Disclaimer: Todos os personagens pertencem a JK Rowling. Esta fanfic é uma tradução autorizada de "A Time for Realizations and Change" postada em 2013 no FanFiction por Scarlett J. Abner.

Capítulo 3.

Pela primeira vez, o Beco Diagonal estava vazio. Nem uma única bruxa ou bruxo era visto correndo pelas ruas de paralelepípedos do mercado mágico. O silêncio da manhã foi tão absoluto que se tornou semelhante a um ruído branco dançando no fundo de sua mente, onde suas memórias foram para descansar e permitiram que seus instintos brilhassem promissores.

O sol ainda não havia mostrado a sua brilhante face, mas o céu começou a clarear com os primeiros raios de luz laranja-rosa, atingindo os três indivíduos parados no meio da rua em um ângulo que estendia suas sombras por toda a parte, de modo que podiam escalar paredes e sentar-se nos telhados de edifícios como gárgulas galopantes.

Harry viu seu reflexo na vitrine de uma loja e teve que resistir ao impulso de passar a mão pelo cabelo loiro e encaracolado, ou correr o dedo ao longo da ponte do nariz pontudo, talvez até traçar sua testa sem cicatrizes — valorizar aqueles poucos momentos em que ele conseguiu fingir ser outra pessoa, um estranho comum com um rosto sem nome e olhos castanhos esquecíveis.

Em todo caso, era uma ilusão. Encantamentos eram exatamente como o nome os descrevia e, se ele agarrasse uma mecha de cabelo, sem dúvida sentiria a textura familiar de seu próprio cabelo preto e sua cicatriz ainda estaria lá, nunca desapareceria.

O rangido das portas de bronze polido sendo arrastadas e abertas o tirou de sua própria mente. Remus e Sirius se moveram automaticamente, de modo que estivessem de pé um ao lado do outro, os ombros encostados. Dois duendes vestidos com mantos vermelhos e dourados saíram do banco e ocuparam seus lugares nas laterais da porta. Eles não reconheceram Harry, Sirius ou Remus. Seus olhos deslizaram sobre eles como se estivessem vendo além do que era visível, em uma camada diferente da existência em que viviam agora.

Eles subiram as escadas e os duendes nem piscaram quando eles passaram. Os pelos de seus braços se arrepiaram e Harry correu pelos últimos passos, mas parou quando a mensagem gravada em suas cabeças chamou a sua atenção.

Entrem, estranhos, mas prestem atenção

Ao que espera o pecado da ambição

Porque os que tiram o que não ganharam,

Terão é que pagar muito caro.

Assim, se procuram sob o nosso chão

Um tesouro que nunca enterraram,

Ladrão, você foi avisado, cuidado

Pois vai encontrar mais do que procurou.

— Vamos, Harry — Sirius agarrou sua manga e puxou-o para o canto — Não há tempo a perder, não demorará muito para que o banco comece a se encher de clientes, e queremos ir embora antes disso.

Eles se encontraram em um longo corredor de mármore cheio de centenas de contadores que se estendiam ao longo de seu comprimento, cada um com um duende pronto para fazer a corte, uma pilha de papéis empilhados até os cotovelos, penas mergulhadas em tinta fresca. Havia portas colocadas nas paredes atrás de cada balcão, que conduziam aos milhares de cofres seguros escondidos sob a cidade de Londres.

Os três bruxos pararam no meio do corredor e olharam ao redor. Nenhum dos duendes ofereceu a eles qualquer ideia de para onde deveriam ir, eles nem mesmo levantaram os olhos de suas mesas, mas Harry tinha certeza de que todos estavam totalmente cientes de que estavam ali. Sirius e Remus se viraram para Harry com expectativa.

— Por que estão olhando para mim? — ele disse — Não é como se eu tivesse feito isso antes e eles provavelmente nem sabem quem eu sou — ele apontou para seu rosto enfeitiçado.

— Isso não é o suficiente para enganá-los — disse Remus — Eles usam um tipo diferente de magia dos bruxos e é muito provável que consigam ver através dessas miragens. Eles sabiam quem éramos no momento em que pisamos aqui.

— Não há muito que você possa esconder de um duende sem se esforçar muito — acrescentou Sirius.

— Então, o que devemos fazer agora? — Harry perguntou.

— Você mencionou um duende ontem, aquele que lhe contou sobre seu cofre na primeira vez. Você o vê em algum lugar?

Harry correu os olhos pelo corredor. Ele avistou dezenas de goblins andando de porta em porta, escondendo-se atrás de tapeçarias apenas para reaparecer do outro lado da sala momentos depois, carregados de papéis, sacos de ouro ou, em um caso particular, um carrinho de mão carregando uma armadura do século XIII .

— Eu acho que pode ser ele — ele apontou para um duende ao fundo, examinando um rubi incrivelmente grande através de algum tipo de lente de aumento — Quando viemos aqui com Hagrid, foi ele que nos levou para baixo com o carrinho e abriu meu cofre.

— Tem certeza?

Harry hesitou um pouco.

— Bem, quero dizer, sim. Sim, tenho quase certeza de que era ele.

— Tudo bem, vamos.

Eles caminharam até o balcão do duende e se posicionaram na frente dele, diminuídos pela massa da estrutura de madeira. Quando ele não reconheceu a presença deles, Remus pigarreou e tossiu intencionalmente.

— Senhor, com licença.

Grampo olhou para o mago através dos óculos redondos e usou seus olhos treinados para examiná-lo cuidadosamente.

Só pela aparência de suas roupas, ele já poderia dizer que este homem estava esperando no balcão errado. Eles estavam bem gastos, remendados em alguns lugares, e seus sapatos precisavam urgentemente de um bom polidor. O homem que estava diante dele não tinha dinheiro e, obviamente, também não havia adquirido muito ao longo dos anos. Grampo só lidava com os cofres que pertenciam às famílias ricas e antigas do mundo bruxo e este homem não era nenhum dos dois. Ele deixou seu olhar pousar nele por mais alguns segundos antes de se virar.

Grampo piscou duas vezes quando ficou cara a cara com um Sirius Black, que estava olhando fixamente para ele através de orbes cinzas como aço. As feições do homem estavam distorcidas por feitiços que seriam mais do que suficientes para enganar bruxos e bruxas, mas não podiam alcançar um duende. Grampo estreitou os olhos e interiormente ficou agitado com a confusão estranha que ele evocou.

O duende não estava alheio aos rumores que circulavam sobre a fuga de Black, que ele era procurado pelo Ministério não era segredo, mas no final das contas, se o homem não estava lá para causar problemas, Grampo sabia que a nação duende não tinha incentivo para se envolver com política bruxa. Afinal, Black nada fizera contra eles, e sua família era cliente importante do banco havia gerações. Embora nos últimos anos sua atividade diminuísse severamente desde a queda de Voldemort, ser credenciado para o retorno de um Lorde Black sem dúvida faria maravilhas para a carreira de Grampo.

— Lorde Black — ele começou —, é um prazer vê-lo caminhar por estes corredores mais uma vez. Como posso ajudar hoje?

— Não sou eu quem precisa de ajuda hoje, Grampo. Harry aqui é quem quer dar uma olhada em seus cofres pela primeira vez — Sirius gesticulou com um movimento de cabeça para o garoto parado na sua frente, coberto de vista pelo balcão alto.

"Oh, eu me lembro de você" pensou Grampo "A trama se complica".

Não havia dúvida de quem ele era. Seu cabelo preto rebelde, olhos verdes brilhantes e cicatriz em forma de raio mais do que confirmavam isso para ele. Grampo não piscou para a revelação e simplesmente disse:

— Siga-me.

Remus e Sirius esperaram que Grampo pulasse de sua cadeira e o seguiram pelo corredor e por uma pequena porta na parede. Eles emergiram em um escritório com uma mesa na outra extremidade da sala e duas cadeiras em frente a ela. Estantes cheias de livros e arquivos ficavam de cada lado da sala, e sofás de aparência antiga (Harry tinha certeza de que tinha visto os mesmos na sala de estar da tia Guida) compunham o interior do escritório.

— Sr. Potter — disse Grampo, caminhando em direção a ele com uma tigela de madeira na mão — Precisamos de prova de descendência familiar antes de podermos liberar seus cofres para você. Seu sangue irá satisfazer o processo.

Harry riu um pouco histericamente e se afastou do duende.

— Perdão?

— Seu sangue — Grampo repetiu. O goblin colocou a tigela sobre a mesa e tirou uma adaga de dentro de seu manto e se aproximou de Harry com um propósito aguçado.

A reação imediata de Harry foi sacar sua varinha e apontá-la diretamente para o espaço entre os dois olhos da criatura. Grampo parou em seu caminho e olhou para Harry com olhos negros, totalmente impressionado com a performance. Harry relaxou sua postura, mas foi Remus quem teve que abaixar o braço da varinha do garoto para ele.

Harry balançou a cabeça de um lado para o outro, afastando os instintos primordiais que haviam caído sobre o bom senso como uma nuvem espessa e guardou sua varinha no bolso. O constrangimento tomou conta dele quando percebeu que Grampo ainda estava olhando para ele com um ar de desconfiança, como alguém faria com uma criança tendo um acesso de raiva.

— Eu sinto muito, senhor, eu não queria apontar minha varinha para você. Aparentemente, não reajo muito bem a alguém que vem até mim com uma faca.

— Você dificilmente seria o primeiro bruxo a fazer isso, Sr. Potter, e certamente não será o último. Os bruxos são curiosos nesse sentido — a voz de Grampo estava completamente nivelada e Harry não tinha ideia de como ele deveria receber esse comentário. Remus riu fracamente, mas foi rapidamente interrompido quando ninguém se juntou a ele e ele começou a ter uma tosse estranha.

— Então, para que você precisa do meu sangue, exatamente? O que você vai fazer com isso? — perguntou Harry.

— Apenas uma pequena amostra é necessária para provar que você é Potter de sangue. Não é incomum que uma bruxa ou bruxo venha aqui e afirme ser alguém que não é para, como vocês humanos dizem, "mergulhar a mão no caldeirão da família". Sempre os pegamos em flagrante e é por causa de nossas rigorosas medidas de segurança. Não há lugar mais seguro para seus objetos de valor do que nas mãos de nossos duendes em Gringotes.

Grampo, mais uma vez, caminhou até Harry com a adaga nas mãos. Harry fechou os olhos e tentou se preparar para a dor (não seria a primeira vez).

Quando nada veio, ele abriu os olhos e procurou o duende, encontrando-o ainda parado na sua frente, desta vez com a adaga estendida com ambas as mãos e oferecendo-a a ele. Ele deveria realmente se esfaquear com aquilo? Harry supôs que se houvesse uma maneira de garantir que um ladrão não fosse muito longe era fazê-lo se atrapalhar enquanto tentava provar que era a pessoa cujo dinheiro estava planejando roubar.

Ele hesitantemente estendeu a mão e pegou a lâmina das mãos do duende. Ele o trouxe até o nível dos olhos e demorou a observá-lo (protelando). Ele a girou de um lado para o outro, admirando as pedras e joias embutidas no cabo e a maneira como brincavam com a luz que se espalhava pela sala. Ele a agarrou com a mão e se maravilhou com o quão confortável parecia em sua mão, como se fosse para estar ali.

Havia algo. Um eco, um brilho ou talvez uma sombra que implorou que ele olhasse mais de perto. Era compulsivo, Harry decidiu, ele não sentia a necessidade de fazer nada, mas ele podia sentir o potencial para isso, como se uma voz fantasmagórica no fundo de sua mente estivesse sussurrando instruções que ele não deveria ouvir.

Ele correu os dedos pela lâmina, sentiu várias saliências e cumes e a ergueu mais alto, para que o metal pudesse pegar a luz e foi quando ele avistou as palavras gravadas em uma língua que nunca tinha visto antes.

— O que é isso? — ele perguntou.

— Grugulês, o idioma de todos os duendes. É um aviso que gravamos na lâmina depois de alguns... infelizes incidentes com alguns bruxos que pensaram que poderiam nos enganar — algo próximo a um sorriso reminiscente cruzou o rosto de Grampo.

Harry balançou a cabeça e insistiu.

— É mais do que isso, há outra coisa. Não consigo ver, mas posso sentir. Há magia aqui e é quase como se ela quisesse me puxar. Você não consegue sentir isso? — ele enfiou a lâmina nas mãos de Remus. O bruxo o pesou, levou-o ao ouvido, passou-o pelas costas da mão e até o segurou contra os lábios como se estivesse verificando a temperatura, mas no final o devolveu com um encolher de ombros.

— Não sinto nada de estranho. É apenas uma lâmina comum.

Agora que estava de volta em sua posse, Harry podia sentir novamente e sabia que Remus estava errado. Ele sentiu olhos nele e encontrou Grampo olhando para ele.

— A lâmina foi infundida com magia goblin — Grampo admitiu — Muito poucos bruxos são capazes de detectar magia e menos ainda conseguem reconhecer a magia dos duendes.

— O que isso faz?

— Você mesmo sentiu uma impressão: é uma versão do seu Feitiço Compulsivo, só que este elimina o medo e as mentiras. Se você segurasse aquela lâmina em suas mãos e mentisse para nós, de repente se veria com o inexplicável desejo de garantir que nunca mais contaria uma mentira. Tivemos que remover os tapetes de todos os nossos escritórios depois que as coisas ficaram um pouco ... bagunçadas — Grampo sorriu e mostrou duas fileiras completas de dentes afiados como pontas de agulha.

Harry lutou para não ceder à vontade de tropeçar para trás, fora do alcance daquele sorriso mortal e daqueles olhos alegres. Ele percebeu que Sirius e Remus ficaram curiosamente imóveis.

— Entendo — disse Harry.

— Bastante. Agora, se você cortasse seu dedo e deixasse um pouco de seu sangue pingar nesta tigela, então poderíamos começar.

— Certo — murmurou Harry — me cortar com a adaga mágica da morte."

Sirius bufou e até Remus parecia divertido, embora ele tentasse não se divertir e lançou um olhar de reprovação para o amigo.

— Você não tem motivos para mentir — disse Remus — o máximo que você vai conseguir é um recorte de papel."

Harry agarrou a adaga com força e então rapidamente, sem pensar muito, passou o polegar pela ponta. Ele estremeceu com a picada afiada.

Ele esperava que a gota de líquido carmesim atingisse a superfície de madeira e fosse o fim de tudo. Então, naturalmente, ele ficou mais do que surpreso quando atingiu uma barreira invisível e continuou a ser absorvido em nada além do ar. Ele se inclinou para dar uma olhada mais de perto e observou quando o próprio local onde o sangue havia afundado começou a ganhar cor rapidamente, transformando-se em um cinza prateado que se transformou em fios de fumaça que giraram em torno uns dos outros em círculos sem sentido até que se enredaram e formaram uma esfera giratória.

Ela pairou no ar como uma bola de uma árvore de Natal.

Harry trocou um único olhar com Sirius e Remus, mas eles deram de ombros e não disseram uma palavra.

A bola começou a girar rápido, então cada vez mais rápido até que se tornou um borrão e abruptamente desapareceu da existência. Um pedaço de pergaminho escapou da ruptura no espaço e Grampo o agarrou entre o indicador e o polegar. Ele leu em voz alta.

— Harry James Potter, último descendente da linhagem Potter, proprietário dos cofres 313, 12.891, 14.812 e 15.001, assim como nossos registros afirmam. O Cofre 15001, como você já sabe, é o seu cofre da escol único que está acessível apenas para você neste momento. Os outros três só podem ser acessados com seu tutor ao seu lado, então a presença do Sr. Black aqui hoje tornou nossa tarefa muito mais simples.

Enquanto ele falava, Grampo foi para o fundo da sala, onde um puxão de um livro e uma combinação de palavras secretas fez a estante se dividir ao meio para descobrir centenas de gavetas minúsculas fixadas na parede. Ele puxou três deles e, em seguida, deixou o mecanismo deslizar para fechar.

— As chaves de seus cofres, Sr. Potter — ele deslizou três chaves velhas e pesadas pela mesa.

— Obrigado, mas você tem certeza que estes são todos meus? Eu já tenho a chave do meu cofre escolar e só esperava ter mais um, não três — disse Harry.

— Como eu disse, você só deve ter acesso ao seu cofre escolar pelo resto de seus anos escolares, uma vez que seus outros cofres exigem que você atinja a maioridade antes de poder oficialmente reivindicá-los. Embora eles pertençam a você, seu guardião mágico é o encarregado de lidar com a herança até que você seja considerado apto a fazê-lo sozinho, de acordo com os desejos de seus pais — Grampo explicou com toda a paciência de um servidor público veterano.

— É demais," Harry murmurou — De onde eles vêm? Quanto está neles? Tenho que fazer algo com eles porque não... Sinceramente, não tenho ideia do que devo fazer aqui. Oh Merlin... eu tenho investimentos ? Eu nem sei como isso funciona!

— Calma, filhote, você está se enrolando por nada. O dinheiro está lá todo esse tempo, você não sabia sobre ele e ninguém te pediu para fazer nada. Tecnicamente sou eu quem tenho que cuidar disso de qualquer maneira, então você não tem nada com o que se preocupar — disse Sirius, atirando em Remus o olhar feio quando o outro homem bufou em seu último comentário.

— Pelo que entendi, quaisquer investimentos, propriedades ou ações são atendidos pelo banco na sua ausência. Tudo durou doze anos sem que ninguém mais olhasse e mesmo quando tudo foi entregue a você, não há muito o que fazer, realmente — disse Remus — Isso está correto?"

— Pode-se colocar dessa forma, sim — Grampo franziu os lábios — Embora eu não diria que "não há muito a ser feito" sobre o trabalho da minha vida. Desde a morte de seus pais, tenho supervisionado pessoalmente sua fortuna, Sr. Potter. É dever de um duende fazer isso até o dia de sua morte e, quando isso acontecer, um sucessor tomará meu lugar.

— C-Claro que não, peço desculpas. Eu não quis desrespeitá-lo, Sr. Grampo — Remus corou ferozmente.

Grampo, no entanto, acenou com a mão indiferente na direção de Remus e se virou, agachando-se atrás de sua mesa para puxar uma porta escondida que abria um alçapão. Ele alcançou e liberou um livro antigo que já tinha visto séculos melhores, se Harry tivesse que adivinhar. O livro tremeu quando Grampo pousou a mão enrugada na capa até que, com um suspiro de alívio muito humano, o livro estremeceu uma última vez e suas páginas se abriram para os lados.

— Aqui está. O Cofre 313 está ocupado pela mesma família há gerações, desde a terceira década após a inauguração do banco — leu Grampo — Embora eles tenham começado com um nome diferente, o tempo dos Potters com Gringotes foi muito generoso com eles, a ponto de a riqueza que você possui agora poder rivalizar com a de famílias puro-sangue como Malfoy, Greengrass e Longbottom, embora não chegue exatamente lá ainda com os Black.

A cabeça de Harry era uma xícara de chá girando em um parque de diversões trouxa enquanto seu estômago estava sendo mantido como refém a bordo da montanha-russa.

— Os Malfoys são podres de ricos — protestou Harry — Eles compraram vassouras novas para um time de quadribol porque podiam.

"Rony vai pirar quando eu contar a ele" Harry pensou.

Grampo ergueu uma sobrancelha.

— Os Potter são uma família bruxa relativamente jovem em comparação a outras deste banco, mas eles foram sábios com seus investimentos e continuaram a trazer muitas riquezas para Gringotes proteger — pela maneira como o duende estufou o peito, Harry supôs que era um motivo de orgulho para ele.

— Os outros cofres — disse Sirius — Lembro que Lily abriu o seu próprio quando começou a trabalhar, então deve ser um deles.

— Número 14.812, para ser exato. Infelizmente, ele só foi usado por alguns anos antes que os Potters se retirassem da sociedade. Comparado com o dinheiro em seu cofre escolar, Sr. Potter, as economias de sua mãe chegam a talvez metade disso, menos ainda porque foi apenas o salário dela que foi depositado — Grampo virou a página da tumba e apertou os olhos para as letras estranhas — O Cofre 12.891, por outro lado, contém um pouco mais, incluindo a escritura de uma propriedade aqui na Inglaterra. O Sr. e a Sra. Evans estabeleceram isso logo depois que a Sra. Potter começou Hogwarts para pagar a escola, e também foi onde eles deixaram a herança para sua filha.

Harry esfregou os olhos com as costas da mão, puxando os óculos tortos. Ele imaginou por um momento que estava em um programa de condicionamento físico trouxa e respirou fundo e purificador, como a mulher na televisão costumava dizer à tia Petúnia.

Foi muito. Menos de alguns dias atrás, ele estava sentado em seu colchão fino como papel na casa de sua tia e tio, onde o papel de parede de seu quarto estava descascando e havia uma mancha de aparência suspeita crescendo no canto de seu colchão fantasmagórico. Agora aqui estava ele em Gringotes com Remus e seu padrinho sendo informado por um duende que ele não era apenas podre de rico, ele também tinha um novo vínculo com seus pais e três novos cofres repletos de possíveis relíquias de vidas passadas de sua família.

— Posso vê-los? — ele perguntou — Sirius já está aqui e acho que não temos tempo para visitar todos eles, mas quero ver o cofre Potter antes de sairmos.

O duende olhou para ele de cima a baixo avaliando-o e então acenou com a cabeça.

— Muito bem. A presença do Sr. Black é necessária para contornar as medidas de segurança para vocês, humanos, no entanto, quanto ao Sr. ...?

— Lupin, mas apenas Remus vai servir — disse Remus.

O rosto de Grampo se contorceu na primeira demonstração real de emoção que ele permitiu escapar desde a chegada dos três bruxos: uma careta vesga.

— Quanto ao Sr. Lupin — ele enfatizou — ele não é cônjuge, tutor ou parente consangüíneo. As proteções que protegem os cofres não permitirão que ele entre.

— Mas ele...

— Isso não será problema, vou esperar lá fora — disse Remus, interrompendo Harry — Magia, especialmente da variedade goblin, pode ser uma força a ser considerada e eu realmente não quero ser pego no fogo cruzado, Harry.

Conforme Harry relutantemente concordou, ele percebeu que embora o duende não tenha deixado nada escapar, Harry ainda teve a nítida impressão de que ele estava impressionado com a avaliação de Remus e que o bruxo podia ter inconscientemente se encaminhado para as boas graças de Grampo.

— Por aqui então — grunhiu Grampo, conduzindo-os para fora do escritório por um corredor que se abria para o sistema de trilhos subterrâneos.

Um vagão já estava esperando por eles e Grampo pulou a bordo sem diminuir seu passo. O carrinho deu um pulo assim que todos estavam a bordo. Harry sentiu seu estômago cair de joelhos exatamente como quando ele montou em sua vassoura.

A descida até o cofre foi tudo menos tranquila. Estava crivado de solavancos, torções, curvas, saltos e desvios a velocidades que desafiavam as leis da física, quando os passageiros do carrinho não eram atirados imediatamente para fora da borda. Harry amou. Ele amava sentir o vento frio em seu rosto, despenteando seu cabelo; como a velocidade o fazia se sentir vivo.

O que tornou tudo ainda melhor foi ver a maneira como o rosto de Sirius se iluminou com uma empolgação infantil e o sorriso gigantesco que se espalhou por seu rosto. Ele nunca tinha visto Sirius tão feliz antes, ele estava até inclinado para o lado do carrinho, forçando um Remus de aparência enjoada a agarrá-lo pelo manto e puxá-lo de volta.

Harry só queria que o lobisomem estivesse se divertindo melhor. Parecia que ele tinha uma queda por velocidade — e não no bom sentido. Ele não moveu um músculo, exceto para segurar Sirius e até parecia se arrepender de ter ido tão longe. Ele tinha suor brilhando em sua testa, o que trouxe sua tez doentia a uma luz chocante enquanto eles passavam sob as lanternas espalhadas em sua jornada.

— Você está bem, Remus? Você não parece muito bem.

— Bem, Harry — ele balbuciou — Não se preocupe comigo. Assim que voltarmos para terra firme, estarei como novo — Remus ofereceu a ele um sorriso fraco, então apressadamente colocou a cabeça entre os joelhos. Harry deu um tapinha nas costas dele com simpatia.

— Sr. Potter — Grampo disse — Estaremos chegando em breve e eu preciso que você esteja preparado — ele entregou a ele um sino de latão e deu mais dois para Remus e Sirius.

Eles foram engolfados pela escuridão enquanto passavam por um túnel.

— Preparado? Preparado para quê?

Um rugido terrível ecoou pelo túnel e fez o carrinho em que estavam tremer nos trilhos. Os olhos de Harry quase saltaram das órbitas quando avistou o que os esperava.

Dois dragões gigantescos foram amarrados ao chão. Eles foram acorrentados alguns metros em frente a uma porta de metal com uma crista em relevo. Ambas as feras eram lindas. Suas escamas eram de um azul profundo, como ametista, e brilhavam sob a luz das tochas de chamas. Seus corpos eram longos e elegantes, estendendo-se por quase metade do comprimento da caverna. Eles estavam com as asas dobradas contra as costas, mas Harry estimou que, se abrissem, atravessariam facilmente o comprimento da câmara.

Os dragões devem ter ouvido eles se aproximando, pois o menor dos dois virou a cabeça na direção deles e pisou forte para se posicionar entre eles e o outro dragão. Grampo escolheu aquele momento para pular do carrinho, e o dragão que estava próximo a eles rugiu em um tom que sacudiu a caverna em que eles estavam. O dragão abriu a boca e soltou um jato de fogo azul.

Grampo agilmente desviou de sua trajetória e começou a sacudir o sino em sua mão. O barulho ricocheteou contra eles contra as paredes rochosas e fez os dois dragões recuarem sobre si mesmos. O goblin continuou avançando sobre eles até encurralá-los contra a parede, enrolados uns nos outros com suas asas tremendo sob camadas de correntes e magia.

— Chega... misericórdia... não mais... deixe-nos...

— Você ouviu isso? — Harry perguntou a Sirius.

— O som dos meus tímpanos implodindo? É meio difícil de perder — Sirius fez uma careta e colocou a mão direita na orelha, mas manteve a outra na varinha roubada apontada para os dois dragões.

— Mate todos eles, qualquer coisa para parar com isso... Chega!... deixe-nos...

— Estou falando sério, você ouviu isso? — Harry insistiu, chegando a puxar o braço de seu padrinho.

— Não, filhote, tenho certeza de que eu sou o "Sirius" neste cenário e não sei do que diabos você está falando, mas agora realmente não é a hora.

— Saia ... apenas vá...

Harry se deixou ser sacudido. Ele ficou parado enquanto Remus e Sirius se aproximavam dos dragões, tocando seus sinos com uma mão e apontando suas varinhas com a outra.

Embora ele não tivesse visto ninguém entrar na caverna com eles, Harry brevemente entreteve o pensamento de que a voz tinha vindo de outro lugar, mas dispensou o pensamento assim que veio. Isso não explicaria o porquê ele foi o único que ouviu. Tentou não deixar aquele pequeno boato afetá-lo mais, mas ele não foi surpreendentemente lembrado de seu segundo ano. Harry não pensaria que os duendes teriam um daqueles guardando seus cofres, mas ele ficaria muito feliz em saber que apenas um tipo de réptil gigante e mortal estava espreitando nos cantos deste labirinto subterrâneo ...

— PARE! — ele saltou do carrinho e correu — Pare de bater esses sinos, você está machucando eles — gritou Harry.

Ele circulou ao redor do duende e arrancou o sino de suas mãos, jogando-o bem longe antes de fazer o mesmo com dois bruxos boquiabertos. Os dragões se recuperaram rapidamente. Harry se virou para ver o menor dos dois (ainda do tamanho de cinco carros juntos) ergueu-se sobre as patas traseiras e fixou os olhos semicerrados em Harry, momentaneamente deixando-o mudo.

— Harry! — sibilou Remus — Saia do caminho! Você está tentando se matar?

— Eles não vão me matar, eles estão apenas com medo e com dor. Nós apenas temos que falar com eles, não podemos...

— Harry James Potter, pelo amor de Merlin, volte aqui agora antes que eu mesmo vá te pegar — Sirius ameaçou, embora o efeito fosse um pouco perdido, pois ele teve que sussurrar por medo de assustar as feras em ação.

— Sr. Potter, isto não é uma brincadeira. Saia do caminho para que possamos conter os dragões — Grampo fez menção de se mover para trás, na direção de seu sino caído, mas uma nuvem de fogo atingindo exatamente onde ele queria ir o parou bem no meio do caminho.

— Não, espere! — Harry exclamou — Só não mova um músculo. Eu só preciso falar com eles.

— Que diabos você está pensando? Você não pode falar com dragões, Harry. Pare de ser idiota e volte aqui, nós os distrairemos.

Harry nem mesmo olhou para trás. Ele pensou em cobras — pele fria, escamas brilhantes, presas venenosas, olhos amarelos semicerrados e assobios... Ele abriu os olhos para o dragão jogando a cabeça para trás com suas mandíbulas bem abertas e as primeiras brasas de fogo se formando em sua boca.

— Não os machuque — Harry sibilou — Eu os fiz parar. É o meu cofre que você está protegendo e não vou deixar que eles te machuquem mais por isso.

Os dentes do dragão estalaram um contra o outro enquanto fechava a boca e se aproximava de seu parceiro. Eles olharam para Harry.

— Você mente, humano — o maior dos dois deu um passo ameaçador em direção a Harry e mostrou os dentes — Os humanos mentem.

— Eu prometo que não. Veja — Harry se atreveu a tirar os olhos das criaturas mágicas e chamou a atenção dos homens com um aceno brusco — Destrua-os. Os sinos.

— Harry, o que...

— Só faça!"

A explosão foi pequena, mas pedaços da arma benigna ainda conseguiram chicotear as roupas de Harry enquanto os dragões se mantinham firmes e observavam.

— Viu? — Nenhum dragão disse nada — Há uma reserva; um lugar onde os dragões são cuidados e podem ser livres sem correntes, a céu aberto. Eu posso te levar lá se...

— Faça isso — o menor dos dois, o homem, ordenou a ele — Fomos escravizados por décadas e ninguém conseguiu falar conosco como você.

— Tire-nos daqui — sibilou a fêmea — Liberta-nos, falante, e pouparemos seus companheiros.

— Engane-nos — avisou o outro — e eles queimam.

Para enfatizar seu ponto de vista, a fêmea girou para o lado para revelar um ninho de gravetos, pedras e sujeira espalhados com restos de esqueletos em vários estados de decomposição. Uma cabeça que era metade rosto e metade osso encarava Harry por entre as pernas do dragão. Ele sentiu que começou a suar frio, mas não podia deixar transparecer.

— Vamos passar sem atacar ninguém e eu vou tirar vocês daqui o mais rápido possível — Harry estava orgulhoso de que sua voz não estivesse tremendo tanto quanto suas mãos, pois isso teria arruinado qualquer progresso que ele fizesse com as criaturas.

Os dragões deram as costas para ele e caminharam para o ninho, abrindo caminho para o cofre Potter e levando as últimas forças restantes de Harry com eles. Ele teria caído de cara no chão, se não fosse por Remus correndo para o seu lado bem a tempo.

— Então os boatos são verdadeiros — disse ele — Você fala a língua das cobras. Achei que era algo que os jornais haviam inventado para vender a Câmara Secreta; não que precisasse de mais alguma coisa para ser vendido, veja bem, mas isso parecia mais provável do que falar com cobras de alguma forma.

— Como você sabia que iria funcionar? — perguntou Sirius, examinando a forma de Harry com um olhar crítico.

— Eu não sabia — Harry deu de ombros — Eu só sabia que se eu pudesse entendê-los, então as chances eram de que eles me entendessem e talvez a surpresa deles trabalhasse a meu favor.

— Você não tinha como provar isso, não sem arriscar sua vida do jeito que arriscou — Remus o advertiu.

— Eles estavam com dor, eles só queriam que isso parasse — Harry argumentou, lutando para manter seus olhos focados enquanto o peso do último quarto de hora pesava em seus ombros e pálpebras — Você não acha que eu sou o próximo Lorde das Trevas, então?

— Dificilmente — Sirius zombou. Ele se acalmou, no entanto, quando viu que Harry havia se virado silenciosamente para se arrastar até o cofre — Ter uma habilidade especial não o torna mais sombrio ou cruel do que ser um vampiro, um lobisomem ou vir de uma família puramente sonserina — Sirius se aproximou de Harry e se colocou em seu caminho, direcionando apenas a atenção do menino para si mesmo — É sobre o que você escolhe fazer com aquela parte de você que conta.

— Certo — Harry desviou de Sirius e perdeu a carranca que floresceu no rosto de seu padrinho.

— Você entende que isso é altamente heterodoxo — Grampo saltou pelo cotovelo de Harry e quase lhe deu um ataque cardíaco — Eu não sei o que você prometeu àquelas bestas, mas...

— A única razão pela qual eles estão aqui é para proteger este cofre, certo?

— Sim, mas...

— Então eu não os quero mais aqui. Demita-os e leve-os para uma reserva na Romênia, onde possam ser livres sem machucar ninguém — Harry disse resolutamente.

— Eles não pertencem à linhagem Potter, são propriedade do banco Gringotes.

— Eu tenho dinheiro agora, aparentemente. Posso fazer um bom uso e comprá-los de você, eles ficarão melhores com dragonologistas adequados do que nunca estiveram aqui. Eles serão bem cuidados e não terão que passar sabe-se lá quantas décadas mais acorrentados em uma caverna subterrânea — Harry parou de andar e se virou para Grampo, pegando o duende que já o examinava de perto — Eu não preciso deles aqui e nem você. Todas aquelas medidas de segurança que você mencionou não precisam incluir dois dragões sendo torturados por causa de um punhado de galeões.

— Isso é sem precedentes, nunca houve... — Grampo visivelmente conteve a língua e continuou olhando para Harry antes de dizer —Se for esse o seu desejo, vou falar com as autoridades competentes e ver o que pode ser feito.

Harry ficou tonto ao reconhecer o tom do duende — era o mesmo que ouvira seu tio usar milhares de vezes ao lidar com clientes. Era o tom que dizia "Não concordo com o que você está dizendo, mas farei assim mesmo porque você é meu superior e este é o meu trabalho".

— Brilhante. Obrigado, Grampo — sussurrou Harry.

Grampo ofereceu-lhe um aceno de cabeça afiado e Harry sentiu um pouco daquela tontura anterior tomar conta dele e ameaçar se tornar nausea. O duende se afastou e começou a passar as mãos pela porta, sem prestar atenção ao outro enquanto convergiam vários metros atrás dele. Sirius e Remus observaram o duende trabalhar em silêncio e Harry aproveitou o tempo para se recompor.

Quinze minutos depois, pálido e suado pelo esforço mágico, Grampo chamou Harry e Sirius para frente e os fez colocar as mãos na porta. Ele disse algumas palavras em Grugulês. Quando o barulho de fechaduras destravando e correntes rolando em pinos alcançaram seus ouvidos, eles removeram as mãos da madeira. O barulho parou e a porta se abriu. Harry a empurrou de lado e entrou no cofre.

— Caramba.