Nota da autora: Sete meses depois, apareceu finalmente o capítulo :) Bem, eu estava revisando a história e tentando postar em outros lugares, mas fazer isso deu muito trabalho e tomou meu tempo. Decidi deixar de postar em outros lugares pra me dedicar só a este lugar (e talvez ao AO3). Penso que, ao terminar a história, postarei em outros lugares. Eu ia postar na semana passada, mas só agora vou consegui revisar o capítulo. Mandei também um preview do capítulo pra vocês. Espero que tenham gostado, hahaha.

Bem, como dito... várias coisas estão acontecendo ao mesmo tempo. E temos algumas lutas pela frente. Eu espero que vocês gostem do que escrevi. Não sei se sou boa em descrever essas cenas, hahaha. Vocês podem me falar.

Muito obrigada a quem comentou nos últimos meses e não deixou este fic cair no esquecimento: Lan Ayath, Ayame Tarimoto, Bia, Cindy-chan (mandei mensagem pra você aqui), Culpoabebida, Kuchiki Rin-sama, amazing taisho, Shanthiyen, kahdi, Hikaricosta e a todos que comentaram anonimamente :)

Agora vai ser mais rápido para atualizar, prometo. Lembram quando do nada eu postei quatro capítulos em menos de um mês ano passado?

Comentem se acharem o capítulo digno de um review. Ah, estou escrevendo vários one-shots SessRin e postando aqui. Ontem postei um chamado Flor de Calêndula e vai ser bem fofinho. Leiam e comentem, por favor.


Disclaimer: Os personagens de "InuYasha" pertencem a Takahashi Rumiko.

A cor do dinheiro

Capítulo 25: A mão direita da destruição

Para Lan Ayath.

Mansão Akai

Rin tinha ainda um largo sorriso no rosto ao olhar com imenso interesse o anel que tinha nos dedos – dourado, vermelho brilhante, o novo nome gravado nele.

Aos olhos de Sesshoumaru, ela parecia extremamente satisfeita. Tanto que ainda não havia fechado os olhos e aparentemente não estava disposta a dormir.

Vejo que gostou do presente. – ele comentou.

Viu-a circular o anel no dedo. Havia ficado um pouco folgado, mas não o bastante para deslizar completamente pelo anelar. Só precisava fazer alguns ajustes, o que ele providenciaria em breve.

Bastante. – ela replicou. Ela não escondia o sorriso. A vida dela realmente havia mudado.

Agora não precisa mais temer por ser uma Shiroi. Você vai ter outra família agora.

A menção do nome fez com que ela parasse o movimento que fazia com o anel por segundos. Os olhos dela ficaram em alerta no mesmo instante por segundos.

Mas, tão logo apareceu, a sensação que poderia ser interpretada como insegurança sumiu.

Os dois ficaram em silêncio. Sesshoumaru aproveitou para abraçá-la mais forte, escondendo o rosto no pescoço dela. Era o jeito dele de convidá-la a dormir.

Para a surpresa dele, Rin parou de admirar o anel e virou-se na cama, ficando os dois frente a frente.

Posso sugerir uma brincadeira? – ela perguntou com os olhos brilhando.

Sesshoumaru arqueou uma das sobrancelhas.

Que tipo de brincadeira?

A (agora) esposa aproximou o rosto do ouvido dele e murmurou algo que o fez ficar com um brilho de alerta nos olhos.

Amarrar minhas mãos?

Um adorável rubor passou pelo rosto dela, mas ela corajosamente confirmou com a cabeça.

O jovem líder não precisava realmente daquilo, ainda mais porque poderia se atrasar para resolver algumas coisas naquela noite. Mas ela estava animada e feliz. Ele queria deixá-la daquela forma, sem a mínima preocupação sobre o que aconteceria naquela noite.

Tudo bem. – ele concordou.

Rin deu outro sorriso e, feliz, pulou da cama. Ele a observou ir até o banheiro do quarto nua e voltar de lá usando um roupão de seda cor de salmão e segurando duas faixas do roupão de banho feito de algodão. Uma pertencia ao dele e a outra era do dela.

Ligeiramente insegura, ela retornou à cama com uma faixa em cada mão. O rosto estava ainda com um pouco de vermelho.

Era interessante demais observá-la. Ela estava toda insegura e, mesmo assim, tentava ser corajosa. Sempre tinha sido ele a tomar as iniciativas no relacionamento entre eles, desde o começo, inclusive forçando-a a falar dos medos e sobre alguns segredos dela.

Era por isso que ele não tinha falado "não" naquela hora, mesmo sabendo o que poderia ocasionar o atraso dele no plano que levou dois meses para organizar.

Onde você vai amarrar? – ele perguntou, trazendo-a para mais perto de si, as mãos dele deslizando pelas costas dela. Sentiu que ela usava alguma coisa por baixo do roupão.

Na cama. – ela respondeu com os olhos vivos e testa ligeiramente franzida.

A seu dispor. – ele estendeu a mão esquerda para ela.

Um pouco relutante e insegura, ela colocou um joelho na cama e curvou-se sobre o (agora) marido. Pegou a mão direita e envolveu a faixa de tecido nela, encostando-a em uma das barras de madeira da cabeceira. Os seios dela estavam próximos do rosto dele e, de brincadeira, ele ameaçou morder o bico de um deles, a boca tentando alcançar o alvo com lábios e dentes enquanto ela se afastava.

Para... – ela pediu.

Eu achei que a brincadeira já havia começado. Consigo ver que está usando algo por baixo. – ele explicou na expressão mais serena dele – Está usando algum espartilho aí?

Rin reprimiu o sorriso e tentou ignorá-lo. Deu um nó com o tecido e depois outro.

Afastou-se um pouco para dar um sorriso meio inseguro.

Eu não sei se estou fazendo certo. – ela murmurou.

Está tudo bem. – ele deu um puxão. Não estava forte e nem tão frouxo – E a outra mão?

Rin mordeu o lábio inferior e passou para o outro lado da cama.

Em vez de esperar que ele estendesse a mão meio que em rendição, ela pegou o pulso sem esperar que o esposo autorizasse ou estendesse o braço espontaneamente.

Aquilo fez com que acendesse um sinal de alerta nele para as ações dela.

Enquanto tentava posicionar a mão na barra, ele observou aquelas delicadas feições. Rin não parecia mais constrangida ou tímida: estava estranhamente nervosa e agitada.

Rin? – ele a chamou.

Sem resposta. Ela parecia concentrada em fazer os nós e o ignorou.

O que exatamente você está fazendo, Rin?

A garota parou o que fazia por alguns minutos. Ele notou um brilho diferente no olhar dela, uma mistura de receio, medo, coragem e também determinação. De novo, ela ficou muda e agilmente terminou de amarrá-lo, deixando-o imobilizado.

Rin. – ele avisou de novo.

Viu-a afastou-se mais e mais da cama.

Você não vai enfrentar Bankotsu. Eu não vou deixar.

O olhar dele estreitou.

Alguém havia passado aquela informação para ela. Mas quem? Hakudoushi? Miroku? InuYasha?

Como se tivesse lido os pensamentos dele, ela falou:

Kagome-chan me contou o que vai acontecer. Você quer enfrentá-los. Eu não vou deixar que machuquem você.

Sesshoumaru pensou rápido sobre o que deveria fazer. Se foi realmente Kagome quem contou, ela sabia que contaria com a proteção de Kikyo ou de Inuyasha.

E aquela mulher sabia também que estaria fora do alcance discutir com ela para tirar satisfações.

E o que você pretende fazer? – ele arriscou a pergunta. Talvez pudesse arrancar mais informações sobre o quanto Rin sabia.

Eu mesma vou falar com eles.

Determinada, ela caminhou em direção à porta do aposento. Ela ia realmente deixá-lo ali amarrado?

Rin. – a voz dele tinha um tom mais ameaçadora. Ele percebeu o estremecimento dela ao ouvir.

Mas teve o efeito que queria. Ela parou a mão na maçaneta da porta e virou-se para olhá-lo, a outra mão fechada num punho próximo ao coração.

Você não vai me fazer mudar de ideia. – ela quis ser mais ameaçadora com os olhos, mas, infelizmente, sem sucesso. Ela estava extremamente graciosa com o roupão de seda, os cabelos longos e negros soltos, rosto corado num adorável e tentador vermelho.

Venha aqui, por favor. Vamos conversar. – ele tentou, a mente trabalhando em alternativas para solucionar aquela situação sem apelar para outros meios.

A mão perto do coração continuou fechada num punho, a aliança cheia de rubis visível no gesto. Ela parecia controlar o ritmo cardíaco mais acelerado daquele jeito.

Finalmente, ela decidiu retornar para a cama, os passos meio que calculados como se estivesse chegando a um precipício e soubesse que conseguiria sobreviver se pulasse.

Sente-se, por favor. Eu só quero conversar.

Rin aproximou-se, mas não sentou.

Você acha que o seu meio-irmão não vai fazer nada quando você aparecer na sua antiga casa para conversar com ele?

Eu sei que ele vai tentar alguma coisa, mas... – ela mordeu o lábio inferior de novo, a testa franziu – Mas eu ia pedir pra Miroku-sama e Sango-sama irem comigo.

Não sabia então do andamento do plano, Sesshoumaru percebeu.

Eu só queria resolver a situação pra ele não nos atacar e nos deixar em paz agora. – ela justificou, colocando os joelhos na cama e subindo para abraçar o torso dele – Eu não quero perder mais ninguém! Eu não quero perder você! Eu não posso...

As imagens do meio-irmão e da madrasta antes de serem mortos passaram como flash na mente dela, tendo outro estremecimento. Sesshoumaru sabia no que ela estava pensando. Sentiu também que as lágrimas dela escorrendo pelo peito nu.

Eu... eu não posso perder você. Você é a única pessoa que amo agora. – ela murmurou contra a pele dele.

Os dois ficaram em silêncio, ouvindo apenas a respiração um do outro.

Rin...? – ele a chamou mais suavemente – Olhe para mim.

Fungando, ela levantou lentamente a cabeça, aproveitando para limpar os olhos marejados com a manga do roupão.

Você não precisa ter medo. Eu não vou deixar nada acontecer com você.

Rin sentiu a mão dele passar pelo rosto dela e fechou os olhos para sentir o calor dela. Ele era tão quente, tudo nele a fazia se sentir tão bem...

Abriu os olhos bruscamente ao se dar conta de que a mão direita que a acariciava estava solta.

Como foi...? – ela estava perplexa.

Você não amarrou muito forte. – ele falou, rápido e agilmente desamarrando a mão esquerda presa.

Rin se levantou depressa e tentou fugir, apenas para ser agarrada pela cintura e jogada na cama, gritando na ação. Uma das mãos a prendeu pelos braços no leito, acima da cabeça dela, as faixas do roupão agora nas mãos dele.

Novamente se viu por baixo de Sesshoumaru, olhos negros em alerta e assustados.

Talvez eu devesse usar isso aqui para amarrá-la e não deixar você sair da nossa cama a noite toda também. – ele a provocou – Eu ia ficar tocando o seu corpo até você se tremer toda.

O rosto dela estava corado, mas ele sabia que ela estava assustada ainda.

Sesshoumaru começou a abrir o roupão de seda, sem tirar os olhos do dela.

Ora, ora, olha só o que temos aqui.

Deparou-se com ela usando uma camisa branca dele e um short quadriculado que ela geralmente usava para dormir. Nada mais. Ele abriu a camisa sem se importar com os botões que voaram pelos quatro cantos do quarto e a viu de sutiã preto de renda, ela se contorcendo para se libertar das mãos dele.

Nada de espartilho mesmo? – ele tinha um olhar perigoso que a fez estremecer – Você ia sair só com isso? Quer pegar outro resfriado, minha Rin?

Totalmente à mercê dele, ela choramingou. Ele parecia bravo com ela.

Eu acho que estamos tendo nossa primeira briga de casal. – ele deslizou a mão direita pelo torso dela, pelo ventre, tocando com o polegar o bico dos seios por cima da renda para arrancar um gemido/suspiro dela.

Sesshoumaru... – ela ainda esperneava – N-Não...

Sesshoumaru deu um meio sorriso maligno e baixou o rosto para tomar um dos seios na boca, Rin gritando e se contorcendo ainda mais de olhos bem fechados.

Depois que os gritos de protesto cessaram e ela começou a relaxar, ele subiu o rosto para tomar os lábios de Rin nos dele, sentindo-a completamente envolvida naquele beijo. Parecia até que havia esquecido o que havia acontecido momentos antes.

Depois parou e esperou que ela abrisse os olhos para dar um meio sorriso.

Eu não vou sair de casa esta noite, amor. Não se preocupe.

Ainda com a respiração ruidosa, ela franziu a testa.

Não acredita em mim? – ele passou um dedo pelos lábios dela – Eu quero dormir com você, principalmente agora que você aceitou meu pedido.

A testa continuava franzida em dúvida.

Não vai mesmo? – ela perguntou num fio de voz.

Não vou. – ele falou com firmeza, os olhos dourados confiantes.

Lentamente ele a soltou, mas continuou a tirar a roupa dela. Ouviu um gemido de protesto dela, como se o que ele estivesse fazendo fosse uma tortura.

Você não vai querer dormir com essa roupa, não é confortável. – ele explicou ao tirar o short dela.

Finalmente, quando ela relaxou e deixou-o fazer o que precisava, ele a puxou para si, o corpo completamente nu. Um braço envolveu a cintura e o queixo encontrou apoio no topo da cabeça dela.

Eu não quero perder você. – ela repetiu com a voz abafada.

Você não vai.

Antes ela não tinha a menor importância para a antiga família. Era tão descartável que ninguém ligaria se ela sumisse e fosse para outra cidade. Mas agora não. Ela tinha um nome mais forte. Ela tinha significado para os Akai. E se ela corresse algum perigo...

Vamos dormir, está bem? – ele falou suavemente – Amanhã podemos discutir nosso casamento e a mudança oficial do seu nome.

Sentiu os olhos dela piscarem contra o peito dele.

Okay. – ela falou sonolenta. Estava exausta. Se ela tivesse conseguido sair para cumprir o plano dela, provavelmente iria dormir no carro.

... Se ela corresse algum perigo, seria para atingir a este Sesshoumaru e a Bokuseno.

Boa noite, Rin. – ele deslizava a mão pelas costas dela, tentando tranquilizá-la.

Cerca de dez minutos depois, ela adormecia. Ouviu a respiração regulada, mas reparou que os olhos estavam trêmulos, como se ela tentasse lutar contra o sono.

Decidiu descansar um pouco mais com ela, cochilando um pouco. Ainda estava no horário. Quinze ou vinte minutos de descanso não seriam um grande problema. Deixou para descobrir só depois quem exatamente a ajudou a planejar aquilo.

Tinha certeza que de que não havia sido Kagome. E o irmão não ousaria contar nada e nem quebrar a confiança dele quando estava no último serviço antes de sair dos negócios da família.


Mansão Shiroi

Akai Miroku... – Takeda falou num tom debochado – Por quanto tempo vai ficar me encarando?

Os dois estavam ainda parados no meio do jardim, ignorando os corpos jogados por lá. De dentro da casa, conseguiam ouvir parte da confusão que reinava no interior. Pareceu a Miroku que estava acontecendo uma guerra entre quem estivesse lá dentro e Sango.

Meu líder quer saber algumas coisas – Miroku estava sério – Estou apenas tentando formular as perguntas aqui enquanto olho esse babyliss horrível no teu cabelo.

Deixa então eu perguntar umas coisas primeiro, já que você ainda está pensando.

Chutaí. – Miroku deixou.

Novamente escutaram gritos e insultos vindos da mansão.

Você não quer se juntar à nós? – Takeda perguntou num tom natural, como se a situação fosse propícia para fazer negócios.

Uma sombra passou pelo rosto de Miroku. Claro que não esperava uma proposta daquelas.

Eu me unir a vocês? – ele balançou a cabeça como se tentasse desfazer o momento em que ouviu aquela pergunta estúpida. Mas não era possível desfazer o momento.

O especialista em combates mano a mano da família Akai, ex-membro do grupo de extermínio de Bokuseno, o homem que matou o próprio pai. Não, meu caro, você é bem valioso.

Ao ouvir as informações coletadas a próprio respeito, o rosto de Miroku ficou ainda mais sombreado. Era possível ver apenas o brilho dos olhos – como se eles fossem duas brilhantes safiras escuras.

Uma memória da infância atravessou por segundos a mente. Nela, lembrou-se do pai atacando e espancando uma mulher – cujo rosto não lembrava, mas sabia que era a mãe. Eram vários momentos em dias diferentes, mas sempre fazendo a mesma coisa com ela, a ponto de ela um dia abandonar o filho com o pai e Miroku nunca mais ter notícias dela.

Outra lembrança que passou tão depressa foi a imagem dele segurando uma arma – uma criança que não queria mais apanhar do pai e apenas se defender. Ele o matou em um dos espancamentos e via-se assustado e, de certa forma, feliz porque aquele homem não mais se levantava para bater nele.

Depois daquilo, o irmão mais velho do pai, Akai Touga, o acolheu em uma nova família. Passou a morar com eles antes mesmo de nascer o primogênito dos tios, o primo Sesshoumaru.

Que bacana que você sabe tanta coisa a meu respeito. Fez também minha bio no Wikipédia? Uma página no Face?

Aquele Akai era exatamente como Takeda havia pesquisado.

Nós estávamos procurando mais pessoas como você, fortes e bem treinadas. Poderia trabalhar pra mim, que tal? Eu pago bem.

Miroku até piscou para saber se ele estava mesmo ouvindo aquela coisas.

Que porra de pergunta é essa? Eu sou da família que declarou guerra pro pessoal daqui dessa casa! O cavalo mordeu tua cabeça, foi?

Eu só acho um desperdício ter que matar você, só isso.

O jovem Akai deu um gargalhada tão alta, típica dele, e teve que segurar a barriga como se aquilo pudesse conter as risadas.

Não, obrigado. Coloca esse aviso nos classificados, tenho certeza que alguém vai ler e se candidatar.

Bem, é uma pena. – Takeda coçou a cabeça. Uma pena mesmo – E a sua pergunta?

Oh, sim... – Miroku ainda tentava esquecer sobre a proposta do outro – Qual é o papel da sua família nisso tudo?

Takeda franziu a testa, mas os olhos estavam em alerta.

Nós contamos apenas quatro famílias até agora tentando nos destruir. Começou bem antes dessa briguinha por causa de Rin-sama, não? Os Higurashi foram os primeiros alvos e vocês fizeram Kikyo nos atacar há alguns antes que o problema fosse esclarecido. Tudo isso é por causa de Bokuseno, certo? Qual família quer ficar no lugar dele? O que você vai ganhar com isso?

Oh, isso eu não posso contar essas coisas. – ele deu um sorriso – Só o que posso dizer é que você seria extremamente valioso pra todos nós. Precisamos muito mesmo de alguém como você.

É mesmo? Conta mais aí. – ele tentou ser mais persuasivo – Eu sou valioso de quê forma? Vocês oferecem plano de saúde também? Tem férias remuneradas?

Você tomaria conta de alguns negócios que já são da sua família. Teria até uma guarda, porque eu pretendo ficar com a da família Higurashi.

Então iriam dividir todos os domínios dos Akai, exatamente como Sesshoumaru publicamente avisou que faria com a família Shiroi.

Mas aquilo não era nenhuma novidade. Eles já sabiam do envolvimento dos Shiroi com outras três famílias para derrubar os Akai, Higurashi e os Ookami, aliados declarados de Bokuseno – o alvo principal ali. Sabia o que aconteceria se por acaso os adversários vencessem.

Takeda, no fim das contas, não ia revelar qual era o papel da família dele naquilo tudo.

Bem, já que não me falou nada de férias e nem do plano de saúde, eu vou ter que recusar. – Miroku coçou o ouvido com o dedo mindinho num tique que ele e Inuyasha dividiam na família – Além disso... a minha lealdade sempre estará com os Akai.

Parou de coçar o ouvido e falou no tom mais sério possível:

Saia do caminho.

De forma alguma. Tenho que deixar o carinha lá dentro dar a segunda surra na vida daquela mulher.

Um suspiro pesado por parte de Miroku foi possível de ser ouvido. Não estava preocupado com Sango porque ela faria um excelente trabalho naquela luta pessoal. Ele queria saber se Kouga e aqueles dois capangas haviam conseguido achar a coisa que Sesshoumaru mandou procurarem antes de terem que incendiar aquela mansão – cenário de várias tragédias na vida de Rin.

Era cansativo ter que arrancar a verdade de algumas pessoas e ele não tinha disposição alguma para aquilo no momento. Ele sempre deixava os interrogatórios para Hakudoushi – que sabia lidar muito melhor com pessoas.

Tchi. Tô perdendo meu tempo aqui com você, então. Sai da frente. Vou ajudar aquele palerma do Ookami.

Takeda deu um meio sorriso vitorioso, tirou uma arma do bolso interno do paletó e investiu rápido contra Miroku.

Em segundos o Akai já estava na frente dele envolvendo a mão do adversário com a direita num movimento ousado, guiando o disparo da arma para uma direção qualquer. Foi tão rápido e inesperado que Takeda deu um salto para trás, assustado.

Miroku manteve-se na mesma posição com a mão direita esticada, em cuja palma era possível ver diversas cicatrizes feitas por objetos perfurantes, um sorriso de triunfo e esperteza nos lábios dele.

Fez uma pesquisa tão boa a meu respeito e esqueceu sobre meu apelido? Você é um despreparado mesmo, cara.

Um "tchi" de desprezo veio por parte de Takeda.

–"A mão direita da destruição". – murmurou. O homem que consegue desarmar os inimigos com um único movimento, mesmo optando por se ferir pra conseguir chegar mais perto. Por isso tem tantas cicatrizes nessa mão, né?, ele refletiu.

Opa, então você não é tão inútil assim. – Miroku comentou, os dedos estalando ruidosamente – Vamos ver se é bom de briga.

O movimento e o estalo chamaram a atenção de Takeda, que novamente fez mira na direção do jovem Akai.

Ficaram novamente frente a frente.

O pessoal pensa que levo tudo na brincadeira, mas comigo a coisa é séria, rapá. – Miroku avisou – Melhor ir se preparando.


Mansão Akai

Hakudoushi descia lentamente as escadas do andar que levava ao quarto de Izayoi. Estava preocupado com a nova medicação que a tia estava tomando, alguns efeitos que não esperava que ela estivesse tendo. Para convencê-la a fazer alguns exames durante a semana foi outro trabalho.

A tia estava ficando cada vez mais e mais isolada. Era muito difícil acreditar que a mulher trancada no quarto agora era a mesma que havia treinado para torná-lo um especialista em artes marciais.

Estava preocupado também com o que aconteceria a família naquela noite. O plano do primo daria certo? Eles conseguiriam desarticular o esquema entre as famílias que queriam derrubar Bokuseno e os aliados?

A mente voou até o escritório de Sesshoumaru, onde havia deixado Kikyo sozinha a enfrentar Naraku. Claro que ela não estaria tão desacompanhada. No mínimo teria a guarda pessoal ali com ela.

Desceu mais um lance de escadas e viu-se sozinho no andar dos próprios aposentos. Ele iria ficar lá. O primo havia convencido de que não deveria se preocupar com nada, que não precisaria lutar.

A verdade era que Hakudoushi, que desde tenra idade foi membro da guarda pessoal comandada pela tia, foi do grupo de extermínio de Bokuseno, estudou muito, se formou, agora tinha protegidos...

O bem da verdade era que Hakudoushi via-se extremamente cansado. Ele não aguentava mais as intrigas, as lutas, disputas desnecessárias. Ele conseguia se ver ainda como membro substituto de Sesshoumaru nos negócios da família, mas apenas isso.

A imagem de Teru e Akiko em Oslo causou-lhe um certo conforto. Há tempos pensava em voltar para passar pelo menos um ano na Noruega, visitar o túmulo da mãe, fazer um passeio pela Suécia com...

Lembrou-se da proposta feita à Kikyo no escritório de Sesshoumaru, momentos antes de ela recepcionar uma pessoa. Será que ela não iria aceitar viajar por algumas semanas para conhecer aquela parte da vida dele?

Reprimiu um suspiro. Há tanto tempo que não ia lá. A verdade é que tanta coisa aconteceu para prendê-lo no Japão nos últimos anos... Nem visitar as crianças era possível por conta do trabalho, de Kagome grávida e da tia doente.

Hakudoushi! – uma voz que ele conhecia muito bem interrompeu os pensamentos dele.

Parou. Olhou. Franziu a testa.

Era Kikyo no outro andar. Andava apressada na direção das escadas. Geralmente ela vinha sozinha quando queria falar com ele, então...

Kikyo... – ele murmurou quando a viu subir os degraus mantendo a elegância de sempre, mesmo que pela voz parecesse estar agitada.

E onde estava a guarda pessoal dela?

Alguma coisa aconteceu com as crianças e eu não consigo falar com Kanna. – ela falou ao se aproximar.

O médico recebeu a informação com um baque. O cérebro, mesmo excelente em traçar estratégias rápidas, custou a processar a informação por alguns segundos.

Como você sabe que aconteceu alguma coisa?

Naraku. – ela parou na frente dele, o cabelo negro parando de se movimentar ao estancar – Ele me avisou que faria isso antes de morrer. Estou desde aquela hora tentando falar com Kanna e não consigo.

Hakudoushi franziu a testa. O maxilar também travou.

Como ele sabia sobre elas, Kikyo?

Viu-a estreitar os olhos no que parecia ser uma ameaça para ele. Era como se ela quisesse dizer que não era o momento de discutir aquele assunto.

Eu não sei como porque não contei nada sobre isso, mas aparentemente ele já sabia até sobre a sua ida para Sakai no último inverno.

Aparentemente, os dois precisavam discutir novas estratégias para proteger as crianças. Se já sabiam onde Hakudoushi estava naquele dia, então havia um grupo a par dos passos de Kikyo também.

Vamos conversar sobre isso. Acredito que esteja tudo bem com elas. Kanna não deixaria nada acontecer.

É claro que não deixaria. – ela cruzou os braços e empinou o nariz com altivez.

Vamos conversar sobre isso no meu escritório. Podemos ficar por lá até conseguirmos falar com Kanna. Já terminaram de limpar o escritório de Sesshoumaru?

Eu pedi...

Kikyo-sama. – uma voz soou próximo a eles, tão calma e cristalina que nem ao menos reconheceram quem era, a interrompeu.

Os dois olharam em direção à escadaria e viram, nos degraus que levavam ao andar inferior, Asuka completamente coberta de sangue.

A líder da guarda pessoal da família Higurashi tinha uma expressão tranquila no rosto, mas era completamente o oposto ao estado em que se encontrava. Rosto, cabelo, mãos... Tudo era sangue. Até as pegadas ali manchavam o piso de madeira.

Hakudoushi e Kikyo trocaram rapidamente um olhar de soslaio, voltando a atenção na figura feminina. Eles se perguntaram silenciosamente se ela havia escutado o que discutiam antes.

Vim terminar minha missão. – Asuka anunciou.

Missão?, foi a palavra que passou pela cabeça de Kikyo.

Eu mandei você ficar no escritório. – a líder tentou se mostrar firme, mas o homem perto dela sentiu a tensão – Vocês terminaram de limpar tudo aquilo?

Em vez de responder, Asuka avançou na direção de Hakudoushi com a katana em mão, para a surpresa dos dois.

Instintivamente, Kikyo empurrou Hakudoushi para o lado para tirá-lo do caminho, recebendo um golpe de Asuka no ombro, mas conseguindo se defender com uma adaga.

Asuka, o que está fazendo? – ela perguntou com raiva, os dentes trincados. Sentiu um líquido quente escorrer no ombro – Onde estão os outros?

Era uma pergunta inútil. Pelo estado de Asuka e a forma como estava agindo, ela já sabia o que tinha acontecido no escritório de Sesshoumaru depois que saiu de lá.

Asuka fez um pouco mais de pressão, mas hesitou por segundos ao sentir uma energia extremamente negativa por trás.

De soslaio, reconheceu o perfil de Hakudoushi de mão estendida na direção dela.

No outro segundo, já estava a pelo menos dois metros de distância dos dois, em posição de defesa, os olhos fixos no médico.

Havia toda uma história por trás daquele homem. Diziam que ele já havia sido namorado de Kikyo. Que era um homem inteligente demais. Que tinha sido treinado pela própria tia para ser o líder substituto de uma das guardas mais fortes da yakuza.

E agora ele estava ali parado na frente dela, os olhos com um brilho de raiva e uma sombra cobrindo metade do rosto.

Está desarmado.

Preparou-se para atacá-lo com katana em mãos, mas Hakudoushi foi mais rápido. No outro segundo já estava na frente dela, a mão novamente estendida para agarrar o pescoço.

Asuka novamente recuou. Com ele desarmado, eu posso...

Pra onde está olhando? – a voz dele ecoou no ouvido dela, sentindo a energia dele às costas.

Rápido demais, pensou ao girar ao girar o corpo e tentar golpeá-lo com a katana, a mesma que usara para atacar Kikyo.

A mão branca dele parou a dela antes de completar o movimento, enquanto a outra conseguiu chegar ao alvo pretendido: o pescoço desprotegido de Asuka, erguendo-a a centímetros do chão de madeira.

Tchi. – Hakudoushi zombou num tom de indiferença ao ter que soltá-la antes que Asuka usasse os pés para chutá-lo.

Novamente em pé, a ninja posicionou-se para atacá-lo.

Pra onde está olhando, Asuka? – a voz de Kikyo perguntou gentilmente no ouvido dela.

Não tão gentil foi o golpe que ela acertou na lateral do pescoço da agora ex-líder da guarda pessoal. Foi rápido e certeiro na jugular e tinha certeza que a garota nem havia percebido que aconteceu.

O corpo de Asuka caiu e Kikyo se viu ofegante na frente de Hakudoushi. O ombro ardia e logo ela teve que soltar a adaga para levar a mão ao local.

Depois de um segundo, ela tinha uma expressão aterrorizada no rosto. Havia matado Asuka de ímpeto e não ia conseguir qualquer tipo de informação. Quem havia dado a ordem de atacá-la? Ela matou todo mundo da guarda pessoal?

E como será que estava o escritório de Sesshoumaru naquele momento?

O ombro voltou a doer com força e ela chiou em protesto.

Kikyo! – Hakudoushi estava em um instante ao lado dela quando a viu arfar e fechar os olhos, como se aquilo pudesse conter a dor do local, ficando de joelhos no chão. O sangue escorria pelo braço e as gotas de sangue começaram a manchar o piso de madeira.

A garota não respondeu. Parecia, na verdade, assustada com o que havia acontecido. Sem pedir licença, tirou a mão dela e viu o blazer escuro molhado. Afastou o tecido e viu a blusa branca praticamente vermelha.

Maldição... – ele murmurou, sentindo já o suor escorrer pelo rosto.

Hakudoushi... – ela arfou, a mão ensanguentada cobrindo novamente o local do ferimento – Não é grave. Só está ardendo muito.

Deu um gemido alto ao tentar ficar em pé.

Vamos cuidar agora desse ferimento.

Novamente, sem pedir licença, ele a ajudou a se erguer e apontou para a porta do quarto.

Meu quarto.

A líder da família deu uma risada seca e irônica.

É a primeira vez que me leva para o seu quarto e ainda tem que ser numa situação dessas.


Próximo capítulo:

"-Har du tatt vare på alt selv?"

"-Aquele velho pilantra deve ter te enganado, Sesshoumaru."

"-Miroku, a gente tá com um problema aqui na casa. Adivinha quem chegou."

Capítulo 26: Fortes, francos, feridos, furiosos.