Haviam apenas dois motivos para eu estar parada firmemente em frente a sala do meu chefe as 7 da manhã.

Primeiro, eu estava decidida a acabar com essa loucura entre nós.

Segundo, ele precisava me contar toda a verdade por trás da história. Afinal quem era essa garota? E por que ele insistia em dizer que eu era ela?

Esse havia sido um dos meus piores finais de semana – tirando aquele que passei na casa da família de Rose que definitivamente foi o pior. Eu não conseguia tirar da minha cabeça o que havia acontecido no sábado e também não parava de pensar naquele olhar que havia visto nos olhos do Sr. Cullen.

Quer dizer, isso é irracional e completamente sem sentido.

Magoado?

Não, não... Tudo isso não deve passar de um engano. Eu nunca o vi ou cheguei a conhecê-lo antes. Como poderia fazê-lo sentir qualquer coisa por mim? E eu também sou incapaz de magoar uma pessoa. Provavelmente.

Bom, a questão é que temos que resolver isso, de um modo ou de outro.

Entretanto, qualquer convicção que eu tinha foi por agua abaixo quando Edward entrou pela porta e estancou ao me ver. Seus olhos se estreitando perigosamente como se avaliasse um inimigo.

Essa merda meio que me machucou.

– O que você faz aqui? – perguntou com a voz baixa e calma. Isso definitivamente é mais assustador do que escutar seus gritos.

– Eu queria... Conversar – comecei com cuidado. Havia planejado tudo para ter uma conversa saldável e amigável, por isso gentilmente pedi a Rose para sair da sua sala enquanto falava com nosso chefe. Bom... Acho que pedir não é palavra certa, eu meio que a expulsei. – Sobre sábado.

Ele tomou uma respiração profunda e deu alguns passos em minha direção.

– Onde está a Srta. Halle? – perguntou deixando-me confusa.

– Ela foi buscar seu... Café? – era para ser uma afirmação, mas saiu mais como um pergunta.

– Mande-a a minha sala assim que chegar – disse virando-se para sua sala e antes que desse o primeiro passo minha mão involuntariamente agarrou seu braço, impedindo-o de ir.

Ele para imediatamente e baixa lentamente a cabeça para minha mão antes de olhar para mim. Fico surpresa e um pouco assustada ao ver a frieza em seus olhos duros e baixo a cabeça.

– O que acha que está fazendo? – pergunta e retiro minha mão rapidamente, torcendo-as nervosamente antes de criar coragem para encará-lo.

– Sr. Cullen acho que devemos conversar.

– Conversar? – solto um riso seco e sem humor. – Conversar sobre o que? Você deixou tudo claro quando falamos da ultima vez. Não quer se aproximar de mim? Tudo bem – escolheu os ombros como se não o importasse. – Mas agora eu não a quero perto de mim. Então faça um favor a nós dois e se mantenha longe, entendeu?

Eu estava de queixo caído com o que acabei de ouvir. Isso era um completo absurdo.

– Eu fiz uma pergunta Srta. Swan – falou erguendo as sobrancelhas esperando uma resposta e apertei a mão em punho trincando os dentes.

– Sim Sr. Cullen. Eu entendi.

O pior de tudo não foi ter que escutar suas palavras duras e humilhantes. O pior foi ter que ver seu sorriso debochado no final, como se dissesse "boa menina" antes de caminhar em toda sua arrogância para sua sala.

Conversa amigável uma ova.

Essa foi uma declaração de guerra.

...

Uma semana passou.

A pior semana da historia.

Edward, puf... Sr. Cullen e eu temos nos evitados desde aquele dia e isso realmente foi o melhor a se fazer.

Mas isso não me impedia de me irritar toda vez que eu o via, seja por apenas alguns segundos ou escutar sua voz no telefone. Até a mesmo apenas a menção do seu nome era capaz de me por rangendo os dentes e ter pensamentos psicopatas.

Tenho que confessar que isso estava se tornando estranhamente doentio.

Rose tem feito tudo que pode, mantendo-o mais longe possível de mim e me incumbindo de tarefas longe o suficiente. Meus pés eram prova viva disso.

Felizmente Alice havia nos convidado para ir a sua casa quando eu já estava indo a loucura. Um pouco de distração seria bom, na verdade é maravilhoso.

– Eu não o entendo – dizia Rose enquanto manobrava o carro para fora da garagem depois de mais um olhar afiado do nosso chefe para mim. – Por que ele parece te odiar tanto?

– Talvez ele esteja nos dias da morte – dias da morte é como eu me referia a aqueles malditos dias do mês.

Rose solta um riso e balança a cabeça.

– Mas não vamos mais falar sobre isso – digo soltando meus cabelos do coque horrível que havia feito. – E nada de falar isso a Alice. Eu já tenho o suficiente do meu chefe no meu pé, não preciso que a baixinha o faça também.

Ela balança a cabeça e sorri, mas não diz nada.

Em apenas poucos minutos chegamos à casa de Alice e Jasper e merda, não foi uma boa ideia entrar sem avisar nossa presença. Encontramos os dois em posições muito improprias em cima do sofá da sala.

– Oh Deus! Meus olhos! – gritei cobrindo os olhos com as mãos e ouvi Alice bufar.

– Não faça um escândalo sua maluca, você não viu nada demais.

Olhei entre a abertura dos dedos e Alice tinha uma careta enquanto colocava seus seios falsos em seus devidos lugares.

– Ew Alice, precisava mesmo fazer a festa com Jasper no sofá quando você sabe que vamos chegar? – torci o nariz com nojo e ela rolou os olhos.

– Não estávamos transando, então não há o que reclamar. E Rose, pare de corar como uma virgenzinha, nós sabemos muito bem que você não é uma santa – reclamou levantando-se e tentando colocar a bagunça em seu cabelo em seu lugar. – E sim, eu sei do que aconteceu em Vegas.

Oh céus, Alice não disse isso.

Eu fechei os olhos com força mordendo o lábio e quando os abri pude ver o olhar chocado de Rose e a cor parecia ter fugido do seu rosto.

– O q-que... Co-omo... – ela gaguejou com o rosto em chamas e olhou para mim.

– Não fui minha culpa – me defendi levantando as mãos. – Alice me obrigou a falar. Ela me embebedou.

Realmente eu não tive a intenção de contar sobre a pequena "aventura" que tivemos em Vegas. Na época estávamos bêbadas e frustradas sexualmente, então Rose se fingiu de muda e conseguiu curtir a noite com um cara. Claro que eu não passei o resto da noite sozinha e me diverti bastante com um David alguma coisa.

O que acontece em Vegas, fica em Vegas.

Mas Alice me fez beber como um gamba depois de uma aposta e por fim acabei falando sem perceber.

– Você não engana ninguém com essa carinha Rosalie – Alice disse a provocando e a fazendo ficar, se possível, mais vermelha.

– Deixe-a em paz Alice – Jasper falou sorrindo levantando do sofá e piscou para Rose. – Eu adoraria conhecer seu lado dominador algum dia Rose.

O queixo de Rose caiu e ela olhou para Alice, que não parecia nem um pouco incomodada com o comentário do seu noivo.

– Engraçadinho – resmungou cruzando os braços quando Alice e Jasper começaram a gargalhar.

Revirei os olhos com a cena. Esses dois adoram provocá-la.

Felizmente antes que as bochechas de Rose começassem a pegar fogo, fomos levados para cozinha para jantar. O que era muito bom, pois eu estava morrendo de fome.

A noite estava sendo agradável e divertida, como sempre acontecia quando nos reunimos, e felizmente eu pude tirar um pouco a cabeça do meu trabalho e esquecer o chefe maluco.

E eu realmente precisava disso, de um momento como esse, ou iria acabar enlouquecendo.

Porém tudo mudou quando Alice revolveu tocar em um assunto.

– E como está saindo o plano? – Alice pergunta animada e curiosa e Rose abriu um sorriso tímido.

– Eu não o vi muito essa semana, mas alguns dias atrás quando ele me viu pareceu um pouco impressionado eu acho.

Bom, isso era meio obvio.

Eu não conhecia um homem naquela empresa que não tivesse não olhado para uma parte especifica do corpo de Rose depois que ela fez sua pequena "mudança" no vestuário.

– Isso é ótimo! – Alice bateu as mãos animada e Jasper franziu o cenho. – O próximo passo é você falar com ele.

Enquanto eu me divertia vendo Rose quase engasgar com a própria saliva, não havia percebido a confusão no rosto de Jasper.

– Do que vocês estão falando? – perguntou e olhei confusa para Alice.

– Você não falou pra ele?

Alice rolou os olhos e escolheu os ombros.

– Não era necessário.

– Falar de que? – Jasper perguntou e foi minha vez de rolar os olhos.

Como Alice não falou do plano para Jasper? Ele é quase como um irmão/melhor amigo de Rose.

– Sobre o plano maluco da sua noiva – falei e seu vendo seu olhar vago continuei. – Alice criou um plano para Rose conquistar o irmão do nosso chefe.

Os olhos de Jasper aumentaram e ele olhou imediatamente para Rose que parecia um tomate maduro.

– Por que você aceitou isso?

– Oras Jasper – falei revirando os olhos. Ele às vezes é tão tapado. – É claro que é porque Rose está caidinha por ele.

– O que? – perguntou incrédulo, seus olhos arregalados em surpresa. – Você está apaixonada por ele Rose?

– Sim – admitiu e, embora estivesse vermelha, ela não parecia assustada como na primeira vez.

Jasper ficou em silencio por um momento, ele ainda parecia um pouco chocado, mas de repente sua expressão ficou séria e quando eu achei que ele ia fazer todo aquele lance de irmão amoroso, mas protetor, e dizer que iria arrancar as bolas dele se a machucasse – sim, eu ando vendo muitos filmes, processe-me – eu me surpreendi e fiquei completamente chocada com o que ele falou.

– Você não pode.

Eu, Alice e Rose estávamos simplesmente sem palavras.

– O que... – Alice tentou colocar alguma palavra na sua boca, mas ele a impediu de continuar.

– Você não pode estar falando sério Rosalie.

Eu não sei se estava mais chocada por sua negação ou se pelo fato dele ter a chamado pelo nome completo.

– Eu estou – Rose disse decidida e ela parecia estar começando a ficar irritada. – Eu estou apaixonada pelo irmão do meu chefe. Qual o problema disso? Eu o amo Jasper e eu esperava que você me apoiasse nisso.

– Você só pode estar brincando! – ele passou a mão pelo cabelo e balançou a cabeça. – Você o ama? Ele nem presta atenção em você e você o ama?

– Sim! Eu o amo! – ela gritou nos assustando. – Você mais do que ninguém deveria saber que não existe explicação para o amor! Você ama Alice! Como tem o direito de falar que eu não posso me apaixonar? Posso nunca ter me apaixonado antes, mas eu sei o que é esse sentimento e você não vai me impedir de senti-lo!

– Você se escuta? – Jasper tinha as feições transfiguradas pela raiva e abre um sorriso debochado e sem humor, e eu odiei. Esse não era o Jasper que eu conhecia. O que diabos está acontecendo? – Ele vai destruir você. Você não passa de uma garotinha para ele, não se deixe enganar. Caras como ele só querem uma coisa e ele não vai hesitar para se enfiar entre...

O barulho foi alto e carnal.

Todos olhamos surpresas para Alice quando ela deu um tapa no rosto de Jasper, até ele mesmo parecia chocado.

– Você se escuta Jasper? – repetiu a pergunta, seus olhos em fenda e carregados pela raiva. – Como VOCÊ tem o direito de dizer isso para Rose? Você não é o pai dela ou seu irmão. Ela é apenas sua amiga! Então acho melhor você começar a agir como tal ou não apareça mais na frente dela até que cuide dos seus malditos problemas! Posso ser sua noiva e te amar, mas se você ousar falar assim outra vez com a minha amiga ou deixá-la nesse estado novamente – apontou para Rose que tinha os olhos magoados cheios de lágrimas. – Não vou hesitar e realmente vou fazer você engolir suas malditas palavras.

Jasper olhou-a por um longo segundo, a tensão presente no ar em ondas, e partiu em direção a porta sem dizer nenhuma palavra.

Os ombros de Alice caíram e ela levantou os olhos tristes para mim.

– Eu vou atrás dele – falei, tocando levemente seu braço e tentando oferecer algum sorriso. Olho para Rose que ainda tinha os olhos grandes assustados cheios de lágrimas antes de voltar a olhar para Alice. – Cuide dela, por favor, eu vou cuidar dele.

Viro-me para sair, mas antes que o faça sinto sua mão na minha.

– Obrigada – murmura e dou-lhe um aperto de leve antes de sair para o mesmo caminho que Jasper.

Saio pela porta e imediatamente alivio me domina quando percebo que ele não saiu realmente. Encontro-o sentado nos degraus da escada da varanda com a cabeça entre as mãos e os ombros caídos.

– Jasper? – me aproximo com passos lentos e toco em seu ombro, fazendo-o virar a cabeça em minha direção.

Ele força um sorriso ao me ver e sento ao seu lado.

– Você sabe que ela pode cuidar de si mesma – digo e ele assente virando a cabeça para frente.

Ele observa a paisagem por um longo tempo antes de falar.

– Eu sei Bella. Eu sei que Rose sabe cuidar de si mesma e sei que o que fiz foi irracional – ele para e toma uma respiração profunda. – Eu apenas...

– Apenas? – incentivo-o quando ele para de falar e balança a cabeça. – Jasper?

Coloco a mão em seu ombro e ele vira a cabeça na minha direção. Meus olhos aumentam em surpresa com o que vejo em seu rosto.

Jasper não estava apenas preocupado.

Havia algo.

– Você... Você – paro sem saber ao certo como continuar. Isso era tão errado em todos os sentidos. – Você está com... Ciúmes? Ciúmes da Rose?

– Eu... – ele hesita antes de falar e fecha os olhos com força como se confessasse um crime. – Eu estou.

Minha boca cai e eu não sei o que falar.

– Mas...

– O que? – ele solta um riso sem humor e balança a cabeça voltando a olhar para frente. – Isso é um absurdo? Sem sentido? Acha que não sei? Acha que não sei que o que estou sentido é algo totalmente errado? – ele suspira e baixa a cabeça. – Eu... Eu sei que isso não pode acontecer, que não deve acontecer. Alice e eu estamos noivos e ela me ama, nós somos felizes... Eu apenas não consigo mais. Antes ela era Rose, minha melhor amiga, mas agora... Agora ela é algo mais, agora ela parece brilhar para mim é a única pessoa que eu consigo ver.

Fico em silencio tentando absorver suas palavras e me beliscando para ter certeza que isso é à realidade.

Isso era um completo absurdo. Não existiam palavras para descrever. Era tão errado só pensar.

Alice e Jasper sempre foram meu segundo casal ideal, os dois se amavam tanto. Como isso poderia ser possível?

– Eu sei o que está pensando e acredite, penso o mesmo – ele solta o ar pesadamente e se coloca em pé. – Vou procurar um modo de concertar as coisas, vou me afastar por enquanto... Eu tenho que tirar isso da minha cabeça... Apenas mantenha isso em segredo – ele me olha e seus olhos carregam tanto pesar e tristeza que não posso fazer nada mais a não ser assentir. – Obrigado.

Ele desce os poucos degraus e atravessa o jardim para o outro lado. Seus ombros baixos como se tivesse a responsabilidade de carregar o mundo sobre suas costas.

E talvez tivesse.

O mundo de Alice e o de Rose dependiam das suas escolhas.

E isso poderia mudar para sempre a nossa amizade.

Fecho os olhos e solto o ar pesadamente enquanto me inclinava para trás. Isso é uma droga.

O amor é uma droga.