MoonWiccan: Primeiramente desculpe pela demora em atualizar, em compensação terá um capítulo novo para amanhã! Morrendo de vontade desse reencontro assim como você kkkkk em breve. Bjs

Capítulo 47: Lar

Itachi já estava de pé antes mesmo do sol nascer, uma agitação constante tomando conta dele, inibindo-o do sono. Movimentou-se estrada a dentro, o desejo em tê-la de volta ofuscando tudo. O vermelho em seus olhos reluzia na escuridão, seus pés seguiam em velocidade frenética, sem parar.

Não demorou mais do que algumas horas, não havia movimento quando chegou lá. Nenhum som, nenhuma presença, nada, exceto os detritos de uma pequena fogueira. Parecia irreal, talvez fosse insanidade... Mas o cheiro inconfundível encheu suas narinas. Sakura. Ela não estaria longe o suficiente para que não pudesse alcançar.

Itachi tinha passado os últimos sete anos desesperado para encontrá-la, e agora, que a tinha tão perto, sentia-se enraizado no chão. O sangue começou a ferver, a fúria escaldante percorrendo suas veias, exigindo uma explicação por todos esses anos perdidos. Apenas um passo.

Mas quando estava prestes a se mexer algo o impediu, seu pulso parou por um momento, e então, ele voltou á vida, seu coração martelando no peito.

Sakura estava voltando.

Ele pôde sentir através do vínculo indistinto, denso e caloroso. Ela estava voltando para Konoha.

Então, Itachi fez algo que pensou que jamais faria. Controlou a aura sombria dentro dele que ordenava e exigia respostas, que rangia furiosamente em seu interior. Deu a volta e procurou pela pousada mais próxima, ficaria lá por um tempo e voltaria para Konoha mais tarde.

Poderia ser paciente. Afinal de contas, a teria de volta amanhã e todos os dias depois disso.

Sakura parou de repente ao sentir a queimação inesperada dentro de si, foi como um choque, a garganta secou prontamente e a respiração se alterou. Aquilo era...

— Já estamos lá? A voz infantil soou sonolenta.

Sakura engoliu, sentindo um ligeiro tremor surgir nas pernas.

— Quase. Respondeu, um tanto abalada pela manifestação repentina.

Itame sorriu com entusiasmo, obviamente feliz pela notícia.

Tentando se acalmar, a rosada respirou lenta e profundamente. Não sabia o que tinha acontecido, naquele momento, Itachi a irritou mais do que nunca. Por que não conseguia superá-lo? Por que ainda tinha que viver e respirar por ele todos os dias, apesar de todos esses anos?

Como poderia fugir do homem em quem pensava constantemente? Por que ainda estava pensando em formas de se livrar dele, por mais que soubesse que acabariam se encontrando agora? Por que estava planejando em sua cabeça como lidar com os eventos futuros? Era um comportamento incompreensível e totalmente anormal. Ela não conseguia compreender a si mesma e nem escapar dos pensamentos.

Após metade do dia em movimento, era notório de longe o monumento com os rostos dos Hokages, e ela suspirou em cansaço reprimido, sentindo uma nostalgia absurda a invadir.

— Aqui estamos. Sakura disse, vendo o olhar brilhante no semblante de seu filho, sentindo a agitação que exalava.

— Incrível! Ele exclamou, maravilhado com os rostos predominantes do topo da aldeia.

Sakura parou na entrada, olhando a aldeia florida, as ruas, as construções, tantas mudanças... Havia uma sensação de paz e aconchego ali e isso a fez relaxar um pouco, sentiu parte da tensão se dissipar.

Ao prosseguir, observou uma mulher que passava com um bebê no colo, idosos jogando shogi, algumas crianças fazendo algazarra na praça, distraída em seus próprios pensamentos. Foi então que um movimento mais a frente chamou sua atenção e se deparou com um Naruto tão alto como ela nunca se lembrou.

Ele usava uma capa longa, branca e decorada com chamas vermelhas nas bordas, as pessoas o rodeavam e se aproximavam dele. Sakura ficou completamente focada, os fios loiros espetados estavam curtos e despenteados, dando-lhe um ar despojado e natural, passou os olhos sobre ele e algo mexeu consigo. A saudade a apunhalou com força total, jogando em seu rosto o quanto sentiu falta de tudo aquilo.

Como se o atraísse com o pensamento, ele a olhou, ela sentiu o coração bater mais forte quando seu amigo de longa data abriu a boca em choque e se desvencilhou da multidão que o envolvia.

— SAKURA. Naruto gritou em descrença, sem ver nada pelo caminho.

Itame olhou com suspeita para o indivíduo que gritou o nome de sua mãe as quatros ventos, atraindo atenção desnecessária. Permaneceu em alerta, mirando-o com curiosidade.

Sakura o viu se mover em velocidade que era difícil acompanhar, surgindo como um flash e pronto para envolve-la em um de seus abraços. No entanto, ele hesitou, ao ver mãos pequenas em volta de sua perna protetoramente.

Sakura nao conseguiu conter o sorriso que surgiu em seus lábios, moveu-se para o lado, dando a Naruto uma boa visão da criança um tanto intrigada.

— Esse é o tio Naruto, de quem falei todo esse tempo. Sakura explicou, vendo o olhar de Itame mudar de confusão para descrença.

— Mesmo? Ele fitou o loiro com admiração, o que foi suficiente para ser esmagado por um borrão laranja em um abraço.

— Também senti sua falta Naruto. Sakura sibiliou, sentindo um conforto fora do comum naquele abraço.

— Bem vindos de volta! O loiro disse com ânimo, seu rosto se iluminou com uma nova ideia. — Já sei, vamos ao Ichiraku celebrar, por minha conta.

— Ichiraku? Itame indagou.

— Ah, é lá onde servem o melhor rámen da região. Naruto esclareceu, coçando a cabeça de maneira juvenil.

A rosada se apressou em dizer.

— Não, acabamos de chegar e...

Mas o fim da frase morreu em seus lábios ao se deparar com olhos ônix suplicantes, era aquele olhar que Itame usava para conseguir o que queria. E como todas as outras vezes, ela não resistiu a ele. Mesmo assim, já era tarde, Naruto seguiu liderando o caminho com Itame sentado em seus ombros, como de costume o loiro tagarelando sem parar.

Aquele olhar seria o seu fim, a rosada previu.

— Tudo bem, tudo bem, vamos. Ela se deu por vencida, falando para si mesma, observando-os a distância.

O balcão estava um pouco cheio, principalmente por shinobis que pareciam ter saído de seu turno, ainda suados, falando alto. Sakura os observou de relance, absortos em sua própria conversa. Ela se acomodou ao lado de Naruto, deixando Itame no canto confortável e vazio. Fizeram seus pedidos, era quase como nos velhos tempos, a rosada sorriu vendo a maneira como Itame se interessava pelas histórias que Naruto contava, precisamente sobre o exame chunin.

Sakura fechou os olhos sentindo o sabor do molho escorregar por sua língua, era tão quente e saboroso, ouviu Naruto contar sobre algum treinamento importante, e foi quando seus sentidos aguçados notaram uma forte presença se aproximando por trás.

Suas esferas de jade se abriram na hora, a aba do tecido foi puxada para cima e a voz masculina irrompeu nas costas de Naruto.

— Sabia que o encontraria aqui.

Ela não se mexeu, apenas para ter certeza de que ouviu direito, e ela fez.

— Sasuke! Eu só estive fora por alguns minutos. Naruto resmungou, sugando uma porção de macarrão.

— Uma hora para ser exato. Ele respondeu com indiferença.

— Eu tive um bom motivo, veja quem está de vo... Naruto deu uma olhada no baquinho ao seu lado e o encontrou vazio, percebendo seu erro ele coçou a nuca nervosamente, enquanto procurava uma resposta adequada sem revelar muito.

Sasuke o olhou com desinteresse, virando-se e indicando que o seguisse.

— Você está atrasado para reunião. Afirmou sem expressão.

Naruto engasgou, levantando-se e se recompondo rapidamente.

— Porque não disse logo? Vamos. O loiro disparou, deixado o Uchiha para trás.

Sasuke estreitou os olhos em suspeita, ele não era estúpido, não passou despercebido de seus olhos os cabelos inconfundíveis de sua antiga companheira de time, nem o momento de apreensão que fez seus dedos paralisarem quando notou sua presença. Talvez... ela estivesse com medo, ou escondendo algo de si, Sasuke considerou a última opção e se certificou de que descobriria seu segredo.

Itame olhou confuso quando em um minuto estava na barraca de rámen e no outro estava em frente a uma casa de madeira, foi tudo tão rápido que mal teve tempo de registrar. Sua mãe o segurava fortemente, como se a comprovar que ele não iria fugir.

— Porque saímos de lá como fugitivos? Ele indagou seriamente, as sobrancelhas franzidas.

Sakura o soltou assustada, se dando conta de que o segurava apreensiva.

— Não diga isso. Ela o repreendeu, seguindo o caminho de cascalhos que levava a varanda.

— Porque fugimos quando aquele homem chegou? Está se escondendo dele? Itame insistiu, o rosto torcido em desagrado.

A rosada mordeu a língua, apesar da idade Itame era um garoto astuto, o que era perigoso dada as circunstâncias. Ela queria fazer do modo certo, preparar o terreno e então revelar a verdade, mas se ele fosse descoberto por Sasuke tudo ia pelos ares, sabia que o Uchiha mais novo contaria tudo para o irmão mais velho, o que desencadearia uma castástrofe. A verdade é que ela estava com medo, medo de perdê-lo para o pai.

— Não estou me escondendo, acontece que ele é um antigo companheiro de equipe que não estou com vontade de lidar no momento. Ela mentiu, dando de ombros.

— Hn. Itame grunhiu, passando por sua mãe com olhos afiados.

Sakura agradeceu Naruto mentalmente quando percebeu tudo em seu devido lugar, sem uma poeira sequer, seja quem for que ele havia contratado fez um trabalho impecável. Ela passou os dedos pelas paredes, sendo atacada por lembranças, cheiros, emoções reprimidas... Ela empurrou os pensamentos seguindo para o quarto, enquanto Itame explorava o local.

Depois de um banho reconfortante, ela o embrulhou no futon, sentou-se ao lado dele e contou diversas histórias de seu tempo como genin, até que adormecesse.

Ela olhou as estrelas pela janela, encostando o canto da testa na borda, estava determinada a se manter firme, a permanecer focada e não permitir que entrasse em seu coração outra vez... Não importa o quanto desejasse.