Notas da autora
Mana se encontra...
Yuugi fica...
Bakura decide...
Capítulo 73 – O desejo do Rei dos ladrões
Eles olham na direção da voz, com a bronzeada se encolhendo enquanto eles avistavam um senhor se aproximando deles, usando uma espécie de véu que tampava o seu rosto, deixando a mostra apenas os orbes ametistas que atiravam punhas na discípula de Mahaado, com Yuugi o reconhecendo como Shimon, o conselheiro real e Tjaty (Vizir) de Atemu.
Apesar do seu rosto se encontrar parcialmente oculto era evidente o semblante repreensivo que ostentava.
- Eu estava levando o Yuugi até a Ala real.
Ele olha para o lado e curva a cabeça, sendo correspondido pelo jovem que se curvava para Shimon, com o homem detendo o seu gesto, fazendo com que o ex-sacerdote ficasse confuso enquanto o conselheiro real falava:
- Não precisa se curvar, jovem.
- Mas, eu sou o escravo pessoal do Per'a'ah. Eu devo mostrar o meu respeito.
O Tjaty (Vizir) suspira profundamente, para depois, exibir um sorriso gentil apesar da parte inferior do seu rosto se encontrar tampada.
- Eu não quero e falo que não é para você fazer esse gesto com ninguém, a menos que seja em público e na frente de Atemu. – ele se referiu ao seu parente pelo seu nome de nascença em vez do nome público porque tinha adquirido o direito de chamá-lo pelo nome de nascença.
Enquanto Yuugi processava essa informação inusitada para ele, Shimon desfaz o semblante gentil ao virar na direção de Mana que estava batendo nervosamente os dois dedos indicadores enquanto se encolhia perante o olhar de censura do mais velho.
- Eu precisava guiá-lo, mestre Shimon.
- Chamasse um servo para fazer isso, para poder ir até a sua aula em vez de fugir dela, de novo. – ele suspira profundamente após falar - Vamos, você vai ter que repor esse tempo.
Porém, quando ele vai pegar a mão dela, a sua mão a atravessa, com o corpo da jovem desaparecendo sobre um olhar de desculpas.
Yuugi fica estupefato com o que viu enquanto que Shimon levava as mãos ao céu, exclamando:
- Por Heru (Hórus)! De novo, não. Vou falar com Mahaado!
Ele baixa as mãos e se prepara para sair à procura do Guardião sagrado e Superintendente da corte dos magos quando é detido pelo jovem que pergunta com evidente preocupação em seu semblante pelo sumiço da sua amiga.
- O senhor não está preocupado?
- Não é a primeira vez que ela usa magia para fugir. Ela, provavelmente, aproveitou o momento que conversávamos para executar essa magia. É uma das favoritas dela. Ela o usa para ficar invisível enquanto se afasta do local. Como consome muita magia, uma vez que ela é ainda é jovem, não pode usar a todo o momento. Portanto, somente reserva para o momento que precisa fugir do local. No resto das vezes, ela usa os vasos do palácio para se ocultar.
- Oh!
- Com a sua licença. – ele fala respeitosamente, antes de se virar para seguir por um corredor adjacente.
Yuugi estava tão estupefato com o ocorrido e o fato dele ter agido com respeito para ele como se estivesse na presença de Atemu, que se esqueceu de pedir a orientação de Shimon sobre qual caminho devia seguir e conforme exibia preocupação em seu semblante ao mesmo tempo em que agradecia que os acontecimentos recentes o fizeram dominar a sua mente, cancelando o rubor em seu rosto, ele se recorda de que podia pedir a ajuda de algum servo ou escravo.
Com esse pensamento em mente, o jovem de orbes ametistas sorri de alívio e se põe a caminhar, esperando encontrar um servo em algum corredor adjacente para buscar orientação sobre qual caminho deveria seguir.
Meia hora depois, Yuugi estava agoniado porque não havia encontrando um único servo ou outro escravo para orientá-lo e conforme lutava para descobrir qual era o caminho correto, ele exibia preocupação em seu semblante porque temia ser punido por ter se atrasado em se encontrar com o seu mestre, apesar de ter quase certeza que Atemu não o puniria.
Porém, como ele sabia que o Per'a'ah não podia demonstrar preferência, assim como devia dar o exemplo, havia grandes chances de ser punido e conforme pensava nisso, se deprimia ainda mais enquanto esperava conseguir Mana como prova de que ele se perdeu quando ela se afastou, assim como Shimon, para tentar fugir de uma eventual punição ou reduzir as eventuais chibatadas que levaria.
O problema era que não tinha confiança de que a jovem confirmaria o que ocorreu por temer novas repreensões ou que o Conselheiro real estaria presente para confirmar o acontecimento porque se lembrava de que ele se ausentava por alguns momentos e podia coincidir dele estar ausente no momento da execução da punição.
Ele estava tão perdido nas preocupações e medo que o assolavam, que não percebeu que os gatos que estavam ao seu lado o olhavam atentamente, de uma forma que não era típica de um animal.
De fato, Yoru e Kiara conversavam entre si, usando um vínculo mágico entre as suas mentes.
"Ele está tão apavorado... Eu acredito que é medo de ser punido, meu amor."
"Sim, querida. Mas, o que podemos fazer? Será estranho se nós indicarmos o caminho. Afinal, para todos eles, somos simples gatos."
"Talvez, possamos executar uma magia para tentar atrair qualquer pessoa até ele em um raio de quinhentos metros em todas as direções."
"Sim. Porém, nos teremos que revelar nossos símbolos para podermos usar a nossa magia de forma tão expansiva. Não tem como executarmos essa magia com os nossos símbolos escondidos."
"De fato, é arriscado. Mas, eu prefiro arriscar a ser o responsável indireto por qualquer punição que esse jovem sofrerá. Se ele tiver ajuda nesse momento, pode chegar em tempo hábil até a ala real."
"Eu também prefiro me arriscar a deixá-lo ser punido."
"Ele está muito distraído por causa da preocupação e medo que o assolam pelo que podemos detectar com o nosso olfato. Dificilmente, ele verá o nosso símbolo."
"Verdade. Vamos fazer isso, meu amor!"
Porém, antes que ambos começassem a se concentrar, um som de conversas sussurradas chama a atenção deles, fazendo as orelhas felpudas se levantarem enquanto que Yuugi exibia surpresa e depois, um sorriso de alívio à menção de encontrar duas pessoas no corredor adjacente ao que estava.
Prontamente, ele corre até o local.
Enquanto isso, longe dali, próximo a capital Men-nefer (Menphis), Bakura, o rei dos ladrões e Kura, ambos montados em seus respectivos cavalos, seguiam a frente de um séquito de ladrões, com eles aproveitando para galoparem a noite sobre a proteção da escuridão, com todos eles avistando ao longe as sombras de uma cidade e mais a frente, a imponência do complexo do palácio.
- Ei, você vai mesmo se encontrar com ele?
- Sim. Quer ir junto?
- Eu adoraria. Pode ser que consigamos encontrar algo para brincarmos. – o albino exibe um sorriso extremamente sádico enquanto lambia a lâmina de um punhal sobre um sorriso de satisfação do bronzeado porque ele amava o sadismo do seu amado.
- Claro. Eu imagino que você quer um novo brinquedo e eu fico mais do que feliz de providenciar para você.
- Você sabe como me agradar. – o albino guarda o punhal enquanto afagava o rosto do rei dos ladrões, que pega a mão dele e a beija fervorosamente sobre um sorriso de satisfação e deleite de Bakura.
- O local do encontro é bem estranho. – o albino comenta enquanto afastava a sua mão após o rei dos ladrões soltá-la.
- Sim. Mas, considerando o fato dele desejar o anonimato, eu não estou surpreso.
Kura observa ao longe o palácio e comenta:
- É bem imponente. Os Per'a'ah tem mania de grandeza.
- Sim. Não tem somente o palácio e um templo interno dentro dele. Há todo um complexo composto de várias alas e oficinas, além de vilas dentre aquelas paredes. Cada vila pertence a um Guardião Sagrado da corte do bastardo. – ele fala o final cuspindo de lado.
Kura não estava surpreso pela fúria que Bakura demonstrava em seu semblante a menção do governante daquele império.
Afinal, pelo que ele contou, foram os soldados do governante anterior que destruíram a sua vila e que jogaram todos os moradores vivos dentro de um tonel de ouro derretido. Homens, mulheres e crianças foram jogados indiscriminadamente sobre gritos de agonia e de desespero, além de pedidos de clemência, muitos vindos dos pais para pouparem os seus filhos, com ele presenciando este horror ao conseguir se esconder atrás de alguns vasos rachados enquanto assistia a cena medonha e perversa que se desenrolava na frente dos seus olhos.
O bronzeado lhe contou sobre as suas lembranças conforme se recordava do dia em que nasceu o ódio, a revolta e o desejo de vingança, que por sua vez criaram Diabond, o Ka pessoal dele, com Kura confessando que a escuridão no coração do rei dos ladrões, alimentada pelo seu ódio e desejo de vingança para Akhenamkhanen, com ele transferindo esse ódio ao filho dele, fez com que a escuridão fosse linda aos olhos do albino.
- Eu estou surpreso de você não ter matado Akhenamkhanen.
- Eu tentei. Mas o bastardo tem uma proteção reforçada em seu quarto. Além disso, eu descobri que ele está morrendo. Se eu fosse matá-lo, eu faria de forma bem lenta para ver o desespero e a agonia em seus olhos. Alguém tão moribundo não iria sobreviver tempo suficiente para conceder esse prazer. Quanto ao filho dele, ele é bem saudável e por isso, poderei atormentá-lo e provocar uma morte lenta nele quando chegar o momento que eu idealizei.
- E qual é esse momento?
- Eu quero que ele morra solitário em uma morte agonizante. Depois, vou cortar a cabeça dele e queimar o seu corpo. Talvez, com essa profanação, eu consiga condená-lo na vida após a morte.
- Para fazer isso, seria necessário apagar o nome dele de qualquer registro. Ao fazer isso, você negará a vida após a morte junto da profanação do corpo por ele não ter sido preparado conforme os ritos funerários, para ser recolhido pelo Netjer Inpu (Anúbis) para ser julgado pelo Netjer Wsjr (Osíris). Bem, foi o que você me explicou sobre a sua cultura. Além disso, o Per'a'ah não é considerado um Netjer (Deus) vivo, filho do Netjer Jmn (Amon)? Eu não acho que os Deuses permitiriam esse destino a ele.
- De fato, você tem razão. Mas, não custa sonhar. Mesmo assim, eu farei tudo isso. Que ao menos, eu dê algum trabalho na vida após a morte para este bastardo.
Kura sorri para depois, falar:
- De fato, você pode tentar dar um pouco de trabalho aos Deuses. Mas, falando nisso, não teme a fúria divina ao fazer isso com o filho dos Netjer?
- Eu vivo no Duat (submundo) em vida desde aquele dia. Além disso, eu não temo a fúria dos Netjer. Que ao menos, eu tenha a satisfação de destruir os responsáveis pelo que aconteceu em Kul Elna.
- Eu vou ajudá-lo. – o albino fala sorrindo.
- Eu não quero que se indisponha com os Nejter (Deuses). – Bakura fala com evidente preocupação em seu semblante enquanto pegava as mãos do seu amado.
- Você se esqueceu de que eu não sou kemético? Os Netjer de Kemet não são os meus Deuses ao contrário de você. Portanto, não preciso temê-los.
- Verdade! Mesmo assim... – ele murmura o final com visível incerteza.
- Não se preocupe. Vou apenas ajudá-lo a chegar até o bastardo. A tortura e o golpe final serão seus.
- Ótimo. Eu fico mais aliviado. – ele fala sorrindo enquanto instigava o seu cavalo a galopar, assim como os seus subordinados faziam.
Discretamente, o albino vira o seu punho direito e observa a marca em uma escrita antiga, antes de esconder a marca sobre pulseiras de ouro ao mesmo tempo em que olhava para frente.
No palácio, mais precisamente em um dos corredores suntuosos, passos de pessoas correndo eram audíveis conforme os sapatos entravam em contato com o chão de arenito junto do som de alguém arfando pela corrida que executava
