Nem bem saímos do universo de Strange, Love, já entramos em Strange Things (sim, gentneys, adoro enaltecer essa estranheza no sobrenome do Rodolfo )
Espero, de verdade, que gostem da leitura e apreciem essa nova história sobre eles. Amei escrever sobre o Rodolfo e decidi por mais.
Boa Leitura!
(Vamos usar o Nikolaj Coster-Waldau como headcanon, okay ;) )
You'll hear me screaming your name, I am the angel of decay to seize you
There'll be no thoughts to maintain, I'm the seduction of decay
Tinha acabado. Enfim tinha acabado. Tinha terminado muito melhor do que imaginava que aconteceria e isso o preocupava. O céu continuava escuro e sabia que muito mais viria dali além de chuva. Andou ao lado do Lorde das Trevas até o meio do pátio interno de Hogwarts, ao lado direito do homem que havia depositado a sua fé e esperança desde que era muito jovem. O seu irmão havia morrido há pouco por causa dele. Estava uma confusão a sua cabeça, sentia pontadas no meio dela e o ouvido esquerdo lhe incomodava um pouco. Continuou lá, firme e forte pois enfim tudo tinha acabado.
Tinha dúvidas de que o Lorde permitiria que Hogwarts continuasse aberta já que ali havia sido o cerne da rebelião contra eles. Via professores desolados e cansados, alunos desesperançosos. Os amigos mais próximos do Potter estavam na frente, já deveriam ter dado um fim nos corpos dos seus falecidos para estarem ali. Via os traidores de sangue Weasley ali, assim como Kingsley Shackebolt estava traindo a sua família. Alguns novos sangue puro nas fileiras da frente.
Harry Potter estava morto!
Ouviu o Lorde das Trevas discursar sobre como ele seria bom, misericordioso, prometendo mundos e fundos para eles, desesperados pois sabiam da verdade. Uma nova era havia chegado ao mundo bruxo e sabia que ele sucumbiria em pouco tempo e por pouco tempo. Não estava tão certo que tinham vencido definitivamente. Não ousaria falar isso em voz alta, agora era o único de sua linhagem, o Lorde precisaria dele vivo. A cobra continuava ao lado do mestre e tinha certeza que devoraria um ou dois que se opusessem ao novo Regime.
Uma nova era havia começado momentos atrás e estava ansioso para saber o que dali sairia. Viu o Lorde das Trevas se virar para eles e sorrir desdenhosamente. Ele ria e fazia barulhos estranhos pelo que seria o seu nariz. Ele disse mais algumas palavras até que levantou a sua varinha em direção ao céu e gritou. Uma imensa caveira apareceu entre as nuvens, anunciando a chegada de um novo tempo. Tempos problemáticos viriam dali.
Viu os amigos de Harry Potter serem algemados e terem as suas varinhas confiscadas pelos seus colegas que agora faziam parte do Ministério da Magia. Todos eles iriam para Azkaban até receber uma sentença, só não sabia qual era. Eles sentiriam na pele o que ele sentiu por quase quinze anos. Ali começava a sua confusão mental: era normal que sentisse pena deles por passar por tudo aquilo? Eles foram encaminhados para a prisão e o pátio começou a ficar mais vazio.
O Lorde isolou a escola até a segunda ordem fazendo com que as varinhas fossem inúteis ali. Eles voltariam a ter uma vida dentro daquelas paredes, pelo menos.
Dolohov acenou com a cabeça, eles deveriam ir para a Mansão Malfoy, voltar para onde tinham saído. Agora não tinha mais contato familiar com Cissa pois Bela havia morrido. Era um fardo aquela mulher! Pensou em como ela morreu e em como o seu irmão morreu. Rabastan faria falta, Belatriz não. Desaparatou no jardim e andou ao lado do russo até a entrada. Viu vários de seus colegas ali, sentados e esperando.
Nott, Parkinson, Greengrass, a Bulstrode-esposa que um dia foi uma Parkinson, todos eles tinham filhos em Hogwarts, inclusive Lúcio. O que eles estavam fazendo ali era estranho demais, ainda mais juntos. Se sentou no sofá grande e pôs os pés em cima da mesa de centro. Levitou um copo de uísque até ele e bebeu tudo em um único gole. Fechou os olhos e notou que estava mais cansado do que imaginava quando ficou bocejando ao ser chamado por Antonio.
Severo disparou pela porta da sala, com cara de poucos amigos, como sempre. O cenho estava franzido, isso poderia indicar que ele não trazia boas notícias.
"O mestre quer que eu transmita a vocês a sua estima. Ele acabou de dizer que vocês foram os escolhidos, os mais fieis, vocês irão manter os amigos do Potter sob a sua tutela a partir de agora. Todos vocês têm filhos em Hogwarts com idade para um contrato de casamento. Aparentemente, nesse caso, o Lorde das Trevas acha que não há forma melhor de segurar alguém do que o sangue", ele falava enojado. "Não sou quem está fazendo, é o Lorde quem ditas regras aqui".
"Não vamos! Se a condição é essa, não podemos!", Bulstrode disse raivosa.
"O seu marido é um mestiço, Helena, você não vai encontrar alguém melhor que o garoto Weasley no Sagrado Vinte e Oito. Um pouco lento e tem péssimo senso de humor, não é o mais inteligente, com certeza. Mas deveria ficar feliz em pelo menos o Lorde se lembrar de você".
O burburinho no local começou e isso não era uma coisa boa. Amarrar essas pessoas às famílias puristas seria como desqualifica-las na sociedade bruxa, um autoflagelo. Ouviu Nott se posicionar inteiramente contra isso junto com Parkinson, o Greengrass pai basicamente não sabia o que fazia ali. Nem Rodolfo sabia que ele estava no auxílio do Lorde. Se levantou do sofá e andou até a porta de correr, se continuasse ali poderia ter dores de cabeça maiores do que a que já sentia no momento, com o sangue frio.
"Por que a pressa, Lestrange? O Lorde também tem apreço por você, muito mais do que por mim, diga-se de passagem. Ele quer que você fique com a Granger", Severo Snape disse indiferente.
"A sangue ruim?", perguntou boquiaberto. Sua esposa mal tinha morrido e o Lorde já tinha planos de colocar outra em sua cama. Bocejou e coçou os olhos com os dedos, tentando entender. "Por que ela?"
"Você se mostrou mais leal do que aparentava ao Lorde das Trevas, então terá a honra de desposar a melhor e mais fiel amiga de Harry Potter", Severo fez isso parecer muito mais óbvio do que era, como se o tomasse por idiota.
Ponderou alguns segundos e se lembrou de que Severo Snape nunca mentia. Sentiu os seus músculos tensionados na nuca e respirou fundo com tudo isso, era informação demais para processar em tão curto espaço de tempo. Sabia que muitos dos seus parceiros eram mestiços que se escondiam atrás de sua ancestralidade pura, podia conviver com isso, embarcar na mentira junto com eles. Não sabia se conseguiria fazer isso também agora que seria escancarado para toda a sociedade.
"Eu a queria para mim, mas parece que você fez muito mais para o Lorde do que eu", o homem bufou e começou a andar. "Estejam depois de amanhã em Azkaban para buscarem os seus cativos".
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Hermione estava usando vestes listradas de prisioneira, em uma cela suja em Azkaban. Teve tempo suficiente para se trocar e ser trancafiada solitária, sentindo o vento gélido e salgado Mar do Norte. Sentia os dementadores passando pela frente de sua cela e tudo ficava mais frio ainda, como se o que ainda tinha de felicidade em si fosse se esvaindo aos poucos. Ouvia Neville gritar na cela ao lado da sua e isso lhe desesperava. Sabia que Luna estava na cela em frente à sua e vê-la encolhida não era uma visão muito boa.
Respirou fundo, sentindo o seu cabelo molhado de suor grudar na sua testa. Já era quase noite e tinha passado um dia inteiro sem comer ou beber água. Estava cansada, fraca. Se tivessem conseguido matar todas as horcruxes tudo teria sido diferente, mas duas ainda viviam: o cálice de Lufa-Lufa e a cobra, Nagini. Fugiram do cofre dos Lestrange com um cálice falso e Neville com um ferimento no braço por tentar acertar a cobra com a espada.
Imaginava como Sirius tinha suportado tantos anos ali, preso injustamente. Tinha sido levada para lá apenas por ser amiga de Harry e por terem perdido a guerra. Ali era a antiga ala dos Comensais da Morte, podia sentir pelas paredes. Correntes pendiam das paredes e imaginou que tipo de pessoa estava ali para que precisasse ser acorrentada. Muitos nomes passaram pela sua cabeça e pensou que poderia ser Belatriz Lestrange ali, presa.
A lua brilhava forte do lado de fora daquelas paredes, intensa e branca, cheia e embaçada pela tempestade que caía lá fora. Teria sido uma noite aconchegante n'A Toca, com todos reunidos ao redor da lareira e tomando chocolate quente. Sentia falta de todos, estava isolada ali. Um único dia já havia mexido com a sua mente, pensava em como a solidão de Azkaban teria afetado quem passou o resto da vida lá. Se percebia mais parada no tempo, como se ele não passasse. Olhou mais uma vez pelas grades da janela enfeitiçada e passou o seu braço para fora, sentindo os grossos pingos de chuva ali, cortando-lhe a pele.
Voltou para cima do pedaço de tecido que estava no chão, como se aquilo fosse aquecer a sua noite de alguma forma. Parecia que ficava cada vez mais frio. Com o tempo passou a não ouvir mais os gritos de Neville ou Gina, nem a ver mais Luna encolhida. Foi a sua vez de se deitar em posição fetal, querendo se proteger contra o frio e contra o que continuaria acontecendo até o fim dos seus dias. Pensava que acabaria louca assim como Belatriz.
Fechou os olhos e tentou imaginar algo bom. Se tivesse a sua varinha em posse poderia conjurar o seu patrono, uma lontra poderia alegra-la agora. Pensou que nunca mais poderia conjurar um patrono ou ter lembranças boas. Sabia que o seu tempo ali seria fatal para as boas lembranças. Continuou de olhos fechados até se lembrar de Harry morto na sua frente, do duelo entre ele e Voldemort e o fim que isso tudo tinha levado. Agora estava em Azkaban e ficaria ali para sempre, isso nunca seria bom aos seus olhos, somente nos de Lorde Voldemort.
Dormiu e acordou algumas vezes durante a noite e depois que amanheceu não conseguiu mais pregar os olhos. Havia um copo de metal dentro da sua cela, ele não estava ali quando foi dormir. Também havia um prato de metal com um pão suspeito. Agora queriam alimentá-los. Luna se recusava a comer do outro lado, mas bebeu a água que deram. Engatinhou até onde as coisas estavam e bebeu o conteúdo do copo de metal, a água tinha um gosto estranho. Comeu o pão que estava no prato e percebeu que não estava azedo ou bolorento, mas não era novo. Alguma coisa parecia que aconteceria dali a não muito tempo, podia sentir em seu íntimo.
Depois de comer, retornou para onde estava e contatou que seria melhor ser uma criminosa no mundo trouxa, pelo menos teria o direito de escovar os dentes e usar um banheiro. Ali as pessoas deixavam de ser pessoas.
Viu dois homens em vestes de comensais passarem pelas celas e risos abafados ecoarem pelo corredor frio. Ouviu o barulho de uma cela ser destrancada e um grito masculino se misturar com os risos dos comensais. Notou Jorge passando pela sua frente, sendo contido pelos dois homens de negro. Passou bastante tempo até que eles voltassem e abrissem mais uma cela, dela saiu Cho Chang. Depois foi a vez de Gina, Olívio Wood, Ron, Neville e Luna. O sol ficou mais forte e percebeu que já devia passar do meio dia. Um dos comensais voltou e apontou a varinha para a tranca da sua cela.
Sentiu um fio invisível ao seu redor, mantendo os seus braços juntos e atados à sua cintura, limitando os seus movimentos. Sentiu algo na sua garganta que lhe impedia de gritar, não de respirar. O outro comensal lhe puxou pelo braço e a forçou a andar para fora da cela. Sentia raiva dos risinhos deles enquanto lhe tocavam, puxavam-na para algum lugar longe dali.
Viu uma sala de porta de madeira maciça escrito Direção Interina. Quando entrou, viu que Jorge ainda estava lá, sentado ao lado de Astoria Greengrass. Só não conseguia entender porque estavam ali. Quando eles se levantaram, a garota parecia chorosa. Jorge sussurrou no seu ouvido enquanto andava: acabou, Mione. Não sabia o que isso poderia significar.
Virou a sua cabeça e viu que um homem bastante alto estava em pé ao lado de Pio Thicknesse, Ministro da Magia. Tinha cabelos castanhos medianos e olhos verdes, já o tinha visto antes. Ele estava muito arrumado para estar ali e não parecia que ficaria, já havia passado quase quinze anos lá. Ele não tinha uma cara de muitos amigos e bufou ao segurar o seu braço desajeitadamente.
O ministro acenou a sua varinha algumas vezes até que uma cor azulada tomou conta do seu olhar. Piscou algumas vezes e passou a sensação estranha que sentiu no seu peito. Assim que o homem soltou o seu braço, as suas pernas falharam e caiu de joelhos no chão, não sabia o que tinha acontecido. O viu se afastar e assinar alguns papeis com uma pena bonita e franzir o cenho depois de voltar até ela.
"Já é seguro aparatar com a sua esposa para casa, Monsieur Lestrange", o Ministro da Magia disse.
(Seduction of Decay – Avantasia)
Você me ouvirá gritando o seu nome, eu sou o anjo da decadência para apreendê-lo
Não haverá pensamentos para manter, eu sou a sedução da decadência
Gostaram?
