queiram ter prévias de capítulo, spoiler e interagir comigo além daqui, me sigam no Twitter por SenpaiNani, Instagram por NaniSenpaiNK e Facebook por Haruno Sah ou Nani Senpai!

Obs.²: Gente, como falei lá em cima, a capa foi desenhada pela Bia Coliath por encomenda para essa fanfic. Caso tenham interesse nos trabalhos dela, segue os links:

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Obs.³: Eu não sei vocês, mas quando Sakura disse: "Esse será seu castigo: você ainda vai viver por muito tempo..." para o Itachi, eu tive duas reações: me arrepiei todinha pensando no quão foda essa mulher é e senti pena do Itachinho, porque… né? Vocês sabem o porquê kkkkkk

E vocês? Se sentiram assim também? =P