MoonWiccan: Hahaha seu fascínio pela fic faz com que eu sinta que estou no caminho certo! Também adorei a demonstração de afeto de Naruto, a maneira como se rendeu mesmo sendo contra a relação dos dois de imediato. Kisame não poderia faltar, a dupla imbatível estava fazendo falta, e você não perde por esperar a reação de Itachi quando descobrir que é pai, muitas emoções virão, até breve.

Capítulo 44: Luz

Sakura estava á espreita, nas sombras, assim como ultimamente havia estado. Ela observava as pessoas de longe, agitadas e ansiosas, com os trajes semalhantes em branco impecável. Vestia um kimono tradicional marfim, que seguia o contorno perfeito de sua barriga inchada, o cabelo preso em um coque baixo, encobrido pelas sombras.

Viu as pessoas comemorando, ela mantinha uma distância segura, observando, á espreita, certificando-se de que ninguém poderia vê-la. Ela tinha se tornado uma especialista nisso, era incrível o poder que se sentia quando você podia observar as pessoas, mas elas não podiam observar você. Era uma sensação estranha, mas que ela sentia muito nos últimos tempos.

Esperou imóvel até Naruto aparecer, e quando Tsunade anunciou, ela sentiu o coração disparar, ele finalmente estava fazendo isso...

Os olhos dele vagaram por cada canto dali, como se a procurassem, e quando encontrou, ele abriu o maior sorriso que ela ja viu. A rosada culpou os hormônios da gravidez pelo insistente lacrimejar nos olhos, ela ergueu o queixo com um suave sorriso. A multidão bradou fortemente, saudando o novo Hokage.

A cerimônia teve ínicio, as pessoas bebiam, comiam e se divertiam. Naruto era o centro das atenções, sendo cumprimentado e saudado por todos. A rosada o olhou de relance, vendo-o por fim alcançar o estimado sonho de vida.

Por hoje, estava tudo acabado. Ela pensou ao virar-se de costas, o aperto incômodo no peito ao deixar sua amada Konoha, olhou mais uma vez para trás, apenas para capturar o lugar que custumava chamar de seu. Balançando a cabeça, virou para ir embora, sabendo que tinha que dizer adeus... por enquanto.

Foi então que seus olhos de jade se arregalaram e Sakura empalideceu, ao deparar-se com olhos vermelhos fulminantes. O coração bateu na garganta, sua mente agarrando-se ao fato de que fora descoberta. Em um borrão, a rosada se viu correndo como se mais nada no mundo importasse além disso. Mais rápido. Sua mente exigiu.

Ela sentiu galhos afiados rasgando sua roupa no caminho, arranhando a pele.

— Sakura! Ela ouviu seu nome sendo chamado ao fundo, não tão distante.

Sua velocidade aumentou ainda mais, o medo espalhando-se em cada canto do corpo. O desespero a engolfou, a rosada fez o possível para esconder seu chakra naquele momento, mas estava sendo difícil.

Foi quando uma parcela de dor a atingiu, tão forte que tomou conta de seu corpo. A barriga se contraiu toda, como se endurecesse até virar uma bola. Na mesma hora o pânico veio e a rosada a envolveu com a mão, sibilando de dor como se fosse apunhalada por uma kunai em um corte profundo.

Ela respirou fundo, procurando se acalmar, mas a dor piorou, se intensificando, tirando o ar.

— Não... Não agora. Começou a arfar, dizendo para si mesma, gemendo quando uma espécie de câibra quase a dobrava no meio. — Ai...

Sakura afundou os dentes nos lábios para não gritar de dor, seu bebê estava vindo... Em uma péssima hora. Desesperada, ela puxou o ar enquanto lutava contra a dor.

Doeu tanto que ela perdeu as forças e caiu de joelhos, implorando silênciosamente, não desistiu, mas outra onda sofrida veio e um grito de angústia escapou. A rosada se arrastou com dificuldade até uma caverna, o medo de ser encontrada rivalizando com a dor do parto, seus olhos piscaram lágrimas contidas enquanto um frio terrível se espalhava pelos membros.

Uma nova contração veio, fazendo o suor brotar no corpo e seus dentes travarem tamanha dor, Sakura mal enxergava com lágrimas embaçando a visão, implorou aos deuses força, encostando a cabeça na estrutura de pedra, murmurando palavras inaudíveis.

Itachi caminhava atento ao lado do companheiro, seus olhos eram ainda mais frios, rasos de emoção, uma parte de si se foi no dia que ela desapareceu. Ele podia negar o quanto quisesse, mas doeu como o inferno.

Kisame parou abruptamente, fazendo Itachi apertar os olhos em descrença. O rastro que seguiam os levaram direto a Konoha. Não. Era impossível...

Itachi estava irritado, mas se sentia cansado, e não conseguia parar de pensar em Sakura, passar várias noites sem dormir só piorava tudo. Ele fechou os olhos e respirou profundamente em lamento, errar a trilha era inadimissível.

Ao mesmo tempo, lembrava que Naruto poderia estar envolvido nisso tudo, um alerta soava dentro dele cada vez que se esbarravam, e sua vontade era pegá-lo e fazê-lo confessar, mesmo que sob tortura. Mas não podia agir sem ter certeza, só poderia ficar vigilante, esperando uma brecha que o faria se entregar.

— Desde quando falhamos em uma missão de rastreio? Kisame indagou presunçoso.

Nunca. Itachi não queria admitir, mas ele tinha razão, por isso seus olhos se tornaram primitivos e ele partiu como um furacão no minuto seguinte.

Itachi passou pelos portões tão nervoso que nem viu e nem se identificou a ninguém, ele se moveu pelas bordas, evitando a multidão, enquanto Kisame o seguia em silêncio. O carmesin furioso examinando cuidadosamente cada extremidade. Foi quando, com o canto dos olhos, viu o homem respirar com dificuldade, como se tivesse corrido uma maratona. Ele olhava fixamente para Itachi, era Sasuke.

Por uma mera fração de segundo, uma emoção brilhou nos olhos ônix, Sasuke ficou nervoso, dando as costas e se afastando lentamente. Algo estalou dentro de Itachi, que foi até ele em passos largos, pouco se importando de que estavam no meio de uma cerimônia.

— Onde Sakura está? Sua voz trovejou no ar.

— Eu não sei. Respondeu indiferente, mas seu olhar culpado o alertou.

Itachi sentiu o coração disparar, tendo certeza de que ele sabia alguma coisa, jogou uma lança no escuro, fitando-o duramente.

— Já sei que a encontrou. Para onde? Não me faça perder a cabeça, Sasuke! Sua respiração cortava o ar, algo frio penetrando sua pele, mas ele ardia por dentro.

Kisame tinha um sorriso divertido no rosto, particularmente desfrutando presenciar o confronto entre irmãos.

— Eu não tenho certeza, estava de longe, avistei o cabelo rosa e a persegui. Mas a perdi... Sasuke confessou sentindo algo semelhante a culpa.

— Você a perdeu? Itachi rosnou, puto, a ira o devorando.

Itachi ficou imobilizado, imaginando a cena. Sakura não havia desaparecido, ela estava fugindo. A verdade caiu sobre ele como uma pancada, e se deu conta de como o relacionamento de ambos fora intenso e pesado desde o início. Como poderia culpá-la por não suportar e fugir, quando até ele mesmo se sentia sufocado?

— Queria que eu fizesse uma exibição de poder no auge da cerimônia em Konoha? Sasuke retrucou irritado.

— Para onde ela foi? Ele exigiu, os olhos pareciam sangue puro.

Sasuke indicou o caminho, e em um movimento súbito Itachi sumiu de sua visão, mal deixando o vestígio de sua presença. Simplesmente se dirigiu até lá, pulando de árvore em árvore, mais rápido do que que dar certo, Sakura havia fugido rápido, sem planejamento, e certamente deixaria uma ponta solta.

Itachi acelerou, disposto a reverter a situação e trazê-la de volta a sua vida. Estava decidido a fazer qualquer coisa para tê-la consigo.

Sakura fechou os olhos, sentindo o suor escorrendo na testa. Ela não era de um Clã nobre, e trazer uma criança Uchiha ao mundo era mais doloroso do que um dia imaginou na vida. Sentiu uma pontada aguda, e dobrou-se para frente, perdendo o ar com a dor.

Ela estava com o rosto vermelho e a respiração ofegante. Não. Ela não era uma integrante feminina do Clã, mas possuía a força de cem guerreiras. Sakura precisou de um tempo entre a dor terrível e frequente, que quando a apunhalou, gritou a plenos pulmões, fazendo força em excesso.

A rosada choramingou, empalidecendo de dor, abafando os gritos, e depois de quinze minutos sofridos em que empurrou, nasceu, desabando em seus braços. No ínicio não chorou, olhou-a sério, como se avaliasse se valeria a pena ter sua atenção, por fim o choro estridente reverberou na caverna vazia. Uma lágrima solitária deslizou em sua face, ela o examinou com admiração, os cabelos tão escuros como os de Itachi, e os olhos, ele era uma cópia exata do pai.

Sakura o amamentou, um sentimento de puro amor a atingiu, e depois de cinco minutos quieto, enquanto acariciava sua penugem, ele adormeceu, aconchegado em si, não demorou muito para que ela fizezesse o mesmo.

Itachi estava desesperado, depois de todo esse tempo um pico afetou o vínculo que mantinham, incendiando tudo, fazendo com que sentisse algo novo, o coração começou a martelar descontroladamente dentro do peito.

Ele correria até os confins da terra, mas a teria de volta.