Título: Segunda Chance
Autora: Amy Lupin
Beta Reader: Dany Ceres
Categoria: Slash
Classificação: começa no PG e vai até o NC-17, conforme os personagens amadurecem
Casal: Albus Severus / Scorpius
Resumo: A vida se repete diariamente. O que muda são as escolhas de cada um diante das alternativas. A vida achou por graça jogar as mesmas cartas na mesa. Mas os jogadores não são os mesmos. Em sete anos de convivência, muita coisa pode mudar. Essa ficção é sobre amizade, amadurecimento, descobertas, sexualidade, insegurança, confiança e amor. Enquanto os filhos amadurecem, os pais também aprendem com eles e enxergam nos filhos muito de si mesmos. Além das chances desperdiçadas que a vida fez questão de repetir.
Disclaimer: Essa história é baseada nos personagens e situações criadas e pertencidas a J.K. Rowling, várias editoras e Warner Bros. Não há nenhum lucro, nem violação de direitos autorais ou marca registrada.
Avisos: Cannon. Tentei fazer essa fic o mais fiel possível aos livros e às declarações da autora após o término da saga, mas posso ter falhado em alguns detalhes, uma vez que não reli os livros antes de escrevê-la.
Notas: Parto do princípio de que Hogwarts foi inteiramente reconstruída após a Guerra tal como era. Inclusive a Sala Precisa.
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Prólogo
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"Malfoy, Scorpius".
Albus esticou o pescoço para assistir ao garoto muito loiro e de pele muito pálida se adiantar para o banquinho. Passara boa parte da viagem de trem ouvindo histórias engraçadas e, muitas vezes, suspeitas sobre alguns dos estudantes mais ilustres de Hogwarts. Não que acreditasse em tudo o que seu irmão mais velho, James, e seu primo Fred contaram - algumas histórias eram realmente absurdas -, porém a dos Malfoy havia chamado sua atenção.
Havia muito tempo que ele sabia que o pai do garoto, Draco Malfoy, fora do mesmo ano de seu pai e seus tios, Ron e Mione, em seus tempos de Hogwarts e desconfiava que existia algo bastante suspeito na maneira como as orelhas de seu tio ficavam vermelhas toda vez que aquele nome era mencionado. Porém nunca imaginara que Malfoy tivesse sido Comensal da Morte, tentara inúmeras vezes matar seu pai e quase matara o então diretor, Albus Dumbledore. Muito menos que Malfoy devia a vida a seu pai.
Harry Potter nunca mencionara nada disso aos seus filhos e, ao que parecia, Ron Weasley tinha dado a ficha completa a Fred, James e Rose - James sabia até mesmo a quantidade de vezes que Harry tinha pegado o pomo de ouro bem debaixo do nariz de Malfoy.
"É claro que o pai dele teve que comprar o ingresso de Malfoy para o time da Sonserina" dissera James, entusiasmado. "Mas, ele só levou lavada do papai! Tio Ron disse que ele nunca ganhou e ainda insultava o papai até apanhar depois de cada jogo".
Nesse ponto Rose, que parecia entediada com a conversa, revirara os olhos, mas nada dissera, pois Fred acabava de fazer uma entrada intempestiva no vagão e tentara empurrar um de seus inocentes bolos de caldeirão para Rose - O ruivo garantiu que tinha acabado de comprar da mulher que vendia doces no corredor e que seu pai não tinha nada a ver com aquilo, porém Rose recusou veementemente e Fred acabou escorregando o doce intocado para o bolso.
"Hey, Fred" James virou-se para o primo. "Não é verdade que o meu pai pegou o pomo bem no pé da orelha de Malfoy certa vez, e ainda aproveitou para dar um soco nele? Eu me lembro de Hugo encenando esse episódio no Natal passado, quando nós jogávamos quadribol na casa do vovô".
"Ah, sim, essa é ótima, escutem só..."
"Hey!" dessa vez Rose não se conteve e o interrompeu. "Minha mãe disse que papai estava exagerando e vocês sabem muito bem disso. O tio Harry não chegou a dar um soco em Malfoy".
"É, mas que ele deve ter se borrado de medo, ah isso deve..." zombou Fred e ele e James caíram na gargalhada, encenando várias versões do episódio como Hugo tinha feito.
Albus achara tudo muito engraçado e fantástico enquanto ouvira, porém, naquele momento, no meio da seleção de casas de Hogwarts, assistindo àquele garoto de vestes impecáveis, queixo levemente pontudo e nariz empinado, não era tão difícil acreditar nas palavras debochadas do irmão e do primo.
Num primeiro momento, Albus achara que houvesse algo de errado pelo modo afetado com que Scorpius Malfoy caminhou até o banquinho, onde a professora Sprout aguardava para colocar o Chapéu Seletor, porém logo percebeu os traços de arrogância e auto-suficiência em seus gestos e feições e no modo como encarava todos com desinteresse. Albus sentiu uma inexplicável curiosidade a respeito daquele garoto, no entanto este pensamento fugiu de sua mente quando assistiu a cena que se seguiu.
Sprout colocou o chapéu em Malfoy, que logo anunciou em alto e bom som:
"SONSERINA!".
Parecendo extremamente satisfeito consigo mesmo, o pequeno Malfoy caminhou para a mesa de sua nova casa e se sentou, sozinho, na ponta da mesa, sendo aplaudido pelos demais colegas de casa. Aquela era a mesa menos cheia das quatro. Albus o seguiu com os olhos e viu quando um dos garotos mais velhos indicou um acento mais próximo.
Albus quase pulou de susto ao receber uma cotovelada de Rose.
"Oh, Al, estou tão nervosa!" a menina choramingava e torcia as mãos enquanto a seleção continuava e uma garota se juntava à mesa da Lufa-Lufa. "Mamãe disse que é possível que eu seja escolhida para a Corvinal e que eu não deveria me preocupar com isso, mas papai vive dizendo que todos os Weasley sempre vão para a Grifinória, que é uma espécie de tradição familiar e que ele tem muito orgulho disso".
"Bem..." Albus tentava achar algum modo de confortá-la, mas nunca fora bom nisso. Além do mais, ele próprio estava nervoso. Pensou se devia contar a ela o que seu pai dissera antes de embarcar no trem, porém se sentia tão orgulhoso por Harry lhe ter confidenciado aquele segredo que Albus não gostava da idéia de compartilhá-lo. Nem mesmo com Rose. "Olhe, Rosie, nós dois sabemos que isso não é verdade. Afinal Victorie foi para a Corvinal, não foi?" o moreno disse, por fim, ainda que se sentisse um pouco culpado.
"Sim, mas papai diz que isso é por ela ter crescido longe da nossa família, influenciada pelos parentes frescos do lado da tia Fleur".
Albus mordeu o lábio inferior e encolheu os ombros. Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, ouviu seu nome ser anunciado: "Potter, Albus".
A conversa no Grande Salão pareceu diminuir consideravelmente e Albus sentiu como se seu coração estivesse prestes a sair pela boca.
"Se apresse!" dissera Rose, dando um empurrãozinho em suas costas. Albus olhou de relance para as mesas repletas de alunos. 'O que eles estão olhando?', não pôde evitar o pensamento zangado. Na mesa da Grifinória, James e Fred lhe sorriam travessos, ainda que de maneira encorajadora. Albus engoliu em seco e voltou a olhar para frente, preocupado em não tropeçar e dar vexame.
'Isso não é importante para nós, Al. Mas se é importante para você, você pode escolher a Grifinória ao invés da Sonserina' Albus se lembrou das palavras do pai. 'O Chapéu Seletor considera a sua escolha. Ele considerou a minha'.
No entanto, só no que Albus conseguia pensar no momento era que seu pai se esquecera de mencionar como ele faria para expressar sua opinião ao Chapéu. Não vira ninguém discutindo com ele ou coisa parecida. E se todos começassem a rir se ele tentasse?
Quando finalmente se sentou no banquinho - parecia que tinha vindo a pé desde a estação de King's Cross – Albus apertou os olhos e começou a pensar furiosa e repetidamente: 'Eu quero ir para a Grifinória. Eu quero ir para a Grifinória. Por favor...'
"Calma, garoto" dissera uma voz rouca que parecia vir de dentro de sua cabeça, e Albus novamente se sobressaltou. Não tinha sequer notado quando o Chapéu fora colocado em sua cabeça. "Sim, já deu para perceber que você é determinado, mas tenha calma, com certeza eu ainda tenho muito que saber sobre essa cabecinha. E não é nada fácil para mim também. Sim, nada mal, você tem bastante talento e coragem, rapaz e, oh, claro, eu sabia que tinha algo de muito familiar por aqui, essa sede de se provar e essas caraminholas na cabeça, tsk. Eu já devia ter imaginado. Mas não custa tentar, não é mesmo?"
A voz continuou numa enxurrada de palavras, sem sequer esperar que Albus entendesse ou respondesse. "Veja bem, garoto, sem dúvida a escolha é sua, mas minha obrigação é me meter nela e eu realmente acho que você se daria muito bem na Sonserina..."
'Não, não, por favor, não'. A reação de Albus foi instantânea e ele se agarrou com força na borda do banquinho, reforçando ainda que silenciosamente: 'Eu quero ir para a Grifinória, por favor...'
"Mas o que há de tão terrível na Sonserina?" por um momento Albus temeu que o Chapéu estivesse zangado, porém ele continuou de maneira paciente, "É uma casa como todas as outras e você pode fazer amigos lá também. Você pode trilhar seu caminho por si só, garoto, e não viver na sombra de seu pai ou seu irmão. Você viu todas essas pessoas encarando você, eu sei que viu, a maneira como olham para você, está tudo aqui na sua cabeça. Será que é você quem elas vêem ou seu pai, o herói do mundo bruxo, você se pergunta".
O Chapéu ficou em silêncio e Albus pôde ouvir claramente o som do bater de seu próprio coração. Estaria tudo em silêncio realmente, ou era só o efeito que o Chapéu Seletor tinha sobre quem o colocava? Albus se atreveu a abrir os olhos finalmente, e encarou o forro remendado do Chapéu, que lhe cobrira o topo da cabeça até o nariz. Apesar de não poder ver nem ouvir, podia sentir a expectativa, a curiosidade com que o olhavam.
É claro que ele sabia que seu pai era famoso. Não que o assunto fosse comentado com freqüência dentro de casa, mas seus tios faziam questão de mencionar os fatos de vez em quando e ele próprio já tinha notado a admiração que seu pai atraía. Sem contar nas figurinhas dos sapos de chocolate com a foto de seu pai e seus tios, Ron e Hermione Weasley. Nunca imaginara, porém, que as pessoas o olhariam diferente por causa disso, nem sequer havia pensado - conscientemente - pela perspectiva que o Chapéu lhe expunha de maneira tão estranha, mas que parecia fazer sentido aos poucos.
Albus se lembrou de suas breves visitas ao Beco Diagonal, de como todos apertavam suas bochechas e diziam que um dia seria igualzinho ao pai, ou como sua mãe sorria ao comentar que seus cabelos eram tão indomáveis quanto os de Harry. Lembrou-se de como ele próprio reparara, pela primeira vez, havia alguns anos, que seus olhos eram de fato iguais aos de seu pai, e de como se sentira orgulhoso ao ouvir do medibruxo que teria que usar óculos. Mesmo que apenas para descanso. Nem James nem Lily usavam óculos.
Não que essas semelhanças o desagradassem de alguma forma. Muito pelo contrário, sentia orgulho de ser tão parecido com o pai, mas ao mesmo tempo começara a se questionar se isso não era também muita responsabilidade. Será que esperavam que um dia ele fosse tão poderoso quanto Harry Potter: herói do Mundo Bruxo, chefe do Departamento de Aurores, famoso, respeitado, admirado... A conclusão lógica o assustou e ele se sentiu subitamente insignificante e incapaz.
"Sim, vejo que entende o que eu digo" a voz voltou a dizer depois do que pareceu ser uma eternidade. "Não seria bom se você desse seus próprios passos, garoto? Um de cada vez? Você tem potencial, eu posso ver, e se canalizá-lo da maneira correta, você pode alcançar feitos grandiosos por si só! A Sonserina vai ajudá-lo nisso, o que me diz?"
'Eu... eu não sei'. Albus ficou confuso. Sem que se desse conta, no entanto, as palavras de seu pai lhe voltaram à mente. 'Você tem o nome de dois diretores de Hogwarts. Um deles era da Sonserina e provavelmente o homem mais corajoso que já conheci... Isso não é importante para nós, Al'.
"Vamos, garoto. Faça sua escolha: trilhar seu próprio caminho ou fazer o que todos esperam de você?"
Albus ergueu o queixo, se enchendo de resolução tão rápido quanto tinha se deixado confundir. Respirou fundo e respondeu para si mesmo, mais do que para o Chapéu: 'Eu quero trilhar meu próprio caminho'.
"Bem, neste caso é melhor eu colocá-lo na SONSERINA!"
A última palavra ecoou pelo salão e Albus sentiu o coração falhar uma batida, repentinamente consciente do que acabara de fazer, da sentença que dera a si mesmo. Ouviu exclamações de surpresa e tomou conhecimento das expressões de espanto dos alunos quando o Chapéu foi retirado de sua cabeça com certa brusquidão. Albus se levantou trêmulo e corado e caminhou até a ponta mais vazia da mesa da Sonserina, incapaz de erguer os olhos para a mesa vizinha. Estaria James zombando de seu destino? Quanto tempo teria se passado? Parecia que tinha passado horas desde que seu nome havia sido anunciado.
A despeito de suas dúvidas e inseguranças, a seleção continuou. Uma garota que havia sido uma das primeiras pessoas a serem selecionadas para a Sonserina – Buckingham ou alguma coisa parecida - tocou de leve seu braço.
"Hey, você está bem? Parece que vai vomitar!"
Albus não respondeu. Sentia-se sozinho e deslocado ao encarar seus companheiros de casa que cochichavam e olhavam para ele com curiosidade, desconfiança ou até mesmo certa hostilidade. Repentinamente Albus se deu conta de que nem todos o haviam aplaudido.
"Weasley, Rose".
Albus assistiu com um aperto estranho no peito sua prima se sentar nervosa no banquinho, mas a sentença não demorou e logo ela se juntava à mesa da Grifinória. Albus não conseguiu se sentir feliz por ela. Fred festejou, aparentemente inabalado. Inconscientemente, Albus procurou o olhar do irmão e quase se espantou com o choque estampado no rosto de James. Estaria desapontado com ele?
James murmurou algo, porém Albus não pôde ouvi-lo em meio ao barulho. Sentiu-se ainda mais solitário. O que seria dele sem James? É claro que eles brigavam a maior parte do tempo e James costumava agir como um idiota - principalmente quando estava junto de Fred ou de seus amigos -, mas eles eram irmãos. E seu pai sempre dizia que quando eles se juntavam com um objetivo em comum, como demolir a casa, faziam um ótimo trabalho de equipe.
"Hey, você perdeu a língua ou é mudo mesmo?" a garota ao seu lado voltara a cutucá-lo e Albus reparou nela pela primeira vez. Tinha o rosto arredondado, os olhos grandes e tão negros quanto os cabelos cacheados, a pele clara emprestava uma palidez quase doentia à sua pele, e suas feições eram infantis e delicadas como uma boneca de cera.
Albus tentou parecer simpático, mas falhou.
"Me desculpe, acho que não estou me sentindo muito bem".
"Deve ser fome, eu também não estou muito bem" uma garota magricela de cabelos cor de mel tinha se aproximado sem que eles percebessem. "Não comi nada na viagem, estava nervosa demais. Quando é que vão servir a comida? A propósito, meu nome é Karen Tunnes. Vocês também são do primeiro ano, não são?"
Albus se sentiu grato pela chegada da outra garota, pelo menos poderia se manter mais afastado da conversa. Não se sentia particularmente amigável. Não acreditava - nem muito menos desejava - que algum dos integrantes daquela mesa pudesse fazer com que ele se sentisse melhor.
"Sim, nós somos". A garota de cabelos encaracolados respondeu por ele. "E eu acabei nem me apresentando. Sou Myrtes Buckingham. E ele é Albus Potter" ela acrescentou casualmente, votando a incluí-lo na conversa. "Ouvi falar sobre seu pai. Aliás, quem nunca ouviu?"
Albus forçou um sorriso e fingiu prestar atenção no discurso da diretora. Isso pareceu funcionar, já que as duas garotas se engajaram numa conversa excitada e o deixaram em paz. Aproveitou para dar mais uma olhada ao redor e seus olhos foram imediatamente atraídos para os de Scorpius Malfoy, que desviou o olhar no mesmo instante.
No momento seguinte, entretanto, as travessas na mesa se encheram repentinamente de comida e houve grande alvoroço em todo o salão. Albus, totalmente sem apetite, tinha acabado de se servir de purê de batata quando foi puxado, nada gentilmente, até estar de pé, encarando o irmão e sendo sacudido por ele.
"O que deu em você? Por que fez isso? Ficou maluco?"
"Eu..." Albus piscou, perdido, porém James não deixou que continuasse.
"Ora, não interessa, é claro que deve ter havido algum engano. Aquele Chapéu deve estar ficando gagá. Eu vou conversar com a Prof. McGonagall, ela vai ter que dar um jeito, nem que eu tenha que escrever para o papai, nem que você tenha que dormir na minha cama até ela arrumar algum lugar para você no dormitório do primeiro ano..."
"James?" Albus arregalou os olhos, surpreso, olhando ao redor e constatando que seu irmão não parecia ser muito bem-vindo na mesa da Sonserina, a julgar pelos olhares atravessados que recebia.
"... já que tem tantos pivetes esse ano... o que foi? Não está se sentindo bem?" James voltou a sacudi-lo.
"Pare com isso, James, me solte!" Albus se livrou do irmão. Ainda estava surpreso pela atitude deliberadamente protetora do irmão, mas também estava zangado. Sentia necessidade de colocar a culpa em alguém por se sentir tão miserável, e James era o único candidato no momento. "Eu é que pergunto, você ficou maluco? É claro que eu não vou dormir na sua cama. Nem sequer sou da Grifinória, você ouviu o que o Chapéu disse".
James fez um som exasperado, gesticulando com as mãos:
"Mas, Al, deve ter havido algum engano, é isso que estou tentando..."
"Não há nada errado" disse Albus, carrancudo. "Você mesmo disse que isso poderia acontecer. Pois bem, aconteceu. E papai disse que não se importaria. Você disse que não tinha nada de errado nisso".
"Oh, Al..."
Por um momento Albus temeu que o irmão estivesse à beira das lágrimas e sentiu um aperto no peito. As sardas estavam mais destacadas do que nunca no rosto pálido de James e os olhos azuis brilhavam quase com melancolia. Suspirou, arrependido, fazendo com que James se sentasse a seu lado sem se importar com o burburinho que correu pelos ocupantes da mesa.
"Ouça, Jimmy, não se preocupe. Não é sua culpa..."
"Eu estava só brincando, Al. Nunca imaginei..."
"Eu sei. Mas está feito. E eu não estou chorando feito um bebê, estou?" 'Ao contrário de você', ele pensou, mas não disse. "É uma casa como outra qualquer". Na verdade não era bem isso que pensava no momento, mas Albus detestava ver o irmão deprimido.
"Ouch!" James gritou, parecendo levar choque num dos talheres. Um grupo de sonserinos mais velhos riu e o grifinório lançou um olhar ameaçador na direção deles. Por um momento Albus temeu que ele iniciaria uma briga, levando a mão nas vestes. Mas pareceu perceber a tempo que não seria muito inteligente fazer isso no território deles. "Você vai ficar bem?" James perguntou, num de seus raros momentos de seriedade.
"Claro, mano" Albus deu um soco não tão fraco no ombro do irmão.
"Eu não confio neles" James apontou com o queixo para os sonserinos à sua volta.
"Eu sei cuidar de mim mesmo".
James abriu a boca para dizer mais alguma coisa, porém desistiu. Albus manteve a pose decidida e o irmão soltou o ar dos pulmões, resignado.
"Está bem, Al. Mas você sabe que pode contar comigo. Tome" James remexeu nos bolsos e tirou um pergaminho velho que fez com que os olhos de Albus voltassem a se arregalar. "Fique com isso. Você precisa mais do que eu. Se precisar, vai saber onde me encontrar".
"Como você...?"
James abriu um sorriso presunçoso.
"Roubei da mesa do papai. Mas já decorei todas as passagens. E sei não ser notado quando caminho pelo castelo".
E com isso o ruivo piscou um olho e se levantou, voltando para a própria mesa – mas não sem antes lançar um último olhar ameaçador aos demais sonserinos. Albus ficou encarando boquiaberto o Mapa do Maroto. Quem tinha contado sobre a existência dele fora Teddy e, a muito contragosto, seu pai mostrara o mapa e Albus gravou permanentemente na memória as palavras necessárias para ativá-lo. Ele e James tinham ficado encantados com aquela relíquia, juntamente com a história por trás do Mapa sobre os amigos de seu avô, animagia e seus apelidos. Mas seu pai tinha sido bem claro quando dissera que eles só teriam direito a utilizá-lo depois do quinto ano. E isso se eles fizessem por merecer.
Albus dobrou o pergaminho cuidadosamente e guardou-o no bolso interno das vestes. Bem, talvez fosse até melhor que James se sentisse culpado, quem sabe assim ele não acabaria entregando a Capa da Invisibilidade também. Suspeitava que seu pai tinha entregado a capa para James no ano anterior, mas ele nunca admitia.
Voltou sua atenção para o jantar. Com o cheiro bom da comida e a sensação do Mapa do Maroto no bolso, seu estomago deu sinal de vida e teria assustado suas colegas de Casa, se elas não estivessem distraídas conversando entre si. Talvez sua infelicidade diminuísse quando estivesse de barriga cheia.
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N.A.: Trechos da entrevista da J.K. Rowling para Bloomsbury, em 30 de Julho de 2007.
"Lecanard: Nós veremos Harry e Ron tendo sua própria história nos sapos de chocolate?
JK: Definitivamente, e Ron descreverá isso como seu momento mais agradável."
"Natalie: As divisões das casas de Hogwarts permanece em Hogwarts para os filhos de Harry, como era antes?
JK: Sonserina tornou-se mais diluída. Não é mais a fortaleza dos sangues-puros como era antes. Apesar disso, sua reputação sombria permanece, por isso o medo de Albus Potter."
"Courtney: Pra qual filho Harry entregou o Mapa do Maroto, se para algum?
JK: Eu acredito que ele não deu pra nenhum, mas que James surrupiou da mesa de seu pai um dia."
N.B.: É uma história linda, para quem curte o par e é fã de Drarry também. Queria agradecer a Amy pelo privilégio de ser beta *estufa o peito que nem o Sirius* e dizer que, qualquer coisa que tenha ficado... mea culpa, mea maxima culpa. Espero que vocês passem a ter o mesmo xodó que tenho pela história.
