Corvinais

Pansy estava impressionada.

Ron dormia como uma pedra e não dava nem indícios de que acordaria tão cedo. Queria dormir nessa paz, apesar dos problemas que atormentam até os seus sonhos.

Quando saiu do antigo dormitório de Granger para uma leve mudança de ambiente, ela se deparou com Draco solitário no salão. Maravilha.

"Espera." Ele a chamou quando fez menção de voltar para o dormitório. "Pansy, espera!"

Parou e o encarou. Não se falavam há tanto tempo. Pensou que se o ignorasse e fingisse que ele não existia, seus problemas desapareceriam também. Sabia que não era culpa dele, mas estava tão revoltada ainda.

"Eu pedi para Granger pesquisar um contrafeitiço, Draco." Ela informou com diplomacia. "Torça para ela conseguir, porque se eu tiver que me casar com você, eu juro que te castro e jogo os pedaços das suas partes íntimas para os centauros. Luna disse que eles adoram obter restos humanos para os seus rituais."

"Falou como uma verdadeira sra. Malfoy, querida." Comentou com sarcasmo e Pansy revirou os olhos.

"Esse ano seria um inferno, se não fosse por Ron." Ela cedeu. Sentou-se na poltrona e cruzou as pernas. Ele a avaliou. "Como foram seus dias sem amigos?" Ele respondeu com uma fuzilada de olhar enquanto tomava a poltrona de frente para ela. "E sem Ginny?" Não esperou uma resposta. "Você levou mais tempo que eu imaginei para encontrá-la, mas presumo que o trabalho da monitoria o deixou ocupado."

"Ela não facilitou."

"Por favor," Pansy soltou uma risada nasal. "não pense que eu não sei quem você colocou na cola dela." Draco estreitou o olhar para ela. "Às vezes eu me pergunto o que ela faria se soubesse o quanto você não confia nela."

"Eu confio nela."

"Certo, você não confia nos outros." Pansy soltou uma risada fria. "Você demorou para correr atrás, Draco. Ginny é bonita e popular, não lhe faltam pretendentes melhores no mercado." Levantou-se com graciosidade e voltou em direção do quarto.

"Pansy." Draco pareceu abalado com o que ela disse. "Vou alterar as escalas para você e o Weasley voltarem a fazer as rondas juntos."

"Obrigada." Voltou para o dormitório mais leve.

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Quando Ginny terminou de contar para Theo a conversa que teve com Draco, ele não pareceu impressionado.

"Ele gosta de você." Explicou com objetividade.

"Por que ele simplesmente não fala isso?" Resmungou frustrada.

"Draco falou que sente a sua falta." Theo soltou uma risada nasal sem graça. "Ele não deve gritar isso aos sete ventos por toda garota que ele gosta, se eu o conheço bem."

Ela refletiu sobre isso.

"Mas a pergunta que você realmente devia se fazer é se pretende ficar com ele."

Ginny amava Draco.

Ela não era perfeita, mas Draco tinha muitos defeitos.

Poderia contornar a situação?

Theo voltou a esfregar os troféus. Ambos cumpriam juntos a detenção de Snape. Ele não parecia muito animado com o seu relato sobre Draco.

"Por que a gente não faz uma pausa?" Theo a encarou com o pano na mão. Seu semblante crítico não escondia o julgamento.

"Você nem começou a sua parte para precisar de uma pausa, Weasley." Ele jogou um pano para ela. Ginny gemeu alto enquanto pegava o pano e começava o trabalho também. "Eu contei para o seu irmão que somos apenas amigos, Ginny." Ela piscou surpresa. Não sabia disso. Ron achava que eles namoravam ainda. Parecia até se acostumar com a presença do sonserino. "Ele já acordou?"

"Ainda não." Ela respondeu. Preferia que ele continuasse dormindo para não lidar com ele tão cedo.

"Você está preparada?"

"Eu-" Uma risada alta chamou a atenção dos dois. Ambos torceram os pescoços para a origem da conhecida risada.

Era Luna.

Ela cruzou no fim do corredor rodeada pelos colegas de casa e desapareceu pelo fim do corredor.

Ginny trocou um olhar com Theo.

Isso não era um bom sinal.

"Eu vou atrás dela. Você procura o Blaise." Ela sugeriu, mas Theo a impediu.

"Eu vou atrás dela e você procura o Blaise." Ele declarou com autoridade. "Tem algo que eu não te contei, Ginny."

"O quê?"

"Depois eu explico, primeiro Luna." Theo declarou objetivo. "Procure o Blaise."

Ela apenas assentiu e ambos se separaram pelo caminho.

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Quando Ginny encontrou Blaise, ele estava conversando despretensiosamente com as irmãs Greengrass no Salão Principal.

Ao capturar seu olhar, ele se levantou rapidamente da mesa e foi ao seu encontro. Notou sua afobação de longe.

"Luna está com os corvinais!" Ofegou para ele.

"Onde?" Blaise enrijeceu.

"Theo os seguiu para fora do salão." Blaise sacou a varinha e foi em direção da saída. Ginny sentiu a garganta apertar quando viu a expressão sombria em seu rosto.

Ela o seguiu em seu encalço, mas Blaise era maior e mais rápido. Ele empurrou dois grifinórios do primeiro ano pelo caminho e um cambaleou no chão e caiu.

"Zabini!" Harry, que estava no caminho, o censurou enquanto ajudava o menino que caiu a se levantar.

"Harry." Ela ofegou. "Chame o Draco, por favor." Perdeu Blaise de vista, mas ele estava tão bravo. Quando o menino que sobreviveu pareceu protestar. "É urgente!" Ela se apressou. "Tem a ver com a Luna e os corvinais."

Harry apenas concordou porque sabia da questão da Luna com os corvinais. Eles não a tratavam bem.

"Aonde você vai?"

"Eles foram para fora do Castelo." Explicou afobada. "Eu preciso ir atrás Blaise antes que ele faça algo que se arrependa."

Ela não esperou por outra resposta quando deu as costas e se dirigiu para a saída. Precisava ir atrás de Blaise. Urgente!

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Quando Harry chegou na sala dos Monitores, não encontrou Malfoy, mas encontrou Pansy.

"Onde? Malfoy?" Perguntou ofegante enquanto espiava para dentro da sala. "Ron... acordou?"

"Ainda não." Ela respondeu entediada. "Granger está de vigília."

"Malfoy?"

Pansy estreitou o olhar.

"Zabini." Ofegou alto. "Luna." Continuou tentando explicar algo que fizesse sentido enquanto recuperava o fôlego. Harry vivia tanto sobre a vassoura que se esqueceu que correr exigia mais dos seus pulmões. "Os corvinais. Ginny." Pansy arregalou os olhos, parecendo compreender, e apenas assentiu.

"Eu vou atrás de Blaise." Ela declarou marchando pelo mesmo caminho que ele veio. "Draco está no dormitório dele."

"Maravilha." Harry resmungou enquanto ia para o dormitório de Malfoy que ficava no mesmo corredor. Bateu em sua passagem com força. "Malfoy!"

Tum. Tum. Tum.

"Harry!" Quem abriu a porta foi Hermione. Ela parecia irritada. "Que escândalo é esse?"

"Malfoy está aqui?" Hermione abriu a porta completamente para Harry contemplar a imagem do loiro em questão lendo um livro e imperturbável com a sua chegada. Ele o ignorava propositalmente. Harry marchou até ele, arrancou o livro da sua mão e jogou no chão.

"Potter!" Draco se levantou irritado, finalmente oferecendo-lhe a atenção que pretendia.

"Zabini foi caçar os corvinais! Ginny pediu para te chamar!" Ele ofegou aliviado que o monitor chefe mudou de postura com a informação.

"Onde?"

"Lá fora! Vamos!" Harry partiu para a saída, mas a figura sonolenta de Ron o impediu. A barulhenta chegada de Harry provavelmente o despertou.

"Malfoy!" Ele começou a avançar no loiro e Hermione o segurou pelo braço.

"Ron!" Harry acenou para o amigo enquanto se posicionava em sua frente. Ele era a favor de Ron acabar com a raça de Malfoy, mas num momento mais apropriado. "Pansy e Ginny foram atrás de Zabini! Ele está caçando os corvinais! Malfoy é monitor chefe e precisa impedi-lo." Explicou alto e torceu para o melhor amigo entendê-lo.

Malfoy não esperou a elucidação de Ron. Ele apenas saiu do salão em passos largos. Harry o seguiu brevemente.

"Depois você faz seu acerto de contas, Ron." Hermione tentou acalma-lo. "Mas você é monitor também. Vamos atrás deles, as meninas podem estar metidas em confusão."

Ele acenou contrariado, mas concordou.

Ambos os seguiram.

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Theo rodou todo o jardim e começou a ficar preocupado quando não encontrou a turma de corvinais em locais visíveis.

Quando se aproximou da orla da Floresta Proibida finalmente respirou aliviado.

A loira que procurava desesperadamente estava deitada sozinha na grama enquanto apontava para o céu e falava sozinha.

"Luna!" Ele trotou até a loira e se ajoelhou perto dela. Analisou sua figura estendida. "Você está bem?"

"Estou ótima, Theodore." Ela chutou os sapatos para longe e deixou a grama tocar os seus pés. "E você?" Theo não respondeu. Blaise o mataria por causa do possível alarde que causou. Mas ao menos estava tudo bem com Luna. "Theodore?"

"Luna!" Blaise os achou em seguida. Ele marchou em direção dos dois com a varinha na mão. Pareceu preocupado com a imagem da namorada estirada no gramado.

"Está tudo bem!" Theo se levantou rapidamente e segurou Blaise pelos ombros. Ele se desvencilhou e se jogou no chão ao lado dela.

"Você está bem, Luna?"

A loira se levantou e se sentou.

"Por que eu não estaria?" Questionou preocupada e Blaise respirou aliviado e se sentou ao seu lado. Houve um longo silêncio entre os três.

"Luna!" Pansy foi a próxima a aparecer. Estava corada e ofegante. Ela correu até eles. "Estão todos bem?"

"O que está acontecendo?" Luna encarou para os sonserinos. Eles tinham a mesma expressão.

"Por que raios você estava aqui fora com os corvinais?" Blaise a inquiriu. Ele estava sério. Muito sério.

"Você quer que eu explique agora ou prefere aguardar a chegada do restante para explicar uma única vez?" Ela olhou por cima de seu ombro, onde podia reconhecer facilmente Draco, Harry, Ronald e Hermione marchando até o grupo daquela distância. Blaise se levantou e passou a mão pelos cabelos.

"Está tudo bem?" Foi Draco quem primeiro se manifestou quando o grupo chegou.

"Aparentemente sim." Pansy respondeu. "Luna, por favor, explique!"

"Não há o que explicar. Eu fiz amizade com os meus colegas de casa e vim dar uma volta com eles pelo jardim." Ela deu de ombros enquanto calçava os próprios sapatos. "Eu quis tomar sol no gramado e eles preferiram voltar para o Castelo."

"Só isso?" Malfoy resmungou e encarou Harry com criticismo. "Luna quis atualizar o bronzeado e você mobilizou todo mundo para assistir?"

"Os corvinais não são seus amigos, Luna!" Blaise resmungou impaciente. "Seus amigos somos nós!"

Luna pestanejou para Blaise e olhou ao redor, finalmente se dando conta de um detalhe importantíssimo.

"Falta uma amiga." Ela contou o grupo duas vezes. "Onde está a Ginevra?"

Todos se entreolharam.

"Quem foi o último que a viu?" Malfoy encarou Theodore.

"Zabini e eu." Harry respondeu olhando ao redor. "Ela pediu para te procurar, mas logo foi atrás de Zabini."

Antes que alguém pudesse se manifestar, ouviram um grito agudo.

"AAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!"

Todos se viraram para direção da Floresta Proibida.

O grito veio de lá.

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Ginny perdeu Blaise rapidamente de vista.

Como ele era rápido! Chegou ao jardim olhou rapidamente ao redor.

Quando decidiu pegar o caminho que levava para a orla da Floresta Proibida, logo se arrependeu por não ter optado por um par de tênis mais confortável para passar o dia.

"Petrificus Totallus!" Ótimo. Ela sentiu o feitiço atingi-la em cheio nas costas enquanto caia de cara no chão. Que tipo de bruxo atacava pelas costas? Não os decentes.

Argh. Ainda foi petrificada de olhos fechados. Podia ouvir sussurros a cercando e alguém a enfeitiçou para levitá-la.

Podia ouvir o som de passos acompanhando enquanto era levitada. Parecem ter caminhado por muito tempo. Maldita a hora que fechou os olhos. Não conseguia nem ver o que estava acontecendo.

Ela iria esganar quem a azarou.

Ginny começou a planejar mentalmente a série de maldições que lançaria assim que recuperasse seus movimentos.

"Pegue a varinha dela." Ótimo. Sentiu alguém mexer no seu bolso. Além de petrificada estava desarmada.

"Eu não sei se é um boa ideia, ela é a queridinha do Potter." Alguém sussurrou.

"Ela é a queridinha do Zabini." Outra voz resmungou. "Isso é uma péssima ideia!"

"A gente venda seus olhos por precaução." Continuaram sussurrando.

"Silêncio!" Ginny queria revirar os olhos de impaciência. Eles estavam de brincadeira. Ela definitivamente não precisava dos seus seis irmãos mais velhos ou de Harry ou de Blaise para defendê-la. Assim que ela se livrasse desse feitiço ela iria acabar com quem a capturou no pior estilo trouxa.

"Por outro lado, eu espero que isso seja o fim." Continuaram. Os passos pareciam se estender até a Floresta Proibida. Podia ouvir os galhos e folhas se quebrando em seus passos e o ar gélido que batia em seu rosto e braços entregava que não estavam mais no aberto. "Eu não aguento mais fingir que gosto das besteiras da Luna. Como aquela pirada foi conquistar Blaise Zabini será sempre um mistério para mim."

Ginny sentiu o sangue esquentar. Eram os corvinais! Terry Boot, Sara Perks e Kyle Stevens. Argh! Kyle Stevens que sugeriu que ela estava namorando Theo por dinheiro! Aquele maldito.

Finalmente pararam de se movimentar.

Sentiu alguém jogar um pano em seu rosto e vendar seus olhos. São uns idiotas.

"Vou enfeitiçar a minha voz para não ser reconhecido." Stevens disse aos amigos. "Alguém lança o finite incantatem para ela voltar à consciência."

Ginny queria gargalhar. Eles eram tão burros que não deviam estar na Corvinal. Eles não sabiam que o Petrificus Totallus paralisava apenas as funções motoras, não o cérebro das vítimas? Que vergonha! Eles devem ter faltado na aula prática de Defesa Contra a Arte das Trevas. Eles achavam que ela não estava ouvindo o que eles conversaram até agora!

"Finite Incantatem!" Ginny sentiu seus membros relaxarem e seus movimentos retornarem.

"Ai!" Ela levou uma mão para o rosto e cedeu nos próprios pés. Quando o feitiço a atingiu, caiu de cara no chão e a petrificação ajudou a segurar a dor. Agora que se libertou do feitiço, a dor veio com a força toda.

"Weasley." A voz grossa e enfeitiçada chamou sua atenção. Ginny mordeu o lábio e segurou o riso.

"Por favor, não me mate! Não me mate!" Ela esganiçou alto e soou forçado. Torceu para a turma não achar sua atuação tão falha. "Eu não tenho ouro para oferecer!" Dramatizou um pouco. "Minha família é pobre!"

"Mas o seu namorado não." Oh. Isso prendeu sua atenção. "Abaixe os braços e não se mova. Eu vou te amarrar. E não tente ser esperta, estamos com a sua varinha." Ela os obedeceu, porque estava vulnerável e queria mais informações.

"Estamos?" Ginny mordeu a parte interna da bochecha para não rir. "Tem mais gente com você?"

Houve um silêncio constrangedor. Ela continuou mantendo a atuação. Podia sentir a tensão dos três corvinais no ar e conseguia imaginar os dois colegas fuzilando Stevens com o olhar. Ela abaixou a mão e deixou que a amarrassem pelos braços. Precisava de mais informações.

"Olha," Ela continuou com falsa voz dramática. Torceu para que eles continuassem burros e não percebessem que ela era uma péssima atriz. "Eu estava procurando a minha amiga Luna para fofocar. Eu não quero confusão, nem sei de qual namorado vocês estão falando." Ela mordeu o lábio. Não tinha certeza mesmo. "Quero dizer, eu namorei Michael Corner da Corvinal, mas foi há muitos anos. Eu tive um encontro com Harry Potter. Dean Thomas espalha para o castelo todo que estou namorando com ele. Theodore Nott e eu tivemos um romance bem público-" Ela ouviu um grunhido. Bingo. Era sobre Theo. "mas eu entendo quando você diz que meu namorado não é pobre. Quero dizer," Ela mordeu o lábio inferior de novo e se esforçou para não perder a concentração. "Os Malfoys são a família mais rica do Reino Mágico há quantos anos seguidos? Seis, sete anos? Eu realmente não acompanho muito os tabloides de fofoca-"

"Dez." Sara Perks a corrigiu e Ginny mordeu a bochecha novamente.

"Petrificus Totallus!" Sentiu o feitiço atingir seu corpo novamente e graças a Merlin não caiu dessa vez, já que estava sentada no chão mesmo. "Malfoy? Ela está namorando Draco Malfoy? Kyle, isso é uma péssima ideia! Péssima! Você ouviu a lista de ex-namorados dessa rodada." Rodada? Ai ai ai ai ai. Terry Boot era o primeiro da sua lista. "Eu não quero metade da Sonserina me caçando, muito menos se a caça for liderada por Malfoy!"

"Harry derrotou Você-Sabe-Quem." Sara Perks esganiçou. "O que você acha que ele faria com a gente se descobrisse que capturamos a Weasley."

Terry Boot gemeu alto.

"O que o Weasley faria com a gente?" Sua voz tremeu. "Ouvi dizer ele nem é o maior dos Weasleys! Isso é uma péssima ideia. Cara, ela não sabe que somos nós. Vamos largá-la aqui e fingir que não sabemos de nada!"

Houve outro longo silêncio. Eles pareceram considerar a sugestão.

Se ela não estivesse tão ofendida por ser chamada de rodada na presença de Sara Perks, ela acharia a cena toda muito engraçada.

"Não!" Stevens decidiu. "Vamos terminar o que começamos." Ele pigarreou. "Finite incantatem."

Ginny sentiu os músculos relaxarem novamente.

"Vocês sabiam que eu fui sequestrada e possuída por Você-Sabe-Quem aos onze anos e sobrevivi para contar história?" Resmungou alto. "Quanto tempo vocês acham que eu levaria para reconhecer o cheiro horrível de inveja, piranha e medroso vindo de vocês?" Riu alto. "Stevens, Perks e Boot!"

"Estou fora!" Boot gemeu alto e ela pôde ouvir seus passos desaparecerem pela floresta.

Ginny gargalhou alto, mas se calou quando sentiu uma ardência forte na bochecha direita. Ela tomou um tapa no rosto. Ela estava vendada, amarrada, desarmada e tomou um tapa no rosto.

"Eu espero que esse tapa tenha vindo de Sara." Ela sibilou. Sentiu seu sangue ferver. "Porque se eu descubro que veio de você, Stevens..."

"O que você vai fazer?" Ele retrucou impaciente e bravo, podia sentir seu hálito quente refletir em seu rosto indicando que foi ele quem a bateu. "O quê? Você está presa."

Ginny estava literalmente de mãos atadas. Então fez a única coisa que poderia fazer.

Gritou a todo pulmões.

"AAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!"

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Draco, Blaise, Theodore, Pansy, Luna, Harry, Ron e Hermione entraram juntos na Floresta Proibida com a varinha empunhadas e em busca da origem do grito.

Não tinham dúvidas que era de Ginny. Ela era a única que não apareceu.

"Vamos ficar juntos!" Harry ordenou quando percebeu que Malfoy queria arrastar Blaise e Theo para direção oposta e separar o grupo. "Malfoy."

"A Floresta é perigosa!" Hermione tentou ser racional e buscou apoio de Pansy com o olhar. "Vamos procurar por Ginny juntos! É a melhor opção!"

"Ginny!" Ron gritou desesperado enquanto desbravava a Floresta desorientado. Malfoy trocou um olhar exasperado com Blaise antes de ir atrás do Weasley. Pelo visto ele seria o líder da turma da busca.

"Lumus!" Draco acendeu a varinha e olhou ao redor.

"Tem um motivo para Blaise ser convocado no castelo quando Ginny e eu vimos Luna saindo com os Corvinais." Theo alcançou o loiro, mas disse em voz alta para que todos pudessem ouvir também. "Tem um motivo para eu ter saído e Ginny ter entrado." Draco parou de andar e o encarou. "Eu tentei te falar quando voltei do casamento."

"O quê?"

"O perfume que Ginny recebeu e a machucou. Estava envenenado." Theo continuou, ciente que agora todos prestavam atenção nele. "Meu pai vende aquele ingrediente no mercado negro." Comentou lançando um olhar torto para Granger que parecia julgá-lo pela revelação. "Não com frequência, mas-" Hesitou voltando a encarar Draco. "A única pessoa que comprou o ingrediente do meu pai nos últimos tempos foi a família de Stevens." Draco estreitou o olhar. "Não diretamente, mas o comprador deixou rastros e meu pai descobriu no casamento quando conversamos com um dos fornecedores que estava presente."

Draco avançou no pescoço dele.

"Você devia ter me contado no minuto que descobriu." Espremeu a ponta da varinha em seu pescoço. Blaise e Harry tentaram separa-los.

"Você estava insuportável, Draco!" Foi Luna quem interveio. "Mas não importa agora! Ginevra está perdida e a culpa é minha!" Sua voz saiu com desespero. Como foi tão burra por se deixar ser manipulada?

"Não é sua culpa." Harry lançou um olhar para os sonserinos. "Eu consigo ver os culpados mesmo no escuro."

"A culpa é minha!" Ron quase gritou. "Eu fui um irmão tão relapso e-"

"Depois vocês decidem quem tem mais culpa!" Hermione interveio impaciente. "Vamos focar em Ginny!"

Ouviram algo quebrando bem próximos do grupo e isso atraiu a atenção de todos. De repente, ouviram um grito abafado e viram uma pessoa caindo da árvore mais próxima. Provavelmente o galho não aguentou o seu peso.

Quando Draco se aproximou, Blaise foi o primeiro a alcançar a pessoa. Ele puxou Terry Boot pelo escalpo e apontou a varinha em seu pescoço.

"Onde está a minha irmã?" Ron urrou sendo o próximo a se aproximar.

"Eu juro que não sabia o que ele estava planejando! Eu juro!" Boot choramingou alto. "Eu consegui escapar dele, mas Ginny ficou para trás! Eu estava fugindo para buscar ajuda!" Ele tentou focar a atenção em Luna. "Diga a eles, Luna! Nós somos amigos! Você sabe que eu nunca faria mal a ninguém."

"Enquanto eu não achar Ginevra e ter certeza que ela está bem, você não é meu amigo, Terrance." Ela respondeu séria.

Draco atravessou o grupo e puxou Boot pelo pescoço e o ergueu com força.

"Nos leve até ela." Sibilou com frieza. "Agora."

Boot engoliu a seco, mas acenou positivamente com a cabeça.

"Eu não sabia, Malfoy!" Boot continuou o caminho com a varinha do loiro e de Harry apontadas em suas costas. "Ela contou agora que vocês estavam juntos e se eu soubesse antes, eu-"

"Esse não pode ser o único motivo para você não ter feito isso." Draco o cortou afiado.

O Weasley se aproximou e o cutucou fortemente com a varinha nas costas.

"Continue."

Boot continuou o caminho em silêncio.

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Quando sentiu uma mão em sua boca abafando sua voz, ela mordeu rapidamente.

Sara Perks deu um grito agudo com a dor que seus dentes causaram e Ginny sorriu vitoriosa.

"Stevens, por que você não me conta a finalidade desse circo todo? Eu ainda tenho lição de casa para fazer. Poções, você entende, Snape não é muito compreensivo com os grifinorios que atrasam os prazos." Resmungou. "E pelo amor de Merlin tira essa venda da minha cara."

Sara puxou a venda de seu rosto e Ginny quase sorriu agradecida. Quase. Afinal, a piranha a sequestrou.

"Eu não conheço ninguém mais centrado que Theodore Nott." Continuou encarando a expressão sombria de Kyle. Seus olhos escuros não escondiam a frieza e os cabelos estavam desalinhados. Ele estava preocupado. "É difícil crer que ele tenha feito algo para você que exija todo esse esforço por uma mera vingança."

Kyle deu uma risada fria.

"Você é Ginny Weasley, lógico que você não entende. Seus pais não tem o prestígio do dinheiro, mas tem o prestígio da honra e heroísmo da guerra. Você é a bonita e popular jogadora de quadribol da Grifinória. A mimada de vinte irmãos que faz o que quer nesse castelo e não recebe mais que uma mera detenção em retorno. Tem Potter, Zabini, Nott e aparentemente Malfoy comendo na sua mão. O que você tem para reclamar?" Ele caminhou em sua direção. "Quem lhe paga melhor? Nott ou Malfoy?"

Ginny pestanejou.

"Você não se deu todo esse trabalho para me ofender, foi? Achei que o seu problema envolvia Theo."

Um barulho de arbusto se movendo chamou a atenção do trio. Todos olharam para a direção, mas estava escuro e não enxergaram nada. Kyle voltou a encará-la.

"Enfim, você não sabe o que as famílias dos derrotados sofreram com a queda de Você Sabe Quem." Explicou. "Meu pai está cumprindo uma sentença perpétua em Azkaban, você sabia disso? Ele foi condenado por se envolver com os Comensais da Morte." Ele inclinou seu rosto em direção ao dela. "O mais curioso é que papai nunca recebeu a marca negra."

"Em conclusão?" Tentou ser imparcial com seu relato.

"Meu pai estava no lugar errado, na hora errada e envolvido com a pessoa errada." Continuou com a expressão sombria. "E adivinha quem jogou meu pai debaixo do trem em movimento e se safou?"

Ela não respondeu em voz alta. Sabia quem era. O pai de Theo foi um comensal também. Um comensal que se safou e ninguém sabia como. A narrativa de Kyle era bem esclarecedora. Ela ouviu mais barulho vindo dos arbustos. Terry teria voltado?

"E você pensou que se vingando da namorada do filho dele traria alguma satisfação pessoal?" Voltou a atenção para Stevens.

"Talvez." Respondeu pensativo. "Se o perfume tivesse te matado naquele dia, acho que Theodore Nott estaria em Azkaban agora. Ele poderia ser companheiro de cela do meu pai-"

Ginny viu um feitiço laranja atingir Kyle por trás e arremessa-lo para longe.

Sara deu outro grito agudo e tentou fugir.

"Peguem-na!" Era a voz de Draco! Ela focou o olhar e viu Draco marchando pesadamente em sua direção com determinação. Viu Ron em seu encalço. Ginny olhou ao redor e viu Pansy, Hermione e Luna rendendo Sara. Foi tudo tão rápido. Blaise segurava Terry pelo colarinho com a varinha em seu pescoço. Ele piscou para ela quando seus olhares se cruzaram. Theodore e Harry estava rendendo o caído Stevens.

Nunca pensou que fosse ficar tão aliviada em ver Draco e Ron juntos.

Draco se ajoelhou em sua frente e colocou a mão em seu rosto. Ron tentou soltar as cordas mágicas que a prendiam.

"Ai." Esqueceu por um momento que estava com uma dor tremenda no rosto por causa da queda.

"Você está sangrando, Gin." Ele murmurou com uma expressão sombria. Sua mandíbula estava travada e seus olhos estavam escuros. Sua bochecha estava atingindo um tom levemente rosado. Draco estava furioso. Ele puxou um lenço do bolso e pressionou na sua testa. Depois estreitou um pouco o olhar quando inspecionou sua bochecha direita. Ele respirou alto pelo nariz quando pareceu ligar os pontos. Ela era tão branca que era provável que os dedos de Stevens estivessem perfeitamente desenhados em seu rosto ainda. "Foi Perks? Me fala que foi Perks."

Ron finalmente a soltou, mas Ginny não teve tempo de prestar atenção no irmão. A expressão de Draco a assustou mais que o feitiço surpresa que tomou pelas costas.

Draco puxou a mão de Ron e o fez pressionar o lenço em sua testa, sugerindo que ele tomasse seu lugar. Ele se levantou num movimento rápido e marchou com a varinha levantada em direção do caído Stevens.

"Ginny." Seu irmão tentou abraçá-la, mas ela se desvencilhou dele e foi atrás de Draco.

"Draco." Ela o seguiu rapidamente ignorando os protestos de seu irmão e o lenço de sua mão. "Você ouviu?" Ela olhou ao redor para os amigos. Procurou o olhar de Theo. "Vocês ouviram o que Stevens contou?"

Theo largou Stevens e se levantou.

"Ginny, eu sinto muito." Ele confirmou que ouviram a narrativa de Kyle. Ele avaliou seu rosto e pareceu lamentar pelos pequenos hematomas que ela tinha no rosto.

"Isso não foi nada." Ginny sorriu para ele. "Sinceramente eu até me diverti um pouco." Comentou. "Eles são os corvinais mais burros que já conheci." Declarou alto e isso arrancou uma risada alta de Blaise.

"Weasley, quer fazer as honras ou posso começar?" Draco chamou a atenção de todos quando apontou a varinha para Kyle caído e amordaçado por Harry no chão. Ginny se surpreendeu quando ele virou o rosto sinalizando que aguardava a confirmação do seu irmão.

"Eu lancei o primeiro feitiço. Fique à vontade, Malfoy." Seu irmão retribuiu com a mesma cordialidade. Ginny quase engasgou na própria saliva.

"Espera um pouco." Ela estendeu a mão. "Eu tenho capacidade de me defender sozinha." Resmungou alto. "Alguém viu a minha varinha?"

"Aqui." Luna arremessou pra ela.

"Quando esses idiotas me petrificaram, eles ficaram divagando e divagando sobre o que Blaise faria com eles se o descobrissem, o que Ron faria, o que Harry faria." Ela bateu a ponta da varinha no queixo pensativa enquanto rodeava o grupo. Olhou para Draco com um sorriso. "Até o que Draco faria." Ele não retribuiu. Ainda estava furioso. "Mas não se perguntaram o mais importante." Pausou. "O que eu faria." Draco finalmente cedeu e um sorriso mínimo surgiu no canto de seus lábios.

Ela rodeou Kyle.

"Por mais que me doa saber que você se deu todo esse trabalho para atingir Theo. Sinto te informar que você não é prioridade na minha vendeta." Deu as costas para ele e marchou até Terry Boot que assistia a tudo apavorado e sob tutela de Blaise. Pisou no pé dele com força, espetou sua barriga com a ponta da varinha e fez furúnculos enormes aparecerem no seu rosto. Blaise finalmente o largou quando Terry começou a vomitar lesmas enormes. "E a próxima vez que você me chamar de rodada, eu juro que arranco o seu-"

"Chega, Weasley!" Draco a puxou pela cintura e a jogou por cima do ombro direito como se fosse um homem das cavernas. Bem quando ela estava prestes a atear fogo em suas roupas. "A vítima aqui é você. Se continuar com as agressões é capaz de Dumbledore te expulsar também."

"Me coloca no chão agora, Draco Lucius Malfoy!" Ela se rebateu como um peixe fora da água. "Esse desgraçado me chamou de rodada! Você acredita? Sara Perks estava aqui e ele me chamou de rodada!"

Blaise passou uma mão na cabeça dela como se fosse um animal de estimação.

"Tanto potencial por trás de um gênio tão explosivo." Comentou inconformado enquanto tomava a varinha da sua mão.

"Nem me fale." Seu irmão se aproximou e Draco se virou para encara-lo. Continuou se rebatendo, mais irritada ainda por estar sem a varinha.

"Você quer acompanhá-la ao castelo?" O loiro questionou seu irmão. "Devíamos ir ao diretor, mas acho que Ginny deveria passar na Ala Hospitalar antes." Ron não respondeu. "Posso pedir para uma das meninas acompanhá-la."

"Você pode levá-la." Ginny parou de se rebater com a resposta do seu irmão para Draco. Ron se agachou e a espiou brevemente. "E boa sorte."

"Boa sorte?" Ela voltou a se rebater ainda mais ultrajada.

"Ah! Nada como um sequestro relâmpago para unir um Malfoy e um Weasley." Blaise comentou alto. Ele se inclinou em direção da ruiva e puxou sua cortina de cabelos até encontrar o seu olhar. "E eu não me refiro à você."

Todos riram apesar da situação que os uniu e ela apenas continuou se rebatendo.

"Ronald! Você não devia estar arrancando as tripas dele?" Ginny continuou se rebatendo. "Ronald Weasley, não se atreva a azarar Stevens sem mim!"

Draco a ajeitou no ombro como se ela fosse um mero adereço.

"Blaise sabe reverter os feitiços em Boot." Ele declarou. "Levem-nos até o Diretor e peçam a presença de Severus, McGonagal e Flirwick." Ginny viu Pansy balançando a cabeça de relance. "Pansy e o Weasley são monitores, mas mencionem quem eu estou levando Ginny para a Ala Hospitalar e ela prestará depoimento quando se sentir bem disposta."

Ninguém se opôs às ordens de Draco e ela parou de se rebater.

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Draco caminhou com a ruiva calada e contrariada em seu ombro até a saída da Floresta. Ela não se rebatia, mas respirava alto. Não gostava do silêncio dela.

"O que você achou do meu poder de convencimento?" Draco quebrou o silêncio e ela respondeu com um grunhido. Não evitou a risada.

"Eu não sei se eu gosto do mundo alternativo que meu irmão te aceita sem ao menos te dar uns três pontapés no baço, Malfoy."

"Ginny." Draco deu um tapa amigável em sua panturrilha. "Se eu te colocasse no chão, você promete não fugir para terminar aquele horror de azarações que você estava lançando nos seus sequestradores?"

"Horror?" Ela soltou uma risada nasal de indignação. "Eles merecem!"

"Ginny." Tentou novamente. "Não me entenda a mal." Ele deu um beliscão no seu bumbum. "Eu gosto da vista."

"Draco!"

"Mas você promete que vamos pacificamente para a Ala Hospitalar?"

"Prometo." Ela resmungou. Draco arregalou os olhos quando sentiu um beliscão no seu traseiro também. "Eu gosto da vista também."

Colocou a ruiva no chão e se preparou para uma possível explosão. Ela apenas sorriu enquanto afastava o cabelo do rosto.

Ele viu o hematoma na sua testa ficar roxo e ainda tinha vestígios de sangue pelo rosto. Sentiu a pressão subir quando viu seu rosto bonito machucado.

"Eu pedi para o Harry te chamar." Ela contou. "Achei que Blaise daria trabalho e talvez você precisasse intervir. Não achei que eu fosse virar a vítima."

Draco sorriu.

"Pelo que eu vi, Ginny Weasley claramente não precisa de heróis."

Ela pegou sua mão e colocou na curva do seu pescoço fino. Isso o surpreendeu. Ela suspirou com o toque da sua mão em sua pele.

Draco aproveitou a abertura dela e se aproximou. Ele deslizou o dedo devagar sobre a pele ainda sensível da bochecha direita.

"Quero quebrar a mão de Stevens por..." Não conseguiu completar. Ginny tinha a pele sedosa e coberta por sardas. Toda vez que ficava brava, nervosa ou embaraçada suas sardas se camuflavam levemente por trás do atípico tom vermelho que seus genes e cabelos ruivos proporcionavam. Ele achava impressionante. "Vou quebrar a mão dele por te tocar." Murmurou com convicção. Ela apenas sorriu contra sua mão e suspirou de novo.

"Vamos para a Ala Hospitalar." Ela afastou a mão do rosto e entrelaçou seus dedos juntos. "Eu preciso do álibi."

"Álibi?" Ele estreitou o olhar para ela, desconfiado.

"Voce é Monitor Chefe, Draco." Ela o arrastou de mãos dadas para direção do castelo. Finalmente saíram do ar gélido da Floresta Negra. "Eu não posso te contar certas coisas sem te comprometer."

Gargalhou alto. Era melhor não ficar sabendo mesmo.

Ele se deixou ser conduzido por ela.

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Luna fungou alto no pescoço de Blaise.

"Eu jamais me perdoaria se algo de ruim tivesse acontecido à Ginevra."

Blaise passou uma mão pela cintura de Luna. Ela estava deitada entre suas pernas e se enrolava como um gato manhoso em seu peito.

Beijou o topo de sua cabeça loira enquanto olhava o antigo quarto de Granger. Não sabia porque não pensou em usar o dormitório desocupado antes. Desde que Draco o despejou de seu dormitório, passava maior parte do tempo no dormitório do sétimo ano nas masmorras.

"Você está bravo?"

"Por que estaria?"

Luna se afastou e o olhou nos olhos.

"Eu achei que eles fossem meus amigos porque gostavam de mim." Confessou.

"Você é um doce, Luna. Por que isso me deixaria bravo?"

"Porque você não é."

"Eu não sou doce." Ele pestanejou.

"Você sabe que não é." Ela puxou sua gravata e enrolou entre seus dedos. "Eu deixei de passar tempo com você para ficar com eles."

"Querida, você é livre para passar o tempo com quem quiser."

Ela sorriu. Blaise levantou uma mão para afastar uma lágrima solitária que rolava em sua bochecha.

"Você viu como Draco ficou?" Ela sussurrou como se ele pudesse ouvi-los. "Eu nunca o vi tão... furioso."

"Nem eu."

Ela suspirou.

"Eu torço para que Draco e Ginevra sejam felizes para sempre juntos."

"Felizes para sempre?" Ele soltou uma risada nasal. "Você acha que nós seremos felizes para sempre juntos?" Para sempre era tão definitivo.

"Claro que sim." Ela sorriu. "Você não?"

Blaise levou uma mão para o seu rosto e sorriu. Deixou seu olhar vagar pelos seus lábios entreabertos. Afundou a mão em seus cabelos com gentileza. Inclinou-se em direção de sua boca para tentar... e seus lábios pousaram na pele suave da sua bochecha.

Não era a primeira vez que isso acontecia e provavelmente não seria a última. Luna sempre se esquivava quando ele tentava beija-la.

Ele respirou fundo e fechou os olhos. Sentiu a mão de Luna deslizar para dentro da sua camisa e tocar na pele da sua barriga.

Seu toque era bom, mas isso o frustrava. Deixou seus lábios deslizarem da sua bochecha para o seu pescoço e ombros expostos.

"Felizes para sempre será um pouco difícil sem beijos na boca." Murmurou contra a pele do seu pescoço.

"Você é muito apressado." Ela respondeu enquanto deixava a mão deslizar mais um pouco.

"Isso não faz o menor sentido." Ele murmurou impaciente.

"Quem disse que precisa fazer sentido?"


21/04/2021 - N/A: tenho a impressão que esse é um capítulo que agrada gregos e troianos. É um dos meus favoritos!!!

Ginny é muito legal! (Such a bamf!!!) E essa parte do "sequestro" era uma das partes que eu estava super ansiosa para escrever!

Eu acho que esqueci de avisar antes, mas escrevi 7 capítulos no total! Como esse é o quarto, faltam mais 3!

Me deixem mensagens e/ou reviews! Estou respondendo todas! (Dos usuários que têm conta aqui)

Beijos!