A Espiã
Pansy passou uma mão no braço de Ron e deixou um beijo em seu ombro.
Ela estava feliz.
Não da forma que gostaria, mas estava feliz. Ron não matou Draco. Ainda. Mas eles pareciam ter chegado num pacífico meio termo após o incidente de Ginny.
Ginny.
Espiou a ruiva sentada do outro lado de Ron, ela vestia sua expressão mais angelical no rosto enquanto fingia não saber por que Sara Perks estava cobrindo a careca com uma horrenda touca azul na cabeça ou por que Terry Boot estava sem os dentes e por isso vivia numa eterna dieta líquida. Ambos se sentavam juntos no canto da mesa da Corvinal e tentavam não chamar atenção.
Ginny jurava de pés juntos que passou a noite toda descansando e tratando seus machucados na Ala Hospitalar e não fazia ideia de como aquilo foi acontecer com os corvinais exatamente na noite do seu sequestro.
Já Kyle Stevens foi expulso com a revelação de que foi o responsável pelos dois atentados contra Ginny.
Por causa de Theodore.
Procurou Theo na mesa da sua Casa, mas não o achou. Encontrou, porém, Draco Malfoy. Ele assistia à ruiva abertamente em seu solitário café da manhã. Seu olhar era intenso e parecia prestar atenção em cada detalhe ou movimento dela.
Ele piscou para Ginny com um sorriso no canto da boca quando ela reparou sua atenção.
Ela revirou os olhos. Era patético.
Assistiu quando Luna chegou à mesa da Sonserina e se sentou ao lado de Draco, exigindo toda a sua atenção.
Pansy aproveitou para chamar a atenção de Ginny.
"Eu ainda não vi Theo." Sussurrou ao se inclinar por trás de Ron.
"Eu também não." Ela respondeu pelas costas do irmão também. "Eu queria conversar com ele."
"Draco vai ficar muito mais em cima agora que vocês se assumiram publicamente, Ginny."
"Pelo amor de Merlin!" Ron resmungou por cima do ombro com desgosto na voz. "Vocês não vão fofocar sobre Malfoy debaixo do meu nariz."
"Em tese estamos falando pelas suas costas." Ginny respondeu ao irmão e Pansy sorriu. A ruiva piscou para ela e se levantou. Ajeitou a mochila nas costas e partiu do salão.
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Blaise tamborilou os dedos sobre o batente da janela. Queria um cigarro. Ele estava frustrado da forma mais bizarra possível e jamais se imaginou nessa posição. Ainda mais refletindo sobre isso em plena biblioteca.
"Zabini."
"Granger." Ele não levantou o olhar. "Por que o convite enigmático?"
"Eu preciso de um favor." Ela sussurrou.
"Aquele uísque é um dos mais caros que tem no mercado. Não posso distribuir como se fossem sapos de chocolates." Comentou com malícia. "Talvez meu padrinho possa te fornecer, você sabe, de acordo com o último bolão-"
"Que eu criei, eu sei." Ela resmungou recordando bem do bolão sobre os rumores que envolviam ela, Snape e a Sala Precisa. "Não é sobre isso." Ela retrucou. "Eu preciso desse livro." Passou um pergaminho para ele.
"Estamos na biblioteca, mas meu nome não é Pince."
Ela revirou os olhos.
"Estou estudando o problema de Pansy." Ela sussurrou.
Isso chamou sua atenção. Ele abriu o pergaminho e leu rapidamente o seu conteúdo.
"Isso fede Arte das Trevas, Granger." Ele respondeu sombrio. "Nem todos os sonserinos estão envolvidos com magia negra."
"Eu acho que a nossa resposta pode estar nesse livro."
Blaise assentiu e enfiou o pergaminho no bolso.
"Não vale a pena invocar magia negra para resolver uma mera questão testamental." Desencostou-se da parede. "Muito menos para matar a sua curiosidade."
"Nem para resolver o problema dos nossos amigos?"
"Você sacrificaria a alma deles por isso?"
"Lógico que não!"
"Então afaste a ideia da cabeça." Ele deu as costas e partiu. Não era prudente prolongar um assunto desses.
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Theodore, Theodore, Theodore.
Onde estava Theodore?
Ginny não o encontrou nas áreas comuns, nem queria se aventurar no Salão Comunal da Sonserina. Decidiu enviar uma coruja a ele.
Quando chegou ao Correio Coruja, quase esbarrou em alguém.
"Me desculpa, Ginny." A ruiva apenas sorriu para a colega de classe, Astoria. Ela desviou da loira e continuou seu caminho.
Pegou um pergaminho e uma pena e escreveu uma breve nota para o amigo, antes de procurar sua coruja e pedir que fosse entregue a ele.
Ginny riu ao ver a coruja negra de Malfoy com o peito estufado assistindo sua desengonçada coruja partir em direção da enorme janela.
Ela decidiu fazer o caminho de volta ao Salão Principal para pegar Draco antes do fim do café para dar um bom dia, mas se surpreendeu quando o localizou vindo em seu encontro.
Ele tinha um olhar predador, mas sorriu quando parou em sua frente. Draco era tão charmoso que às vezes se repreendia mentalmente por não apreciar devidamente esse fato. Claro que as diferenças que os distanciou nos últimos tempos influenciaram nisso, mas era um detalhe difícil de esquecer.
"Bom dia." Sorriu para ele.
"Vou te acompanhar para a aula." Ele pegou sua mochila e ajustou no próprio ombro. Ela sentiu uma familiar onda de calor varrer seu corpo pelo gesto e caminhou lado a lado com ele até as estufas onde teria aula de Herbologia. Tentou focar no que ele lhe contava casualmente sobre algo que aconteceu na sua última aula prática da matéria e ela jurava que tentava prestar atenção em cada palavra que saia de sua boca.
Draco estava sendo mais amável desde que voltaram a se falar, mas desde a sua infrutífera tentativa de sequestro pelos corvinais, ele estava sendo extraordinariamente atencioso. Sentia que as coisas ainda não estavam cem por cento entre eles e tinha a impressão que ele sentia isso também.
Perguntava-se mentalmente se ele sabia-
"O que foi?" Ele a tirou de seus próprios pensamentos e a olhava de canto de olho.
"Nada." Forçou um sorriso para ele e voltou a focar a atenção. "Continue."
"De qualquer forma, você presumiria que as dezenas de bailes que minha mãe promoveu ao longo da vida me daria alguma experiência, mas acredite, minha experiência com festas se limitam ao que acontecem no Salão Comunal da Sonserina e no porão da Mansão."
Draco mudou de assunto e ela nem percebeu.
"Não sabia que vocês chamam o calabouço de porão." Draco revirou os olhos para o seu comentário árduo.
"Eu posso te levar ao calabouço quando entrarmos de férias." Ele respondeu com sarcasmo. "Seria o local perfeito para te manter refém e à minha disposição por tempo integral."
"Que mulher de sorte que eu sou." Draco piscou para ela com um sorriso mínimo nos lábios. "Mas por que a preocupação sobre o calabouço e as masmorras?"
"Você não prestou atenção numa palavra que eu disse." Ele acusou impaciente. "Estava falando do baile de formatura que eu preciso organizar." Explicou.
"Oh." Ele já havia comentado sobre isso outras vezes também. Reclamado era a palavra certa. "Sabe, tem uma pessoa que poderia te ajudar se você pedisse com jeitinho."
"Nem morto, Ginny." Ele resmungou. "Eu finalmente consegui criar uma rotina para conciliar os estudos, o quadribol, a monitoria e você. Não preciso de Granger para atrapalhar."
Ginny revirou os olhos, mas não insistiu. Sem dividir as tarefas da monitoria com Hermione, ele estava sacrificando um tempo livre que poderia ter com os seus amigos. Algo que ele não tinha faz tempo.
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Blaise tentou espiar por cima de seu ombro enquanto Theo lia a carta de Ginny.
Amassou o papel e enfiou no bolso enquanto o censurava com o olhar.
"Você devia conversar com ela, Theo." O moreno confirmou suas suspeitas de que havia lido sua carta.
"Quando Draco não está a cercando, ele tem sua espiã de vigília." Respondeu para Blaise. "Eles estão num bom momento e eu não quero atrapalhar."
"Você sempre atrapalhou." Blaise comentou com ceticismo. "O que mudaria agora?"
"Você não tem falado com ele também." Ambos viram Draco entrar na sala de aula e ignora-los completamente enquanto passava pela pela bancada e tomava o lugar ao lado de Goyle.
"Por opção pessoal." Blaise respondeu com pragmatismo. O clima tenso entre os dois diminuiu após a reconciliação com Ginny e o humor de Draco melhorou da água para o vinho. Mas ele estava levando a sério o restante do último ano letivo e Blaise, bom, nem tanto. Havia ainda um conflito de interesses. "O que mudaria agora?" Repetiu.
Theo o ignorou sabendo que Blaise ficaria ainda mais curioso, mas ele sempre foi discreto e continuaria sendo.
"Ela está preocupada." O moreno suspirou. "Eu distraio Draco mais tarde e você conversa com ela." Blaise puxou a pena de sua mão e forçou sua atenção. Ele pousou seus enormes olhos azuis nos seus. "Draco tem razão em ter uma espiã, não tem?"
Theo recuperou a pena de e voltou a ignora-lo.
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"Tem sido difícil te ver sem Malfoy por perto." Harry a abordou na porta da biblioteca.
"Não cante vitória antes da hora, Potter. Eu combinei de me encontrar com ele aqui." Ginny respondeu com um sorriso para o amigo.
"Pelo menos ele respeita seu tempo com Ron." Ginny revirou os olhos e ignorou o grupo de corvinais que passavam por eles, cochichavam e não disfarçavam os olhares para a dupla. "Tem sido assim desde o dia da Floresta Negra." Lamentou para o menino que sobreviveu.
"Não é por causa do bolão sobre o seu namoro com Malfoy." Harry explicou com uma risada. "As meninas estão com medo de você."
"Por quê?"
"Sara Perks está desfilando careca pelo Castelo há mais de duas semanas e Madame Pomfrey não acha contrafeitiço ou poção que reverta aquele seu feitiço. Todas estão com medo de te atravessar." Ela sorriu triunfante com a informação. "E desde que você e Malfoy começaram a desfilar juntos pelos corredores, as meninas estão com medo até de olhar para ele."
"Aparentemente não todas." Seu sorriso morreu quando localizou Draco na mesa mais afastada da biblioteca. Ele estava debruçado sobre sua colega de ano, Astoria Greengrass, tinha uma mão apoiada sobre os livros dela e a outra no encosto de sua cadeira. Ele assistia inexpressivo tudo que Astoria relatava baixinho para ele.
Quando o olhar de Astoria cruzou com o da ruiva, ela desviou rapidamente e afastou o loiro de perto com um empurrão brusco no braço que estava apoiado na sua cadeira.
Draco não pareceu muito contente com a forma que ela o rejeitou, mas deu as costas mesmo assim. Quando ele capturou o olhar da ruiva, sorriu convidativo.
"Até mais, Ginny." Harry foi de encontro à Hermione que sentava do outro lado da biblioteca. Ela não prestou muita atenção.
"Está tudo bem?" Questionou quando o loiro se aproximou. Olhou para Astoria desconfiada de novo.
"Ciúmes?" Ele sorriu com presunção enquanto a conduzia para uma das mesas próximas às enormes janelas.
"Ha-ha! Desembucha!"
"Ela está com medo de ficar careca, não a intimide desse jeito." Ginny sorriu com a sua resposta enquanto se sentavam. "Ela é sua colega, não é? Seja gentil, ela é irmã de Daphne." Ela torceu o nariz e ele reparou.
"Qual é o problema? Você não gosta da Daphne?"
"Ela não foi uma boa amiga para Pansy quando ela precisou."
"Não foi. Por isso que eu sou o melhor amigo da Pansy." Draco respondeu com naturalidade, mas não soou bem. Ele enrijeceu no assento à sua frente e pareceu perceber o erro do comentário.
Eles se entreolharam enquanto o silêncio constrangedor dominava a mesa que ocupavam.
O pequeno impasse que envolvia Draco e Pansy e, por consequência, os irmãos Weasleys, tornou-se um assunto intocado entre eles. Entre todos. Ultimamente os envolvidos fingiam que o problema não existia e os não envolvidos tentavam se manter de fora. Quando algo que remetia ao assunto surgia, tornava-se essa situação constrangedora.
Draco foi o primeiro a desviar o olhar quando estendeu a mão na mesa e alcançou a sua.
"Devíamos ir à Hogsmeade juntos no sábado." Ele sugeriu com gentileza e mudou de assunto. "O que você acha?"
"Achei que você não gostava de encontros em Hogsmeade." Ela espelhou o sorriso que surgiu no rosto dele. Memórias de conversas anteriores sobre o tema alterou o clima da mesa e tornou o ar mais leve. Ginny retribuiu o toque em sua mão. "Vou verificar a minha agenda e te informo em breve." Ela retraiu a mão e pegou a própria pena enquanto tentava não rir da expressão indignada de Draco.
"Drake, finalmente te achei!" Blaise anunciou alto enquanto surgia pela biblioteca sem tato pelo tom de voz alto que chamava a atenção de todos os presentes. "Thomas está ameaçando se jogar da Torre da Astronomia se Ginny não terminar com você!"
"O quê?" Ela se levantou como a maioria dos estudantes que estavam no local. Draco ficou visivelmente irritado pela interrupção, ainda mais por envolvê-los. Ou talvez porque ele era monitor e teria que se deslocar até a torre para averiguar a situação, ela não sabia definir.
"Cem galeões que ele se joga antes da meia noite!" Blaise declarou enquanto subia numa das mesas e lançava um saco de moedas pesadas e um pedaço de pergaminho no colo de uma colega de Casa, obviamente passando a responsabilidade do novo bolão para ela. "Façam suas apostas!"
Houve uma grande comoção. Metade dos alunos foi até a sonserina para depositar suas apostas e a outra metade se apressou para fora da biblioteca, provavelmente em direção da Torre de Astronomia para assistir de perto o que estava havendo.
"Cem galeões que eu mesmo o empurro da Torre." Draco bufou enquanto pegava a própria mochila. Ela se mobilizou para recolher o próprio material também, mas ele não pareceu contente. "Melhor você ficar de fora dessa confusão, não acha?"
"Está bem." Ela suspirou alto. Ele estava certo.
Draco sorriu triunfante enquanto tirava um saco de galeões da mochila e passava para ela.
"Falei sério." Ele piscou para ela antes de sair. "Pode apostar."
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A biblioteca se esvaziou rapidamente e Ginny debatia mentalmente se voltava para a Torre da Grifinória ou se esperava por Draco em seu Salão para ganhar um beijo de boa noite.
Suspirou.
Parecia uma adolescente apaixonada.
Sorriu sozinha.
Ela era uma adolescente e estava apaixonada.
"Ginny." Paralisou e buscou a origem da voz. Era Theo. Ele acenou de uma sala desocupada.
Correu até ele para abraçá-lo, mas hesitou abruptamente quando se aproximou.
Theo conferiu os dois lados do corredor antes de deixá-la entrar na sala.
Ele cruzou os braços e se apoiou contra uma das mesas. Ele parecia cansado.
"Você não devia ter sumido." Ginny acusou com as duas mãos na cintura. "Eu precisava de você."
Theo riu.
"Não deixe seu namorado te ouvir."
"Não fale assim." Sussurrou com culpa.
Theo apenas assentiu.
"Como você está?"
"Bem." Ele não pareceu satisfeito com a resposta.
"Eu sinto muito pelo que houve com Stevens."
Ela ergueu as sobrancelhas surpresa.
"Não é sua culpa, Theo!" Ela soltou uma risada nervosa. "Você não pode ter se afastado por causa disso! Você sabe que Stevens era um idiota antes mesmo de-"
"Você sabe por que eu me afastei." Ele a cortou pontualmente. "Draco está movendo rios e montanhas para ficar com você." Comentou com seriedade. "Você está feliz?" Ele soltou uma risada nasal sem emoção e não esperou por uma resposta. "Lógico que está, você o ama." Theo levou uma mão para a ponta do nariz e beliscou momentaneamente. "Draco nunca vai me perdoar, Ginny."
Ela não respondeu. Não conseguia dizer o contrário porque não tinha certeza se ele estava errado.
"Quando podemos nos ver de novo?"
"Não foi fácil despista-lo." Ginny o encarou desconfiada. Como assim despista-lo?
"Por acaso Dean não está se jogando da Torre de Astronomia?"
"Está." Confirmou.
"Isso é ridículo." Ela protestou. "Você é meu amigo! Eu não posso manter nossa amizade em segredo porque Draco Malfoy tem ciúmes." Bufou.
Theo sorriu com apreciação.
"Você não o conhece mesmo?" Ela cruzou os braços e não respondeu. Ele soltou o ar pela boca. "Suponho que eu possa almoçar com você amanhã."
"Seria legal." Sorriu com a sugestão. "Temos muito para fofocar! Já me conta agora, você tem falado com as-"
"Já deu o tempo." Blaise entrou na sala sem pudor ou respeito pela privacidade e os interrompeu. Ele os analisou como se buscasse por algo suspeito. "Pirraça apavorou Thomas. Ele desequilibrou e caiu da Torre, McGonagal teve que salvá-lo. Ninguém levou o bolão."
Theo apenas assentiu. Ofereceu mais um olhar significativo para ela antes de sair.
Quando passou por Blaise, ele a barrou na passagem da porta com seu enorme braço e uma expressão atipicamente firme no semblante bonito.
Ela prendeu a respiração quando ele a avaliou calado. Sabia o ele que estava fazendo e ela era um livro aberto com as próprias emoções.
"Você se lembra daquele beijo?" Ela sentiu o coração acelerar desesperadamente. Não era possível- "Que Luna e Pansy compartilharam há algumas semanas?"
Oh.
"Que você a desafiou." Corrigiu com ceticismo.
"Os meios não justificam os fins."
"Nesse caso, acredito que justificam." Respondeu com seriedade. "Eu sei que você a testou."
"O ano escolar acaba em pouco mais de dois meses, Ginny." Ele comentou.
"O que te atormenta, Blaise?" Ele pestanejou. "Receio de terminar o ano na seca?"
"Você está passando muito tempo com Draco." Ele acusou. "Você já se perguntou como será o próximo ano? Você e Luna terminando a escola sozinhos e todos nós fora dessa prisão?"
Ginny estreitou o olhar.
"Você está frustrado porque até Harry está beijando mais que você." Retrucou com um pouco de maldade. "Eu vou fingir que não tivemos essa conversa e que no fundo, bem no fundo, você é um bom namorado para a minha melhor amiga."
Blaise abaixou o braço e recuou.
Eles se mediram por longos segundos antes dela respirar alto.
"Vou conversar com ela, mas-" Ela hesitou. "Mas eu acho que é algo que devíamos respeitar. Se ela não está preparada, você sequer devia pensar em pressiona-la."
"Conversa com ela que para mim já é o suficiente."
Ginny assentiu.
Quando finalmente passou por ele e se distanciou ao longo do corredor, ponderou a frustração de Blaise. Ele e Luna nunca se beijaram desde de sua tentativa mal sucedida no início do ano letivo e ela era totalmente a favor de cada um respeitar seu próprio tempo.
Mas ela mesma deu seu primeiro beijo aos treze anos em Michael e era algo que ela estava ansiosa para que acontecesse desde os dez anos.
Não entendia totalmente a falta de curiosidade da Luna.
E Blaise... Blaise não tinha sua fama à toa. Ele sempre esteve rodeado de meninas e meninos. Casos. Muitos casos.
Ela não se imaginava ficar o tempo todo ao lado de Draco sem vontade de trocar um beijo com ele. Adorava os beijos de Draco.
Suspirou.
Voltou ao modo adolescente apaixonada.
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Draco estava morrendo de fome e ansiava pelo almoço do dia. O café da manhã foi leve e se arrependeu logo nos primeiros cinco minutos da aula de Feitiços de não ter reforçado a refeição.
Reconhecia que se deixou distrair um pouco com os olhares que trocou com Ginny ao longo da primeira refeição do dia. Quando ele se tornou essa pessoa?
Seus colegas de classe saíram rapidamente da sala se aula e Blaise o abordou com um sorriso desagradável no rosto.
Apesar do clima ter melhorado, não dividiam muito tempo juntos. Blaise optava por se sentar com Theo nas aulas enquanto Draco optava por fingir que Nott não existia.
Blaise esperou a sala se esvaziar completamente.
"Granger está empenhada em evitar o inevitável e ela acha que a solução do seu problema está aqui."
Ele entregou um pedaço de pergaminho.
Draco desenrolou o papel e leu o conteúdo.
"Granger sugeriu um livro de arte das trevas." Draco releu o pergaminho três vezes. "Acho que eu posso resolver o problema sem precisar sacrificar minha alma." Devolveu o papel.
Blaise arqueou uma sobrancelha.
"Será?"
"Você acha que Pansy Parkinson e eu estaremos casados daqui um ano?" Draco questionou com desdém.
Blaise sorriu.
"Quer apostar?"
"Valendo o quê?"
"O mesmo que da última vez." Draco revirou os olhos.
"Eu não vou apostar a mesma coisa de novo."
"Medo, Drake? Você me pareceu tão confiante."
Draco abriu e fechou os punhos antes de estender a mão direita para o amigo.
"Está bem." Ambos selaram a aposta com um aperto de mão. Blaise não soltou sua mão quando Draco tentou se afastar.
"Faz tempo que não atualizamos as fofocas. Você quer me contar o que anda acontecendo na conceituada monitoria comandada por Draco Malfoy?"
Draco puxou a mão bruscamente e revirou os olhos.
"Na verdade não. Estou faminto e prefiro não perder meu horário do almoço te contando assuntos que pouco te importam."
Partiu em direção da saída e Blaise o seguiu no mesmo ritmo.
"E como está o plano do baile para formatura? Devo encomendar meus melhores trajes finos ou vestiremos roupas casuais para a quadrilha?"
Draco parou abruptamente e o encarou.
"Primeiro, Malfoys não dançam quadrilhas." Blaise riu. "Segundo, há algum motivo específico para você atrasar o meu precioso almoço?"
Blaise colocou sua melhor expressão angelical no rosto.
"Não gosta de se atrasar para o seu passatempo predileto?" Provocou quando voltaram a andar. "Se você tivesse mais coragem, você faria as refeições com ela ao invés de babar da distante mesa da Sonserina." Blaise passou um braço ousado pelos ombros do amigo enquanto entravam no Salão Principal. "Até breve, Draco."
O loiro estreitou o olhar e assistiu enquanto Blaise se dirigia despretensiosamente até a mesa dos leões. Ele alcançou o grupo mais popular da Grifinória sem hesitação e se sentou entre dois colegas que não eram da Casa também, Luna e Pansy.
Olhou melhor o arranjo e viu que entre Ginny e Potter, estava Nott.
Draco sentiu o sangue ferver. Ginny ofereceu um sorriso tímido para ele e não ousou convida-lo a se unir ao grupo. Draco não retribuiu e marchou até a mesa da Sonserina solitariamente. Tomou um lugar aleatório ao lado das irmãs Greengrass.
Desde quando Theo voltou a dar o ar da graça pelas refeições ou voltou a presentear Ginny com a sua presença?
Encarou Astoria ao seu lado que tentava chamar sua atenção discretamente.
"Pois não?"
"Theo está almoçando na mesa da Grifinória." Ela sussurrou.
"Não diga."
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Harry gargalhou alto enquanto ninguém disfarçava os olhares que direcionavam para Malfoy do outro lado do salão. Ele não parecia contente com a disposição do almoço que acontecia na mesa da Grifinória naquele dia.
Eles estavam acostumados com a presença de Luna e Pansy a essa altura. Nott já esteve na mesa da Grifinória antes com Ginny. Mas Zabini estava aproveitando a oportunidade para aborrecer Malfoy também.
O loiro estava isolado entre as irmãs Greengrass na mesa das serpentes e fuzilava seus amigos com o olhar.
"Por que a gente não ergue uma taça de suco para o Malfoy?" O menino que sobreviveu sugeriu enquanto todos riam.
"Harry!" Ginny não achou engraçado, mas ele, Ron e Blaise brindaram em direção de Malfoy mesmo assim.
"Quer vê-lo perder a paciência? Coloque uma mão no ombro de Ginny." Blaise sugeriu. "É capaz dele surtar."
"Não ouse, Harry Potter!" Ginny resmungou alto quando o viu esticar a mão. Ele retraiu rapidamente. "Honestamente, eu não sei qual é o problema de vocês!"
"Ginny, Malfoy evidentemente é um namorado ciumento e ele não esconde que tem ciúmes de Nott." Hermione replicou olhando da ruiva para Theo. "Vocês dois são tão óbvios que me impressiona Malfoy não ter surtado ainda."
"Eu conheço Draco desde sempre." Pansy comentou. "Não esperava que ele fosse se tornar um desses."
"Um desses?" Ginny repetiu.
"Um desses namorados possessivos." Explicou.
"Eu não quero mais ouvir sobre o tipo de namorado que Malfoy é! Pelo amor de Merlin!" Ron cobriu as orelhas nervoso. "Ele namora a minha irmã!"
"Talvez não por muito tempo." Ela bateu a mão na mesa e olhou para os amigos sonserinos sentados ao seu lado. "Por que de repente Draco ficou tão amigo de Astoria?" Todos viraram a cabeça para olhar a mesa da Sonserina novamente. Harry notou que Malfoy ouvia atentamente algo que Astoria Greengrass contava. Eles não pareciam tão amigáveis um com o outro e não via motivo para Ginny achar a interação suspeita.
Harry trocou um olhar incrédulo com Zabini de todas as pessoas. Ele pareceu tão cético quanto Harry e os demais, porque Astoria parecia amedrontada por Malfoy.
"Na verdade," Ron trocou um olhar com Hermione. "Greengrass parece estar em todo lugar agora."
Hermione focou o olhar com concentração em Astoria antes de se dirigir à ruiva.
"Astoria parece estar em todo lugar-" Concluiu. "-que você está, Ginny!"
Ginny pestanejou.
"Desde o casamento." Ela declarou lentamente enquanto olhava para Nott. "Astoria foi a única que esteve no evento além de nós." Theo apenas assentiu, mas sentiu a tensão no ar surgir. Pansy, Nott e Zabini trocaram um olhar pouco sútil entre eles e Harry sabia que isso não era um bom sinal. "O que foi?"
"Ginny." Zabini abriu uma mão com calma sobre a mesa. Parecia pesar as próprias palavras com sabedoria. "Pergunte ao Draco."
Ginny se levantou ultrajada.
"Draco ficou com Astoria?" Ela praticamente acusou.
"Oi?" Zabini pareceu genuinamente indignado. Ele se levantou também. Nott e Pansy o acompanharam. "Não!" Ele olhou para os amigos em busca de apoio. "Não!"
"Desembucha logo, Zabini!" Foi Ron que se levantou agora. "Minha irmã fez uma pergunta simples e eu não estou vendo motivo para não ser respondida." O ruivo encarou Pansy com criticismo. "A não ser que Malfoy tenha feito algo que não devia com Astoria."
Harry se levantou por falta de alternativa, podia sentir que essa história não terminaria pacificamente.
Todos olharam para Malfoy do outro lado do salão mais uma vez. Ele pareceu alarmado e prestava atenção na interação que desenrolava na mesa Grifinória. Ele não estava mais acompanhado das irmãs Greengrass.
Astoria estava saindo do salão e Ginny pareceu notar. Seu lado impulsivo falou mais alto e ela foi atrás da sonserina sem hesitar.
Harry gemeu alto. Lá se foi o almoço divertido às custas de Malfoy.
Todos foram atrás da ruiva, inclusive o sonserino que motivou esse tumulto.
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"Ginny!" Astoria ofegou com a mão no peito, visivelmente assustada com a sua abordagem.
"O que tem acontecido entre você e Draco?" Questionou sem rodeios ou tato quando a alcançou no fim do corredor.
"Draco?" Ela mudou o peso do corpo e olhou por cima de seu ombro, desesperada. A sonserina levou as mãos protetoramente para os próprios cabelos loiros. "Pelo amor de Salazar, Ginny! Eu só fiz o que ele mandou! Eu amo o meu cabelo, juro que não fiz nada com ele!" Ela abaixou o tom de voz. "Eu nem gosto dele!" Torceu o nariz. "Eu tento ser cordial com ele porque Daphne é amiga dele, só-"
"Tchau, Astoria!" Uma voz arrastada dispensou a loira. Ginny torceu o pescoço e focou no recém chegado Draco. Ele a encarou inexpressivo. Todos os seus amigos os rodeavam também. Astoria aproveitou a deixa para desaparecer. "Vamos conversar a sós, Ginny."
"Não." Ela rebateu pelo mero desejo de contraria-lo. "Por que você e Astoria estão de segredinhos? E por que todos os seus amigos sabem, menos eu?" Ela lançou um olhar crítico para o trio de sonserinos composto por Pansy, Blaise e Theo.
"Vamos conversar em algum lugar mais reservado, Ginny." Ele repetiu. "Por favor."
"Responda, Draco!"
Houve um silêncio excruciante. Ela viu sua mão da varinha espalmar e seus olhos escurecerem gradativamente. Sua expressão esfriou antes de dar um passo em sua direção.
"Astoria me mantém informado." Declarou.
"Informado sobre o quê?" Draco arqueou uma sobrancelha óbvia para ela. "Você colocou Astoria para me espionar?" Sentiu o sangue esquentar. "Por quê?"
Draco soltou uma risada nasal sem graça.
"Me diga você, Ginny". Ele respondeu no mesmo tom.
"O que isso quer dizer?"
"Astoria te viu beijando Nott no casamento." Sua voz soou mortal e a frieza que até então sustentou cedeu. Ela viu o rastro da emoção transparecer nos seus olhos. "Não foi ele!" Draco apontou para Theo. "Foi você, Ginny! Você o beijou!" Ele acusou.
Ela sentiu o chão se abrir naquele momento.
E todas as pedras que estavam em suas mãos prontas para serem arremessadas contra ele se esfarelaram em seus dedos.
"Theo e eu somos melhores amigos." Ela murmurou.
"Achei que Luna era sua melhor amiga, devo me preocupar?" Ele debochou. Então olhou ao redor. "Você precisa que Blaise arme um circo na Torre de Astronomia toda vez que planejar encontrá-la sem mim?"
Ela estreitou o olhar para ele, depois para Blaise e Theo. Devia ter imaginado que o encontro de ontem não foi coincidência.
"Desde quando você sabe?" Não via motivo para negar, afinal Draco parecia saber de tudo.
Sua expressão ficou sombria novamente e ela engoliu a seco. Ele sabia desde o dia do casamento.
"Draco." Sua voz saiu mais trêmula que pretendia.
"Meu amigo, Ginny." Sua voz não quebrou e seu sussurro parecia um grito no silencioso corredor. "Isso faz aquela briga das masmorras ganhar uma nova perspectiva, não? Quantas oportunidades você teve para me contar nesses últimos meses?"
"Draco, eu..."
"Não." Ele levantou uma mão em protesto.
Ginny olhou ao redor e notou que estavam sozinhos. Para sua surpresa, todos que os seguiram foram embora. Ela queria ter desaparecido também. Aliás, quase todos. Ron ainda arrastava a relutante Pansy pela mão, Pansy... que a perfurava com o seu olhar.
"Draco." Ela tomou mais coragem pela privacidade que ganharam.
"Não fale nada que você possa se arrepender." Ele a cortou novamente.
"Por que você não me questionou? Por que você preferiu colocar Astoria para me espionar?"
"Se Nott tivesse tomado a iniciativa, acredite em mim, eu teria resolvido esse impasse com a minha varinha assim que fiquei sabendo e ele não estaria aqui para contar história." Ele pausou e desviou o olhar. Passou uma mão frustrada no cabelo e desalinhou os próprios fios. "Astoria ficou de olho para saber se você ainda tinha interesse."
"Draco." Ele não poderia achar isso depois de tudo que viveram juntos. Ele não reagiu enquanto cruzava os braços e deixava seus olhos perambularem pela janela.
"Quando você apareceu na sala de Snape depois de tanto tempo e eu confessei que senti sua falta... Eu decidi esperar que você me contasse no seu tempo." Ele disse voltando sua atenção para ela. "E acho que eu fiz minha paz com isso no dia do incidente da Floresta Proibida."
Ela sentiu o estômago revirar.
Ela beijou Theo no dia do casamento por pura impulsividade. Estava confusa por causa da notícia de Draco e Pansy e queria... Queria apenas conforto.
Theo.
Theo e ela juraram não contar para ninguém. Jamais.
Todos sempre insinuaram que ele gostava dela. Admitia que às vezes ela achava também. Mas sempre achou que a amizade deles era maior.
Quando Ginny o beijou, Theo arregalou os olhos em choque e demorou alguns segundos para afastá-la com sutileza. Eles tiveram a conversa mais constrangedora de sua curta amizade.
E nessa conversa Theo confessou algo tão íntimo e problemático que apenas reforçou a relação dos dois. A amizade dos dois.
Theo estava perdidamente apaixonado.
E não era por ela.
Quando o indevido beijo aconteceu, ela só pensou em Draco.
Ela odiaria se Draco beijasse outra pessoa em busca de conforto. E ela odiava a ideia de que ela possivelmente estragou a amizade dos dois. Uma amizade que sempre foi frágil. Theo estava convicto que ele não o perdoaria. E ela também.
"Desde então percebi que talvez a culpa fosse minha." Draco continuou. "Venho tentando me redimir todos os dias e acho que agora eu sou um bom namorado para você." Concluiu sem modéstia.
Draco vinha se esforçando. Theo disse que ele estava movendo rios e montanhas por ela e Ginny havia percebido, mas...
"Um bom namorado não precisa de uma espiã!"
"Você ainda não se abriu totalmente para mim, Ginny."
Não respondeu. Ela sabia que não, porque ainda tinha um assunto pendente entre eles. Um assunto que não estava remotamente próximo de ser resolvido.
"O que acontece comigo se você e Pansy se casarem?" Sua voz a traiu e finalmente tocou no assunto que eles evitaram a todo custo nos últimos meses. Verbalizou o que não era dito, o que não queria ser dito. Flashbacks da conversa foram revividos em sua memória como se tivesse acontecido ontem. "Você disse 'Pansy e eu iremos nos casar.'" Repetiu suas palavras exatas. "Não era uma possibilidade." Murmurou. "Você estava convicto de que se casaria com ela, Draco."
A realização disso a fez sentir uma onda de humilhação e vergonha. Draco via a situação como uma certeza quando a contou.
"Não devíamos ter essa conversa agora. O assunto não é esse."
"O que acontece comigo?" Insistiu.
Draco deu um passo em sua direção e deixou sua expressão suavizar. Ele levou uma mão hesitante para a curva do seu pescoço.
"Nada acontece com você, Gin." Respondeu. "Eu estou resolvendo isso."
Ela afastou a mão do seu rosto, não devia se derreter por seu toque agora. Não podia ceder.
"Como?"
"Eu tenho dois planos em mente." Sua expressão pareceu insatisfeita por afasta-lo bruscamente. "Você deve imaginar qual é um deles."
"Não se casar." Ele apenas assentiu. "E o outro?"
"O outro ainda está em desenvolvimento."
Era tudo tão confuso e complicado. Até quando eles poderiam fingir que isso não estava acontecendo?
"E se você tiver que casar? Não foi ideia do seu pai?" A expressão de Draco esfriou enquanto as palavras saiam de sua boca sem pudor. "Você sabe da estatística! Metade dos casamentos bruxos ocorrem quando o cortejo vem de Hogwarts! Meus pais se conheceram na escola, aposto que os seus pais também! Draco,-"
"E você se esquece um detalhe importante, eu não estou cortejando Pansy!" Draco pontuou. "E já avançamos algumas décadas, casar aos dezoito anos não é uma das tradições bruxas que me empolga!" Ele resmungou frustrado enquanto passava a mão pelos cabelos. "E quantos dos seus quinze irmãos se casaram com as namoradas de escola?" Ginny se calou. Nenhum. Isso trazia um pouco de alívio. Mas não muito. "Olha, eu estou resolvendo, ok?"
"Eu não quero Astoria na minha cola, Draco." Declarou com seriedade. "E se eu descobrir que ela ainda está me espionando, Pansy poderá procurar outro pretendente, porque você estará morto e enterrado!"
Draco sorriu com presunção.
"Quero manter na memória o seu ciúme."
Ela não achou graça.
"Draco, eu cometi um erro." Admitiu. "Theo é meu amigo e eu não estava num bom momento." Ele desviou o olhar e os vestígios do sorriso desapareceu. "Mas ele é seu amigo também." Tentou tocar seu braço. "O erro foi meu e eu gostaria que você não descontasse nele."
"Theodore Nott vem pisando em cascas de ovos desde que te conheceu. Ele teve todas as oportunidades de afastar qualquer ideia de que poderia haver algo entre vocês." Respirou pesado. "Ele preferiu que todos, inclusive você, tivesse a impressão errada."
"Eu não gosto dele dessa forma, Draco!" Protestou com convicção. "Você sabe mais do que ninguém de quem eu gosto!"
"Será, Ginny? Será?" Ele estreitou o olhar com frieza no semblante. "Por que a amizade dele é tão importante? Você tem muitos amigos, ele não parece ser apenas mais um." Acusou. Ouviram a movimentação dos alunos indicando que o almoço estava chegando ao fim. "Aula." Ele resmungou inconformado. "Vamos, vou te acompanhar para as masmorras." Ele sabia que sua próxima aula era lá.
Ginny o encarou.
"Não precisa." Replicou com displicência. "Eu sei o caminho." Torceu para que Luna ou seu Hermione tivessem recolhido sua mochila que ficou para trás na pequena perseguição por Astoria.
Draco ficou rígido, mas assentiu. Pelo semblante inexpressivo não gostou da sua resposta, mas não quis demonstrar.
"Só para te esclarecer um pequeno detalhe, Ginny." Ele sussurrou para evitar os ouvidos dos alunos que começavam a inundar a passagem. "Se fosse você descobrindo que eu beijei outra pessoa, essa conversa estaria tomando uma direção completamente diferente." Declarou sem esperar por sua reação. Ele deu as costas e foi embora.
22/04/2021 - N/A: o que acharam? O drama não tem fim! Finalmente a resposta que vocês tanto esperavam. E agora? Quem está errado? Draco? Ginny? Theo? Astoria? Pirraça?
Adoro que vocês não apontam dedos para quem está certo ou errado, vocês gostam mesmo é de ver o circo pegar fogo! Haha
FALTAM DOIS CAPÍTULOS! :O
