Na sala de controle tinha a presença de oito cadeiras. Umas estavam ocupadas, enquanto outras estavam vazias, pois alguns subordinados não conseguiram permanecer sentados por muito tempo.

Os olhares estavam voltados para a janela a qual dava para outra sala. Tendo em tal cômodo a presença de uma cadeira. A única que permanecera ali. Algumas horas antes tivera a presença de cinco delas.

Andrew estava sentado, tentando a todo custo manter a calma. Nunca imaginara que tal terrível castigo iria voltar com força total. Também nunca pensara que ele teria de ir pessoalmente até àquela sala para assistir a uma execução de tal tortura; sendo a primeira vez que o Mestre estaria aplicando-a pessoalmente.

Ele, de tempo em tempo, olhava ao redor, vendo como os outros presentes estavam se comportando naquela ocasião. O Mestre estava sentado numa cadeira que ficava de frente da mesa sobre a qual ficavam os aparelhos que ajustavam os choques. Objetos os quais ele ficou mexendo durante algum tempo, determinando o quão fortes eles deveriam ser. Agora, o dedo dele ficava passando pelo botão que ligava os aparelhos.

Depois a atenção de Andrew voltou-se para os colegas. Tinha a presença de mais outros sete subalternos. Andy tinha algum relacionamento somente com dois dessas pessoas. Ashton encontrava-se perto da janela; ele estava sério, mantendo-se em silêncio desde o momento em que fora chamado para estar novamente naquele lugar desagradável por volta das onze horas da noite. Martin estava encostado na parede, com os braços cruzados. Constantemente olhava para os outros; sendo perceptível que estava irritado. Outros quatro membros ficavam cochichando; uma conversa cujo tema Andrew imaginava ser desagradável.

"Agora falta pouquíssimo tempo…" William disse sorrindo após ter ouvido o sinal, indicando que ela acabara de chegar no laboratório. "Espero que Bernon siga tudo conforme o que fora ordenado…"

Andrew não tinha dúvidas em relação à realização de todas as diretrizes que haviam sido dadas ao novo membro da equipe. Ele imaginava que o Bernon era a pessoa ideal para cumprir aquele papel… Uma pessoa perfeita para que o plano saísse como o Mestre havia planejado.


Bernon chegara a uma das salas em que tinha os aparelhos utilizados pelos subordinados para chegarem até aquele lugar. Além de tais aparelhos, também tinha uma mesa de recepção, cujos membros ficaram olhando para Bern.

"Qual seria a reação deles, quando soubessem o motivo para eu estar aqui?" Bernon pensou, olhando brevemente aqueles colegas. Sendo tais postos um dos melhores, afinal, os castigos eram menos frequentes. Membros esses os quais raramente falavam com o Mestre. Raramente, chamando a atenção do superior deles. Bem diferente do que estava acontecendo recentemente com Bernie.

Houve um barulho que fizeram que todos olhassem para tal direção. Bernon deu um sorriso ao perceber do que se tratava. Era a Circus Baby que acabou de chegar.

Não foi nada difícil de reconhecê-la. Bernon já ouvira descrições da aparência daquela 'subordinada especial'. Estando ela na forma humanoide, não no modo animatrônico. Uma aparência que Bernon concordava combinar com a idade que ela estaria fazendo caso aquela tragédia não tivesse acontecido. Sendo essa uma aparência, bem diferente do que ela costumava ter; bem distinta da que aparecia nos cartazes que Bernie pôde ver em alguns lugares do laboratório.

"Finalmente a senhorita chegou…" Bernon falava enquanto Elizabeth se aproximava dele. "O Mestre está satisfeito que escolhera um horário bom para essa conversa…"

Ela ficou encarando aquele novo subalterno por alguns instantes. Ela podia sentir haver algo diferente nele. Algo que deixaria o Mestre extremamente orgulhoso, vendo-o como um 'modelo' a ser seguido.

"Se não viesse, a situação ficaria mil vezes pior, Bern…" Respondeu ela depois de alguns instantes. Sabia que ele a levaria para que tal conversa aconteceria. Ou, melhor, para onde o castigo seria aplicado.

"O Mestre já está aguardando-a já faz alguns minutos…" Comentava Bernon. "Tanto que ele organizou tudo, incluindo para eu chegar aqui alguns minutos mais cedo para poder recebê-la."

"Ele sabia o horário e o local que eu iria aparecer…" Elizabeth estava desconfiada. Somente lembrava de uma pessoa que poderia ter feito isso… uma possibilidade que ela não considerava como sendo alta.

"O Mestre conversando com Dillan que forneceu detalhes que ajudaram para que os preparativos estivessem prontos no momento de sua chegada…" Explicava Bernon.

"O Sr. Stone ainda está ajudando?" Ela perguntou surpreendida. "Pensei que ele tivesse parado de ajudar após ter sido transformado em um Shadow."

"O Mestre deve considerá-lo como sendo um aliado que não deveria ser simplesmente descartado…"

"Voltando ao assunto principal… a respeito da conversa… você poderia falar que castigo ele está planejando?" Elizabeth questionou. Ela tentava imaginar sobre o que iria acontecer. Tentava adivinhar o que o genitor dela gostaria de fazer com ela… teorizava que, talvez, ele iria desmontá-la de forma dolorosa, humilhá-la da forma que ele adorava de fazer com seus subordinados ou mesmo obrigá-la a realizar um serviço que trouxesse terríveis recordações — tendo ligação com o que acontecer naquele dia.

"Sinto muito, mas isso não é possível" ele falava de um modo que a desagradava. "Recebi ordens claras de que não deveria, nem poderia, contar nada a respeito desse assunto."

Ela estava tendo um péssimo pressentimento a respeito. Sentia como se fosse um castigo que lhe era familiar, mas deixara de experimentar havia bastante tempo… Desejava que ele não tivesse relação com aqueles choques elétricos que recebia diariamente; assim como quase todos os outros animatrônicos que faziam parte de Molten Freddy.

Bernon fez sinal para que ela o seguisse. Ambos começaram a andar pelo corredor que levaria ao destino deles.


À medida que os dois foram caminhando, ele olhava por cima do ombro. Imaginava que aquela moça não perceberia para onde estava indo. Tanto a primeira, quanto a outra sala subsequente, não eram mais utilizadas para tal propósito.

Apesar disso, o método era o mesmo desde que havia sido aplicado. Utilizando os mesmos cuidados para evitar que alguém tentasse escapar da sala.

À medida que faziam o trajeto, os olhos castanhos de Bern eram voltados para os lados. Ele imaginava o que poderia ter por trás de cada uma daquelas portas. Talvez cobaias que estariam esperando a realização de algum experimento… ou mesmo animatrônicos que estavam ansiosos para poderem escapar daquele lugar, seja por simplesmente quererem a liberdade ou por quererem se vingar do assassino deles.

Demorou mais algum tempo para reconhecer os membros da equipe que estava esperando perto da porta da nova sala de tortura. O líder deles, Howard, estava parado mais próximo da entrada da sala dos choques. Enquanto os demais membros da equipe estavam conversando entre eles.

"Novamente fazendo essa atividade, Bernie." Howard disse assim que viu a figura do novato se aproximando, acompanhado da animatrônica. A conversa dos outros subordinados foi interrompida. A atenção desses logo estava voltada para os que acabaram de chegar.

Bernie fez careta. Não gostava de ver que alguns colegas estavam chamando-o do mesmo modo que o Mestre fazia. "Poderia fazer o favor de me chamar de Bernon… ou mesmo de Bern, caso queira usar algum apelido…" Ele aconselhava. "Uma infelicidade que Martin tenha feito essa escolha."

"Ele fez um nome derivado de Bernard… Um nome que compartilha do mesmo apelido…" Comentava Howard. "Ele seguiu uma das formas utilizadas pelo Mestre de selecionar os nomes que dará para suas criações."

Elizabeth ora olhava para Bernie, ora olhava para o líder da equipe. Era visível a irritação que o novato estava tendo naquele momento.

"De qualquer forma" Bernon voltou a falar, colocando a mão sobre um dos ombros de Bessy "melhor levá-la para dentro dessa humilde sala. Não se sabe o que pode acontecer caso ele fique irritado…"

Ele virou-se e foi andando apressadamente por aquele mesmo corredor.

"Vamos acabar logo com isso." Howard falou depois de alguns instantes. "Por favor, façam como o que fora combinado."

Dois membros se aproximaram dela, cada um pegando em um braço de Baby, conduzindo-a até o interior daquele cômodo.


O controle emocional de Elizabeth começou a se perder assim que estava entrando na sala. Piorando quando ela percebeu que as suspeitas dela eram verdadeiras.

"Ele vai me eletrocutar!" Pensava apavorada. Via que Eleanor teve sorte de ter sido a escolhida para ser a responsável por realizar aquele experimento. Fazia mais de dez anos desde a última vez que pisara em um laboratório. Estando livre, sem se preocupar com tais castigos.

Bessy começou a se debater, precisando de outros subordinados para conduzi-lá até a cadeira. Sendo uma grande dificuldade para amarrar a animatrônica. Assim que terminaram, rapidamente eles saíram daquele lugar, trancando a porta.


Tal cena era assistida por todos os presentes na sala de controle. Andrew mantinha-se em silêncio enquanto observava o desespero de Elizabeth. Tal castigo, assim como a reciclagem, nunca deixaria de ser um pesadelo para eles.

Não demorou muito para que Bessy começasse a gritar. Uma tentativa de evitar que tal terrível coisa fosse acontecer com ela. Os olhos verdes voltaram-se para a mesa de controle.

"PAPAI, EU SINTO MUITO! PAPAI, EU SINTO MUITO! POR FAVOR, NÃO FAÇA ISSO COMIGO!"

Alguns membros mais novos ficaram cochichando a respeito daquilo. Andrew não estava surpreso, aquilo era algo ele já sabia daquilo havia algum tempo.

William ligou o microfone e brevemente falou com ela. "Circus Baby, a senhorita sabe muito bem como as coisas funcionam… Já deveria ter imaginado quais poderiam ser as consequências que aquela atitude poderia ter lhe trazido! Chorar e clamar por piedade não vai fazer a menor diferença."

Assim que terminou de falar, desligou o microfone. Ignorava completamente os apelos que a filha fazia. Rapidamente apertou o botão de ligar. Imediatamente os clarões começaram, concomitantemente, dos gritos de Circus Baby. Sendo possível para os subordinados vê-la se debatendo na cadeira. Ver as placas faciais do rosto dela se abrirem, revelando o endoesqueleto dela.

A cena demorou alguns instantes até que o choque terminasse. Elizabeth não estava mais se movendo. O sistema dela havia sido desativado momentaneamente, fazendo com que ela ficasse caída para frente.

"Espero que ela não cometa os mesmos erros…" Comentou o Mestre, começando a tomar o chá que fora trazido por Heather alguns instantes antes do castigo começar. "Espero que os senhores também não cometam erro grave…"

Andrew voltou a olhar para aquela outra sala. Via que Elizabeth estava sendo retirada pela equipe de Howard. Provavelmente seria levada para outra sala, presente naquele corredor, na qual ficaria para se recuperar.

"Vocês estão liberados…" O Mestre falou, levantando-se da cadeira. "Já que ainda falta algum tempo até o meu horário de dormir… vou ter uma conversa com um dos responsáveis pelos Shadows…"

Andrew sentiu algo ruim a respeito daquele assunto. Imaginava que teria relação com aquele acontecimento ocorrido na madrugada da noite anterior. Alguns estavam relacionando com a atitude de um desses animatrônicos que teria conseguido escapar, de alguma forma.

O Mestre saiu da sala e Andrew foi acompanhando-o.