Nota da Autora: Oi! Primeiro agradeço os comentários, os favoritos, os pedidos de atualização e todo o carinho recebido no capítulo anterior. Muito obrigada. Aqui está o novo capítulo. Espero que gostem. Bjs :D
S.L.
Capítulo 60
Uma In-Esperada Surpresa
À noite, no Salão Principal, havia entre os estudantes da casa de Gryffindor um grupo bastante alegre. Severus, com uma expressão orgulhosa, mostrava a aliança de compromisso a seus colegas, que elogiavam o mais recente passo no relacionamento deles. Entre conversas e revelações, cada um descobriu o que os outros tinham feito naquele dia. Ninguém sabia como, mas Sirius e Remus tinham escapado para o mundo Muggle, onde passearam pelas agitadas ruas, e foram a um cinema. Sirius tinha contado, de olhos arregalados pela emoção, um resumo do mais recente filme de «Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança», onde a princesa Leia tinha sido mantida refém pelas forças imperiais comandadas por Darth Vader. Luke Skywalker e o capitão Han Solo precisavam libertá-la e restaurar a liberdade e a justiça na galáxia, elogiando a forma como os Muggles tinham conseguido produzir espadas com raios, deixando Lily com inveja. Ela estava ansiosa por vê-lo.
Lily e Marlene também tinham dado um passeio em Hogsmeade, aproveitando aquela paz momentânea, fazendo as compras que precisavam. De seguida, tinham almoçado no Três Vassouras e regressaram, satisfeitas, a Hogwarts. Depois de guardarem as compras no dormitório, passearam pelo jardim cristalizado pela neve, uma beleza naquela época do ano, quando Marlene a parou, se ajoelhou no chão e fez um dos discursos mais românticos de sua vida, pedindo-a em casamento. Depois de um extasiado "sim!" e de ter no dedo uma aliança cravejada de diamantes, Lily tinha decidido mostrar seu agradecimento em um lugar mais privado, fazendo com que Sirius assobiasse em resposta e exigindo detalhes, levando um cascudo de Remus. Ainda não tinham decidido nada sobre o casamento, talvez até fizessem um curto noivado e se cassassem antes do final do ano. Ninguém comentou o motivo da rapidez, todos sabiam o verdadeiro motivo. Com a imprevibilidade da guerra, poderiam morrer a qualquer momento. Não era um pensamento feliz, mas era a realidade. Ninguém sabia o futuro, quando ou como a guerra teria fim, se teria fim um dia. Cada dia era uma incerteza, fazer planos era um risco que muitos corriam, sem saberem se os iriam realizar.
Frank e Alice tinham passado a manhã dando um passeio antes de irem para a Mansão Longbottom, onde experimentaram suas vestes de casamento. Alice tinha oferecido uma gravata a Frank, que combinava com a roupa e um livro de defesa contra maldições, já que seu noivo estava estudando arduamente para entrar no curso de Aurors. Frank lhe oferecera um globo de cristal onde, no interior, tinha a primeira fotografia de ambos, em formato de três dimensões. Os dois sorriam para a câmara, enquanto rodopiavam pelo jardim florido da Mansão da família de Alice. Os traços infantis mal tinham desaparecido de seus rostos, mas a felicidade que exibiam quase que era palpável. Era um simples presente, mas que tinha um enorme significado para sua emocionada noiva.
Lizbeth, com seus olhos brilhando de felicidade, lhes mostrara o belo colar que Severus tinha visto naquela manhã - revelando que nunca ninguém lhe tinha oferecido nada tão belo - e um delicado ramo de begônias amarelas, com tons avermelhados. O grupo estranhou as flores pois, normalmente, se ofereciam rosas vermelhas, mas ela tinha amado, revelando que eram suas flores preferidas. Regulus, olhando para sua namorada com uma expressão apaixonada, lhes mostrara o cachecol verde que sua namorada tinha tricotado com todo o amor, com duas serpentes cinzentas em cada ponta. Tinha demorado umas boas semanas, todas as noites, tricotando para que terminasse a tempo. Todos elogiaram o belo trabalho, espantados com a beleza do cachecol. Os pontos estavam perfeitos. As garotas comentaram entre elas, pedindo para que Lizbeth lhes ensinasse, recebendo uma resposta afirmativa e a sugestão de um dia para iniciarem. Ansiosas por aprenderem algo novo, saborearam o jantar.
Peter tinha sido um pouco mais difícil de convencer, mas sua namorada tinha comentado sobre uma sala de aula vazia e momentos íntimos, fazendo Sirius comentar que alguém tinha perdido sua virgindade, deixando-os mortificados de vergonha e levando um pontapé de Remus por debaixo da mesa. Tinha deixado escapar um grito de dor, xingando ao mesmo tempo que massajava sua perna, enquanto escutava os risos de seus colegas. Felizmente, as risadas tinham abafado suas palavras feias, impedindo os professores de escutarem e de retirarem pontos.
Depois de comerem, cada um saiu do Salão Principal, querendo aproveitar mais um pouco o tempo com a pessoa que amava, sabendo que a chegada, cada vez mais iminente, dos NOM´S e NIEM´S, mal teriam tempo para um bom amasso. No hall de entrada, Severus olhou para as ampulhetas dos pontos das Casas. Eram quatro gigantes ampulhetas para registrar o número de pontos das casas que tenham sido atribuídos ou deduzidos. Viu, com orgulho, que Slytherin estava na frente. Mas os Gryffindors não iam nada atrás. Sabia que seriam os jogos de Quidditch a decidir quem venceria a Taça das Casas. James amava jogar Quidditch e faria de tudo para vencer, como todo o mundo.
Se esconderam na Torre de Astronomia, observando as estrelas brilhando no céu. Nada foi preciso ser dito naquele momento, somente eram trocadas pequenas carícias. O Mapa do Maroto tinha sido aberto ao lado do Gryffindor, que observava os passos de professores, monitores, monitores chefes e dos próprios fantasmas. Sem mencionar Filch e sua gata, que perseguiam Peeves no terceiro andar, provavelmente tendo estourado outra sanita e inundando o banheiro.
James não conseguia tirar de sua cabeça que Severus poderia estar carregando um filho seu. Afinal, sua parte feminina poderia estar funcional e não tinham usado proteção. Com o coração aos pulos, tocou no ventre liso, o desejo de ter um bebê em seus braços crescendo dentro de si. Sabia que era muito jovem para ser pai, mas seus próprios pais tinham tentado durante tantos anos para o ter, que temia que o mesmo pudesse acontecer com ele.
Ficaram juntos até de madrugada, conversando sobre assuntos banais antes de levar Severus para seu Salão Comunal. O Slytherin tinha entrado pelo retrato e avançado para o dormitório. Ao chegar à cama viu, em cima da cabeceira, a xícara de chá que deveria ter tomado naquela manhã, mas que se tinha esquecido, ansioso para pegar o presente de James. Abanando a cabeça pelo seu esquecimento, se dirigira para o banheiro, onde deitara o líquido amarelado pelo ralo e fizera uma higiene rápida. No quarto, pousara novamente a xícara e removera sua roupa, vestindo silenciosamente seu pijama. Se deitara na cama, puxando os lençóis para seu rosto e adormecera pelo cansaço.
Enquanto se dirigia para o seu dormitório, para um bom descanso, James pegou na miniatura da "Flecha de Gelo". Aumentou-a, deixando-a no tamanho de uma criança e imaginou que ensinava seu filho a voar. Se tivesse uma filha, o que seria improvável, pois os Potters não geravam meninas há muitas gerações, também a ensinaria a voar. Disse a senha à ensonada Dama Gorda, que se afastou e entrou no vazio Salão Comunal. Entrou na zona masculina, subindo as escadas até seu dormitório. Abriu silenciosamente a porta, sentindo o quarto quente devido à lareira acesa, e viu seus colegas adormecidos. Peter tinha os dosseis abertos e ressonava tão alto que parecia um trator, umas das palavras que Remus tinha menciondo para explicar o imenso barulho de seu amigo.
Remus e Sirius dormiam na mesma cama, protegidos com encantamentos de privacidade e Frank murmurava o nome de Alice, com um sorriso apaixonado no rosto adormecido. Abanando a cabeça, divertido com as figuras adormecidas de seus colegas, se aproximou de sua cama e removeu suas vestes. Ficando somente de cueca, lançou um encantamento de limpeza em sua boca, removendo a sujidade dos alimentos. Deitou a cabeça no travesseiro e, antes de fechar os olhos e se entregar nos braços de Morpheu, tentou criar ideias para levar seu namorado à enfermaria, sem que o Slytherin desconfiasse. Seria uma tarefa impossível, Severus era mais casmurro que uma mula, mas teria de tentar. A todo o custo.
OoOoO
O dormitório masculino de Slytherin do sétimo ano estava quase vazio àquela hora da manhã. Os elfos designados naquele dia para a zona de Slytherin já tinham limpado todas as áreas e esperavam pacientemente que o único membro acordasse e saísse, para terminarem o serviço antes da hora de almoço.
Professores e estudantes aproveitavam o belo dia de inverno, embora as más notícias assombrassem o que poderia ter sido um dia perfeito. O "Profeta Diário" tinha uma notícia de ultima hora, um casal de trabalhadores do Ministério da Magia tinha sido assassinado durante a madrugada. O ataque tinha ocorrido com perícia, deixando as pessoas assustadas. O homem tinha sido torturado durante horas e manietado com a maldição Imperius para violentar sua esposa. A mulher não tinha resistido ao violento ataque, e falecido devido à perda de sangue, e à tortura. Depois de terem removido a maldição do homem, torturaram-no mais um pouco, antes de um lobisomem o morder. O homem não resistiu aos ferimentos e faleceu em uma cama no hospital de St. Mungus. Os detalhes eram tão violentos que os professores tinham proibidos os primeiranistas de lerem, temendo pesadelos.
Os professores, que tinham tido sua reunião semanal, terminaram de corrigir os trabalhos de seus estudantes, antes rondarem a escola com a ajuda dos monitores, monitores chefes, fantasmas e retratos, que reportavam tudo o que acontecia na escola, ou lerem um livro ou o jornal em seus dormitórios, tentando se distrair.
Os estudantes mais jovens, que já tinham terminados seus deveres, brincavam perto do lago negro, passeando e atirando bolas de neve uns aos outros. Os que tinham provas esse ano, estavam em seus salões comunais ou na biblioteca, aproveitando o tempo livre para adiantarem seus estudos. James se encontrava em frente ao Salão Comunal de Slytherin, com um semblante preocupado, sendo vigiado pelos retratos do corredor. Depois de um interminável café da manhã, onde tinha lidado com o mau humor de Sirius, que tinha um acordar difícil, se tinha dirigido para um desconfiado grupo de Slytherins e lhes perguntara sobre seu namorado.
A resposta o tinha surpreendido: Severus ainda estava dormindo! Seu namorado não era pessoa para dormir até tão tarde, mesmo tendo-se deitado de madrugada. Na realidade, sabia que o Slytherin não dormia muitas horas por noite. Se recordava das discussões entre Lily e ele, antes do desentendimento no quinto ano – parte tinha sido culpa sua – em que ela insistia para que ele fosse ver Madame Pomfrey e que lhe receitasse alguma poção para dormir.
Temendo que Severus se estivesse sentindo mal, e sem se importar em gritar palavras para o retrato, sabendo que nunca descobriria a senha, lançou um Patronus. Prongs apareceu à sua frente, com uma luz brilhante e um porte imponente, e lhe pediu para que fosse ver Severus. O patronus acenou, antes de passar o retrato. Observou as paredes de pedra rústica, cujo do teto pendiam correntes redondas e esverdeadas. Se sentou no chão, tirando a maçã verde que tinha surripiado da mesa do café da manhã, e esperou a chegada de seu namorado.
Severus sentiu algo quente em sua bochecha e se remexeu, tentando afastar o que quer que fosse. O toque continuou, mais insistente, e o Slytherin resmungou, enxotando com a mão.
- Pare... - Pediu, abrindo os olhos e piscando várias vezes, se ajustando aos poucos à luz brilhante que estava à sua frente.
- Prongs? - Sussurrou, inquisidoramente, se erguendo da cama. Naquele mesmo instante, um forte enjoo o acometeu. Afastou bruscamente os lençóis e saltou da cama. Puxou violentamente as cortinas e correu para o banheiro, ignorando a xícara de chá que os elfos que enviavam de manhã. Entrou e se inclinou sobre o vaso, repetindo o gesto do dia anterior. Quando terminou, fechou os olhos, tentando respirar. As tonturas pararam mas, agora, sentia que uma dor aguda se estendia por sua cabeça.
O sabor agridoce do vômito fez com que seu estômago se revolvesse novamente, assim que, se dirigiu cautelosamente à torneira e bochechou a boca. Xingou mentalmente sua má sorte. Não queria, de jeito nenhum, ir à enfermaria por causa de uma "gripezinha". Madame Pomfrey obrigá-lo-ia a ficar de cama o resto do dia, senão a semana inteira. A enfermeira era superpotetora com seus pacientes. Ao convocar sua bolsa e roupa lavada, sentiu que sua magia estava um pouco instável. Lavou os dentes e a boca minuciosamente e, sentindo ligeiramente melhor, tomou uma ducha de água quente. Teria de se despachar, James o estava esperando. Durante esse tempo, pensou nos estranhos sonhos que tinha. Nem sua oclumência o impedia de sonhar. Sonhava com a guerra. Mortes. Torturas. Estupros. Nenhum lugar era seguro. Traições de amigos, amigos próximo e que deveriam ser leais. Que Voldemort vinha atrás de sua família, querendo destrui-los.
Havia dois bebês, marcados por uma profecia, e uma delas salvaria o Mundo Bruxo. Quem seria esse bebê? Se arrepiou com o pensamento e uma das mãos pousou automaticamente em seu ventre, um reflexo involuntário, antes de afastá-la para voltar a se lavar. Nunca acordava a meio da noite, o cansaço era demasiado para conseguir fazê-lo.
Saiu algum tempo depois, a dor de cabeça não tendo desaparecido. Se limpou e se vestiu, antes de lançar sobre si o glamour e ajeitar o colar dentro da roupa. Era um gesto tão natural, que nem precisava de se lembrar. Olhou no espelho e se perguntou porque se sentia tão mal todos os dias. Seria uma consequência de sua transformação? Já tinha iniciado o livro " Intersexualidade – Tudo o que deve saber", que sua mãe lhe tinha oferecido. Com as aulas, estudos, seu relacionamento com James, e o cansaço que sentia antes de dormir, estava com a leitura atrasada. Ainda ia na fase da infância, nos cuidados que os pais deveriam ter com as crianças e elas mesmas, mas não tinha encontrado nada sobre enjoos. Ainda. Teria de acelerar sua leitura. Mas seria difícil. Com a chegada dos NIEM´S, sabia que mal teria tempo para outra atividade senão estudar. Queria tirar as melhores classificações, para ter mais chances de entrar no emprego que quisesse. Sabia que não poderia ter sido jantar, só tinha comido uma sopa de legumes e feito uma sanduíche de frango e salada. Nada que lhe pudesse fazer mal. Regressou ao dormitório, vendo Prongs o esperando.
- Seu dono deve estar desesperado por me ver. - Comentou, e o patronus acenou, piscando seus belos olhos – A gente já vai.
Guardou seus pertences e bebeu o chá, acalmando seu adoentado estômago. Prontamente, saiu do dormitório. Ajeitou sua capa, sentindo uma fome avassaladora. Passou pelo Salão Comunal, vendo Agatha ajudando seus colegas mais novos a estudar, uma das funções como Monitora-Chefe. Abriu a porta do retrato, vendo James sentado no chão, o esperando. O Gryffindor levantou o olhar, vendo como seu patronus flutuava ao lado de seu namorado.
- Oi! - Balbuciou, se levantando de um salto, observando a pele rosada e os cabelos molhados de Severus, pensando como ficava ainda mais belo. Severus sorriu, se aproximando de James, e trocaram um selinho. - Como você está?
- Oi! - Cumprimentou o Slytherin, ao se afastarem – Estou bem, obrigado.
- Não se sentiu mal? - Perguntou o Gryffindor, pronto para levá-lo para a enfermaria. Severus teve a mesma impressão, pois respondeu:
- Nem por isso. - Mentiu, uma mentirinha sem muita importância. Tinha certeza de que aquele mal estar terminaria em breve. Se contasse que tinha vomitado mais uma vez, seria arrastado até Madame Pomfrey. Talvez, com muita relutância, passasse na enfermaria para ser examinado. Mas não queria ir sozinho, aquele lugar lhe dava aversão. Era como se fosse abandonado à sua sorte...
- Tome. - Falou James, interrompendo seus pensamentos. Tinha tirado do bolso da capa a maçã verde e a estendia em sua direção. O estômago de Severus roncou ao ver o fruto e pegou – O café da manhã já terminou. Você dormiu por demais.
- Me sentia cansado. - Comentou o Slytherin, antes de dar uma trinca, mastigar e engolir. - Fui para a cama muito tarde.
James não respondeu, mas continuou:
- O Profeta deu a notícia do assassinato de nossa professora de Duelos e de seu marido esta manhã. - Revelou, com tristeza e Severus ficou chocado com a informação.
- Merlin, não pode ser... - Murmurou. Elizabeth McCrory, sua professora de Duelos desde seu terceiro ano. Uma das melhores em sua área, contratada por Dumbledore. Duelos era uma matéria à parte, opcional, criada pelo diretor, desde o aparecimento de Lord Voldemort. Tinha como objetivo treinar os estudantes, a partir do terceiro ano, para se defenderem daquela terrível guerra. Ocorria aos sábados de manhã e todos os alunos de todas as casas aproveitavam os treinos e os conhecimentos da Professora.
Infelizmente, com os nervos de ter recebido uma notícia ruim, tivera um aborto espontâneo e estava de baixa desde o início de dezembro. Estaria de regresso no princípio de março, se não tivesse ocorrido tal fatalidade.
Dumbledore tentara, sem sucesso, arranjar um professor substituto. Mas era tão complicado pois não havia muitos Mestres de Duelos. O professor Flitwick era um deles mas, com suas funções de chefe de casa de Ravenclaw e professor de Encantamentos, era lhe impossível dar aulas semanais sem prejudicar suas outras funções. Era uma jovem séria, que lhe tinha ensinado tudo o que sabia. "Que fariam agora sem ela?" "Quem os ensinaria agora?" "A matéria seria cancelada?" Se perguntava, preocupado - O nomes deles não foi revelado pelo jornal, mas Eleazar conseguiu me trazer uma carta de meu pai, que me contou tudo. Ele foi um dos Aurors destacados para irem à casa da professora. Disse que o que realmente aconteceu foi mais cruel do que o mencionado no "Profeta", mas não me deu detalhes. - Retirou o pergaminho do bolso da capa e lhe estendeu. Severus pegou e leu - Sua mãe manda beijinhos para a gente e diz que está muito feliz, pois em poucas semanas a Mansão estará totalmente remodelada.
- Conseguiu? - Perguntou o Slytherin, deixando a correspondência de lado.
- As comunicações para o exterior do castelo estão mais complicadas que o habitual. - Explicou seu namorado – Acredito que Dumbledore tenha lançado proteções para que nada saia ou entre sem sua autorização. O Ministério está desesperado com o ataque surpresa. Nunca ninguém pensou que os Comensais os atacassem. Afinal, o marido dela era um dos melhores aurors.
Severus releu a carta, querendo enviar uma resposta para sua mãe, mas teria de esperar. Suspirou, triste com o acontecimento. Ela era muito jovem, não merecia ter morrido tão cruelmente.
Passaram por um casal, uma Ravenclaw e um Hufflepuff, que estavam abraçados e dando rápidos beijos. O garoto sussurrava no ouvido dela, a fazendo sorrir carinhosamente. Percebia-se que estavam muito apaixonados.
-Parece que o espírito do S. Valentim ainda não desapareceu. - Comentou o Slytherin. Desde o início do mês de fevereiro, que jovens namorados eram apanhados aos beijos e amassos, muitos deles dentro dos armários de vassouras do castelo, sendo descobertos por Professores, Monitores e Monitores-Chefes, onde perdiam pontos e levavam detenção. Slughorn preferira oferecer esses cargos a Agatha e Mulciber, que também eram excelentes estudantes e Mc Gonagall a Remus e Lily que pediam ajuda, de vez em quando, a Frank e Alice que os substituíssem por motivo de doença. Os Monitores-Chefes realizavam rondas noturnas três vezes por semana na escola e os Monitores os restantes dias. Cada um dava especial atenção à área de seus salões comunais, para haver a certeza de que nenhuma outra casa estivesse em seus domínios e arrumasse problemas ou ataques entre estudantes.
James já tinha trabalho suficiente em ser capitão do time de Quidditch e, embora não parecesse, estava estudando bastante para entrar nos Aurors, mas não ao extremo como Remus ou Frank. Tinha seus limites. Dava suas revisões antes de ir para a cama, fazia seus deveres e estudava com seu namorado nos tempos livres que tinha. E Severus, que também tinha seu tempo quase preenchido, estava satisfeito por não ter, naquele momento, demasiadas responsabilidades. Ser monitor poderia não ter sido o suficiente, mas sabia que Slughorn também queria impressionar certas famílias para ter seus privilégios, e os Mulcibers eram membros importantes do Wizengamot e com muito dinheiro. Talvez, depois de terminar Hogwarts, recuperasse os assentos dos Prince, que estavam abandonados desde a morte de seu avô.
Severus mordiscava a maçã, sentindo que estava ficando frio, mas a temperatura do castelo estava normal, nem muito quente nem muito fria, como sempre.
- Você está bem? - Perguntou James, assustado, ao ver a repentina palidez de seu namorado.
-Sim, eu... - Balbuciou, deixando cair a maçã com um baque surdo no chão. Antes de perder os sentidos, viu os braços musculados de James rodeando seu corpo, e sua expressão aflita. Os retratos gritavam por ajuda e, virando o corredor, apareceram correndo dois monitores chefes de Hufflepuff, antes de sua visão se escurecer por completo.
OoOoO
Ao abrir os olhos, viu o teto branco caraterístico da enfermaria. Gemeu, ao sentir uma pontada de dor, pousando a mão na cabeça.
- Ah! - Escutou a voz da enfermeira. Se virou e viu Madame Pomfrey a seu lado, com um papel na mão e James a acompanhava. Estava pálido, como um fantasma, de preocupação. - Já acordou. Muito bem, Sr. Snape, estou satisfeita por ver que está melhor. Embora tenha de admitir que estou um pouco decepcionada com o senhor.
- E qual seria o motivo? - Perguntou o Slytherin, com polidez, tentando se erguer. James avançou em sua direção e o ajudou, o puxando com delicadeza.
- O Sr. Potter me contou que tem andado com enjoos fortes, cansaço e mal estar matutino. - Comentou a enfermeira, acenando com o pergaminho - Desde há algumas semanas. Eu fiz uns scans e descobri o que está acontecendo. É bastante interessante. - O coração de Severus estremeceu de preocupação. Ela sabia de sua condição - Eu poderia tê-lo ajudado com sua transição, sabe disso.
Severus olhou em redor, receoso de que alguém estivesse escutando a conversa e Madame Pomfrey o sossegou:
- Lancei alguns encantamentos de privacidade, não se preocupe. Ninuém escutará essa conversa.
Severus acenou, o peso em seu peito desaparecendo. Sabia que a enfermeira era uma profissional e realizava bem seu trabalho, mas cuidado não era demais.
- Que meu namorado teve? - Perguntou James, acariciando seu ombro. Madame Pomfrey analisou os documentos ao mesmo tempo que Severus resmungava:
- Foi só um simples desmaio. Nada de especial.
-Não é bem assim. - Comentou a enfermeira, olhando para o jovem casal à sua frente, que se sobressaltou com suas palavras. Severus, que estava desejoso por sair da enfermaria, por ser um lugar que lhe trazia más recordações, temeu não poder fazê-lo, ao ver a expressão séria da enfermeira.
- E o que tenho? - Perguntou, evitando que sua voz tremesse. Mil e um pensamentos o percorreram. Sua doença seria mais grave do que pensava? Estaria morrendo? Não poderia continuar seus estudos? Teria de ser transferido para St. Mungus?
Madame Pomfrey, ignorante de seu surto mental, deixou escapar um sorriso, ao revelar:
- Sr. Snape, está esperando um bebê. - O coração de Severus parou de bater por momentos, uns milésimos de segundo, as palavras de Madame Pomfrey ecoando em sua mente. "Como era possível?" - Se perguntou, antes de se recordar de sua ultima noite de amor com James, em que ele já estava com sua parte feminina. Sua respiração ficou mais pesada. Estava assustado, como fariam para tomar conta de um bebê? Olhou para James e viu que continuava com uma ligeira palidez, mas com um sorriso bobo nos lábios.
- Tudo isso é culpa sua! - Acusou, zangado. A expressão alegre de James se alterou de imediato para choque.
- Como assim, culpa minha? - Perguntou, sem saber o motivo de tamanha acusação.
- Se você não andasse com suas mãos coladas em mim, nada disso teria acontecido. - Resmungou o Slytherin, os hormônios tomando conta do momento. James queria responder mas, ao ver a expressão séria e o ligeiro abanar de cabeça da enfermeira, nada disse. Porque é que era culpa dele? Tinham sido ambos a fazê-lo. Madame Pomfrey teve de se esforçar para esconder um sorrisinho ao ver a interação do casal. Eles eram completamente opostos. James era extrovetido, alegre, e Severus mais sério e reservado. Um balançando o outro. Era como aquele ditado muggle: "Os opostos se atraem".
- Sr. Snape? - Perguntou, interrompendo o casal. Severus a olhou e a enfermeira continuou:
- Vocês querem ver o bebê? - Severus viu o brilho excitado no olhar de seu namorado e respondeu prontamente:
- Sim. - A enfermeira lançou um encantamento não verbal e Severus prendeu sua respiração, seus olhos se enchendo de lágrimas. À sua frente estava uma imagem tridimensional de um bebezinho. O bater do pequeno coraçãozinho ecoava com uma rapidez impressionante. Nunca pensara em ter filhos, nem em se casar.
A guerra e o caos que era sua vida tinham sido um dos principais motivos de sua decisão. Mas, ao escutar o bater acelerado do seu bebê, seu filho, fruto de seu amor com James, sentiu um amor enorme e irracional por aquele ser que nem conhecia, que estava dentro de si. Escutou um fungar e se virou, vendo lágrimas escorrendo pelo rosto de seu namorado.
- É...nem sei o que dizer. -Admitiu o Gryffindor, limpando as teimosas lágrimas. Não havia palavras para descrever aquele momento. Nenhuma demostraria o que ambos estavam sentindo. Com delicadeza, temendo machucar seu bebê, Severus acariciou o ventre liso e perguntou:
-É...menino ou menina?
- Ainda é cedo para saber. - Respondeu a enfermeira, sua varinha percorrendo seu corpo. - Mas espere mais um mês, ou dois, e saberá.
"Tanto tempo" - pensou o Slytherin, e James perguntou, emocionado:
- E é saudável? - Mesmo desconfiando que seu namorado poderia estar grávido, era completamente diferente de ter a certeza. Ia ser pai, a prova estava à sua frente, naquela ecografia.
- Sim. - Respondeu Madame Pomfrey, finalizando o feitiço, para tristeza dos pais. Mas tinha muito que fazer, um relatório para escrever, instruções para Severus para se cuidar ao longo da gravidez e conversar com o diretor sobre as novidades. - Parabéns aos papais!
- Obrigado. - Respondeu James, vendo Severus acariciando seu ventre. Beijou sua testa e o abraçou com carinho. Se sentou a seu lado e tocou no ventre liso, murmurando que os amava com sua vida. Severus não conseguia esquecer o bater acelerado do coraçãozinho de seu bebê e sorriu. Estava completamente apaixonado por uma pessoa que ainda nem tinha nascido. Desejou conhecer seu bebê, só precisava que os meses passassem rápido para tê-lo em seus braços, sentir seu calor e seus batimentos, seu cheiro. De sentir suas maozinhas apertando seus dedos, de sentir sua delicada pele. Amá-lo-ia incondicionalmente e o protegeria de tudo e de todos, ao contrário de seu pai. Nunca, prometeu a si mesmo, nunca seria igual a Tobias. Nunca mesmo.
Continua...
Nota da Autora:
Oi! Espero que tenham gostado do capítulo! A gravidez de Severus foi, finalmente, revelada. As suspeitas de James estavam corretas. Estou ansiosa com vossos comentários, são eles que me fazem sorrir nesses tempos sombrios de pandemia. Obrigada por não desistirem da fanfic. Bjs :D
Criei um grupo no WhatsApp, para quem quiser participar. Espero que a gente possa trocar ideias, conversar sobre nosso gostos, e muito mais. Também poderão saber, em primeira mão, o que poderá acontecer nos próximo capítulos. Obrigada a todos que acompanham minhas fanfics. Aqui está o link: JdzqabHOvgSKxykK04HifP
